UM DESFILE ATÉ AO TOPO - Diário Económico - Sapo
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Personagem<br />
suicida-se em casa, em Seattle.<br />
Foi uma perda avassaladora. Ouvia imenso, e ainda hoje<br />
ouço o “Unplugged”. Ele era lindo. Toda a gente se virou<br />
contra a Courtney Love, a namorada dele, por ser a má<br />
que o introduziu às drogas. Hoje, sabemos que as pessoas<br />
fazem aquilo que decidem fazer. Toda a minha vida<br />
corri riscos, sempre estive em situações de risco. Sou<br />
uma pessoa que gosta de experimentar tudo e ver tudo,<br />
presenciar tudo e sou transversal a tudo. E estou aqui,<br />
normal. Isso tem a ver com a estrutura das pessoas.<br />
➸ MODA<br />
Ana Borges cria a Elite Portugal e estreia o programa<br />
de televisão 86-60-86, com Sofi a Aparício.<br />
Foram acontecimentos que mudaram a moda?<br />
Quando começámos só havia uma agência de modelos,<br />
a do Tó (Romano), a Central, e, portanto, signifi -<br />
cava que o país estava a desenvolver-se no que sempre<br />
quisemos: a transformação da indústria têxtil na<br />
indústria da moda. A Elite era uma agência internacional<br />
que abre em Portugal e isso faz com que haja<br />
mais intercâmbio, foi muito importante. O 86-60-86<br />
foi um programa icónico. Permitiu uma experimentação<br />
de imensos fotógrafos, realizadores, ‘videoclips’<br />
de moda, manequins… Porque a moda tem de<br />
ser praticada em todas as suas vertentes e todas as<br />
suas áreas. Este programa permitiu esse trabalho intenso,<br />
foi uma escola.<br />
1995<br />
➸ MODA<br />
Primeira edição do Portugal Fashion. Imaginava<br />
que poderia tornar-se o maior e único concorrente<br />
da ModaLisboa?<br />
Na altura, tinha outro tipo de informações sobre o<br />
aparecimento do Portugal Fashion. Esse evento é<br />
coincidente com a chegada a Portugal dos grandes<br />
fi nanciamentos comunitários para a indústria têxtil.<br />
Estava anunciado que esses fi nanciamentos iriam cá<br />
chegar e que a zona norte iria ser privilegiada. Uma<br />
coisa calha com a outra. Naquela altura não mudou<br />
nada, não imediatamente.<br />
Quando é que mudou?<br />
Quando percebemos que não havia uma complementaridade<br />
com o que já existia, era isso que esperávamos.<br />
Ou seja, já que nós tínhamos a ‘fashion week’,<br />
esperávamos que houvesse uma complementaridade<br />
noutras áreas que eram precisas ser desenvolvidas e<br />
não estavam a ser e que nós não podíamos fazer porque<br />
estávamos com a ModaLisboa. Se estivéssemos<br />
no Porto teríamos feito outra coisa, ainda mais se tivéssemos<br />
dinheiro. Passados uns anos percebi claramente<br />
que havia uma óptica de ocupação do mesmo<br />
território e isso pareceu-me estranho, não compreensível.<br />
Porque não fazer outras coisas quando havia<br />
tanto trabalho para fazer?<br />
1996<br />
➸ INTERNACIONAL<br />
A União Europeia suspende a importação da carne<br />
bovina por causa da doença das vacas loucas.<br />
Teve medo? Deixou de comer carne?<br />
Acho que a minha mãe deve ter-me aterrorizado tanto<br />
que devo ter deixado! Sempre tive cuidados com<br />
a alimentação. Como de tudo desde a altura em que<br />
se descobriu que a soja também era manipulada. A<br />
partir dessa informação, passei a achar que tinha de<br />
beber água da torneira e água engarrafada, que tinha<br />
de comer arroz e comer feijão, tinha de comer carne<br />
24 Fora de Série Março 2011<br />
“AS NOSSAS LEIS SÃO<br />
ANCESTRAIS, MUITAS<br />
DELAS DA ALTUR A<br />
DO SALAZAR. É MUITO<br />
DIFÍCIL FAZER JUSTIÇA<br />
EM PORTUGAL,<br />
O PAÍS TENTA SEMPRE<br />
ESCAMOTEAR<br />
E SACUDIR A CULPA”.<br />
e peixe, tinha de comer legumes… porque era a única<br />
maneira de não falhar nada! (risos)<br />
