UM DESFILE ATÉ AO TOPO - Diário Económico - Sapo
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Estilo L OO UU II S S TTT AAA TTT TTT OOO O O O VVV UU II TT TT OO N Um dia, Marc Jacobs entrou no estúdio de tatuagens de Scott Campbell. Saiu de lá com um SpongeBob colorido no bíceps direito. Voltou mais tarde e acrescentou mais uma tatuagem. E outra. ‘Friends will be friends’ e agora é Campbell que inspira a nova colecção masculina de Jacobs para a Louis Vuitton. m enorme e colorido SpongeBob. Uma personagem dos Simpson que tem a sua cara (Matt Groening caricaturou-o num dos episódios da série animada). Um coração encarnado. Dois cãezinhos que se beijam – são Albert e Daisy, os seus ‘bull terrier’ de estimação. Um sofá na barriga. Várias estrelas nos ombros. A palavra “shameless” gravada no peito. Um personagem dos chocolates M&Ms. Dois logos da revista pornográfi ca “Oui”. Um sapo verde no antebraço. Um retrato de Elizabeth Taylor. Uma ‘pin-up’ de pistola em riste. O urso de peluche roxo. A letra J (de Jacobs) na anca. Uma cena do fi lme “Poltergeist” nas costas. E, no antebraço esquerdo, a expressão “Bros Before Hos”, tatuagem que partilha com os amigos mais chegados e que signifi ca “Amigos Acima de Tudo”. São já perto de 30 as tatuagens que Marc Jacobs, o director criativo da Louis Vuitton tem no corpo. Grande parte delas conseguidas com a ajuda do talento de Scott Campbell, o tatuador que Jacobs convidou para o ajudar a desenvolver a colecção de homem da marca francesa desta primavera/verão. As parcerias criativas de que, esporadicamente, a Louis Vuitton se socorre, já são conhecidas do público. O artista japonês Takashi Murakami é o rosto mais visível desta estratégia, mas houve mais. Por isso, não é de estranhar que Scott Campbell, tatuador e amigo pessoal de Marc Jacobs (tanto que é um dos membros da irmandade “Bros Before Hos”) tenha sido o escolhido para incrementar a “Boémia Digital” – título da colecção, que se inspira no ecletismo e no choque cultural que marca o vestuário masculino de hoje. Campbell não se fez rogado: aceitou o convite e partiu para Paris, para “beber” o espírito da cidade e consultar os arquivos da ‘maison’, que conta já com mais de 150 anos de tradição e inovação. Em seguida, passou uma temporada em Asnières, na casa onde foi fundada a Louis Vuitton, na companhia de Patrick Vuitton, responsável pela área de encomendas especiais da marca. Aqui, além de fi car a conhecer em profundidade o ‘know-how’ da casa, pode acompanhar passo a passo o desenvolvimento da sua encomenda, um baú em tela Monogram Macassar com quatro compartimentos, a mala ideal para transportar as tintas e as agulhas, ferramentas preciosas da sua profi ssão. Campbell foi assim preparado para aplicar a sua arte no TEXTO DE RITA IBÉRICO NOGUEIRA desfi le de moda masculina para esta estação. Na ‘passerelle’, não faltaram as marcas deixadas pela sua agulha. Os modelos exibiam tatuagens (ainda que efémeras) com o famoso monograma LV. Aqui e ali, um detalhe de um tecido estampado, em ‘echarpes’, sacos, acessórios vários. O ADN de Campbell não passou despercebido, fundindo-se na perfeição com o da Louis Vuitton, que provou não ter limites na forma como se reinventa. CAMPBELL – A ARTE PARA ALÉM DA PELE Americano (tal como Jacobs), nascido numa zona rural do estado de Louisiana, Campbell foi sempre um rebelde. Aos 15 anos estreou-se na arte da tatuagem, tendo desenhado uma caveira na própria perna, para terror da mãe, que anos antes lhe tinha dito o seguinte: “Scotty, podes até matar, que eu continuarei a ter orgulho em ser tua mãe. Mas no dia em que fi zeres uma tatuagem, eu própria te mato”. Num rasgo de sensatez, decidiu estudar Bioquímica na Universidade do Texas. Mas os estudos não o entusiasmaram e acabou por desistir do curso. Uma viagem a São Francisco acabou por ditar-lhe os primeiros passos de uma carreira promissora: aprendeu a tatuar e praticava nas peles dos ‘gangs’ adolescentes da cidade. Costuma dizer que se diplomou na rua. São Francisco, tal como a sua cidade natal, pareceu-lhe pequena, e partiu pelo mundo, em busca de novas peles e novas inspirações. Europa, Ásia… e Nova Iorque, só por si um continente de misturas e infl uências. Mais precisamente Williamsburg, um bairro emergente de Brooklyn, onde abriu o seu estúdio, o Saved Tattoo. A fama deve-a a Heath Ledger, o já falecido actor de “O Segredo de Brokeback Mountain”, a quem tatuou um pássaro em voo num braço. Algures no “Tonight Show”, de Jay Leno, Heath mostrou a tatuagem e, no dia seguinte, Campbell estava a dar autógrafos e a cobrar 300 dólares à hora pela sua arte. Pelo seu estúdio já passou grande parte da elite artística, cultural, da moda e do ‘design’, bem como muitas celebridades que assume como suas “amigas”: Courtney Love, Robert Downey Jr., Orlando Bloom, Josh Hartnett, Sting… Das tatuagens foi transitando, gradualmente, para o mundo da arte, onde é já um artista de ‘mixed media’ reconhecido, com exposições e obra vendida. Num projecto recente, foi parar ao Afeganistão para tatuar soldados em combate. E, das montanhas rochosas povoadas de barbas e AK-47 para as ‘passerelles’ parisienses, foi um pulinho. FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELA MARCA
Passo a passo, a viagem ao passado e ao universo Louis Vuitton que o tatuador-estrela Scott Campbell fez para se inspirar para a sua colaboração na colecção masculina da marca desta estação. Da pesquisa no seu estúdio, em Nova Iorque, partiu para Paris, para “beber” da movida da cidade e ver desfi lar as suas tatuagens efémeras sobre a ‘passerelle’. Em Asnières, ao lado de Patrick Vuitton, herdeiro do fundador da marca, a ela ligado como responsável das encomendas especiais, viu nascer um ‘trunk’ para as suas tatuagens itinerantes.
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seu estúdio, em Nova Iorque, partiu<br />
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