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UM DESFILE ATÉ AO TOPO - Diário Económico - Sapo

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Destaque<br />

Xangai, Hong-Kong e Macau continuam, ainda assim,<br />

a ser os ‘spots’ de eleição, mas cidades como Hangzhou,<br />

Qingdao, Xi’an ou Dalian começam agora a entrar na<br />

rota das grandes marcas.<br />

Outra dor de cabeça é encontrar as pessoas certas. Não<br />

é que haja falta de oferta, mas são ainda poucos os que<br />

têm experiência em trabalhar no exigente mundo do<br />

luxo. Quando um consumidor está disposto a gastar<br />

uma fortuna num produto está também à espera de ser<br />

bem tratado, de ter direito a atenções e serviços que não<br />

se esperam noutro tipo de lojas. “O luxo não se limita<br />

ao produto. Também pago a experiência e o ‘lifestyle’<br />

que me fazem sentir único”, disse um consumidor citado<br />

no estudo da consultora Bain & Co sobre o mercado<br />

do luxo na China. Só em formação dos colaboradores,<br />

as marcas gastam muito tempo e dinheiro. A Chanel,<br />

por exemplo, demora cerca de três anos a pôr de pé um<br />

novo estabelecimento, entre as infraestruturas, o recrutamento,<br />

o marketing, o ‘merchandising’ e a formação.<br />

Hoje, os consumidores chineses são cada vez mais exigentes.<br />

Sabem o que procuram, onde procuram e como<br />

procuram. “Antigamente uma loja que não era perfeita<br />

era aceitável. Hoje, e com todas as viagens que fazem,<br />

os chineses não querem menos que os ‘standards’ europeus”,<br />

explica no estudo da KPMG Jiam Siano, representante<br />

da Montblanc na Ásia.<br />

O LUXO COMO <strong>UM</strong>A EXPERIÊNCIA<br />

De acordo com o mesmo estudo, quando os chineses<br />

procuram uma marca, fazem-no por um impulso emocional<br />

e não só porque é ‘fashion’. Procuram-na também<br />

de acordo com as suas preocupações ambientais<br />

e éticas. E, claro está, pela qualidade e durabilidade do<br />

produto. “Os consumidores chineses não procuram o<br />

luxo só para serem admirados. Fazem-no para lhes poder<br />

dar uso de uma forma continuada e repetida”, lê-se<br />

no estudo da KPMG.<br />

A maior parte dos chineses compra luxo para uso próprio,<br />

para se recompensar, para se sentir mais auto-confi<br />

ante, para ocasiões mais formais ou simplesmente<br />

porque gosta. Mas uma grande fatia da população fá-<br />

-lo também para oferecer. O que mais procuram são os<br />

perfumes e cosméticos, relógios e malas como a Louis<br />

Vuitton, a Chanel, a Gucci, a Hermès e a Prada no topo<br />

das marcas preferidas. Bulgari, Cartier ou Tiffany<br />

estão entre as eleitas para as jóias; Dunhill, Burberry,<br />

Boss, Armani, Ermenegildo Zegna, Chanel e Gucci são<br />

o ‘must have’ da moda masculina e feminina. Embora<br />

AS MARCAS QUE FAZEM OS CHINESES PERDER A CABEÇA<br />

É da Louis Vuitton que eles gostam<br />

mais. A marca francesa representa o<br />

supra sumo do luxo para os chineses.<br />

Primeiro porque é uma marca com<br />

história, depois porque é uma marca<br />

líder, duas características que os<br />

chineses apreciam muito. Mas<br />

também porque signifi ca descoberta,<br />

requinte, criatividade e elegância,<br />

nunca passa de moda e a venda faz-<br />

-se exclusivamente nas lojas Louis<br />

Vuitton. É que, quando compram luxo,<br />

os chineses querem ter a certeza de<br />

que estão a comprar peças autênticas.<br />

Muitos preferem mesmo comprar fora<br />

do país para não correr riscos porque<br />

ter uma Louis Vuitton autêntica é<br />

sinónimo de riqueza, é o ‘top’ do<br />

‘must’: toda a gente sabe, toda a gente<br />

o diz, mas ninguém sabe explicar<br />

exactamente porquê. É o presente<br />

preferido das amantes dos milionários.<br />

Segue-se a Chanel ou Xiang Nai<br />

14 Fora de Série Março 2011<br />

A Prada optou por apresentar a última colecção em Pequim, onde privilegiou as modelos orientais para agradar ao público local.<br />

