Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
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Assim como há um murmúrio de pensamentos de fundo na mente, há um<br />
constante zumbido emocional; é bipar alguém às seis da manhã ou às sete da noite, que ele sempre<br />
se achará num ou noutro estado de espírito. Claro, em duas manhãs quaisquer, alguém pode ter<br />
estados de espírito bastante diferentes;<br />
mas quando se faz a média dos estados de uma pessoa em semanas ou meses, eles tendem a refletir<br />
o senso de bem-estar geral dessa pessoa. Constata-se que, para a maioria, sentimentos<br />
extremamente intensos são relativamente raros; a maioria de nós fica na cinzenta média, com<br />
suaves lombadas em nossa montanha-russa emocional.<br />
Ainda assim, controlar nossas emoções é meio semelhante a uma atividade de tempo integral: muito<br />
do que fazemos sobretudo nos momentos livres é uma tentativa de controlar o estado de espírito.<br />
Tudo, desde ler um romance ou ver televisão até as atividades e companhias que preferimos, pode<br />
ser uma maneira de nos fazer sentir melhor. A arte de tranqüilizar-nos é um dom fundamental da<br />
vida; alguns pensadores psicanalíticos, como John Bowlby e D.W. Winnicott, vêem isso como a<br />
mais essencial de todas as ferramentas psíquicas. Diz a teoria que os bebês emocionalmente sadios<br />
aprendem a consolar-se tratando-se como seus responsáveis os trataram, o que os deixa menos<br />
vulneráveis às agitações do cérebro emocional.<br />
Como vimos, o plano do cérebro significa que muitas vezes temos pouco ou nenhum controle sobre<br />
quando somos arrebatados pela emoção e sobre qual emoção será. Mas podemos ter alguma voz<br />
sobre o quanto durará uma emoção.<br />
A questão surge não com a tristeza, preocupação ou ira habituais; nommalmente, esses estados<br />
passam com tempo e paciência. Mas quando essas emoções são de grande intensidade e demoram<br />
além de um ponto apropriado, beiram seus perturbadores extremos ansiedade crônica, ira<br />
descontrolada, depressão. E, no ponto mais severo e insuportável, podem exigir medicação,<br />
psicoterapia ou as duas coisas juntas para suspendê-las.<br />
Hoje, um sinal da capacidade de autocontrole emocional pode ser o reconhecimento de quando a<br />
agitação crônica do cérebro emocional é demasiado forte para ser superada sem ajuda<br />
farmacológica. Por exemplo, dois terços dos maníaco-depressivos jamais foram tratados desse mal.<br />
Mas o lítio ou medicamentos mais novos podem frustrar o ciclo característico de depressão<br />
paralisante alternando-se com episódios maníacos, que misturam caótica euforia com irritação e<br />
fúria. Um dos problemas da psicose maníacodepressiva é que quando as pessoas estão na fase da<br />
mania muitas vezes se sentem tão excessivamente confiantes que não vêem necessidade de qualquer<br />
tipo de ajuda, apesar das desastrosas decisões que estão tomando. Nessas severas perturbações<br />
emocionais, a medicação psiquiátrica oferece um instrumento para um melhor controle da vida.<br />
Mas quando se trata de vencer a gama mais habitual de estados de espírito negativos, sornos<br />
deixados a nossos próprios recursos. Infelizmente, esses recursos nem sempre funcionam - pelo<br />
menos, esta é a conclusão alcançada por Diane Tice, psicóloga da Case Westem Reserve University,<br />
que perguntou a mais de quatrocentos homens e mulheres sobre as estratégias que usavam para<br />
fugir dos estados de espírito negativos, e o grau de êxito dessas táticas.<br />
Nem todos concordam com a premissa filosófica de que os estados de espírito negativos devem ser<br />
mudados; Diane constatou que há "puristas do estado de espírito", os 5 por cento, mais ou menos,<br />
que disseram que jamais tentam mudá-lo, pois em sua opinião todas as emoções são "naturais" e<br />
devem ser experimentadas como se apresentam, por mais desalentadoras que sejam.<br />
E também havia os que buscavam regularmente entrar em estados desagradáveis por motivos<br />
pragmáticos: médicos que precisavam estar sombrios para dar más notícias a pacientes; ativistas