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Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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Nesse momento, a bebezinha no carrinho de compras da mãe deixou cair o pote de geléia que tinha<br />

na boca. Quando o vidro se espatifou no chão, a mãe berrou:<br />

- Chega!<br />

E, num ataque de fúria, deu um tapa na bebê, tomou a caixa do menino e enfiou-a na prateleira mais<br />

próxima, pegou-o pela cintura e saiu disparada pelo corredor, o carrinho de compras trepidando<br />

perigosamente na frente, a bebê chorando, o moleque espemeando, aos berros:<br />

- Me ponha no chão, me ponha no chão!<br />

Zillmann constatou que quando o corpo já se acha em estado de irritação, como o da mãe, e alguma<br />

coisa dispara um seqüestro emocional, a emoção posterior, de ira ou ansiedade, é de intensidade<br />

especialmente grande. Essa dinâmica atua quando alguém se zanga. Zillmann vê a escalada da ira<br />

como "uma seqüência de provocações, cada uma disparando uma reação excitatória que demora a<br />

dissipar-se". Nessa seqüência, cada pensamento ou percepção causador de ira toma-se um<br />

minigatilho de surtos amigdalíticos de catecolaminas, cada um alimentando-se do impulso homonal<br />

do anterior. Um segundo vem depois que passou o primeiro, e um terceiro, depois destes, e assim<br />

por diante;<br />

cada onda vem na esteira das anteriores, elevando rapidamente o nível de estimulação fisiológica do<br />

corpo. Um pensamento que venha depois nessa acumulação provoca uma intensidade de ira muito<br />

maior que um que venha no inicio. A ira se alimenta da ira; o cérebro emocional esquenta. A essa<br />

altura, a ira, não tolhida pela razão, facilmente explode em violência.<br />

Nesse ponto, as pessoas não perdoam e estão além do alcance da razão; seus pensamentos giram em<br />

tomo de vingança e represália, indiferentes às conseqüências. Esse alto nível de excitação, diz<br />

Zillmann, "promove uma ilusão de poder e invulnerabilidade que inspira e facilita a agressão", à<br />

medida que a pessoa irada, sem orientação cognitiva", recai na mais primitiva das reações. O surto<br />

límbico está em ascensão; as mais cruas lições da brutalidade da vida tomam-se guias para a ação.<br />

Bálsamo para a raiva<br />

Diante dessa análise da anatomia da ira, Zillmann vê duas maneiras de intervir.<br />

Uma maneira de desarmá-la é avaliar e contestar as idéias que disparam o seu surto, uma vez que é<br />

a avaliação original de uma interação que confirma e encoraja a primeira explosão de ira, e as<br />

avaliações posteriores que atiçam as chamas. A cronologia conta; quanto mais cedo no ciclo da ira,<br />

mais efetivo. Na verdade, a ira pode ser completamente interrompida se a infommação mitigante<br />

vier antes que se dê vazão a ela.<br />

O poder da compreensão para desinflar a ira fica claro em outra das experiências de Zillmann, em<br />

que um rude auxiliar (um cúmplice) insultou e provocou voluntários que pedalavam uma bicicleta<br />

de ginástica. Quando se deu aos voluntários a oportunidade de retaliar contra o rude sujeito (mais<br />

uma vez, fazendo uma avaliação que eles julgavam seria usada para decidir sua candidatura a um<br />

emprego), eles o fizeram com furiosa alegria. Mas numa versão da experiência outra cúmplice<br />

entrou depois que os voluntários haviam sido provocados, e pouco antes da oportunidade de<br />

retaliação; ela disse ao cúmplice provocador que o estavam chamando ao telefone no fim do<br />

corredor. Ao sair ele dirigiu uma observação sarcástica a ela também. Mas ela levou a coisa numa<br />

boa, explicando, depois que o homem saiu, que ele se achava sob uma terrível pressão, perturbado<br />

por seus próximos exames orais. Depois disso, os irados voluntários, quando tiveram a<br />

oportunidade de retaliar contra o rude sujeito preferiram não fazê-lo; em vez disso, manifestaram<br />

solidariedade com sua dificuldade.

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