Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
Daniel Goleman - Inteligencia Emocional Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
Esses estudos foram examinados como pano de fundo de um trabalho para seminário de Leslie Brothers, psiquiatra do Instituto de Tecnologia da Califómia, sobre a biologia da empatia.Examinando descobertas neurológicas, Brothers aponta as amígdalas e suas ligações com a área de associação do córtex visual como parte dos circuitos-chave do cérebro que estão por trás da empatia. Grande parte da pesquisa neurológica importante vem do trabalho com animais, sobretudo primatas não humanos. Que esses animais demonstram empatia ou "comunicação emocional", como prefere chamar Brothers está claro não apenas pelas histórias que se contam, mas também por estudos como o seguinte: treinaram-se macacos rhesus primeiro para recear um certo tom, fazendo-se com que o ouvissem enquanto recebiam um choque. Depois, eles aprenderam a evitar o choque empurrando uma alavanca sempre que ouviam o tom. Em seguida, pares desses macacos foram postos em jaulas separadas, tendo como única comunicação entre si um circuito fechado de TV, que Ihes permitia ver imagens das caras um do outro. O primeiro macaco, mas não o segundo, ouvia então o som temido, que trazia uma expressão de panico à sua cara. Nesse momento, o segundo macaco, vendo o medo na cara do primeiro, empurrava a alavanca que impedia o choque - um ato de empatia, senão de altruísmo. Havendo estabelecido que os primatas não humanos de fato interpretam emoções na cara de seus iguais, os pesquisadores inseriram delicadamente longos eletrodos pontiagudos no cérebro dos macacos. Esses eletrodos permitiam a gravação da atividade num único neurônio. Os eletrodos que canalizavam neurônios no córtex visual e nas amígdalas mostraram que quando um macaco via a cara do outro, essa informação levava ao disparo de um neurônio primeiro no córtex visual, e depois nas amígdalas. Esse caminho, claro, é uma rota padrão da informação emocionalmente estimulante. Mas o que surpreende nos resultados desses estudos é que também identificaram neurônios no córtex visual que parecem disparar apenas em resposta a expressões faciais ou gestos específicos, como um ameaçador abrir a boca, uma careta terrível ou um dócil agachamento. Esses neurônios são distintos de outros na mesma região que reconhecem caras familiares. Isso pareceria significar que o cérebro se destina desde o princípio a responder a expressões emocionais específicas - ou seja, que a empatia é um dado da biologia. outra linha de indícios para o papel-chave do camLnho amígdala-cortical na leitura e resposta de emoções, sugere Brothers, é a pesquisa na qual se cortaram as ligações entre amígdalas e córtex de macacos da selva. Quando os soltaram de volta a seus bandos, esses macacos podiam enfrentar tarefas comuns como alimentar-se e subir em árvores. Mas os infelizes animais tinham perdido todo senso de como reagir emocionalmente aos outros. Mesmo quando um deles fazia urna abordagem amistosa, os outros fugiam, e eles acabaram vivendo como isolados, evitando contato com seu próprio bando. Brothers observa que as mesmas regiões do córtex onde se concentram os neurônios específicos da emoção são também as de mais densa ligação com as amígdalas; a interpretação de emoções envolve os circuitos amígdala-corticais, que têm um papel-chave na organização das respostas adequadas. O valor para a sobrevivência desse sistema é óbvio - observa Brothers. A percepção da aproximação de outro indivíduo deve originar... e muito rápido... um padrão psicológico [de resposta fisiológica] apropriado à intenção de morder, entrar numa gostosa sessão de cafuné ou copular. Uma base fisiológica semelhante da empatia em nós humanos é sugerida numa pesquisa de Robert Levenson, psicólogo da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que estudou casais casados em
que cada um Eentava adivinhar o que o cônjuge estava pensando durante uma acalorada discussão. 0 método dele é simples: o casal é filmado em videoteipe e suas respostas fisiológicas medidas quando eles discutem algum problema sério no casamento - como disciplinar as crianças, hábitos de despesa e coisas assLm. Cada cônjuge vê a fita e narra o que ele ou ela sentia em cada momento. Depois o cônjuge vê a fita uma segunda vez, agora tentando interpretar os sentimentos do outro. A mais enfática precisão ocorreu nos maridos e esposas cuja própriafisiologia identificava a do cônjuge que eles estavam vendo. Quer dizer, quando o cônjuge tinha uma reação de aumento de suor, eles também; quando o outro tinha uma queda nos batimentos cardíacos, eles também. Em suma, seus corpos Lmitavam as sutis reações físicas, a cada momento, do outro cônjuge. Se os padrões fisiológicos do que estava vendo o filme sLmplesmente repetiam os seus próprios durante a Lnteração original, ele ou ela era muito ruim na suposição do que o cônjuge estava sentindo. Só quando seus corpos estavam em sintonia havia empatia. Isso sugere que quando o cérebro emocional dLrige o corpo com uma forte emoção - o calor da fúria, digamos - há pouca ou nenhuma empatia. Empatia exige bastante calma e receptividade para que os sutis sinais de sentimento da outra pessoa sejam recebidos e imitados por nosso cérebro emocional. EMPATIA E ÉTICA: AS RAÍZES DO ALTRUÍSMO "Nunca mandes perguntar por quem dobra o sino; dobra por ti" é um dos versos mais famosos da literatura inglesa. O sentimento de John Donne fala ao coração da ligação entre empatia e envolvimento: a dor do outro é nossa. Sentir com o outro é envolver-se. Meste sentido, o oposto de empatia é antipatia. A atitude empática empenha-se