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Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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empregos, que bebe e culpa os estrangeiros por sua má sorte. Numa voz mal aldível, implora: "Não<br />

paro de lamentar o que fizemos, e me sinto infinitamente enveronhado.”<br />

As notícias de todo dia nos chegam pejadas de informações sobre a desintegração da civilidade e da<br />

segurança, uma onda de impulso mesquinho que corre desenfreada. Mas as notícias apenas nos<br />

refletem de volta, em maior escala, um arrepiante senso de emoções descontroladas em nossas vidas<br />

e nas das pessoas que nos cercam. Ninguém está protegido dessa instável maré de descontrole e<br />

arrependimento, que alcança nossas vidas de uma maneira ou de outra.<br />

A última década viu um constante trombeteamento de informações como essas, retratando o<br />

aumento de inépcia emocional, desespero e inquietação em nossas famílias, comunidades, e em<br />

nossas vidas coletivas. Esses anos escreveram a crônica de uma raiva e desespero crescentes, seja<br />

na calma solidão das crianças trancadas com a TV em vez de uma babá, no sofrimento das crianças<br />

abandonadas, esquecidas ou violentadas, ou na desagradável intimidade da violência conjugal.<br />

Pode-se ler a doença emocional alastrando-se em números que revelam um salto da depressão em<br />

todo o mundo, e nos lembretes da repentina onda de agressão adolescentes com armas nas escolas,<br />

infrações de trânsito na estrada, que terminam em tiros, ex-empregados descontentes que<br />

massacram antigos colegas de trabalho. Abuso emocional, drive-by shooting [rajadas de tiros<br />

disparadas de um carro em movimento] e tensão pós-traumática entraram no léxico comum<br />

americano da última década, enquanto o slogan do momento passou do alegre "Tenha um bom dia"<br />

para o petulante "Faça meu dia".<br />

Este livro é um guia para extrair sentido do que não tem. Como psicólogo e, na última década,<br />

jomalista de The New York Times, venho acompanhando a evolução de nossa compreensão<br />

científica do campo do irracional. Dessa posição, chamaram-me a atenção duas tendências opostas,<br />

uma que retrata uma calamidade cada vez maior em nossa vida emocional comum, outra que<br />

oferece alguns remédios auspiciosos.<br />

POR QUE ESTE EXAME AGORA ?<br />

A última década, apesar das notícias ruins, também assistiu a uma explosão sem paralelos de<br />

estudos científicos da emoção. O mais sensacional são as visões do cérebro em funcionamento,<br />

possibilitadas por métodos inovadores como as novas tecnologias para obter imagens desse órgão.<br />

Elas tomaram visível, pela primeira vez na história humana, o que sempre foi uma fonte de<br />

profundo mistério: exatamente como age essa intricada massa de células, quando pensamos,<br />

imaginamos e sonhamos. Essa inundação de dados neurobiológicos permite-nos entender mais<br />

claramente que nunca como os centros nervosos nos levam à ira ou às lágrimas, e, como partes mais<br />

antigas do cérebro, que nos incitam a fazer a guerra e o amor, são canalizadas para o melhor ou o<br />

pior.<br />

Essa luz sem precedentes sobre os mecanismos das emoções e suas deficiências põe em foco alguns<br />

novos remédios para nossa crise emocional coletiva.<br />

Tive de esperar que a colheita científica estivesse suficientemente completa para escrever este livro.<br />

Essas intuições saem tão atrasadas em grande parte porque o lugar dos sentimentos na vida mental<br />

foi surpreendentemente desprezado pela pesquisa ao longo dos anos, deixando as emoções como<br />

um continente em grande parte inexplorado pela psicologia científica. Nesse vazio, despejou-se uma<br />

enxurrada de livros de auto-ajuda, conselhos bem-intencionados baseados, na melhor das hipóteses,<br />

em opiniões clínicas, mas sem muita base científica, se alguma existia. Hoje a ciência pode<br />

finalmente abordar com autoridade essas questões urgentes e desorientadoras da psique, no que ela<br />

tem de mais irracional, para mapear com alguma precisão o coração humano.

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