LÍDER - Diário Económico
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DESTAQUE | ENTREVISTA<br />
riscos entre as PME. É de facto no conjunto das outras PME<br />
que o acesso ao crédito é mais difícil e é mais caro.<br />
Mas pode dizer-se que hoje em dia as PME que têm acesso<br />
a fi nanciamento bancário são apenas as melhores<br />
PME?<br />
Não, não são. Porque se assim fosse os bancos também não<br />
tinham negócio que chegue. Todas as PME, a não ser aquelas<br />
de risco muito elevado, já têm mais ou menos facilidade<br />
de acesso ao crédito. As que estão neste ‘ranking’, as que são<br />
PME líder, não têm nem tiveram nenhum problema de acesso<br />
ao crédito. E têm crédito em boas condições de preço, porque<br />
há uma concorrência muito grande entre os bancos na<br />
disputa por estes clientes.<br />
Em que valores é que estamos a falar? Porque no mercado<br />
o ‘spread’ médio para uma PME, segundo dados do<br />
Banco de Portugal, andará à volta dos 6%.<br />
As PME líder têm tipicamente ‘spreads’ que oscilam entre os<br />
100 a 200 pontos base mais baixo do que isso.<br />
O que é que na sua opinião defi ne uma PME líder, para<br />
além dos critérios contabilísticos?<br />
Na minha opinião, para além dos critérios contabilísticos,<br />
defi ne-a uma capacidade de gestão e de liderança de um<br />
projecto de nível elevado. Ou seja, pessoas que têm não só<br />
um grande amor à camisola em termos do projecto, têm<br />
ambição, ambição sobretudo, e uma procura de valor acrescentado<br />
do produto que o torne competitivo pelo seu valor<br />
acrescentado, e não pelo baixo custo. Na prática, e se virmos<br />
as PME líderes mais bem sucedidas, são aquelas onde<br />
a inovação esteve presente. A inovação esteve presente no<br />
produto e nas metodologias de produção, a inovação esteve<br />
presente na metodologia de gestão interna do aparelho produtivo,<br />
a inovação esteve presente na metodologia de abordagem<br />
aos mercados, nomeadamente aos mercados internacionais.<br />
Cerca de 60% das PME líder hoje são exportadoras<br />
e muitas não eram. E temos casos de sucesso entre as PME<br />
líder com projectos de alta qualidade, desde os têxteis técnicos,<br />
que hoje equipam desde astronautas a atletas de alta<br />
competição, somos por exemplo o maior produtor mundial<br />
de caiaques de alta qualidade. Isso são pequenos exemplos e<br />
depois há, mesmo na área tradicional do calçado, empresas<br />
que estão no topo da qualidade mundial, com preços que só<br />
são ultrapassados pelos italianos. Portanto com preços elevados<br />
e, não obstante, têm a sua produção totalmente colocada<br />
todos os anos. Esse tipo de iniciativas, de ambição de<br />
crescimento, ambição de criação de valor nos seus produtos,<br />
ambição de inovação, para nós é que são os grandes ‘drivers’<br />
de classifi cação das PME líder, para além da base que tem de<br />
existir para que haja sustentabilidade do projecto. Porque se<br />
não houver uma base fi nanceira adequada, e se o projecto<br />
for fantástico mas depois não tiver valor em termos económicos<br />
para dar resultados positivos para a empresa, é um<br />
projecto que está condenado a morrer por muito idealista<br />
que seja o empresário.<br />
Dada a actual conjuntura fi nanceira do país, qual é neste<br />
momento a fórmula de crescimento para as PME portuguesas.<br />
Que conselho deixaria?<br />
O primeiro conselho é que olhem para os mercados, não ape-<br />
nas para o mercado interno, mas olhem para os mercados<br />
de uma forma alargada, ampla, e façam um estudo. Nós disponibilizamos<br />
às empresas nossas clientes um instrumento<br />
interativo, a que chamamos BES Fine Trade, que é muito interessante<br />
[ver caixa] . Depois apostem na inovação. Temos<br />
feito um grande esforço, através do BES Inovação, em pôr<br />
as universidades em contacto com as empresas. Para que a<br />
inovação seja uma inovação aplicável. E de facto faz sentido<br />
as empresas portuguesas apostarem nos jovens, temos a<br />
melhor geração jovem saída das universidades nos últimos<br />
20 anos. Porque esses jovens vêm trazer uma capacidade<br />
de criatividade nestas empresas que traz um grande valor<br />
acrescentando. E é importante que tenham atenção à estrutura<br />
fi nanceira porque isso é a base para ter fácil acesso a<br />
parceiros fi nanceiros mais diversos e possam escolher aqueles<br />
que mais lhe interessam. Ter uma boa estrutura fi nanceira<br />
mesmo em prejuízo da totalidade do capital. Os portugueses<br />
têm muito a tentação de querer ser os donos de 100%. E<br />
às vezes mais vale ser dono de metade e ter um parceiro do<br />
que depois não ter capacidade de evoluir. < ><br />
PME <strong>LÍDER</strong> 2013<br />
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