Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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27.04.2013 Views

Mas no momento mesmo em que o bêbedo ia fazer seu lance, alguém deu um grito ensurdecedor e curiosamente alegre: - Ei! O grito tinha o tom animado de alguém que encontra de repente um amigo querido. O bêbedo, surpreso, girou e viu um japonesinho minúsculo, provavelmente na casa dos setenta, ali sentado vestindo um quimono. O velho sorria radiante para o bêbedo e chamou-o com um aceno e um cantado "Vem cá". O bêbedo aproximou-se com um beligerante "Por que diabos eu vou falar com você?" Enquanto isso, Terry estava preparado para derrubá-lo num momento se ele fizesse o menor movimento violento. - Que foi que você andou bebendo? - perguntou o velho, os olhos radiantes para o operário bêbedo. - Eu bebi saquê, e não é da sua conta - berrou o bêbado Ah, isso é maravilhoso, absolutamente maravilhoso respondeu o velho nunl tom simpático. Sabe, eu também adoro saquê. Toda noite, eu e minha mulher (ela tem sessenta e cinco anos, você sabe), a gente aquece uma garrafinha de saquê e vai tomar no jardim, sentados num velho banco de madeira... E continuou falando de um pé de caqui em seu quintal, do destino do jardim de saborear saquê à noite. O rosto do bêbedo começou a suavizar-se enquanto ouvia o velho; afrouxou os punhos. - Ééé... Eu também adoro caqui... - disse, a voz morrendo. - Sim respondeu o velho com uma voz animada e tenho certeza de que tem uma esposa maravilhosa - Não - disse o operário. - Minha esposa morreu. Soluçando, lançou-se numa triste história de que perdera a esposa, a casa, emprego, a vergonha que sentia de si mesmo. Nesse momento, o trem chegou na estação de`Terry, e quando ele ia saindc voltou-se e ouviu o velho convidar o bêbedo a sentar-se junto dele e contar-lh tudo, e viu o bêbedo arriar no banco, a cabeça no colo do velho. Isso é brilhantismo emocional. PARTE TRÊS INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA 9 INIMIGOS ÍNTIMOS Amar e trabalhar, observou certa vez Sigmund Freud a seu discípulo Erik Erikson, são as aptidões gêmeas que assinalam a plena maturidade. Se assim é, a maturidade talvez seja uma etapa da vida ameaçada de extinção - e as atuais tendências de casamento e divórcio tornam a inteligência emocional mais crucial que nunca. há outro modo de calculá-la, um modo que sugere uma perigosa ascensão: olhar as probabilidades de que um determinado casal casado veja seu casamento euent1almente acabar em divórcio. Embora a taxa real tenha parado de crescer, o risco de divórcio vem mudando para os recémcasados.

A mudança fica mais clara na comparação das taxas de divórcio de casais que se casaram num determinado ano. Dos casamentos americanos iniciados em 1890, cerca de 10 por cento acabaram em divórcio. Para os casados em 1920, a taxa foi de cerca de 18 por cento; para os casados em 1950, 30 por cento. Casais casados em 1970 tinham 50 por cento de chance de separar-se ou permanecer juntos E para os que se casaram a partir de 1980, a probabilidade de que o casamento acabasse em divórcio se aproximava de uns estonteantes 67 por cento. Se a estimativa se mantiver, só três em dez dos novos recém-casados podem esperar continuar casados com seus novos cônjuges. Pode-se argumentar que grande parte desse aumento não se deve tanto a um declínio da inteligência emocional quanto à constante erosão das pressões sociais. o estigma que cerca o divórcio, ou a dependência econômica das esposas em relação aos maridos - que antes mantinham os casais juntos mesmo nos mais infelizes casamentos. Mas se as pressões sociais não são mais o cimento que segura um casamento, as forças emocionais entre mulher e marido são tanto mais cruciais se a união deve sobreviver. Esses laços entre marido e mulher - e as linhas de falhas emocionais que podem separá-los - foram avaliados nos últimos anos com uma precisão jamais vista antes. Talvez a maior constatação na compreensão do que mantém ou desfaz um casamento tenha vindo do uso de sofisticadas medições psicológicas, que permitem uma identificação momento a momento das nuanças emocionais do encontro de um casal. Os cientistas agora podem detectar as ondas e saltos de adrenalina, de outro modo invisíveis, na pressão sanguínea de um marido, e observar passageiras mas reveladoras microemoções que cruzam o rosto da esposa. Essas medições psicológicas revelam um subtexto emocional oculto das dificuldades de um casal, um crítico nível de realidade emocional tipicamente imperceptível ou ignorado pelo próprio casal. Essas medições põem a nu as forças emocionais que mantêm um relacionamento ou o destroem. As linhas de falha têm seus mais antigos primórdios nas diferenças entre os mundos emocionais das moças e dos rapazes. O CASAMENTO DELE E O DELA: RAÍZES DE INFÂNCIA Quando eu entrava num restaurante, numa noite recente, um jovem saía danado pela porta, o rosto fechado numa expressão ao mesmo tempo pétrea e mal-humorada. Logo atrás, vinha uma jovem correndo, batendo desesperada com os punhos nas costas dele e gritando: - Seu porra! Volte aqui e seja legal comigo! Esse pedido pungente, incrivelmente contraditório, dirigido às costas que se afastavam, epitoma o padrão mais comumente visto em casais cujo relacionamento está perturbado. Ela procura atrair, ele se retira. Os terapeutas conjugais há muito observaram que quando o casal chega ao consultório de terapia estão nesse padrão de atração-retirada, com ele se queixando das exigências e explosões "irracionais" dela, e ela lamentando a indiferença dele ao que ela diz. O fim do jogo marital reflete o fato de que há, na verdade, duas realidades emocionais num casal, a dele e a dela. As raízes dessas diferenças emocionais, embora possam ser em parte biológicas, também podem ser identificadas na infância, e nos separados mundos emocionais que habitam meninos e meninas enquanto crescem. Há uma vasta quantidade de pesquisas sobre esses mundos diferentes com as barreiras reforçadas não só pelas diferentes brincadeiras que meninos e meninas preferem, mas pelo temor das crianças pequenas de serem gozadas por terem uma "namorada" ou "namorado". Um estudo de amizades infantis constatou que crianças de três anos dizem que metade de seus amigos é do sexo oposto; para as de cinco anos, são cerca de 20 por cento; e aos sete quase nenhum menino ou menina diz ter um melhor amigo do sexo oposto. Esses universos sociais separados pouco se cruzam até os adolescentes começarem a namorar.

