Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
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ecorrer a medicação para interromper o ciclo. A contenção dos circuitos emocionais por meio de<br />
terapia ainda é necessária, porém, para reduzir a probabilidade de que os problemas de ansiedade<br />
retornem quando se parar a medicação.<br />
CONTROLE DA MELANCOLIA<br />
O estado de espírito individual do qual as pessoas em geral mais se esforçam para se livrar é a<br />
tristeza; Diane Tice constatou que elas são mais inventivas quando se trata de fugir à depressão.<br />
Claro, nem toda tristeza deve ser evitada;<br />
a melancolia, como todos os outros estados de espírito, tem suas vantagens. A tristeza trazida por<br />
uma perda tem alguns efeitos invariáveis: trava nosso interesse por diversões e prazeres, fixa a<br />
atenção no que se perdeu e mina nossa energia para iniciar coisas novas pelo menos por algum<br />
tempo. Em suma, impõe uma espécie de retiro reflexivo das atividades da vida, e deixa-nos num<br />
estado suspenso para chorar a perda, meditar sobre seu significado e, finalmente, fazer os ajustes tes<br />
psicológicos e novos planos que nos permitirão continuar com nossas vidas.<br />
O luto é útil; a depressão total, não. William Styron faz uma eloqüente descrição das "muitas e<br />
pavorosas manifestações da doença", entre elas o ódio por si mesmo, o senso de inutilidade, uma<br />
"úmida ausência de alegria", com "a tristeza acumulando-se sobre mim, um senso de pavor,<br />
alienação e, sobretudo uma ansiedade sufocante''. Depois há os sinais intelectuais: "confusão, falta<br />
de concentração mental e lapsos de memória", e, num estágio posterior, a mente "dominada por<br />
distorções anárquicas", e "uma sensação de que meus processos de pensamento estavam envoltos<br />
numa maré tóxica e inominável que obliterava toda reação prazerosa ao mundo vivo". Há os efeitos<br />
físicos: não dormir, sentir-se apático como um zumbi, "uma espécie de dormência, desalento, porém<br />
mais particularmente uma curiosa fragilidade", juntamente com uma "agitação nervosa". Depois<br />
vem a perda de prazer: "A comida, como tudo mais no ambito da sensação, era absolutamente<br />
insípida. Por fim, havia o desaparecimento da esperança, à medida que "a cinzenta garoa do horror"<br />
chegava a um desespero tão palpável quanto uma dor física, uma dor tão insuportável, que o<br />
suicídio parecia uma solução.<br />
Nessas grandes depressões, a vida é paralisada; não surge nenhum novo início.<br />
Os próprios sintomas da depressão revelam uma vida em suspenso. Para Styron, não adiantou<br />
nenhum medicamento ou terapia; foi a passagem do tempo e o refúgio num hospital que acabaram<br />
varrendo a desolação. Mas, para a maioria das pessoas, sobretudo as com casos menos severos, a<br />
psicoterapia ajuda, como aluda a medicação - o Prozac é o tratamento da moda, porém mais de uma<br />
dúzia de outros oferecem alguma ajuda, sobretudo para a grande depressão.<br />
Eu me concentro aqui na muito mais comum tristeza, que nos seus limites Superiores se torna,<br />
tecnicamente falando, uma 'depressão subclínica" - ou seja a melancolia comum. Trata-se de uma<br />
gama de desolação que as pessoas podem controlar por si mesmas, se tiverem os recursos interiores.<br />
Infelizmente, algumas das estratégias a que mais freqüentemente se recorre podem funcionar ao<br />
contrário e deixar as pessoas sentindo-se pior do que antes. Uma dessas estratégias é simplesmente<br />
ficar só, o que muitas vezes é atraente quando as pessoas se sentem deprimidas; na maioria das<br />
vezes, porém, isso só acrescenta à tristeza uma sensação de solidão e isolamento. Isso talvez<br />
explique em parte porque Diane Tice constatou que a tática mais popular para combater a depressão<br />
é fazer vida social sair para comer fora, ir a um jogo ou cinema; em suma, fazer alguma coisa com<br />
os amigos ou a família. Dá certo se o efeito final é afastar a mente da pessoa de sua tristeza. Mas<br />
simplesmente prolonga o estado de espírito se ela usa a ocasião apenas para ruminar sobre o que a<br />
deixou nessa situação.