interminavelmente em julgamentos morais, pois os dilemas morais envolvem vítimas potenciais. Deve-se mentir para evitar ferir os sentimentos de um amigo? Deve-se manter a promessa de visitar um amigo doente ou, ao contrário, aceitar um convite de última hora para um jantar? Quando se devem manter ligados os aparelhos hospitalares que mantêm a vida de alguém que sem isso morreria? Essas questões morais são colocadas pelo pesquisador de empatia Martin Hoffman, que afirma que as raízes da moralidade se encontram na empatia, pois é o empatizar com as vítimas potenciais alguém que sofre, que está em perigo, ou que passa privação, digamos e, portanto, partilhar da sua aflição que leva as pessoas a agirem para ajudá-las. Além dessa ligação imediata entre empatia e altruísmo nos encontros pessoais, Hoffman sugere que a mesma capacidade de afeto empático, de colocar-se no lugar de outra pessoa, leva as pessoas a seguir certos princípios morais. Hoffman vê um avanço natural na empatia a partir da infância. Como vimos, com um ano de idade a criança se sente aflita quando vê outra cair e começar a chorar; sua relação é tão forte e imediata que ela põe o polegar na boca e enterra a cabeça no colo da mãe, como se fosse ela mesma a machucada. Depois do primeiro ano, quando os bebês se tomam mais conscientes de que são distintos dos outros, tentam ativamente consolar um outro que chora oferecendo-lhe ursinhos de pelúcia, por exemplo. Já aos dois anos as crianças começam a perceber que os sentimentos dos outros diferem dos seus, e com isso se tomam mais sensíveis a indícios que revelam o que o outro na verdade sente; nessa altura podem, por exemplo, reconhecer que o orgulho de outra criança pode significar que a melhor maneira de ajudá-la a lidar com suas lágrimas é não chamar indevida atenção para elas. No fim da infância, surgem os mais elevados níveis de empatia, pois as crianças são capazes de entender a aflição além da situação imediata e ver que a condição ou posição de alguém na vida pode ser uma fonte de crônica aflição.
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Depois o cônjuge vê a fita uma segunda vez, agora tentando interpretar os sentimentos do outro.<br />
A mais enfática precisão ocorreu nos maridos e esposas cuja própriafisiologia identificava a do<br />
cônjuge que eles estavam vendo. Quer dizer, quando o cônjuge tinha uma reação de aumento de<br />
suor, eles também; quando o outro tinha uma queda nos batimentos cardíacos, eles também. Em<br />
suma, seus corpos Lmitavam as sutis reações físicas, a cada momento, do outro cônjuge. Se os<br />
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Lnteração original, ele ou ela era muito ruim na suposição do que o cônjuge estava sentindo. Só<br />
quando seus corpos estavam em sintonia havia empatia.<br />
Isso sugere que quando o cérebro emocional dLrige o corpo com uma forte emoção - o calor da<br />
fúria, digamos - há pouca ou nenhuma empatia. Empatia exige bastante calma e receptividade para<br />
que os sutis sinais de sentimento da outra pessoa sejam recebidos e imitados por nosso cérebro<br />
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"Nunca mandes perguntar por quem dobra o sino; dobra por ti" é um dos versos mais famosos da<br />
literatura inglesa. O sentimento de John Donne fala ao coração da ligação entre empatia e<br />
envolvimento: a dor do outro é nossa. Sentir com o outro é envolver-se. Meste sentido, o oposto de<br />
empatia é antipatia. A atitude empática empenha-se interminavelmente em julgamentos morais, pois<br />
os dilemas morais envolvem vítimas potenciais. Deve-se mentir para evitar ferir os sentimentos de<br />
um amigo? Deve-se manter a promessa de visitar um amigo doente ou, ao contrário, aceitar um<br />
convite de última hora para um jantar? Quando se devem manter ligados os aparelhos hospitalares<br />
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Essas questões morais são colocadas pelo pesquisador de empatia Martin Hoffman, que afirma que<br />
as raízes da moralidade se encontram na empatia, pois é o empatizar com as vítimas potenciais<br />
alguém que sofre, que está em perigo, ou que passa privação, digamos e, portanto, partilhar da sua<br />
aflição que leva as pessoas a agirem para ajudá-las. Além dessa ligação imediata entre empatia e<br />
altruísmo nos encontros pessoais, Hoffman sugere que a mesma capacidade de afeto empático, de<br />
colocar-se no lugar de outra pessoa, leva as pessoas a seguir certos princípios morais.<br />
Hoffman vê um avanço natural na empatia a partir da infância. Como vimos, com um ano de idade<br />
a criança se sente aflita quando vê outra cair e começar a chorar; sua relação é tão forte e imediata<br />
que ela põe o polegar na boca e enterra a cabeça no colo da mãe, como se fosse ela mesma a<br />
machucada. Depois do primeiro ano, quando os bebês se tomam mais conscientes de que são<br />
distintos dos outros, tentam ativamente consolar um outro que chora oferecendo-lhe ursinhos de<br />
pelúcia, por exemplo. Já aos dois anos as crianças começam a perceber que os sentimentos dos<br />
outros diferem dos seus, e com isso se tomam mais sensíveis a indícios que revelam o que o outro<br />
na verdade sente; nessa altura podem, por exemplo, reconhecer que o orgulho de outra criança pode<br />
significar que a melhor maneira de ajudá-la a lidar com suas lágrimas é não chamar indevida<br />
atenção para elas.<br />
No fim da infância, surgem os mais elevados níveis de empatia, pois as crianças são capazes de<br />
entender a aflição além da situação imediata e ver que a condição ou posição de alguém na vida<br />
pode ser uma fonte de crônica aflição.