Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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27.04.2013 Views

amígdala e outros centros límbicos - ,assim como um pai que impede um filho impulsivo de pegar uma coisa e o manda, em vez disso, pedir direito (ou esperar) o que quer. A chave de "desligar" fundamental da emoção aflitiva parece ser o lobo pré-frontal esquerdo. Neuropsicólogos que estudam humores de pacientes com danos em partes dos lobos frontais determinaram que uma das tarefas do lobo pré-frontal esquerdo é agir como um termostato nervoso, regulando emoções desagradáveis. Os lobos pré-frontais direitos são um local de sentimentos negativos, como medo e agressão, enquanto os esquerdos refreiam essas emoções brutas, provavelmente inibindo o lobo direito. Num grupo de pacientes que sofreram derrame, por exemplo, aqueles cujas lesões haviam sido no córtex pré-frontal esquerdo tinham tendência a preocupações e medos catastróficos; os com lesões no direito eram ' exageradamente animados"; durante os exames neurológicos, faziam piadas com tudo e mostravam-se tão descontraídos que visivelmente nem se preocupavam com como se haviam saído. E depois houve o caso do marido feliz: um homem cujo lobo pré-frontal direito fora parcialmente removido numa cirurgia para correção de uma malformação do cérebro. A mulher contou aos médicos que depois da operação o marido sofrera uma mudança radical de personalidade, passando a irritar-se com menos facilidade e, estava feliz em dizer, tornando-se mais carinhoso. O lobo pré-frontal esquerdo, em suma, parece fazer parte de um circuito neural que pode desligar, ou pelo menos amortecer, quase todos os impulsos negativos mais fortes da emoção. Se a amígdala muitas vezes age como um disparador de emergência, o lobo pré-frontal esquerdo parece fazer parte da chave de "desligar” a emoção perturbadora: a amígdala propõe, o lobo pré-frontal dispõe. Essas ligações pré-frontallímbicas são cruciais na vida mental muito além do simples refinamento da emoção; são essenciais para fazer-nos navegar em meio às decisões que mais contam na vida. HARMONIZANDO EMOÇÃO E PENSAMENTO As ligações entre a amígdala (e estruturas límbicas relacionadas) e o neocórtex são o centro das batalhas ou tratados de cooperação entre a cabeça e o coração, o pensamento e o sentimento. Esses circuitos explicam por que a emoção é tão crucial para o pensamento efetivo, tanto no tomar decisões sensatas quanto simplesmente permitindo pensar com clareza. Vejam o poder das emoções de perturbar o próprio pensamento. Os neurocientistas usam o termo "memória funcional" para a capacidade de atenção que guarda na mente os fatos essenciais para concluir uma determinada tarefa ou problema, sejam os aspectos ideais que buscamos numa casa quando examinamos vários prospectos, sejam os elementos de um problema de raciocínio num teste. O córtex pré-frontal é a região do cérebro responsável pela memória funcional. Mas os circuitos que vão do cérebro límbico aos lobos pré-frontais significam que os sinais de forte emoção ansiedade, ira e afins-podem criar estática neural, sabotando a capacidade do lobo pré-frontal de manter a memória funcional. É por isso que, quando estamos emocionalmente Perturbados, dizemos: "Simplesmente não consigo pensar direito" e porque a contínua perturbação emocional cria deficiências nas aptidões intelectuais da criança, mutilando a capacidade de aprender. Essas deficiências, quando mais sutis, nem sempre aparecem em testes de QI, embora se revelem em avaliações neuropsicológicas mais dirigidas, bem como na contínua agitação e impulsividade da criança. Num estudo, por exemplo, descobriu-se com esses testes que meninos de escola primária com contagens de QI acima da média, mas de fraco rendimento escolar, tinham uma deficiência no funcionamento do córtex frontal. Também eram impulsivos e ansiosos, muitas vezes perturbadores

