LÍDER - Diário Económico

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28.04.2013 Views

DESTAQUE mantém-se em terreno positivo: em Janeiro deste ano aumentou 5,5%. Um dos argumentos dos bancos tem sido a falta de capitais próprios das pequenas e médias empresas, que tornam os empréstimos muito arriscados – uma realidade que não acontece no universo das grandes empresas. Uma vez mais, os números comprovam que este argumento também é válido. De acordo com o Banco de Portugal, 29,1% das PME tinham crédito vencido em Janeiro. O rácio de malparado atingiu os 12,9% no mesmo mês. Entre as grandes empresas os dados são mais positivos: apenas 17,8% tinham crédito vencido em Janeiro e o rácio de incumprimento era de 2,3%. Resolver este nó górdio é uma das chaves para regressar ao crescimento. “O reestabelecer do fi nanciamento em condições mais favoráveis é essencial “Empresas devem concentrar-se em melhorar as suas condições e o seu mercado”, defende Manuel Caldeira Cabral, economista e professor na Universidade do Minho. para a retoma”, garantiu Manuel Caldeira Cabral, economista e professor na Universidade do Minho, em entrevista ao Diário Económico. Mas enquanto o problema não se resolve, estas empresas devem concentrar-se em melhorar as suas condições e o seu mercado, acrescentou o economista. “Devem centrar-se em fazer alterações ao seu funcionamento, com forte impacto nos custos ou no alargamento do seu mercado”, explicou. “Devem cooperar mais umas com as outras, procurando sinergias, reduzindo custos e riscos de operação”, sugeriu ainda, lembrando que esta é também uma boa oportunidade para “renovar os quadros de pessoal”. < > Dois casos 1 HORTICULTURA ORNAMENTAL Carlos Gilberto Silva A empresa é pequena, são apenas dois trabalhadores, mas o crédito já lhe vem bater à porta. “Até aqui, era eu quem ia procurar o fi nanciamento”, conta o fl oricultor Carlos Gilberto Silva. “Mas agora é ao contrário, é o banco que me tem procurado com ofertas de crédito”, garante. Os juros propostos continuam a ser “o dobro” do praticado antes do aperto do crédito provocado pela actual crise, mas as condições até são “aceitáveis”, garante Carlos Gilberto Silva. Mais: não é por isso que o empresário recusa investir. “Neste momento, o crédito está disponível, mas não faço investimentos sem saber para quê”, explica, adiantando que o problema está na “falta de procura”. 2 CUTELARIA Cutipol “Não temos tido necessidade de nos fi nanciarmos na banca”, garante David Ribeiro, administrador da Cutipol, uma empresa nortenha, produtora de talheres que servem nos mais requintados jantares, desde hotéis de luxo espalhados pelo mundo, até aos reis da Jordânia. “De qualquer modo, mesmo quando precisámos de recorrer à banca, nunca tivemos difi culdade”, acrescenta, admitindo ainda assim que os juros pedidos são mais altos desde que a crise se instalou. As questões de fi nanciamento não têm sido um constrangimento para a Cutipol crescer. David Ribeiro garante que em 2012 as vendas aumentaram 15% e que nos primeiros meses deste ano já crescem a um ritmo de 20%. O sucesso consegue-se “com muita persistência nos mercados externos, porque o interno está completamente debilitado”. PME LÍDER 2013 16 Paulo Alexandre Coelho

TRÊS PERGUNTAS A Augusto Mateus, Ex-ministro da Economia “Reduzir a incerteza e aumentar a confi ança não tem nada a ver com dinheiro” O Governo tem defendido que o regresso aos mercados por parte do Estado vai ajudar as empresas ter também mais fi nanciamento. Concorda? O argumento faz sentido, tendo em atenção as regras de funcionamento do sistema bancário. Os bancos estão obrigados a uma fortíssima desalavancagem e estão sujeitos a regras muito estritas, com limites à concessão de crédito. Mas por enquanto o crédito ao sector não fi - nanceiro continua em queda. O Governo pode fazer mais alguma coisa para ajudar a fazer fl uir o fi - nanciamento, ou resta-lhe esperar que a transmissão da melhoria das condições de fi nanciamento aconteça? Esperar só faz sentido se for pelo metro, pelo autocarro ou pelo avião e desde que se conheçam os horários. Não é esperar que é preciso fazer em situações de emergência. Há outros factores que infl uenciam o comportamento da economia, desde factores económicos, a fi nanceiros e até subjectivos. Reduzir a incerteza e aumentar a confi ança, por exemplo, não tem nada a ver com dinheiro. Há muito que o Governo pode fazer. Recuperar o acesso ao fi nanciamento por parte das pequenas e médias empresas chega para inverter a crise? O problema é a profunda degradação dos prazos de pagamento e de recebimento, que tornam indispensável um maior fundo de maneio. Mas o Governo pode prosseguir caminhos de recuperação da economia que não sejam estritamente fi nanceiros, tais como trabalhar para criar oportunidades de investimento. < > Esequat. Quam zzriusto erat, qui blaoreetue dunt wissequam quatum augait eum aut nummy num del delit velit num veliscinci blamet del utatum zzriustis adit, vel euguerc iliqui exerat. Per at wisi elis adio con PME CONTINUAM SEM CRÉDITO O volume de crédito concedido a pequenas e médias empresas continua a diminuir. Para as grandes empresas, o fi nanciamento voltou a ser mais fácil. 8 4 0 -4 -8 -12 Dez-10 t.v.h. volume de crédito concedido; Fonte: Banco de Portugal PME LÍDER 2013 17 PME Grandes empresas Jan-13 Paula Nunes

