universidade federal de santa catarina centro de comunicação e ...
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Quem nos faz lembrar <strong>de</strong>sta quase inacreditável e insólita viagem é Ulrich Schmie<strong>de</strong>l<br />
da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Straubing (Baviera), que por terra, em 1552, saiu <strong>de</strong> Assunção para São Vicente<br />
e também da perigosa viagem por terra dos acompanhantes <strong>de</strong> Hans Sta<strong>de</strong>n, partindo da Ilha<br />
<strong>de</strong> Santa Catarina para Assunção.<br />
Abaixo segue exemplo da observação feita anteriormente em um dos excertos em que<br />
o autor do relato emprega Buger para o termo em português bugre, o que <strong>de</strong>monstra que<br />
Pauwels germanizou a palavra, pois a mesma não consta em dicionário alemão.<br />
Segundo Guisard (1999), foi <strong>de</strong> um movimento herético na Europa, contrário às<br />
normas impostas pela igreja, que o termo bugre surgiu na Ida<strong>de</strong> Média.<br />
A seita <strong>de</strong>nominada bogomilismo, na Bulgária, no séc. IX, em homenagem ao seu<br />
fundador, padre Bogomil, tinha como doutrina negar o mundo terreno e tudo em relação à<br />
matéria. Eram negados os rituais da Igreja Católica: batismo, matrimônio, os sacramentos, a<br />
liturgia, os ornamentos e a cruz.<br />
Os bogomilos, os a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong>ssa doutrina, não aceitavam a veneração da cruz, porque<br />
essa era executada <strong>de</strong> matéria perecível e tudo que era matéria perecível era <strong>de</strong>scartado.<br />
Formavam uma comunida<strong>de</strong> fechada, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, e punham os valores morais e religiosos<br />
da época em questão. Não comiam carne e entre si se confessavam e se absolviam.<br />
No Mundo Oci<strong>de</strong>ntal, o conceito da palavra bugre veio sendo paulatinamente<br />
transportado da esfera religiosa para a esfera profana, consi<strong>de</strong>rando o bugre como sodomita,<br />
pe<strong>de</strong>rasta, <strong>de</strong>vasso, vagabundo, inferior.<br />
Esse termo pejorativo, bugre, já figurava na literatura portuguesa, italiana e francesa,<br />
associado à sodomia e à heresia. Depois, esse termo passou a ter relação com os índios<br />
encontrados na América e em seguida com os do Brasil, trazido pelos colonizadores<br />
portugueses.<br />
É o olhar dos portugueses sobre os índios. Duas culturas distintas. O índio com seu<br />
modus vivendi muito diferente ao do homem branco. Um ser consi<strong>de</strong>rado inferior e muitas<br />
vezes discriminado, e por outro lado amedrontado com aquele que também é muito diferente<br />
<strong>de</strong>le, o homem branco, tendo que se submeter ao seu po<strong>de</strong>r.<br />
Mediante a apuração realizada sobre o vocábulo Buger, constata-se que o<br />
pesquisador/tradutor não po<strong>de</strong> ser imediatista. Sempre que possível <strong>de</strong>ve recorrer à pesquisa,<br />
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