Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
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diferente das coisas as extingue. Diane Tice constatou que conter mais positivamente uma situação<br />
era uma das mais potentes formas de aplacar a ira.<br />
A "corrida para a ira<br />
Essa constatação casa-se bem com a conclusão do psicólogo Dolf Zillmann, da Universidade do<br />
Alabama, que, numa extensa série de cuidadosas experiências, mediu precisamente a ira e sua<br />
anatomia. Em vista das raízes da raiva na ala combatente da reação lutar-ou-fugir, não surpreende<br />
que Zillmann descubra que um disparador universal da ira seja a sensação de estar em perigo. O<br />
perigo pode ser assinalado não apenas por uma ameaça física direta, mas também, como é mais<br />
freqüente, por uma ameaça simbólica à auto-estima ou dignidade: tratamento injusto ou grosseiro,<br />
insulto ou humilhação, frustração na busca de um objetivo importante. Essas percepções atuam<br />
como o gatilho instigante de uma onda límbica que tem um duplo efeito sobre o cérebro. Uma parte<br />
dessa onda é a liberação de catecolaminas, que geram um rápido e episódico surto de energia,<br />
suficiente para "uma linha de ação vigorosa", como diz Zillmann, "como no lutar-ou-fugir". Esse<br />
surto de energia dura minutos, durante os quais prepa ra o corpo para uma boa briga ou uma rápida<br />
fuga, dependendo de como o cérebro emocional avalia a oposição.<br />
Enquanto isso, outra onda impulsionada pela amígdala, que percorre o ramo adrenocortical do<br />
sistema nervoso, cria um pano de fundo tônico geral de prontidão para a ação, que dura muito mais<br />
que o surto de energia de catecolamina. Esse generalizado estímulo adrenal e cortical pode durar<br />
horas e até mesmo dias, mantendo o cérebro emocional em especial prontidão para o estímulo, e<br />
tomando-se uma base sobre a qual reações posteriores se fommam com particular rapidez. Em geral,<br />
a condição de pronta resposta criada pela estimulação adrenocortical explica por que as pessoas são<br />
tão mais inclinadas à ira se já foram provocadas ou ligeiramente irritadas por alguma outra coisa.<br />
Tensões de todo tipo criam estimulação adrenocortical, reduzindo o limiar do que provoca a ira.<br />
Assim, uma pessoa que teve um dia difícil no trabalho é especialmente vulnerável a ficar furioso<br />
mais tarde em casa com alguma coisa as crianças fazendo muito barulho ou bagunça, digamos que<br />
em outras circunstâncias não seria suficientemente forte para provocar um seqüestro emocional.<br />
Zillmann chega a essas intuições sobre a ira através de cuidadosa experimentação. Num estudo<br />
típico, por exemplo, ele fez um cúmplice provocar homens e mulheres que se haviam apresentado<br />
como voluntários, fazendo observações sarcásticas sobre eles. Os voluntários viram então um filme<br />
agradável ou desagradável. Depois tiveram a oportunidade de retaliar contra o cúmplice, fazendo<br />
uma avaliação que achavam que seria usada numa decisão sobre sua contratação ou não. A<br />
intensidade da retaliação foi diretamente proporcional ao estímulo que haviam recebido do filme<br />
que acabavam de ver; estavam mais furiosos os que viram o filme desagradável, e deram as piores<br />
notas.<br />
A ira se alimenta da ira<br />
Os estudos de Zillmann parecem explicar a dinâmica em ação num drama familiar doméstico que<br />
testemunhei um dia, quando fazia compras. Numa ala do supermercado, veio a voz enfática e<br />
comedida de uma jovem mãe falando com o filho, de cerca de três anos:<br />
- Ponha... isso... de volta!<br />
- Mas eu quero! - choramingou o menino, apertando mais contra si a caixa de cereal das Tartarugas<br />
Ninjas.<br />
- Ponha de volta! - Mais alto, a raiva tomando conta.