e dados a meter-se em apuros - sugerindo um falho controle pré-frontal sobre os impulsos límbicos. Apesar de seu potencial intelecctual, são essas crianças que correm maiores riscos de problemas como fracasso acadêmico, alcoolismo e criminalidade não por deficiência intelectual, mas porque o controle que têm sobre sua vida emocional é insuficiente. O cérebro emocional, bastante distinto das regiões corticais reveladas pelos testes de QI, controla igualmente ira e piedade. Esses circuitos emocionais são esculpidos pela experiência durante toda a infância e deixamos essa experiências absolutamente ao acaso, para nosso risco. Pensem, também, no papel das emoções mesmo na mais "racional" tomada de decisão. Num trabalho com implicações de longo alcance para a compreensão da vida mental, o Dr. Antonio Damasio, neurologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Iowa, fez meticulosos estudos sobre o que, exatamente, está comprometido nos pacientes com danos no circuito pré-frontalamígdala. 0 processo decisório deles é muitíssimo falho - e no entanto não revelam absolutamente nenhuma deterioração no Ql ou em qualquer capacidade cognitiva. Apesar da inteligência intata, fazem escolhas desastrvsas nos negócios e nas vidas pessoais e podem mesmo entrar em interminável obsessão sobre uma decisão tão simples como quando marcar um encontro. O Dr. Damasio diz que as decisões são tão malfeitas porque eles perderam acesso a seu aprendizado emocional. Como ponto de encontro entre pensamento e emoção, o circuito pré-frontal-amígdala é uma entrada crucial para o repositório rio de preferências e aversões que adquirimos ao longo de uma existência. Desligado gado da memória emocional na amígdala, qualquer coisa que o neocórtex medite não mais dispara as reações emocionais a ela associadas no passado tudo assume uma neutralidade cinzenta. Um estímulo, seja um bichinho de estimação preferido ou um conhecido detestado, não desperta mais atração nem aversão; esses pacientes "esqueceram" todas essas lições emocionais porque não têm mais acesso ao lugar onde elas estão armazenadas na amígdala. Indicações como essa levam o Dr. Damasio à posição antiintuitiva de que os sentimentos são tipicamente indispensáveis nas decisões racionais; põem-nos na direção certa, onde a lógica fria pode então ser de melhor uso. Enquanto o mundo muitas vezes nos põe diante de uma gama difícil de opções (Como investir a poupança da aposentadoria? Com quem se casar?), o aprendizado emocional que a vida nos deu (como a lembrança de um desastroso investimento ou uma separação dolorosa) nos envia sinais que facilitam a decisão, eliminando algumas opções e destacando outras no início. Assim, diz o Dr. Damasio, o cérebro emocional está tão envolvido no raciocínio quanto o cérebro pensante. As emoções, portanto, contam para a racionalidade. Na dança de sentimento e pensamento, a faculdade emocional guia nossas decisões a cada momento, trabalhando de mãos dadas com a mente racional e capacitando ou incapacitando o próprio pensamento. Do mesmo modo, o cérebro pensante desempenha uma função executiva em nossas emoções a não ser naqueles momentos em que as emoções escapam ao controle e o cérebro emocional corre solto. Num certo sentido, temos dois cérebros, duas mentes e dois tipos diferentes de inteligência: racional e emocional. Nosso desempenho na vida é determinado pelas duas não é apenas o Ql, mas a inteligência emocional que conta. Na verdade, o intelecto não pode dar o melhor de si sem a inteligência emocional. Em geral, a complementaridade de sistema límbico e neocórtex, amígdala e lobos pré-frontais significa que cada um é um parceiro integral na vida mental. Quando esses parceiros interagem bem, a inteligência emocional aumenta e também a capacidade intelectual.

amígdala e outros centros límbicos - ,assim como um pai que impede um filho impulsivo de pegar<br />

uma coisa e o manda, em vez disso, pedir direito (ou esperar) o que quer.<br />

A chave de "desligar" fundamental da emoção aflitiva parece ser o lobo pré-frontal esquerdo.<br />