Mas no momento mesmo em que o bêbedo ia fazer seu lance, alguém deu um grito ensurdecedor e<br />

curiosamente alegre:<br />

- Ei!<br />

O grito tinha o tom animado de alguém que encontra de repente um amigo querido. O bêbedo,<br />

surpreso, girou e viu um japonesinho minúsculo, provavelmente na casa dos setenta, ali sentado<br />

vestindo um quimono. O velho sorria radiante para o bêbedo e chamou-o com um aceno e um<br />

cantado "Vem cá".<br />

O bêbedo aproximou-se com um beligerante "Por que diabos eu vou falar com você?" Enquanto<br />

isso, Terry estava preparado para derrubá-lo num momento se ele fizesse o menor movimento<br />

violento.<br />

- Que foi que você andou bebendo? - perguntou o velho, os olhos radiantes para o operário bêbedo.<br />

- Eu bebi saquê, e não é da sua conta - berrou o bêbado<br />

Ah, isso é maravilhoso, absolutamente maravilhoso respondeu o velho nunl tom simpático. Sabe, eu<br />

também adoro saquê. Toda noite, eu e minha mulher (ela tem sessenta e cinco anos, você sabe), a<br />

gente aquece uma garrafinha de saquê e vai tomar no jardim, sentados num velho banco de<br />

madeira...<br />

E continuou falando de um pé de caqui em seu quintal, do destino do jardim de saborear saquê à<br />

noite.<br />

O rosto do bêbedo começou a suavizar-se enquanto ouvia o velho; afrouxou os punhos.<br />

- Ééé... Eu também adoro caqui... - disse, a voz morrendo.<br />

- Sim respondeu o velho com uma voz animada e tenho certeza de que tem uma esposa<br />

maravilhosa - Não - disse o operário. - Minha esposa morreu.<br />

Soluçando, lançou-se numa triste história de que perdera a esposa, a casa, emprego, a vergonha que<br />

sentia de si mesmo.<br />

Nesse momento, o trem chegou na estação de`Terry, e quando ele ia saindc voltou-se e ouviu o<br />

velho convidar o bêbedo a sentar-se junto dele e contar-lh tudo, e viu o bêbedo arriar no banco, a<br />

cabeça no colo do velho.<br />

Isso é brilhantismo emocional.<br />

PARTE TRÊS INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA 9 INIMIGOS ÍNTIMOS<br />

Amar e trabalhar, observou certa vez Sigmund Freud a seu discípulo Erik Erikson, são as aptidões<br />

gêmeas que assinalam a plena maturidade. Se assim é, a maturidade talvez seja uma etapa da vida<br />

ameaçada de extinção - e as atuais tendências de casamento e divórcio tornam a inteligência<br />

emocional mais crucial que nunca.<br />

há outro modo de calculá-la, um modo que sugere uma perigosa ascensão: olhar as probabilidades<br />

de que um determinado casal casado veja seu casamento euent1almente acabar em divórcio.<br />

Embora a taxa real tenha parado de crescer, o risco de divórcio vem mudando para os recémcasados.

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