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Jovem Socialista429 - Juventude Socialista

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PROCESSO BOLONHA | BRUNO NORONHA<br />

Bolonha e a investida no neoliberalismo capitalista<br />

EMBORA O PROCESSO DE BOLONHA SEJA UMA REALIDADE NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR PORTUGUÊS DESDE O ÚLTIMO GOVERNO SOCIALISTA (ONDE SE DESTA-<br />

COU, PELO SEU BRILHANTE TRABALHO, O SR. PROF. DR. PEDRO LOURTIE, ENTÃO SECRETÁRIO DE ESTADO DO ENSINO SUPERIOR) A VERDADE É QUE SÓ AGORA (COMO É<br />

HÁBITO EM PORTUGAL, OU SEJA, DEPOIS DE TODOS OS OUTROS) É QUE SE INICIOU UM VERDADEIRO TRABALHO DE REFLEXÃO E DE REFORMA A NÍVEL POLÍTICO (QUE MAIS<br />

UMA VEZ FICOU ARREDADO DO VASTO TRABALHO JÁ DESENVOLVIDO A NÍVEL ACADÉMICO, NOMEADAMENTE POR ESTRUTURAS ESTUDANTIS).<br />

Pretende-se com este artigo dois objectivos: 1) enunciar<br />

de forma sintética e sistemática os principais<br />

pontos de reflexão em torno do Processo de Bolonha;<br />

2) alertar para uma dimensão deste processo até então relegada<br />

para segundo plano mas que, no nosso entender, é a verdadeira<br />

matriz subjacente a todas as reformas que se têm operado na<br />

Europa e que não versam apenas e unicamente sobre a Educação<br />

mas sim sobre todas as actividades económicas, sociais e<br />

culturais e educativas dos países que a constituem.<br />

O Processo de Bolonha iniciou-se com a Declaração da Sorbonne<br />

em Junho de 1998, que suscitou a discussão acerca do<br />

estabelecimento de uma Área Europeia de Ensino Superior.<br />

No plano internacional este processo surgiu inserido numa<br />

tendência global de privatização e desregulação dos sistemas<br />

de ensino superior por todo o mundo. A introdução de taxas<br />

para se estudar, os modelos de gestão corporativa e a comercialização<br />

da educação foram apenas alguns sintomas (bem<br />

expressos nas reformas legais do Ensino Superior operadas no<br />

Governo do Dr. Durão Barroso e no Plano de Estabilidade e<br />

Crescimento) desta crescente tendência de transformar a educação<br />

num bem transaccionável. Associada a esta tendência<br />

convém relembrar a Cimeira de Lisboa em 2000 onde a União<br />

Europeia estabeleceu como objectivo até 2010 tornar-se a<br />

economia baseada no conhecimento mais competitiva do<br />

mundo (objectivo que serviu, aliás, de enquadramento à<br />

recente Directiva Bolkestein).<br />

Entre os principais pontos da agenda de Bolonha estão:<br />

- Garantia da qualidade através de um processo contínuo de<br />

avaliação por intermédio de estruturas plurais e democráticas<br />

que visam, em última instância, a acreditação de cursos e instituições;<br />

- Adopção de um sistema de dois ciclos principais estruturados<br />

em torno do European Credit Transfer System e orientados<br />

para o mercado de trabalho;<br />

- Promoção da mobilidade e simplificação dos processos de<br />

reconhecimento de formações através da adopção do Suplemento<br />

ao Diploma e do Curricula Vitae Europeu;<br />

- Promoção da Aprendizagem ao Longo da Vida.<br />

Relativamente ao segundo objectivo deste artigo convém<br />

relembrar o Fórum sobre Comercialização de Serviços Educativos<br />

ao abrigo da OCDE que decorreu em 23 e 24 de Maio de<br />

2002 em Washington DC, EUA. Subjacente a esta reunião<br />

A FECHAR...<br />

esteve o potencial da educação como um bem transacionável<br />

no plano internacional e na perspectiva liberal de mercado.<br />

