UM DESFILE ATÉ AO TOPO - Diário Económico - Sapo

➸ INTERNACIONAL
É criada a empresa Google.
A Internet é uma ferramenta indispensável e, em 1998,
acho que já tínhamos essa noção. Comprei o primeiro
Mac em 1994 e lembro-me de estar tão excitada, mesmo
não sabendo trabalhar com aquilo, que na noite em que
o comprei só mexi na única coisa que fazia barulho, que
era quando deitava alguma coisa para o “lixo” (faz um
som tipo aspirador). Só no dia seguinte é que percebi que
tinha passado a noite a apagar os programas todos. Teve
que ser tudo reinstalado! (risos)
Tinha outros ‘gadgets’ na altura, os Tamagochis. Lembro-me
de estar ao telefone em trabalho e a minha
fi lha vir com o Tamagochi e dizer: “Mamã, o Tamagochi
fez cocó”, e eu dizer: “Filha, limpa-o”. Quando
desliguei não a ouvia. Quando fui à procura dela estava
ela no bidé com o Tamagochi submerso, e disse:
“Mamã, estou a limpá-lo!”.
Eu e o Ricardo Mealha tínhamos cada um o seu Tamagochi,
mas como não o conseguíamos manter, resolvemos
fazer o contrário, ou seja, qual de nós é que mais
rapidamente conseguia transformar o Tamagochi
num monstro. Como não o alimentávamos, não lhe
dávamos carinho, nada, ele transforma-se em monstro
(risos). Éramos completamente viciados em tudo
o que era ‘gadgets’.
Vem a público o caso Bill Clinton e Monica
Lewinsky.
Isso marcou também o início das pessoas que para serem
famosas desenvolvem histórias dessa natureza. Porque
toda a vida houve amantes, toda a vida os homens
e as mulheres tiveram histórias secretas e a Mónica
Lewinsky quis ser famosa. Isso marca o início do “ser
famoso a qualquer custo”.
1999
➸ INTERNACIONAL
Entra em vigor o Euro. Ainda pensa em contos?
Não, mas a entrada do Euro fez com que passássemos
a receber metade do que recebíamos, tudo aumentou
porque toda a gente aproveitou o arredondamento.
➸ CULTURA
Morreu Amália Rodrigues. Gosta de fado?
Não sou grande apreciadora de fado, mas o fenómeno
Amália percebi-o quando estava em Milão e liguei a televisão
na RAI e vejo a Amália numa reportagem. Comecei
num histerismo a gritar pelo nome dela casa fora,
pela primeira vez, sabendo que na minha família não
existia qualquer ligaçãoao fado. Foi preciso sair de Portugal
para perceber o valor que ela tinha e o que podia
signifi car para todos os portugueses que vivem longe.
2000
➸ DESPORTO
Depois de 18 anos, o Sporting sagra-se campeão
nacional. Gosta de futebol?
Não. Mas calma! Gosto do (Cristiano) Ronaldo. Não
sei bem em que ano, ainda o Ronaldo não era nada,
quando abriu a loja Mousse e o Ricardo Vasconcelos
pediu-me para fazer um ‘ready made’. Apresentei um
banco de cozinha em madeira lacado a verde, onde
cravei um assento encarnado e onde escrevi CR7. E na
altura ninguém entendeu. Fico contente por ter feito
isso. Também gosto quando se faz golo, daquele grito
de festejo! Nessa altura, gostava de estar num campo.
➸ INTERNACIONAL
George Bush é eleito presidente dos EUA.
Na altura não se sabia, mas viu-se que foi mau. Uma
vez, por coincidência, tirei o som à televisão enquanto
ele estava a falar. Estava ao telefone e de repente
tive de interromper para olhar para a televisão e… ele
era mesmo um boneco animado quando lhe tirávamos
o som. Telefonei a todos os meus amigos para
eles fazerem a experiência.
➸ CULTURA
Primeira edição do Big Brother Portugal.
Acompanhei mais ou menos, mas não tenho ideia de
quem eram os concorrentes. É um formato televisivo
que também indiciava todo um conjunto de alterações
comportamentais que não me “cheiravam” muito bem.
Esse lado ‘voyeur’, de estar sempre em cima dos outros
e observá-los, de que todos são VIPs e todos podem ver.
Todos sabem, todos falam e todos comentam. Achei que,
mais tarde iria ter contornos complexos.
2001
➸ NACIONAL
Colapso da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-
-Rios, em Castelo de Paiva.
Como sempre em Portugal nunca se descobre de
quem é a culpa. Na ModaLisboa tentamos sempre
fazer o diagnóstico para saber onde é que as coisas
falharam para corrigir. Acho que o país faz sempre
o contrário, tenta escamotear e sacudir a culpa, não
percebendo que se fi zer um diagnóstico, não propriamente
da culpabilização, mas para perceber o porquê,
pode evitar-se algumas coisas.
➸ INTERNACIONAL
Ataques terroristas da Al-Qaeda contra os EUA.
Estava a almoçar num restaurante na Rua da Madalena,
o nosso escritório era lá perto, e estava de frente
para a televisão, que estava sem som mas a transmitir
as imagens. Levantei-me para pedir ao empregado
para pôr som, estavam a repetir o primeiro embate.
Quando pedi para pôr mais alto, foi quando o segundo
avião embateu na segunda torre. Nessa altura o
almoço acabou e fomos a correr para o escritório, ligámos
as televisões e ninguém mais trabalhou, estávamos
todos em estado de choque. O mundo realmente
mudou.
Lançamento do iPod. Qual é o top 5 do seu iPod?
Nunca tive iPod! A minha fi lha “melgava-me” tanto
que acabei por comprar um para ela. Eu nunca tive.
2002
➸ NACIONAL
Caso Casa Pia. No que acredita?
Acredito que há problemas, se não nunca teria tomado
as proporções que tomou. As nossas leis são ancestrais,
muitas delas ainda são da altura do Salazar e
não foram revistas, e é muito difícil fazer justiça em
Portugal. Mas neste caso não pode haver fumaça sem
fogo. As pessoas mais importantes vão ser penalizadas?
Tem a ver com a justiça e nunca saberemos. O
Carlos Silvino, no meio disto tudo, é o elo mais fraco
e foi o mais rapidamente caçado e exemplarmente
dado como grande culpado, foi crucifi cado para dar
o exemplo.
Março 2011 Fora de Série 25