“A NTIGA MENTE<br />

<strong>UM</strong>A LOJA QUE NÃO<br />

ERA PERFEITA ERA<br />

ACEITÁVEL. HOJE,<br />

OS CHINESES NÃO<br />

QUEREM MENOS QUE OS<br />

‘STANDARDS’ EUROPEUS”,<br />

DIZ JIAM SIANO, DA<br />

MONTBLANC.<br />

Er (fragrância), como lhe chamam<br />

em Mandarim. A marca francesa,<br />

com assinatura de Karl Lagerfeld,<br />

ocupa o segundo lugar no ‘top’ das<br />

preferências dos chineses, de acordo<br />

com um estudo da consultora Bain<br />

& Co, mas não pelas colecções de<br />

‘prêt-à-porter’. Apesar de Lagerfeld<br />

se inspirar muitas vezes na cultura<br />

chinesa para as suas criações, o<br />

campeão de vendas da marca é o<br />

eterno Chanel nº 5 – daí o nome<br />

em chinês – e as famosas carteiras<br />

com os “Cs”, de Coco Chanel,<br />

entrelaçados. A marca conta já com<br />

16 lojas no território chinês e pensa<br />

expandir-se ainda mais. Até porque a<br />

facturação continua a subir na China,<br />

assim como o gosto pelo luxo.<br />

Depois, vem a Gucci. A marca italiana<br />

tem um grande prestígio na China<br />

e sabe aproveitar as oportunidades<br />

que vão surgindo. Em 2010, a Gucci<br />

Depois da Louis Vuitton, Chanel e Gucci são as<br />

marcas que se seguem nas preferências chinesas.<br />

a maioria das marcas mantenha o estilo e a identidade,<br />

algumas aproveitam a euforia do mercado chinês<br />

como podem. A Prada fez este ano pela primeira vez<br />

um desfi le exclusivo em Pequim onde reinaram as modelos<br />

orientais. A Dior criou uma campanha publicitária<br />

dedicada ao mercado chinês e a Hermès associou-se<br />

a uma ‘designer’ chinesa, Qiong-Er Jiang, para lançar<br />

uma nova marca 100% ‘made in China’, a Shiang Xia<br />

(ou, em português, “para cima e para baixo”). Só para<br />

citar algumas.<br />

Além destas marcas tradicionais, também a cirurgia estética<br />

e o vinho estão a ganhar adeptos. A maioria da produção<br />

vinícola é feita no país, mas os vinhos australianos<br />

e franceses, com os de Bordéus à cabeça, começam a conquistar<br />

o paladar dos orientais. Os números indicam que<br />

a China é já o maior importador de vinhos franceses e<br />

que o consumo de vinho vai duplicar nos próximos cinco<br />

anos. É que, como na moda, também os vinhos importados<br />

ou os carros topo de gama dão prestígio.<br />

Outro ‘boom’ do último ano é a compra de produtos de<br />

luxo pela Internet. A procura multicanal duplicou em<br />

já tinha 46 lojas abertas, um número<br />

que o CEO da marca, Patrizio di Marco,<br />

pretende duplicar nos próximos anos.<br />

É que a Gucci está espalhada por<br />

todo o país, mesmo nas cidades mais<br />

pequenas. Escolhe estrategicamente<br />

as localidades onde se vai sediar e<br />

tem apostado essencialmente em<br />

muita formação e mão-de-obra local.<br />

Mais. Os preços são cuidadosamente<br />

calculados. Ao contrário de outras<br />

marcas de luxo, a Gucci prefere<br />

acrescentar apenas dez a 13% aos<br />

valores globais, para cobrir os custos<br />

de importação. Dizem os responsáveis<br />

que é uma forma de não irritar os<br />

consumidores locais que viajam por<br />

todo o mundo e têm acesso aos outros<br />

valores. Hermès, Prada, Armani,<br />

Dunhill, Cartier, Dolce & Gabbana,<br />

Ermenegildo Zegna, entre muitas<br />

outras, são as marcas que se seguem<br />

no rol das preferências orientais.<br />

NESTA PÁGINA, FOTOGRAFIA DE PETER PARKS/GETTY IMAGES E DE THOMAS LEE/BLOOMBERG

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