Países como os EUA, a Austrália e a Inglaterra têm trazido a<br />

educação a lume em debates sobre proteccionismo e competição<br />

internacional.<br />

Um dos problemas que se coloca à cabeça nesta questão é a<br />

forte componente cultural da educação, que está intimamente<br />

correlacionada com o local e historial da instituição que a<br />

difunde. Por outro lado, a acreditação, a garantia da qualidade<br />

e o reconhecimento de formações podem ser vistos como requisitos<br />

indispensáveis à transposição da educação para um<br />

bem transacionável, dado inserirem-se numa lógica de garantias<br />

e consequente confiança no produto (educação) que os<br />

consumidores (estudantes) estão a adquirir.<br />

Interessará aqui clarificar o que é a educação transacionável.<br />

As transacções internacionais em serviços educativos foram<br />

classificadas pela OCDE utilizando as quatro categorias de<br />

fornecimento transfronteiriço de serviços utilizadas nas negociações<br />

GATS: 1) fornecimento transfronteiriço, que contempla<br />

apenas a venda de um produto além fronteiras (no caso da<br />

educação pode ser um CD-ROM, um livro de textos ou um<br />

serviço fornecido pela Internet); 2) o consumidor cruza a<br />

fronteira, como acontece nos estudantes que vão estudar para<br />

um País estrangeiro; 3) presença comercial, que envolve a presença<br />

dos fornecedores de serviços nos países estrangeiros (por<br />

exemplo, uma Universidade instalar um campus seu num País<br />

estrangeiro); 4) presença de pessoas fornecedoras dos Serviços,<br />

que implica a presença de professores e investigadores num<br />

País estrangeiro de forma a prestarem directamente o “produto”educação.<br />

Dois factores importantes a ponderar quando se analisa a<br />

questão da educação transacionável são as propinas e os custos<br />

de vida, bem como o balanço entre financiamento público e<br />

privado. Nestes domínios importa reflectir sobre os seguintes<br />

pontos: se os países receptores de estudantes cobram ou não<br />

propinas (e se o fazem quem as paga); se os estudantes vão ao<br />

abrigo de programas dos seus países ou de acordos/programas<br />

internacionais e quais as contrapartidas dos mesmos; qual o<br />

sector que sai mais beneficiado (se o público se o privado); os<br />

enviusamentos que podem surgir no equilíbrio de forças entre<br />

financiamento público e privado; o comprometimento do<br />

carácter social da educação.<br />

ECOSY PRESS RELEASE SOBRE AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS UCRANIANAS<br />

ECOSY – Jovens <strong>Socialista</strong>s Europeus, está profundamente<br />

preocupada com a presente situação após<br />

as eleições presidenciais na Ucrânia no passado<br />

Domingo. De acordo com as missões internas e<br />

internacionais das OSCE/ODIHR, que monitorizam<br />

as eleições de perto, ouve uma conduta irregular das<br />

autoridades Ucranianas.<br />

Para nós, Jovens <strong>Socialista</strong>s Europeus, eleições<br />

livres, democráticas e transparentes são fundamentais<br />

para a Democracia. Os cidadãos da Ucrânia<br />

decidiram sobre o seu futuro, e a sua decisão deve<br />

ser respeitada.<br />

ECOSY apoia convictamente as forças democráticas<br />

na Ucrânia, incluindo os observadores da IUSY, a<br />

União de Jovens <strong>Socialista</strong>s e a Perspectiva<br />

Democrática Social, os partidos da Internacional<br />

<strong>Socialista</strong> como o Partido <strong>Socialista</strong> Ucraniano e o<br />

