Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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27.04.2013 Views

peixes e répteis gira em torno dele, pois sua sobrevivência depende de localizar constantemente predadores ou presa. - Esse sistema cerebral primitivo, menor, nos mamíferos, é o principal sistema cerebral nos não mamíferos, diz LeDoux. Oferece um meio muito rápido de ligar emoções. Mas é um processo rápido e malfeito: as células são rápidas, mas não muito precisas. Essa imprecisão, digamos, num esquilo, é ótima, já que o leva a errar do lado de segurança,afastando-se aos saltos ao primeiro sinal de qualquer coisa que possa anunciar o aparecimento de um inimigo, ou saltando sobre qualquer sinal de alguma coisa comestível. Mas na vida emocional humana pode ter conseqüên cias desastrosas para nossas relações, pois significa, falando de modo figurado que podemos saltar em cima ou fugir da coisa - ou pessoa - errada. (Pensenr por exemplo, na garçonete que derrubou uma bandeja com seis jantares, quando viu de relance uma mulher de cabelos ruivos ondulados - exatamente iguais aos daquela por quem seu marido a deixara). Esses rudimentares erros emocionais baseiam-se no sentimento anterior a, pensamento. LeDoux chama isso de "emoção precognitiva", uma reação baseada em fragmentos neurais de informação sensorial que não foram completamente classificados e integrados num objeto reconhecível. É uma forma muito grosseira de informação sensorial, meio semelhante, em termos neurais, a um programa tipo, Qual é a Música, onde, em vez de julgamentos instantâneos feitos com base numas poucas notas, toda uma percepção é captada com base nas primeira partes indefinidas. Se a amígdala capta o surgimento de um padrão sensorial importante, salta logo para uma conclusão, disparando suas reações antes de haver confirmação total da prova - ou absolutamente confirmação nenhuma. Não admira que tenhamos tão pouca intuição das trevas de nossas emoções mais explosivas, sobretudo enquanto elas ainda nos mantêm escravos. A amígdala reage num delírio de raiva ou medo antes de o córtex saber o que está acontecendo, porque essa emoção bruta é disparada independentemente do pensamento e o antecede. O ADMINISTRADOR DAS EMOÇÕES A filha de seis anos de uma amiga, Jessica, passava a primeira noite fora, em casa de uma colega, e não era claro quem estava mais nervosa com isso, a mãe ou a filha. Embora a mãe tentasse disfarçar para Jessica a intensa ansiedade que sentia, sua tensão atingiu o mais alto limite por volta da meianoite, quando e preparava se preparava para deitar-se e ouviu o telefone tocar. Largando a escova de dentes, correu a tes, correu a atender, o coração disparado, imagens de Jessica em terrível aflição correndo-lhe pela mente. Agarrou o fone, e explodiu: - Jessica! E ouviu uma voz de mulher dizer: - Ah, acho que disquei o número errado... Com isso, a mãe recuperou a serenidade, e, num tom educado, comedido, perguntou: - Que número você discou?

Enquanto a amígdala trabalha preparando uma reação ansiosa e impulsiva, outra parte do cérebro emocional possibilita uma resposta mais adequada, corretiva. A chave do amortecedor cerebral das ondas repentinas da amígdala parece localizar-se na outra ponta de um circuito principal do neocórtex, nos lobos pré-frontais, logo atrás da testa. O córtex pré-frontal parece agir quando alguém está assustado ou zangado, mas sufoca ou controla o sentimento para tratar com mais eficácia da situação imediata, ou quando uma reavaliação exige uma resposta completamente diferente, como no caso da mãe preocupada ao telefone. Essa região neocortical do cérebro traz uma resposta mais analítica ou adequada aos nossos impulsos emocionais, modulando a amígdala e outras áreas límbicas. Em geral, as áreas pré-frontais governam nossas reações emocionais desde o início. A maior projeção de informação sensorial do tálamo, lembrem, não vai para a amígdala, mas para o neocórtex e seus muitos centros, que a absorvem e dão sentido ao que se está percebendo; essa informação e nossa resposta a ela são coordenadas pelos lobos pré-frontais, o local de planejar e organizar ações para um objetivo, incluindo os emocionais. No neocórtex, uma série em cascata de circuitos registra e analisa essa informação, compreende-a, e, por meio dos lobos Pré-frontais organiza uma reação. Se no processo se exige uma resposta emocional, os lobos pré-frontais a ditam, trabalhando em comum com a amígdala e outros circuitos no cérebro emocional. Essa progressão, que permite discernimento na resposta emocional, é o esquema padrão, com a significativa exceção das emergências emocionais. Quando uma emoção dispara, em poucos momentos os lobos pré-frontais efetuam o equivalente a um cálculo da proporção de risco/vantagem das miríades de reações possíveis e apostam que uma delas é melhor. Nos animais, quando atacar, quando fugir. E quanto a nós humanos... quando atacar, quando fugir-e também quando apaziguar, persuadir, atrair simpatia, fechar-se em copas, provocar culpa, lamentar-se, assumir uma fachada de bravata, mostrar desprezo e assim por diante, correndo todo o repertório de ardis emocionais. A resposta neocortical é mais lenta em tempo cerebral que o mecanismo de seqüestro porque envolve mais circuitos. Também é mais criteriosa e ponderada, pois mais pensamento antecede o sentimento. Quando registramos uma perda e ficamos tristes, ou nos alegramos com uma vitória, ou refletirnos sobre alguma coisa que alguém disse ou fez e depois ficamos magoados ou zangados, é o neocórtex agindo. Como acontece com a amígdala, sem o funcionamento dos lobos pré-frontais grande parte da vida emocional desapareceria; sem a compreensão de que alguma coisa merece uma resposta emocional, não vem nenhuma. Neurologistas suspeitavam desse papel dos lobos pré-frontais nas emoções desde o advento, na década de 40, daquele "tratamento" cirúrgico um tanto desesperado e tristemente enganoso para a doença mental: a lobotomia pré-frontal, que (muitas vezes malfeita) removia parte dos lobos pré-frontais ou seccionava de outro modo as ligações entre o córtex préfrontal e o cérebro inferior. Nos dias anteriores a qualquer medicação eficaz para a doença mental, a lobotomia foi saudada como a resposta para a perturbação emocional grave era só cortar as ligações entre os lobos pré-frontais e o resto do cérebro, que se "aliviava" a aflição do paciente. Infelizmente, o preço era que a vida emocional da maioria dos pacientes parecia ir embora também. Destruíra-se o circuito-chave. Supõe-se que os seqüestros emocionais envolvem duas dinâmicas: o disparo da amígdala e a não ativação dos processos neocorticais que em geral mantêm o equilíbrio da resposta emocional ou um recrutamento das zonas neocorticais para a urgência emocional. Nesses momentos, a mente racional é inundada pela emocional. Uma das maneiras de o neocórtex agir como eficiente administrador da emoção - avaliando as reações antes de agir - é amortecer os sinais para a ativação enviados pela

