Leia mais... - De Sambas e Congadas
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organização: o rei e a rainha. Com esta intenção,<br />
são promovidos bingos e jantares, cuja renda é revertida<br />
em benefício da festa. Conforme os relatos<br />
de pessoas envolvidas com a Irmandade, neste<br />
ano, o propósito da festividade esteve centrado<br />
em valorizar as origens africanas de São Benedito,<br />
considerando a presença marcante das <strong>Congadas</strong><br />
nesta ocasião.<br />
As celebrações que envolvem musicalidade<br />
e devoção por meio da presença de <strong>Congadas</strong><br />
e Moçambiques não compõem a totalidade do<br />
festejo. Estas formam uma parte da programação<br />
da festa de São Benedito, composta também pela<br />
presença da tradicional “Cavalaria São Gonçalo”,<br />
por missas e procissões. Para os dias de festividades<br />
também são montadas diversas barracas<br />
de comércio de comidas e bebidas para atender<br />
os visitantes e devotos. Durante a noite, ocorrem<br />
eventos profanos, com a participação de grupos<br />
de música sertaneja. No domingo da festa, as<br />
<strong>Congadas</strong> e Moçambiques chegam à cidade de<br />
Guaratinguetá pela manhã para acompanhar a<br />
missa dedicada ao santo e louvar São Benedito.<br />
Após a missa, estes grupos, então, se concentram<br />
na praça lateral à igreja do santo padroeiro e seguem<br />
em procissão até a escola onde o almoço<br />
coletivo é servido. Ao adentrar a escola, cada grupo<br />
realiza uma cantoria dedicada a São Benedito,<br />
para depois seus membros comporem a fila para<br />
pegar, cada um, seu prato de comida. Muito bem<br />
organizado, o almoço é servido para todos os integrantes<br />
destes grupos culturais e religiosos.<br />
Após o farto almoço servido, os grupos<br />
seguem até o salão da Irmandade para reverenciar<br />
São Benedito. Nesse momento, as organizações,<br />
uma por vez, realizam cantorias em frente<br />
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Josemar<br />
a uma imagem do andor do santo. Logo depois<br />
todos permanecem em frente à Irmandade, para<br />
dar início à procissão com as bandeiras contendo<br />
imagens de santos católicos, e o andor de São Benedito<br />
até o Campo do Galvão. Todo o percurso é<br />
permeado pela musicalidade das <strong>Congadas</strong> e Moçambiques,<br />
os quais realizam saudações religiosas<br />
ao santo com o auxílio de suas caixas, chocalhos,<br />
violas, sanfonas e bastões. Todos peregrinam por<br />
este trajeto até o Campo do Galvão, local em que<br />
permanece o mastro com a imagem de São Benedito<br />
em seu topo. Também em procissão, de lá o<br />
mastro deve ser carregado e levado, apenas por<br />
homens, até a igreja de São Benedito. Já em frente<br />
à igreja do santo padroeiro, o mastro é levantado,<br />
com muita devoção e emoção, finalizando a participação<br />
dos grupos de Congada no evento.<br />
Na ocasião da festa, a equipe do projeto<br />
“<strong>De</strong> <strong>Sambas</strong> e <strong>Congadas</strong>” pesquisou dois grupos,<br />
uma Congada de Guaratinguetá e outra da cidade<br />
de Cunha. O grupo local com que tivemos contato<br />
foi a “Congada e Moçambique Vermelho e<br />
Branco”, organização relativamente nova, ainda<br />
em formação, a qual dá continuidade às ações de<br />
um antigo congueiro da cidade chamado Aristeu.<br />
O grupo foi fundado em 2006 pelos congueiros<br />
Jozemar, seu Oscar e Dona Maria Luiza<br />
na cidade de Guaratinguetá. A organização é<br />
significada por seus integrantes como um grupo<br />
moderno, contemporâneo, que agrega características<br />
e influências tanto de elementos próprios<br />
da Congada, assim como do Moçambique. Jozemar,<br />
mestre do grupo, com 28 anos, que teve seus<br />
aprendizados iniciais na Congada com seu Aristeu,<br />
nos explica melhor como funciona a organização: