Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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27.04.2013 Views

adredita que as lições mais elementares da vida emoconal se dão nesses momentos íntimos.Desses momentos, os mais críticos são os que informam à criança que seus sentimentos encontram empatia, são aceitos e retribuidos, num processo que Stem chamaa de sintonia. A mãe dos gêmeos estava sintonizada com Mark, mas emocionalmente dessincronizada com Fred. Stem afirma que os incontavelmente repetidos momentos de sintonia entre pais e filhos moldam as expectativas emocionais que os adultos levam para seus relacionamentos talvez muito mais que os mais dramáticos acontecimentos da infância. A sintonia ocorre tacitamente, como parte do ritmo de relacionamento. Stem estudou-o com precisão microscópia, em horas de gravação em vídeo de mães com seus bebês. Ele constata que, pela sintonização, as mães informam aos bebês que têm um senso do que ele está sentindo. O bebê grita de prazer, por exemplo,e a mãe afirma esse prazer dando-lhe uma delicada sacudida, arrulhando ou igualando o tom de voz ao guincho dele. Ou o bebê sacode o chocalho, e ela lhe dá uma rápida balançada em resposta. Nessa interação, a mensagem de afirmação está em a mãe igualar mais ou menos o nível de excitação do bebê.Essas pequenas sintonizações dão ao bebê a tranquilizadora sensação de estar emocionalmente ligado,uma mensagem que Stem constata que as mães enviam cerca de uma vez a cada minuto quando interagem com seus bebês. Asintinização é muito diferente da simples imitação -Se você apenas imita um bebê disse-me Stem isso apenas mostra que sabe o que ele fez, não como se sentiu. Para informá-lo de que você sente como ele sente emocionalmente ligado, é preciso reproduzir os sentimentos íntimos dele de outra forma. Aí o bebê sabe que foi entendido. O amor físico é talvez a coisa mais próxima, na vida adulta, dessa íntima sintonização entre o bebê e a mãe. O amor físico, escreve Stem, envolve a experiência de sentir o estado subjetivo do outro: desejo partilhado,intenções alinhadas e mútuos estados de excitação simultaneamente mutáveis", com os amantes respondendo um ao outro numa sincronia que dá o sentido tácito de profunda relação. 0 amor físico é, no que tem de melhor, um ato de mútua empatia; no pior, falta-lhe toda essa mutualidade emociona. O PREÇO DA fAlTA DE SINTONIA Stem afirma que, com essas repetidas sintonizações, o bebê começa a desenvolver a sensação de que outras pessoas podem partilhar e partilham seus sentimentos. Esse sentido parece surgir por volta dos oito mese, quando os bebês começam a compreender que são separados dos outros, e cntinua a ser moldado por relacionamentos íntimos durante toda a vida. Quando os pais não estão em sintonia com um filho, isso é profundamente perturbador. Numa experiência, Stem fez com que as mães deliberadamente respondessem demais ou de menos a seus bebês, em vez de igualá-los de um modo sintonizado; os bebês reagiram com imediata constemação e angústia. Uma prolongada ausência de sintonia entre pai e filho impõe um tremendo tributo emocional à criança. Quando um pai consistentemente deixa de mostrar qualquer empatia com uma determinada gama de emoções da criança - alegria, lágrimas, necessidade de aconchego a criança começa a evitar expressar, e talvez mesmo sentir, essas mesmas emoções. Dessa forma, presume-se, gamas inteiras de emoção podem começar a ser apagadas do repertório para relações íntimas, sobretudo se durante a infancia esses sentimentos continuarem a ser oculta ou abertamente desestimulados. Da mesma forma, as crianças podemvir a preferir uma infeliz gama de emoção, dependendo dos estados de espírito retribuídos. Mesmo os bebês "pegam”

estados de espírito: bebês de três meses de mães deprimidas, por exemplo, refletiam os estados de espírito delas quando brincavam com elas, exibindo mais sentimentos de ira e tristeza, e muito menos curiosidade e interesse espontaneos, em comparação com bebês cujas mães não estavam deprimidas. Uma mãe, no estudo de Stem, consistentemente reagia de menos ao nível de atividade de seu bebê; o bebê acabou aprendendo a ser passivo. Um bebê tratado desse modo aprende: quando eu me excito, não faço minha mãe ficar iualmente excitada, logo talvez seja melhor nem tentar afimma Stern Mas há esperanças em "relacionamentos reparadores". - Os relacionamentos de toda a vida... com amigos ou parentes, por exemplo, ou na psicoterapia remodelam continuamente nosso modo funcional de tê-los. Um desequilíbrio num ponto pode ser corrigido depois; é um processo contínuo, de uma vida inteira. Na verdade, várias teorias da psicanálise vêem o relacionamento terapêutico como proporcionando exatamente esse corretivo emocional, uma experiência reparadora de sintonização. Espelhar é o termo empregado por alguns pensadores psicanalíticos para designar o fato de o terapeuta refletir de volta para o diente uma compreensão de seu estado interior, como faz uma mãe sintonizada com o seu bebê. A sincronia emocional é tácita e fora da consciência, embora o paciente possa ter um grande prazer com a sensação de que está sendo profundamente reconhecido e entendido. Os custos emocionais para a vida inteira da falta de sintonização na infância podem ser grandes e não só para a criança. Um estudo de criminosos que praticaram os crimes mais cruéis e violentos constatou que uma das características do início de suas vidas que os distinguia de outros criminosos era que tinham sido mandados de uma casa de adoção para outra, ou criados em orfanatos-históricos de vida que sugerem abandono emocional e pouca oportunidade de sintonização. Enquanto o abandono emocional parece embotar a empatia, há um resultado paradoxal do abuso emocional intenso e constante, incluindo ameaças cruéis e sádicas, humilhações e simples maldade. As crianças que sofrem tais abusos podem tomar-se hiperalertas para as emoções dos que as cercam, no que equivale a uma vigilância pós-traumática para detectar indícios que anunciem ameaça. Essa preocupação obsessiva com os sentimentos dos outros é típica de crianças psicologicamente maltratadas que na idade adulta sofrem os mercuriais altos e baixos às vezes diagnosticados como distúrbio limite de personalidade". Muitas dessas pessoas têm o dom de sentir o que os que as cercam estão sentindo, e é muito comum dizerem que sofreram abusos emocionais na infancia. A NEUROLOGIA DA EMPATIA Como tantas vezes acontece em neurologia, os relatos de casos peculiares e bizarros estavam entre os primeiros indícios da base cerebral da empatia. Um trabalho de 1957, por exemplo, examinava vários casos em que os pacientes com certas lesões na área direita dos lobos frontais tinham um déficit curioso: não eram capazes de entender a mensagem emocional no tom de voz das pessoas embora fossem perfeitamente capazes de entender as palavras. Os "muito obrigado" sarcásticos, agradecidos ou furiosos tinham todos o mesmo sentido neutro para eles. Em contraste, um trabalho de 1979 falava de pacientes com danos em outras partes do hemisfério direito que tinham uma falha bastante diferente na percepção emocional. Estes eram incapazes de expressar suas emoções pelo tom de voz ou por gestos. Sabiam o que sentiam, mas simplesmente não podiam transmiti-lo. Todas essas regiões corticais do cérebro, observaram os vários autores, tinham fortes ligações com o sistema límbico.

