Leia mais... - De Sambas e Congadas
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A formação etária do grupo é bastante<br />
diversa. Há crianças, adolescentes, assim como<br />
adultos e idosos. O instrumental é composto por<br />
congueiros do gênero masculino, que também<br />
marcam presença na dança de bastões juntamente<br />
com as mulheres. A vestimenta é composta por<br />
camiseta vermelha, calça e sapatos brancos e gorro<br />
feito de crochê nas cores vermelha e branca.<br />
A bandeira, segurada por duas devotas, segue à<br />
frente do grupo durante todo o cortejo, enfeitada<br />
nas laterais com flores e fitas coloridas, tendo ao<br />
centro pinturas das imagens dos santos homenageados<br />
por esta Congada: Nossa Senhora Aparecida,<br />
São Benedito e Frei Galvão. É dona Maria<br />
Luíza, esposa de seu Oscar, quem confecciona a<br />
cada ano a bandeira que representa a Congada<br />
em todos os lugares por onde esta passa. Dona<br />
Maria Luíza inicialmente participava do grupo levando<br />
a bandeira, entretanto, devido a problemas<br />
de saúde, teve que abandonar a função e continuar<br />
acompanhando o grupo em todas as viagens e<br />
cortejos ajudando a cuidar das crianças presentes<br />
na Congada, sem, contudo, participar da dança.<br />
Uma das grandes preocupações desta organização<br />
é a dificuldade de se inserir crianças e<br />
jovens na Congada. Os congueiros mencionam<br />
como entraves para essa participação a variedade<br />
de opções de lazer que os jovens têm nos dias atuais,<br />
que suplantam a intenção de se realizar atividades<br />
ligadas à religiosidade. Soma-se a este fato a<br />
percepção depreciativa que muitos desses jovens<br />
têm em relação à Congada. Filha de seu Oscar e<br />
dona Maria Luíza, Daniele, treze anos, fala sobre<br />
os jovens e crianças do grupo que, muitas vezes<br />
ficam acanhados de se apresentarem na cidade<br />
de Guaratinguetá devido a percepção errônea em<br />
~ 98 ~<br />
Seu Oscar<br />
torno da Congada.<br />
A relação simbólica de contrato entre o<br />
congueiro e o santo de devoção, mencionada no<br />
início deste capítulo, é facilmente encontrada na<br />
“Congada e Moçambique Vermelho e Branco”.<br />
Seus integrantes, sobretudo, participam do grupo<br />
por devoção aos três santos homenageados por<br />
esta Congada. Não podemos esquecer também<br />
o fator da sociabilidade, de grande importância<br />
para esses congueiros que, por meio do grupo,<br />
viajam constantemente para outras cidades em<br />
eventos culturais e religiosos. O mestre do grupo,<br />
Jozemar, começou a participar dos festejos relacionados<br />
à Congada devido a um milagre presenciado<br />
por ele, e atribuído a São Benedito. <strong>De</strong>sde<br />
então, o congueiro nunca deixou de reverenciar<br />
seu santo de devoção por meio da Congada, por<br />
adoração e agradecimento pelas “graças” recebidas.<br />
Como é possível observar nas palavras de Jozemar:<br />
Nós estamos aqui pra buscar santidade.<br />
<strong>De</strong>ntro no Moçambique a gente tá buscando<br />
isso aí. (...) Eu amo o que eu faço.<br />
Eu cheguei a largar de serviço, emprego,<br />
pra ficá no Moçambique. <strong>De</strong>us nunca<br />
me desamparou. Tudo que eu peço pra<br />
<strong>De</strong>us, a interseção a São Benedito, ele<br />
me dá, ele me dá mesmo.<br />
Apesar dos traços culturais presentes na Congada,<br />
seus membros têm na devoção aos santos o<br />
fator primordial que condiciona a participação<br />
destes no grupo. Contudo, a organização participa<br />
tanto de eventos de cunho religioso, não só<br />
relacionados aos santos de devoção, como de encontros<br />
culturais. <strong>De</strong>sse modo, o grupo frequenta<br />
eventos de cunho religioso em cidades como