Ana Isabel Rodrigues

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) Cultura/natureza O Alentejo dispõe de recursos culturais e naturais com interesse turístico que funcionam como factor principal de deslocação dos turistas ou como elementos complementares da oferta deste destino. Quanto aos recursos culturais destaca-se, não apenas a riqueza do seu património arquitectónico de cariz religioso (capelas, ermidas, igrejas, conventos) e militar (castelos, fortificações, etc), mas sobretudo, um património mais de cariz popular, caracterizado quer por uma arquitectura popular típica desta região (montes e casas caiadas de branco e barras em amarelo, cinzento ou azul), quer por um património imaterial rico em cantares, tradições, lendas (o caso do cante alentejano). A par disso, o Alentejo apresenta uma riqueza do ponto de vista de património arqueológico, salientando-se os seus variados monumentos megalíticos (Norte Alentejano, Elvas, Évora). Importa ainda referir que em comparação com outras regiões do país, o Alentejo não se caracteriza por um património cultural edificado monumental e sumptuoso. Esta região apresenta um potencial de diferenciação no mercado que se baseia precisamente no carácter simples e genuíno do seu património. Acresce ainda o facto do povo alentejano se caracterizar por um modo de estar e ser muito próprio que é transmitido ao turista, contribuindo para o aumento do grau de atractividade deste destino. Apesar da riqueza e diversidade dos seus recursos culturais, torna-se premente a sua qualificação, por forma a aumentar o potencial turístico deste destino. Essa qualificação passa por obras de recuperação e valorização do património, melhorar a informação e sinaléctica turística existente, apostar em pessoal com formação adequada (por exemplo, na área do acolhimento e atendimento), e conceber circuitos turísticos que de facto permitam o usufruto desses recursos. No que se refere aos recursos naturais, o Alentejo dispõe de um recurso valioso – a água – não apenas ao nível das praias que possui, mas também pelas inúmeras albufeiras espalhadas pelo seu território. A paisagem alentejana apresenta-se igualmente como um importante factor de atracção natural (apesar de ser um elemento cada vez mais construído pelo Homem), transmitindo ao visitante uma sensação de liberdade, evasão e imensidão. Essas sensações decorrem do tipo de relevo cuja «base» morfológica é uma peneplanície, fracamente ondulada que se estende num horizonte que parece perdido, onde as searas, montados e montes são os seus elementos caracterizadores. O facto da paisagem mudar bastante ao longo do ano faz com que o elemento core seja outro factor atractivo e diferenciador em relação a outras regiões de Portugal (por exemplo, o Alto Minho cuja paisagem verde se mantêm a mesma durante o ano). O Alentejo no 4
Verão é totalmente diferente do Alentejo no Inverno ou na Primavera. Por essa razão, a nova campanha promocional do Alentejo, utiliza já este elemento como argumento de venda deste destino. Importa ainda referir que a flora e fauna é outro recurso natural valioso nesta região. Existem já locais no Alentejo que são destinos importantes para os “birdwatchers”, como o caso do projecto da Liga de Protecção da Natureza em Castro Verde. Para finalizar importa referir que não é suficiente para um destino possuir valiosos recursos culturais e naturais. É necessário uma aposta num aumento do seu grau de atractividade, pelo que a realização de eventos culturais e desportivos, a organização de actividades, a definição de rotas são factores que poderão converter o potencial turístico em realidade. c) Circuitos e rotas turísticas O Alentejo dispõe já de alguns recursos culturais e naturais organizados em circuitos/rotas, quer ao nível de informação disponibilizada, através da concepção de brochuras promocionais por parte das Câmaras Municipais, Regiões de Turismo, Agência de Promoção Turística do Alentejo e outros organismos (tome-se como exemplo a Rota do Megalitismo, a Rota dos Vinhos, a Rota do Azeite, Terras do Pão e Vinho, A Margem Esquerda do Guadiana, Hospitalários no Norte Alentejano, etc); quer ao nível de empresas turísticas, nomeadamente operadores turísticos e empresas de animação que comercializam já circuitos no Alentejo. Dada a riqueza dos seus recursos turísticos, o Alentejo apresenta um potencial muito interessante para a organização de circuitos, tanto mais que o PENT definiu o Turismo Cultural e Paisagístico como um produto de 1º nível para este destino, sendo por isso estratégico. Todavia, há ainda um trabalho a ser feito não só ao nível da estruturação e qualificação da oferta (recuperação de património imóvel, abertura de monumentos que se encontram ainda encerrados, mais formação para activos do sector, etc), mas acima de tudo na organização dessa mesma oferta, através da concepção, promoção e comercialização de circuitos turísticos junto do potencial turista. Para que surjam mais circuitos é necessário mais oferta de programas de animação turística disponibilizada por empresas com uma actuação profissional no mercado. Por outro lado, mais e melhor animação poderá vir a reflectir-se, futuramente, num aumento do indicador da estada média no Alentejo. 5
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