DESTAQUE<br />

mantém-se em terreno positivo: em Janeiro<br />

deste ano aumentou 5,5%.<br />

Um dos argumentos dos bancos<br />

tem sido a falta de capitais próprios das<br />

pequenas e médias empresas, que tornam<br />

os empréstimos muito arriscados<br />

– uma realidade que não acontece no<br />

universo das grandes empresas. Uma<br />

vez mais, os números comprovam que<br />

este argumento também é válido. De<br />

acordo com o Banco de Portugal, 29,1%<br />

das PME tinham crédito vencido em Janeiro.<br />

O rácio de malparado atingiu os<br />

12,9% no mesmo mês. Entre as grandes<br />

empresas os dados são mais positivos:<br />

apenas 17,8% tinham crédito vencido<br />

em Janeiro e o rácio de incumprimento<br />

era de 2,3%.<br />

Resolver este nó górdio é uma das<br />

chaves para regressar ao crescimento.<br />

“O reestabelecer do fi nanciamento em<br />

condições mais favoráveis é essencial<br />

“Empresas devem<br />

concentrar-se em<br />

melhorar as suas<br />

condições e o seu<br />

mercado”, defende<br />

Manuel Caldeira Cabral,<br />

economista e professor<br />

na Universidade do Minho.<br />

para a retoma”, garantiu Manuel Caldeira<br />

Cabral, economista e professor na<br />

Universidade do Minho, em entrevista<br />

ao <strong>Diário</strong> <strong>Económico</strong>.<br />

Mas enquanto o problema não se<br />

resolve, estas empresas devem concentrar-se<br />

em melhorar as suas condições<br />

e o seu mercado, acrescentou o economista.<br />

“Devem centrar-se em fazer<br />

alterações ao seu funcionamento, com<br />

forte impacto nos custos ou no alargamento<br />

do seu mercado”, explicou. “Devem<br />

cooperar mais umas com as outras,<br />

procurando sinergias, reduzindo custos<br />

e riscos de operação”, sugeriu ainda,<br />

lembrando que esta é também uma boa<br />

oportunidade para “renovar os quadros<br />

de pessoal”. < ><br />

Dois casos<br />

1<br />

HORTICULTURA ORNAMENTAL<br />

Carlos Gilberto Silva<br />

A empresa é pequena, são apenas dois trabalhadores, mas o crédito<br />

já lhe vem bater à porta. “Até aqui, era eu quem ia procurar<br />

o fi nanciamento”, conta o fl oricultor Carlos Gilberto Silva. “Mas agora<br />

é ao contrário, é o banco que me tem procurado com ofertas de<br />

crédito”, garante. Os juros propostos continuam a ser “o dobro”<br />

do praticado antes do aperto do crédito provocado pela actual crise,<br />

mas as condições até são “aceitáveis”, garante Carlos Gilberto<br />

Silva. Mais: não é por isso que o empresário recusa investir. “Neste<br />

momento, o crédito está disponível, mas não faço investimentos<br />

sem saber para quê”, explica, adiantando que o problema está<br />

na “falta de procura”.<br />

2<br />

CUTELARIA<br />

Cutipol<br />

“Não temos tido necessidade de nos<br />

fi nanciarmos na banca”, garante David Ribeiro,<br />

administrador da Cutipol, uma empresa<br />

nortenha, produtora de talheres que servem<br />

nos mais requintados jantares, desde hotéis<br />

de luxo espalhados pelo mundo, até aos reis<br />

da Jordânia. “De qualquer modo, mesmo<br />

quando precisámos de recorrer à banca,<br />

nunca tivemos difi culdade”, acrescenta,<br />

admitindo ainda assim que os juros pedidos<br />

são mais altos desde que a crise se instalou.<br />

As questões de fi nanciamento não têm sido<br />

um constrangimento para a Cutipol crescer.<br />

David Ribeiro garante que em 2012 as vendas<br />

aumentaram 15% e que nos primeiros meses<br />

deste ano já crescem a um ritmo de 20%. O<br />

sucesso consegue-se “com muita persistência<br />

nos mercados externos, porque o interno está<br />

completamente debilitado”.<br />

PME <strong>LÍDER</strong> 2013<br />

16<br />

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