estados de espírito: bebês de três meses de mães deprimidas, por exemplo, refletiam os estados de<br />

espírito delas quando brincavam com elas, exibindo mais sentimentos de ira e tristeza, e muito<br />

menos curiosidade e interesse espontaneos, em comparação com bebês cujas mães não estavam<br />

deprimidas.<br />

Uma mãe, no estudo de Stem, consistentemente reagia de menos ao nível de atividade de seu bebê;<br />

o bebê acabou aprendendo a ser passivo.<br />

Um bebê tratado desse modo aprende: quando eu me excito, não faço minha mãe ficar iualmente<br />

excitada, logo talvez seja melhor nem tentar afimma<br />

Stern Mas há esperanças em "relacionamentos reparadores". - Os relacionamentos de toda a vida...<br />

com amigos ou parentes, por exemplo, ou na psicoterapia remodelam continuamente nosso modo<br />

funcional de tê-los. Um desequilíbrio num ponto pode ser corrigido depois; é um processo contínuo,<br />

de uma vida inteira.<br />

Na verdade, várias teorias da psicanálise vêem o relacionamento terapêutico como proporcionando<br />

exatamente esse corretivo emocional, uma experiência reparadora de sintonização. Espelhar é o<br />

termo empregado por alguns pensadores psicanalíticos para designar o fato de o terapeuta refletir de<br />

volta para o diente uma compreensão de seu estado interior, como faz uma mãe sintonizada com o<br />

seu bebê. A sincronia emocional é tácita e fora da consciência, embora o paciente possa ter um<br />

grande prazer com a sensação de que está sendo profundamente reconhecido e entendido.<br />

Os custos emocionais para a vida inteira da falta de sintonização na infância podem ser grandes e<br />

não só para a criança. Um estudo de criminosos que praticaram os crimes mais cruéis e violentos<br />

constatou que uma das características do início de suas vidas que os distinguia de outros criminosos<br />

era que tinham sido mandados de uma casa de adoção para outra, ou criados em orfanatos-históricos<br />

de vida que sugerem abandono emocional e pouca oportunidade de sintonização.<br />

Enquanto o abandono emocional parece embotar a empatia, há um resultado paradoxal do abuso<br />

emocional intenso e constante, incluindo ameaças cruéis e sádicas, humilhações e simples maldade.<br />

As crianças que sofrem tais abusos podem tomar-se hiperalertas para as emoções dos que as cercam,<br />

no que equivale a uma vigilância pós-traumática para detectar indícios que anunciem ameaça. Essa<br />

preocupação obsessiva com os sentimentos dos outros é típica de crianças psicologicamente<br />

maltratadas que na idade adulta sofrem os mercuriais altos e baixos às vezes diagnosticados como<br />

distúrbio limite de personalidade".<br />

Muitas dessas pessoas têm o dom de sentir o que os que as cercam estão sentindo, e é muito comum<br />

dizerem que sofreram abusos emocionais na infancia.<br />

A NEUROLOGIA DA EMPATIA<br />

Como tantas vezes acontece em neurologia, os relatos de casos peculiares e bizarros estavam entre<br />

os primeiros indícios da base cerebral da empatia. Um trabalho de 1957, por exemplo, examinava<br />

vários casos em que os pacientes com certas lesões na área direita dos lobos frontais tinham um<br />

déficit curioso: não eram capazes de entender a mensagem emocional no tom de voz das pessoas<br />

embora fossem perfeitamente capazes de entender as palavras. Os "muito obrigado" sarcásticos,<br />

agradecidos ou furiosos tinham todos o mesmo sentido neutro para eles. Em contraste, um trabalho<br />

de 1979 falava de pacientes com danos em outras partes do hemisfério direito que tinham uma falha<br />

bastante diferente na percepção emocional. Estes eram incapazes de expressar suas emoções pelo<br />

tom de voz ou por gestos. Sabiam o que sentiam, mas simplesmente não podiam transmiti-lo. Todas<br />

essas regiões corticais do cérebro, observaram os vários autores, tinham fortes ligações com o<br />

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