Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
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A distorcida visão científica de uma vida mental emocionalmente chã - que orientou os últimos<br />
oitenta anos de pesquisa sobre a inteligência - está mudando aos poucos, à medida que a psicologia<br />
começa a reconhecer o papel essencial do sentimento no pensamento. Mais ou menos como a<br />
spockiana personagem Data em Jornada nas estrelas ageração seguinte, a psicologia começa a<br />
apreciar a força e virtudes das emoções na vida mental, assim como seus perigos. Afinal, como vê<br />
Data (para sua própria consternação, se pudesse sentir consternação), sua lógica não traz a solução<br />
humana certa. Nossa humanidade é mais evidente em nossos sentimentos; Data procura sentir,<br />
sabendo que alguma coisa essencial está faltando. Ele quer amizade, lealdade; como o Homem de<br />
Lata de O mágico de Oz, falta-lhe um coração. Na falta do senso lírico que traz o sentimento, Data<br />
ta pode tocar música ou escrever poesia com virtuosismo técnico, mas não sente sua paixão. A lição<br />
do anseio de Data pelo próprio anseio é que faltam inteiramente à fria visão cognitiva os valores<br />
mais elevados do coração humano fé, esperança, devoção, amor. As emoções enriquecem; um<br />
modelo mental que as ignora se empobrece.<br />
Quando perguntei a Gardner sobre sua ênfase mais nos pensamentos sobre sentimentos, ou<br />
metacognição, do que nas próprias emoções, ele admitiu que tendia a ver a inteligência de uma<br />
maneira cognitiva, mas me disse:<br />
Quando escrevi pela primeira vez sobre inteligências pessoais, eu estava falando de emoção,<br />
sobretudo em minha idéia de inteligência intrapessoal: um dos componentes é o sintonizar-se<br />
emocionalmente consigo mesmo. Os sinais de sentimento-visceral que recebemos é que são<br />
essenciais para a inteligência interpessoal. Mas ao se desenvolver na prática, a teoria da inteligência<br />
múlti pla evoluiu e se concentrou mais na metacognição - ou seja, a consciência que se tem do<br />
próprio processo mental - que em toda a gama de aptidões emocionais.<br />
Ainda assim, Gardner reconhece como essas habilidades emocionais e relacionais são cruciais no<br />
corpo-a-corpo da vida. Ele ressalta:<br />
Muitas pessoas com Qls de 160 trabalham para outras com Qls de 100, se as primeiras têm baixa<br />
inteligência intrapessoal e as últimas, alta. E no mundo do dia-a-dia, nenhuma inteligência é mais<br />
importante que a intrapessoal. Se não a temos, faremos escolhas errôneas sobre quem desposar, que<br />
emprego arranjar, e assim por diante. Precisamos treinar as crianças em inteligências intrapessoais<br />
na escola.<br />
PODEM AS EMOÇÕES SER INTELIGENTES<br />
Para se ter uma compreensão mais plena de exatamente como poderia ser esse exercício, temos de<br />
nos voltar para outros teóricos que seguem o caminho intelectual de Gardner - mais notadamente<br />
um psicólogo de Yale, Peter Salovey, que estabeleceu com bastantes detalhes os modos como<br />
podemos transmitir inteligência às nossas emoções. Esse esforço não é novo; com os anos, mesmo<br />
os mais ardentes teóricos do QI tentaram às vezes introduzir as emoções no domínio da inteligência,<br />
em vez de ver "emoção" e "inteligência" como uma inerente contradição em termos. Assim, E.L.<br />
Thorndike, um destacado psicólogo que também foi influente na popularização da idéia do QI nas<br />
décadas de 20 e 30, sugeriu em artigo na Harper's Magazine que um dos aspectos da inteligência<br />
emocional, a inteligência "social" a própria capacidade de entender os outros e "agir com sabedoria<br />
nas relações humanas" era em si um aspecto do QI de uma pessoa. Outros psicólogos da época<br />
adotaram uma visão mais cínica da inteligência social, encarando-a em termos de capacidade de<br />
manipular outras pessoas levá-las a fazer a nossa vontade, querendo ou não. Mas nenhuma dessas<br />
formulações de inteligência social exerceu muita influência entre os teóricos do QI, e em 1960 um<br />
influente livro didático sobre testes de inteligência cia considerou a inteligência social um conceito<br />
"inútil".<br />
Quando Ser sperto é ser Burro