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Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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E assim a mente preocupada continua a girar num interminável círculo de baixo melodrama, um<br />

conjunto de preocupações levando ao seguinte e voltando ao começo. O espécimen acima é<br />

apresentado por Lizabeth Roemer e Thomas Borkovec, psicólogos da Universidade do Estado da<br />

Pensilvania, cuja pesquisa sobre preocupação núcleo de toda ansiedade elevou o tópico da arte do<br />

neurótico à ciência. Evidentemente, não há mal quando a preocupação funciona; meditando-se<br />

sobre um problema ou seja, empregando a reflexão construtiva, que pode parecer preocupação<br />

talvez surja a solução. Na verdade, a reação por trás da preocupação é a vigilância para detectar<br />

perigos potenciais, que sem dúvida tem sido essencial para a sobrevivência no curso da evolução.<br />

Quando o medo dispara o cérebro emocional, parte da ansiedade resultante fixa a atenção na<br />

ameaça direta, forçando a mente a obcecar-se em como tratá-la e a ignorar tudo mais por enquanto.<br />

A preocupação é, num certo sentido, um ensaio do que pode dar errado e como lidar com isso; a<br />

tarefa da preocupacão é apresentar soluções positivas para os perigos da vida, prevendo-os antes<br />

que surjam.<br />

O problema é com as preocupações crônicas, repetitivas, daquelas que se reciclam eternamente e<br />

jamais se aproximam de uma solução positiva. Uma análise cuidadosa da preocupação crônica<br />

sugere que ela tem todos os atributos de um seqüestro emocional de baixa intensidade: as<br />

preocupações parecem surgir do nada, são incontroláveis, geram um rumor constante de ansiedade,<br />

são imunes à razão e prendem o preocupado numa única e inflexível visão do tópico que o preocupa.<br />

Quando esse mesmo ciclo de preocupação se intensifica e persiste, beira o limite de seqüestros<br />

neurais completos, as perturbações da ansiedade fobias, obsessões e compulsões, ataques de pânico.<br />

Em cada uma dessas perturbações, a preocupação se fixa de um modo distinto; para o fóbico, as<br />

ansiedades giram em tomo da situação temida; para o obsessivo, fixa-se em prevenir alguma temida<br />

calamidade; nos ataques de pânico, a preocupação se concentra num medo de morrer ou na<br />

perspectiva de ter o próprio ataque.<br />

Em todas essas condições, o denominador comum é a preocupação desenfreada. Por exemplo, uma<br />

mulher em tratamento de uma perturbação obsessivocompulsiva tinha uma série de rituais que<br />

duravam a maior parte do seu tempo desperta: banhos de chuveiro de quarenta e cinco minutos<br />

várias vezes ao dia, lavar as mãos durante cinco minutos vinte ou mais vezes por dia. Não se<br />

sentava sem antes esfregar o assento com álcool para esterilizá-lo. Tampouco tocava numa criança<br />

ou animal ambos eram "sujos demais". Todas essas compulsões eram causadas por um subjacente<br />

medo mórbido de germes; ela se preocupava constantemente pensando que, sem essas lavagens e<br />

esterilizações, pegaria uma doença e morreria.<br />

Uma mulher em tratamento do "distúrbio de ansiedade generalizada"-nomenclatura psiquiátrica<br />

para o preocupado constante - respondeu ao pedido para preocupar-se em voz alta por um minuto da<br />

seguinte maneira:<br />

Talvez eu não faça direito. Talvez saia tão artificial que não seja uma indicação do verdadeiro<br />

problema, e a gente precisa chegar ao verdadeiro problema... Pois se a gente não chegar ao<br />

verdadeiro problema eu não vou ficar boa. E se não ficar boa eu não vou nunca ser feliz.<br />

Nessa virtuosística exibição de preocupação com a preocupação, o simples pedido de preocupar-se<br />

por um minuto elevou-se, nuns poucos e breves segundos, à previsão de uma catástrofe para o resto<br />

da vida. "Eu não vou nunca ser feliz. As preocupações seguem, tipicamente, essas linhas, uma<br />

narrativa para nós mesmos que vai saltando de preocupação em preocupação, e na maioria das<br />

vezes inclui catastrofização, a imaginação de alguma tragédia terrível. As preocupa ções quase<br />

sempre se expressam ao ouvido mental, não ao olho mental - quer dizer, em palavras, não imagens<br />

um fato importante para o seu controle.

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