Neuropsicólogos que estudam humores de pacientes com danos em partes dos lobos frontais<br />

determinaram que uma das tarefas do lobo pré-frontal esquerdo é agir como um termostato nervoso,<br />

regulando emoções desagradáveis. Os lobos pré-frontais direitos são um local de sentimentos<br />

negativos, como medo e agressão, enquanto os esquerdos refreiam essas emoções brutas,<br />

provavelmente inibindo o lobo direito. Num grupo de pacientes que sofreram derrame, por exemplo,<br />

aqueles cujas lesões haviam sido no córtex pré-frontal esquerdo tinham tendência a preocupações e<br />

medos catastróficos; os com lesões no direito eram ' exageradamente animados";<br />

durante os exames neurológicos, faziam piadas com tudo e mostravam-se tão descontraídos que<br />

visivelmente nem se preocupavam com como se haviam saído. E depois houve o caso do marido<br />

feliz: um homem cujo lobo pré-frontal direito fora parcialmente removido numa cirurgia para<br />

correção de uma malformação<br />

do cérebro. A mulher contou aos médicos que depois da operação o marido sofrera uma mudança<br />

radical de personalidade, passando a irritar-se com menos facilidade e, estava feliz em dizer,<br />

tornando-se mais carinhoso.<br />

O lobo pré-frontal esquerdo, em suma, parece fazer parte de um circuito neural que pode desligar,<br />

ou pelo menos amortecer, quase todos os impulsos negativos mais fortes da emoção. Se a amígdala<br />

muitas vezes age como um disparador de emergência, o lobo pré-frontal esquerdo parece fazer parte<br />

da chave de "desligar”<br />

a emoção perturbadora: a amígdala propõe, o lobo pré-frontal dispõe. Essas ligações pré-frontallímbicas<br />

são cruciais na vida mental muito além do simples refinamento da emoção; são essenciais<br />

para fazer-nos navegar em meio às decisões que mais contam na vida.<br />

HARMONIZANDO EMOÇÃO E PENSAMENTO<br />

As ligações entre a amígdala (e estruturas límbicas relacionadas) e o neocórtex são o centro das<br />

batalhas ou tratados de cooperação entre a cabeça e o coração, o pensamento e o sentimento. Esses<br />

circuitos explicam por que a emoção é tão crucial para o pensamento efetivo, tanto no tomar<br />

decisões sensatas quanto simplesmente permitindo pensar com clareza.<br />

Vejam o poder das emoções de perturbar o próprio pensamento. Os neurocientistas usam o termo<br />

"memória funcional" para a capacidade de atenção que guarda na mente os fatos essenciais para<br />

concluir uma determinada tarefa ou problema, sejam os aspectos ideais que buscamos numa casa<br />

quando examinamos vários prospectos, sejam os elementos de um problema de raciocínio num teste.<br />

O córtex pré-frontal é a região do cérebro responsável pela memória funcional. Mas os circuitos que<br />

vão do cérebro límbico aos lobos pré-frontais significam que os sinais de forte emoção ansiedade,<br />

ira e afins-podem criar estática neural, sabotando a capacidade do lobo pré-frontal de manter a<br />

memória funcional. É por isso que, quando estamos emocionalmente Perturbados, dizemos:<br />

"Simplesmente não consigo pensar direito" e porque a contínua perturbação emocional cria<br />

deficiências nas aptidões intelectuais da criança, mutilando a capacidade de aprender.<br />

Essas deficiências, quando mais sutis, nem sempre aparecem em testes de QI, embora se revelem<br />

em avaliações neuropsicológicas mais dirigidas, bem como na contínua agitação e impulsividade da<br />

criança. Num estudo, por exemplo, descobriu-se com esses testes que meninos de escola primária<br />

com contagens de QI acima da média, mas de fraco rendimento escolar, tinham uma deficiência no<br />

funcionamento do córtex frontal. Também eram impulsivos e ansiosos, muitas vezes perturbadores

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