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Leia mais... - De Sambas e Congadas

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~ 97 ~<br />

Mas a gente tá tentando resgatar a cultura. Eu tenho fé que <strong>mais</strong> pra frente nós possavoltá um<br />

pouco no antigo, né? Que era tradicional o uniforme branco, que era fita cruzada, duas fita, um<br />

lado vermelho o outro azul. Esse que era o tradicional Moçambique. Hoje o nosso grupo é um<br />

grupo contemporâneo, não é aquele grupo tradição, antigo, família, raiz. Mas eu tenho fé que os<br />

meus filhos, os meus netos, com a vontade de <strong>De</strong>us, continue esse trabalho nosso.<br />

A união de referências diversas em um só grupo deve-se às experiências prévias dos membros do<br />

grupo em suas intenções de homenagear São Benedito. Conforme relato de seu Oscar, integrante da<br />

bateria da Congada, tocador de surdo, a respeito da junção de elementos e referências culturais:<br />

A congada não tem bateria pesada, são <strong>mais</strong> as caixinha e não tem também bastão. A congada<br />

mesmo em si ela é as caixinha pequena e o pessoal só que dança. E o moçambique já tem a bateria<br />

pesada, e tem o pessoal que é de linha, e tem o bastão. Na realidade, hoje o pessoal misturou tudo.<br />

Sobretudo, o que singulariza o grupo é a presença concomitante da dança com manejo de bastão<br />

juntamente com os instrumentos pesados, tanto em dimensões, quanto em projeção sonora, como o<br />

surdo. Em sua configuração, a Congada e Moçambique Vermelho e Branco possui uma estrutura com<br />

os seguintes membros: mestre, contramestre, capitão, a bateria e o conjunto de dançadores. Conforme<br />

entrevista dada por Jozemar, o grupo ainda tenta tornar sólida e constante esta estrutura de funcionamento.<br />

No momento do cortejo, mestre e contramestre cantam juntos, ao passo que o capitão transmite<br />

os versos cantados aos de<strong>mais</strong> cantadores. Já a bateria representa todo o conjunto instrumental,<br />

o qual é formado por instrumentos de percussão, como o pandeiro, o chocalho de metal, o tarol, as<br />

caixas e os surdos. O pandeiro, a caixinha e o tarol iniciam a música, e logo depois entram em cena os<br />

instrumentos <strong>mais</strong> pesados, como os surdos.<br />

Os dançadores fazem parte do chamado “pessoal da linha”, também responsáveis pelos bastões<br />

percutidos uns nos outros pelos pares de dançadores posicionados uns de frente aos outros, componentes<br />

essenciais do instrumental. Para que a música comece, inicialmente o mestre canta um cântico,<br />

que depois é iniciado pelos componentes da linha. Assim, a bateria começa a tocar e a dança é iniciada,<br />

juntamente com os toques do bastão, que variam de acordo com os ritmos realizados pelo conjunto<br />

da bateria. O apito indica quanto o manejo dos bastões deve ser iniciado. As músicas podem ser<br />

criadas de improviso de acordo com os acontecimentos no cortejo e o santo homenageado em ocasião<br />

das festas que o grupo participa, assim como podem ser entoados cânticos já existentes, compostos<br />

pelos próprios congueiros. Sobre as músicas, seu Oscar menciona também o uso de cânticos de mestres<br />

de outros grupos que, por vezes, são compartilhados: “Que nem o senhor aqui que morreu. Ele<br />

era um experiente na congada mesmo, seu Aristeu. Ele era professor. Então, ele adorava passá verso<br />

porque ele achava que arguémtava continuando o trabalho dele.” Entretanto, seu Oscar menciona que<br />

nem sempre é assim, e que a utilização de músicas de outros mestres congueiros deve ocorrer com o<br />

consentimento de seus compositores, senão não estarão descartadas as brigas e desentendimentos.

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