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Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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O que leva ao estratagema final de Jay: assumindo a firmeza e a voz autoritária da mãe, ameaça:<br />

- Chora não, Len. Leva palmada!<br />

Esse microdrama revela a notável sofisticação emocional que uma criança de apenas dois anos e<br />

meio pode usar ao tentar lidar com as emoções de outra pessoa. Em suas urgentes tentativas de<br />

consolar o irmão, Jay pode recorrer a um grande repertório de táticas, que vão do simples pedido a<br />

buscar uma aliada na mãe (que não adianta), a consolá-lo fisicamente, a ajudá-lo, a distraí-lo, a<br />

ameaças e ordens diretas. Sem dúvida Jay se baseia num arsenal que foi tentado com ele em seus<br />

próprios momentos de aflição. Não importa. O que conta é que ele pode usá-los prontamente nessa<br />

tenríssima idade.<br />

Claro, como sabe todo pai de crianças pequenas, a demonstração de empatia e consolação de Jay<br />

não é de modo algum universal. Talvez seja igualmente provável que uma criança dessa idade veja<br />

a aflição de um irmão como uma oportunidade de vingança, e com isso faça o que for preciso para<br />

piorar mais ainda a aflição. As mesmas aptidões podem ser usadas para provocar ou atormentar um<br />

irmão. Mas mesmo essa maldade revela o surgimento de uma crucial aptidão: a capacidade de<br />

conhecer os sentimentos de outra pessoa e agir de maneira a moldar mais ainda esses sentimentos.<br />

Poder controlar as emoções de outro é o núcleo da arte de lidar com relacionamentos.<br />

Para manifestar esse poder interpessoal, as crianças pequenas primeiro têm de atingir um nível de<br />

autocontrole, os primórdios da capacidade de conter sua própria raiva e aflição, seus impulsos e<br />

excitação - mesmo que essa capacidade geralmente falhe. A sintonização com os outros exige um<br />

mínimo de calma em nós mesmos. Sinais hesitantes dessa capacidade de controlar as próprias<br />

emoções Surgem mais ou menos nesse mesmo período: as crianças começam a poder esperar sem<br />

chorar, a argumentar ou bajular para conseguir o que querem, em vez de usar a força bruta - mesmo<br />

que nem sempre prefiram usar essa aptidão A paciência surge como uma alternativa aos faniquitos,<br />

ao menos de vez em quando. E sinais de empatia surgem aos dois anos; foi a empatia de Jay, raiz da<br />

piedade, que o levou a tentar com tanto empenho animar o irmão em lágrimas Len. Portanto,<br />

controlar as emoções em outra pessoa -a bela arte dos relacionamentos - exige o amadurecimento de<br />

duas outras aptidões emocionais, o autocontrole e a empatia.<br />

Com essa base, amadurecem as "aptidões pessoais". São competências sociais que representam<br />

eficácia nas relações com os outros; os déficits, aqui, conduzem à inépcia no mundo social, ou a<br />

repetidos desastres.<br />

Na verdade é precisamente a falta dessas aptidões que pode fazer mesmo os de maior brilho<br />

intelectual naufragar em seus relacionamentos, parecendo arrogantes, nocivos ou insensíveis. Essas<br />

aptidões sociais nos permitem moldar um encontro, mobilizar e inspirar outros, vicejar em relações<br />

íntimas, convencer e influenciar, deixar os outros à vontade<br />

DEMONSTRE ALGUMA EMOÇÃO<br />

Uma competência-chave é como as pessoas expressam bem ou mal seus sentimentos. Paul Ekman<br />

usa o termo regras de exibição para o consenso social sobre quais sentimentos podem ser exibidos<br />

adequadamente e quando. Por exemplo, ele e colegas no Japão estudaram as reações faciais de<br />

estudantes a um horrorizante filme sobre circuncisão ritual em adolescentes aborígenes.Quando os<br />

estudantes japoneses viram o filme com uma figura de autoridade presente, seus rostos mostravam<br />

apenas os mais leves sinais de reação. Mas quando julgaram que estavam sós (embora estivessem<br />

sendo filmados em videoteipe por uma câmera secreta), os rostos contorciam-se em vívidas<br />

misturas de angustiada aflição, pavor e nojo.

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