Partido Social-Democrata da Ucrânia, bem como<br />

todos os membros da sociedade civil nas suas<br />

demonstrações pacíficas e apelos no sentido da afirmação<br />

do direito democrático de obter eleições<br />

livres e transparentes.<br />

A ECOSY apela ao Partido dos <strong>Socialista</strong>s Europeus<br />

e os seus partidos membros, bem como ao grupo<br />

parlamentar do PSE, para apoiar uma Ucrânia em<br />

liberdade de democracia.<br />

A ECOSY apela às autoridades Ucranianas para a<br />

recapitulação dos votos, no sentido de dar um resultado<br />

verdadeiro da eleição presidencial e respeitar a<br />

decisão dos cidadãos da Ucrânia.<br />

Outro problema que se coloca é a regulação por parte dos<br />

diferentes Estados dos Serviços Educativos que têm à disposição<br />

da sociedade, nomeadamente no que respeita à<br />

transparência de conteúdos e qualidade do ensino. Neste<br />

enquadramento surge o GATS, enquanto estrutura de acordos<br />

que visam a criação de uma grelha proporcionadora de<br />

transparência nas trocas comerciais. O GATS (General Agreement<br />

on Trade in Services) é um acordo global que está a ser<br />

desenvolvido a nível da Organização Mundial de Comércio e<br />

que visa o estabelecimento de obrigações gerais para todo o<br />

tipo de serviços excepto os derivados do exercício da autoridade<br />

governamental. Porém, em Janeiro de 2004 a Comissão<br />

Europeia emitiu a “Directiva Bolkestein”, que versa sobre<br />

serviços no mercado interno da União Europeia e visa a criação<br />

de uma zona económica especial. Esta directiva abrange<br />

todos os serviços excepto aqueles prestados pelo Estado no<br />

cumprimento das suas obrigações culturais, sociais, educativas<br />

e judiciais, e onde não haja remuneração. Porém, dado que<br />

uma grande parte dos serviços públicos exige o pagamento de<br />

taxas (propinas, no caso do Ensino Superior), a maioria das<br />

actividades cai dentro do âmbito da Directiva. Ela contém em<br />

si medidas que favorecem a desregulação do mercado interno<br />

da UE ao eliminar gradualmente a restrição existente nos<br />

diversos países relativamente às actividades comerciais. Segundo<br />

a mesma, as regras que prevalecem nas empresas são as do<br />

país de origem, ou seja, uma Universidade Alemã que se<br />

queira instalar em Portugal regulamentar-se-ia e funcionaria<br />

segundo as regras alemãs (princípio do país de origem). Ao<br />

incluir, por omissão, a Educação no âmbito desta Directiva a<br />

Comissão Europeia está não só a promover a comercialização<br />

da mesma mas também a atribuir outra faceta, até agora apenas<br />

latente, ao processo de Bolonha. A do capitalismo neoliberal,<br />

tão querida aos EUA (que por acaso, e só mero acaso, é o<br />

País mais capacitado e que mais investe na exportação de<br />

serviços/formação universitários).<br />

Esta é uma bandeira que, nosso entender, tanto a JS como o<br />

PS deviam agarrar para as batalhas que se avizinham, ou caso<br />

contrário tudo se transformará em bens comercializáveis e a<br />

palavra “social” será apenas um eco de tempos idos. Uma<br />

esquerda, por mais moderna que seja, jamais se pode esquecer<br />

desta palavra.<br />

>> brunonoronha@juventudesocialista.org<br />

À hora do fecho desta edição do <strong>Jovem</strong> estava a realizar-se, na Discoteca People em Santos-o-Velho, em Lisboa, um encontro entre José Sócrates, Secretário<br />

Geral do PS e candidato a Primeiro Ministro, e Pedro Nuno Santos, Secretário Geral da <strong>Juventude</strong> <strong>Socialista</strong>. O encontro com jovens portugueses é subordinado<br />

ao tema “A Emancipação dos Jovens”. Ao que o <strong>Jovem</strong> <strong>Socialista</strong> apurou, o encontro prevê a presença de cerca de 200 jovens, contando-se entre eles<br />

jovens dirigentes associativos e estudantis de todo o país, Pedro Nuno Santos e José Sócrates irão debater o tema, com a juventude portuguesa,<br />

com o intuito de integração das propostas da JS no Programa de Legislatura do Partido <strong>Socialista</strong>

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