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Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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A queixa de Pamela é mais que isso: é um assassinato de caráter, uma crítica à pessoa, não ao fato.<br />

Na verdade, Tom pediu desculpas. Mas por seu lapso Pamela o rotula de "irresponsável e egoísta".<br />

A maioria dos casais tem desses momentos de vez em quando, em que uma queixa sobre alguma<br />

coisa que um dos cônjuges fez é expressa como um ataque mais à pessoa que ao fato. Mas essas<br />

ásperas críticas pessoais têm um impacto emocional muito mais corrosivo do que as queixas mais<br />

moderadas. E tais ataques, talvez compreensivelmente, se tomam mais prováveis à medida que<br />

marido ou mulher sentem que suas queixas não são ouvidas, ou são ignoradas.<br />

As diferenças entre queixas e críticas pessoais são simples. Numa queixa, a esposa declara<br />

especificamente o que a irrita e critica a ação, não o marido, dizendo como a fez sentir-se: "Quando<br />

você esqueceu de pegar minhas roupas na lavanderia, me fez sentir que não liga para mim." É uma<br />

expressão de inteligência emocional básica: assertiva, não beligerante nem passiva. Mas, numa<br />

crítica pessoal, ela usa a queixa específica para lançar um ataque global ao marido: "Você é sempre<br />

tão egoísta como indiferente. Isso só prova que não posso esperar que faça nada direito." Esse tipo<br />

de crítica deixa a pessoa que a recebe sentindo-se envergonhada, desgostosa, censurada e defeituosa<br />

- e é mais provável que conduza a uma resposta defensiva que a medidas para melhorar as coisas.<br />

E tanto mais quando a crítica vem carregada de desprezo, uma emoção particularmente destrutiva.<br />

O desprezo vem facilmente com a ira; é em geral expresso não apenas nas palavras empregadas,<br />

mas também no tom da voz e na expressão irada. Na forma mais óbvia, é gozação ou insulto -<br />

"babaca", 'megera, "incompetente". Mas igualmente danosa é a linguagem do corpo que transmite<br />

desprezo, sobretudo o sorriso de escárnio, ou o franzir de lábios que são os sinais universais de<br />

repugnância, ou o revirar de olhos, como a dizer: "Oh, cara!”<br />

A assinatura facial de desprezo é uma contração do músculo que repuxa os cantos da boca para o<br />

lado (em geral o esquerdo), enquanto os olhos se reviram para cima. Quando um cônjuge lança essa<br />

expressão, o outro, num intercambio emocional tácito, registra um salto nos batimentos cardíacos de<br />

dois ou três por por minuto. Essa conversa oculta cobra seu preço; Gottman constatou que, se o<br />

marido mostra desprezo sempre, a esposa tenderá mais para uma gama de problemas de saúde, dos<br />

resfriados e gripes freqüentes a infecções na bexiga e por fungos, além de sintomas gastrintestinais.<br />

E, quando o rosto da mulher mostra repugnancia, prima próxima do desprezo, quatro ou mais vezes<br />

numa conversa de quinze minutos, isso é um sinal silencioso de que é provável a separação do casal<br />

dentro de quatro anos.<br />

Claro, uma demonstação ocasional de desprezo ou repugnância não vai desfazer um casamento.Ao<br />

contrário, essas rajadas emocionais ficam no mesmo nível do hábito de fumar e do colesterol alto<br />

cmo fatores de risco de males cardíacos quanto mais intensas e prolongadas, maior o perigo.<br />

Na estrada para o divórcio, um desses fatores prediz o seguinte, numa scala crescente de<br />

infelicidade. A crítica e o desprezo ou repugnância habituais são sinais de perigo porque indicam<br />

que o marido ou a esposa fez um silencioso julgamento negativo do cônjuge. Em seus pensamentos,<br />

o outro esposo é motivo de consttante condenação. Essas idéias negativas e hostis levam<br />

naturalmente a ataques que deixam o cônjuge do outro lado defensivo ou pronto para contra-atacar<br />

em resposta.<br />

Os dois lados da reação lutar-ou-fugir representam maneiras como um cônjuge pode responder a um<br />

ataque. A mais óbvia é revidar,vergastando furioso.Essa rota,tipicamente, acaba numa infrutífera<br />

disputa de berros.<br />

Mas a reação alternativa,fugir, pode ser mais perniciosa,sobretudo quando a fuga é uma retirada<br />

para um pétreo silêncio.

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