1997<br />
Da esquerda para a direita, João Freitas<br />
Ferreira, assistente de gabinete de<br />
imprensa e comunicação; Alexander<br />
Caetano, chefe de produção; Mariana<br />
Guedes de Sousa, assessora de protocolo;<br />
Eduarda Abbondanza, presidente da<br />
ModaLisboa; Olga Barrisco, coordenadora<br />
de ‘sitting’; Gabriela Vasconcelos,<br />
‘sitting’; Pedro Curto, relações públicas;<br />
Susana Marques Pinto, responsável de<br />
comunicação com os ‘designers’; Sofi a<br />
Montereal, relações públicas; Mariama<br />
Barbosa, relações públicas.<br />
Eduarda com camisa em seda e algodão<br />
Mantu, na Stivali. Saia em renda e ‘lamé’<br />
Ana Salazar. Sapatos em camurça<br />
Prada, na Fashion Clinic. Pulseiras em<br />
metal com strass miu miu, na Fashion<br />
clinic. ‘Collants’ Calzedonia. Colar em<br />
ouro amarelo Filipe Faísca. Colar com<br />
pendente em ouro amarelo H. Stern.<br />
➸ DESPORTO<br />
Mike Tyson morde a orelha a um adversário durante<br />
um combate. O boxe é bom para aliviar a tensão?<br />
Na minha família italiana, o boxe era considerado um<br />
desporto nobre. Não havia golpes baixos, talvez por isso.<br />
Era um assunto sobre o qual se falava, que se via e que<br />
toda a gente à minha volta admirava. Continuo a achar<br />
graça até pela sua estética e pela parte cinematográfi ca.<br />
Mas não é uma coisa que eu pratique. Sou mais de andar<br />
de bicicleta “à abrir”, parto-me toda! Às vezes faço ioga e<br />
pesquei durante muitos anos para me acalmar. Só pescava<br />
à noite. Tinha uns 22 anos e estava em Itália. O grupo<br />
juntava-se com alguma frequência. Íamos para Sanreno.<br />
Tinha 16 canas e uma mala toda apetrechada, sabia<br />
tudo sobre pesca e passava a noite, até às 4 da manhã,<br />
em alto mar a pescar atum à cana. Hoje, não tenho tempo<br />
nem grupo. E deixei lá as canas, assim como a mala.<br />
Como não tinha canas para retomar cá e porque toda a<br />
gente olhava para mim como se fosse maluca quando<br />
dizia que gostava de pescar, nunca mais pesquei. Mas<br />
quero voltar. Há dois anos que digo isto.<br />
➸ INTERNACIONAL<br />
Morreu a Princesa Diana.<br />
Lembro-me que estava em casa e fi quei presa à televisão,<br />
com a minha mãe num pranto porque amava a princesa<br />
Diana. Eu estava em estado de choque. Aquele romance<br />
com o Dodi Al Fayed parecia tão humano e tão próximo<br />
de nós. Era uma princesa extraordinária, com aqueles fi -<br />
lhos, com aquele marido que eu abominava e com aquela<br />
amante sinistra (risos). Tornou-se um ícone.<br />
Morreu Madre Teresa de Calcutá. É católica?<br />
Não praticante. Sou cristã e acredito em várias coisas.<br />
➸ CULTURA<br />
É lançado o primeiro livro do Harry Potter, a Pedra<br />
Filosofal. Leu?<br />
Comprei-os todos para a minha fi lha e nenhuma de nós<br />
os conseguiu ler! Achava aquilo uma seca, um calhamaço,<br />
estão lá todos! Fomos ver os fi lmes. Achei-os giros<br />
mas eram também uma apresentação de todos os efeitos<br />
especiais que Hollywood consegue produzir, parecia<br />
um catálogo de efeitos especiais. Hoje, leio pouco. Leio o<br />
que tenho de ler para a faculdade, para o doutoramento<br />
que estou a fazer em ‘design’ e moda, na Faculdade de<br />
Arquitectura. Não estou a ler romances. Até nas férias<br />
levei livros de economia.<br />
1998<br />
➸ NACIONAL<br />
Realiza-se a Expo 98 em Portugal.<br />
A primeira reportagem, que saiu em França, um<br />
ano e meio antes sobre a Expo 98 em Lisboa, foi feita<br />
através da ModaLisboa. A imprensa internacional<br />
quando vinha para a ModaLisboa ia acompanhando<br />
a construção e o nascer da Expo. A inauguração<br />
foi emocionante, foi um momento de união em<br />
Portugal.