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Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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A mudança fica mais clara na comparação das taxas de divórcio de casais que se casaram num<br />

determinado ano. Dos casamentos americanos iniciados em 1890, cerca de 10 por cento acabaram<br />

em divórcio. Para os casados em 1920, a taxa foi de cerca de 18 por cento; para os casados em 1950,<br />

30 por cento. Casais casados em 1970 tinham 50 por cento de chance de separar-se ou permanecer<br />

juntos E para os que se casaram a partir de 1980, a probabilidade de que o casamento acabasse em<br />

divórcio se aproximava de uns estonteantes 67 por cento. Se a estimativa se mantiver, só três em<br />

dez dos novos recém-casados podem esperar continuar casados com seus novos cônjuges.<br />

Pode-se argumentar que grande parte desse aumento não se deve tanto a um declínio da inteligência<br />

emocional quanto à constante erosão das pressões sociais.<br />

o estigma que cerca o divórcio, ou a dependência econômica das esposas em relação aos maridos -<br />

que antes mantinham os casais juntos mesmo nos mais infelizes casamentos. Mas se as pressões<br />

sociais não são mais o cimento que segura um casamento, as forças emocionais entre mulher e<br />

marido são tanto mais cruciais se a união deve sobreviver.<br />

Esses laços entre marido e mulher - e as linhas de falhas emocionais que podem separá-los - foram<br />

avaliados nos últimos anos com uma precisão jamais vista antes. Talvez a maior constatação na<br />

compreensão do que mantém ou desfaz um casamento tenha vindo do uso de sofisticadas medições<br />

psicológicas, que permitem uma identificação momento a momento das nuanças emocionais do<br />

encontro de um casal. Os cientistas agora podem detectar as ondas e saltos de adrenalina, de outro<br />

modo invisíveis, na pressão sanguínea de um marido, e observar passageiras mas reveladoras<br />

microemoções que cruzam o rosto da esposa. Essas medições psicológicas revelam um subtexto<br />

emocional oculto das dificuldades de um casal, um crítico nível de realidade emocional tipicamente<br />

imperceptível ou ignorado pelo próprio casal. Essas medições põem a nu as forças emocionais que<br />

mantêm um relacionamento ou o destroem. As linhas de falha têm seus mais antigos primórdios nas<br />

diferenças entre os mundos emocionais das moças e dos rapazes.<br />

O CASAMENTO DELE E O DELA: RAÍZES DE INFÂNCIA<br />

Quando eu entrava num restaurante, numa noite recente, um jovem saía danado pela porta, o rosto<br />

fechado numa expressão ao mesmo tempo pétrea e mal-humorada. Logo atrás, vinha uma jovem<br />

correndo, batendo desesperada com os punhos nas costas dele e gritando:<br />

- Seu porra! Volte aqui e seja legal comigo!<br />

Esse pedido pungente, incrivelmente contraditório, dirigido às costas que se afastavam, epitoma o<br />

padrão mais comumente visto em casais cujo relacionamento está perturbado. Ela procura atrair, ele<br />

se retira. Os terapeutas conjugais há muito observaram que quando o casal chega ao consultório de<br />

terapia estão nesse padrão de atração-retirada, com ele se queixando das exigências e explosões<br />

"irracionais" dela, e ela lamentando a indiferença dele ao que ela diz.<br />

O fim do jogo marital reflete o fato de que há, na verdade, duas realidades emocionais num casal, a<br />

dele e a dela. As raízes dessas diferenças emocionais, embora possam ser em parte biológicas,<br />

também podem ser identificadas na infância, e nos separados mundos emocionais que habitam<br />

meninos e meninas enquanto crescem. Há uma vasta quantidade de pesquisas sobre esses mundos<br />

diferentes com as barreiras reforçadas não só pelas diferentes brincadeiras que meninos e meninas<br />

preferem, mas pelo temor das crianças pequenas de serem gozadas por terem uma "namorada" ou<br />

"namorado". Um estudo de amizades infantis constatou que crianças de três anos dizem que metade<br />

de seus amigos é do sexo oposto; para as de cinco anos, são cerca de 20 por cento; e aos sete quase<br />

nenhum menino ou menina diz ter um melhor amigo do sexo oposto.<br />

Esses universos sociais separados pouco se cruzam até os adolescentes começarem a namorar.

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