Enquanto a amígdala trabalha preparando uma reação ansiosa e impulsiva, outra parte do cérebro<br />

emocional possibilita uma resposta mais adequada, corretiva. A chave do amortecedor cerebral das<br />

ondas repentinas da amígdala parece localizar-se na outra ponta de um circuito principal do<br />

neocórtex, nos lobos pré-frontais, logo atrás da testa. O córtex pré-frontal parece agir quando<br />

alguém está assustado ou zangado, mas sufoca ou controla o sentimento para tratar com mais<br />

eficácia da situação imediata, ou quando uma reavaliação exige uma resposta completamente<br />

diferente, como no caso da mãe preocupada ao telefone.<br />

Essa região neocortical do cérebro traz uma resposta mais analítica ou adequada aos nossos<br />

impulsos emocionais, modulando a amígdala e outras áreas límbicas.<br />

Em geral, as áreas pré-frontais governam nossas reações emocionais desde o início. A maior<br />

projeção de informação sensorial do tálamo, lembrem, não vai para a amígdala, mas para o<br />

neocórtex e seus muitos centros, que a absorvem e dão sentido ao que se está percebendo; essa<br />

informação e nossa resposta a ela são coordenadas pelos lobos pré-frontais, o local de planejar e<br />

organizar ações para um objetivo, incluindo os emocionais. No neocórtex, uma série em cascata de<br />

circuitos registra e analisa essa informação, compreende-a, e, por meio dos lobos Pré-frontais<br />

organiza uma reação. Se no processo se exige uma resposta emocional, os lobos pré-frontais a ditam,<br />

trabalhando em comum com a amígdala e outros circuitos no cérebro emocional.<br />

Essa progressão, que permite discernimento na resposta emocional, é o esquema padrão, com a<br />

significativa exceção das emergências emocionais.<br />

Quando uma emoção dispara, em poucos momentos os lobos pré-frontais efetuam o equivalente a<br />

um cálculo da proporção de risco/vantagem das miríades de reações possíveis e apostam que uma<br />

delas é melhor. Nos animais, quando atacar, quando fugir. E quanto a nós humanos... quando atacar,<br />

quando fugir-e também quando apaziguar, persuadir, atrair simpatia, fechar-se em copas, provocar<br />

culpa, lamentar-se, assumir uma fachada de bravata, mostrar desprezo e assim por diante, correndo<br />

todo o repertório de ardis emocionais.<br />

A resposta neocortical é mais lenta em tempo cerebral que o mecanismo de seqüestro porque<br />

envolve mais circuitos. Também é mais criteriosa e ponderada, pois mais pensamento antecede o<br />

sentimento. Quando registramos uma perda e ficamos tristes, ou nos alegramos com uma vitória, ou<br />

refletirnos sobre alguma coisa que alguém disse ou fez e depois ficamos magoados ou zangados, é o<br />

neocórtex agindo.<br />

Como acontece com a amígdala, sem o funcionamento dos lobos pré-frontais grande parte da vida<br />

emocional desapareceria; sem a compreensão de que alguma coisa merece uma resposta emocional,<br />

não vem nenhuma. Neurologistas suspeitavam desse papel dos lobos pré-frontais nas emoções<br />

desde o advento, na década de 40, daquele "tratamento" cirúrgico um tanto desesperado e<br />

tristemente enganoso para a doença mental: a lobotomia pré-frontal, que (muitas vezes malfeita)<br />

removia parte dos lobos pré-frontais ou seccionava de outro modo as ligações entre o córtex préfrontal<br />

e o cérebro inferior. Nos dias anteriores a qualquer medicação eficaz para a doença mental, a<br />

lobotomia foi saudada como a resposta para a perturbação emocional grave era só cortar as ligações<br />

entre os lobos pré-frontais e o resto do cérebro, que se "aliviava" a aflição do paciente. Infelizmente,<br />

o preço era que a vida emocional da maioria dos pacientes parecia ir embora também. Destruíra-se<br />

o circuito-chave.<br />

Supõe-se que os seqüestros emocionais envolvem duas dinâmicas: o disparo da amígdala e a não<br />

ativação dos processos neocorticais que em geral mantêm o equilíbrio da resposta emocional ou um<br />

recrutamento das zonas neocorticais para a urgência emocional. Nesses momentos, a mente racional<br />

é inundada pela emocional. Uma das maneiras de o neocórtex agir como eficiente administrador da<br />

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