Ana Isabel Rodrigues

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28.04.2013 Views

albufeira (alojamento, restauração, postos de informação turística), é de referir que esta está longe de apresentar níveis de qualidade exigidos por um mercado cada vez mais competitivo. Face à própria estratégia definida pelo Governo através do PENT, torna-se crucial apostar em acções e projectos que de facto permitam que o Alqueva se venha a constituir como um pólo de atracção turística nos próximos anos. Se nada for feito em termos de qualificação da oferta, este destino corre o risco de ter divulgado uma marca no mercado, mas sem disponibilizar um produto turístico organizado e qualificado. Numa avaliação do Alqueva seria provável que os indicadores relativamente à qualidade do destino fossem positivos (nomeadamente em indicadores como a “qualidade do ambiente”, “segurança”), mas que, no caso do produto turístico, fossem já detectadas fragilidades consideráveis (nomeadamente os indicadores de “informação”, “qualidade da água” ou “restauração”) 13 . Na Tabela 1 apresenta-se uma reflexão sobre algumas das componentes da oferta do Alqueva como “Destino de Lago” e que deverão ser tidas em consideração no futuro processo de desenvolvimento turístico. (ii) Dimensão organizacional e estratégica do destino Um outro elemento importante a ter em consideração num futuro próximo e que está presente na própria definição de destino é a necessidade de definição do (s) organismo(s) de gestão do destino e a definição de uma estratégia de marketing. Embora a EDIA tenha criado de imediato, após o enchimento da barragem, um organismo específico com responsabilidade na gestão do Alqueva como destino turístico - a Gestalqueva, considera-se que as suas funções até ao presente momento são parcas em termos estratégicos. Não é ainda conhecida qualquer linha de orientação estratégica para o destino que representa e o seu papel tem incidido, sobretudo, na criação da marca Terras do Grande Lago Alqueva, promoção através de pequenos eventos e participação em feiras e algumas propostas de acção em termos de estruturação da oferta, mas sem estar alicerçado num planeamento consistente e fundamentado enquanto tal. Deverá ocorrer brevemente uma profunda alteração neste organismo não só em termos financeiros e humanos mas, acima de tudo, em termos políticos através do 13 Esta afirmação resulta apenas de uma opinião pessoal com base em exercícios de reflexão sobre esta temática. Numa próxima fase seria importante avançar-se com resultados fundamentados já em bases científicas, através da aplicação de ferramentas como o Qualitest, por exemplo. 16

econhecimento da importância da sua acção no desenvolvimento turístico do Alqueva. Por outro lado, a mentalidade e postura em termos turísticos necessitaria igualmente de uma mudança. Torna-se fundamental uma articulação forte (sobretudo em termos estratégicos) entre a Gestalqueva e a ARTA. É de relembrar que é da competência da ARTA, como Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo, definir a estratégia promocional anualmente para o Alentejo destino à escala regional onde se situa o Alqueva. CONCLUSÃO Este trabalho apresenta uma reflexão teórica sobre o desenvolvimento de um tipo de turismo denominado de “Turismo de Lagos”, tendo por base um importante recurso neste domínio localizado na região do Alentejo – a albufeira do Alqueva. Conforme se verificou, este novo recurso pretende assumir-se como um novo pólo de desenvolvimento turístico, onde a “água” surge como o recurso nuclear e o principal ponto de atracção. Em torno deste recurso deverão ser desenvolvidas outras formas de turismo como o cultural, de natureza, gastronómico ou de vinhos, tendo por base a realidade envolvente à albufeira, e que deverão materializar-se em produtos turísticos organizados e comercializados no mercado com capacidade de atrair turistas a este destino. Em suma, o destino Terras do Grande Lago do Alqueva encontra-se numa fase muito inicial do ciclo de vida, pelo que novas oportunidades e desafios se colocam quanto ao modelo de desenvolvimento que deverá ser seguida. Constata-se igualmente que para tal, será necessário apostar em políticas de qualidade, estratégias consistentes apenas possíveis se existir um organismo responsável pela gestão do destino forte, competente e com uma actuação no mercado clara e assumida por todos. Referências Bibliográficas: BUHALIS, Dimitrios (2000), Marketing the Competitive Destination of the Future, in Tourism Management, (21), pp. 97-116. BUTLER, R. (1980), The Concept of a Tourism Area Cycle of Evolution: Implications and Resources, Canadian Geographer, 24 (1), pp.5-12 COOPER, C.; FLETCHER, J.; GILBERT, D.; WANHILL, S. (1998), Tourism Principles and Practise, 2ª ed. Addison Wesley Longman Limited: Londres LAWS, Eric (1995), Tourist Destination Management, Routledge: Londres e USA 17

albufeira (alojamento, restauração, postos de informação turística), é de referir que esta está longe<br />

de apresentar níveis de qualidade exigidos por um mercado cada vez mais competitivo. Face à<br />

própria estratégia definida pelo Governo através do PENT, torna-se crucial apostar em acções e<br />

projectos que de facto permitam que o Alqueva se venha a constituir como um pólo de atracção<br />

turística nos próximos anos. Se nada for feito em termos de qualificação da oferta, este destino<br />

corre o risco de ter divulgado uma marca no mercado, mas sem disponibilizar um produto<br />

turístico organizado e qualificado.<br />

Numa avaliação do Alqueva seria provável que os indicadores relativamente à qualidade do<br />

destino fossem positivos (nomeadamente em indicadores como a “qualidade do ambiente”,<br />

“segurança”), mas que, no caso do produto turístico, fossem já detectadas fragilidades<br />

consideráveis (nomeadamente os indicadores de “informação”, “qualidade da água” ou<br />

“restauração”) 13 . Na Tabela 1 apresenta-se uma reflexão sobre algumas das componentes da<br />

oferta do Alqueva como “Destino de Lago” e que deverão ser tidas em consideração no futuro<br />

processo de desenvolvimento turístico.<br />

(ii) Dimensão organizacional e estratégica do destino<br />

Um outro elemento importante a ter em consideração num futuro próximo e que está presente na<br />

própria definição de destino é a necessidade de definição do (s) organismo(s) de gestão do<br />

destino e a definição de uma estratégia de marketing.<br />

Embora a EDIA tenha criado de imediato, após o enchimento da barragem, um organismo<br />

específico com responsabilidade na gestão do Alqueva como destino turístico - a Gestalqueva,<br />

considera-se que as suas funções até ao presente momento são parcas em termos estratégicos.<br />

Não é ainda conhecida qualquer linha de orientação estratégica para o destino que representa e o<br />

seu papel tem incidido, sobretudo, na criação da marca Terras do Grande Lago Alqueva,<br />

promoção através de pequenos eventos e participação em feiras e algumas propostas de acção em<br />

termos de estruturação da oferta, mas sem estar alicerçado num planeamento consistente e<br />

fundamentado enquanto tal. Deverá ocorrer brevemente uma profunda alteração neste organismo<br />

não só em termos financeiros e humanos mas, acima de tudo, em termos políticos através do<br />

13 Esta afirmação resulta apenas de uma opinião pessoal com base em exercícios de reflexão sobre esta temática. Numa próxima<br />

fase seria importante avançar-se com resultados fundamentados já em bases científicas, através da aplicação de ferramentas como<br />

o Qualitest, por exemplo.<br />

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