27.04.2013 Views

Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Se as famílias não mais funcionam eficientemente para dar a todas as nossas crianças uma base<br />

firme na vida, que vamos fazer? Uma olhada mais cuidadosa na mecânica dos problemas<br />

específicos sugere como determinados dados sobre aptidões emocionais ou sociais deitam as<br />

fundações para graves problemas e como corretivos ou preventivos bem orientados podem manter<br />

mais crianças na linha<br />

DOMANDO A AGRESSÃO Em minha escola primária, o garoto valentão era Jimmy, quartanista<br />

quando entrei na primeira sérle. Era o garoto que roubava o dinheiro da nossa merenda, tomava<br />

nossa bicicleta, preferia bater-nos a conversar conosco.<br />

Era o arruaceiro clássico,partindo para a briga à menor provocação, ou sem provocação. Todos<br />

tínhamos medo dele e mantínhamos distância. Todos o detestavam e temiam; ninguém queria<br />

brincar com ele. Era como se a toda parte que ele fosse no pátio um invisível guarda-costas<br />

afastasse as crianças da frente.<br />

Garotos como Jimmy são visivelmente perturbados. Mas o que talvez seja menos óbvio é que uma<br />

agressividade tão flagrante na infância é um sinal de perturbações emocionais e outras futuras.<br />

Jimmy já estava na cadeia por agressão aos dezesseis anos.<br />

O legado para toda a vida da agressividade na infância de garotos como Jimmy tem surgido em<br />

muitos estudos. Como vimos, a vida familiar dessas crianças agressivas inclui, tipicamente, pais que<br />

altemam abandono com castigos severos e arbitrários, um padrão que, talvez compreensivelmente,<br />

torna a criança meio paranóica ou combativa.<br />

Nem todas as crianças iradas são valentões; algumas são marginalizados sociais retraídos, que<br />

reagem com exagero às provocações ou ao que encaram como ofensas ou injustiças. Mas a falha<br />

perceptiva que une essas crianças é que vêem ofensa onde não há, imaginando que os colegas Ihe<br />

são mais hostis do que na verdade são. Isso as leva a tomar atos neutros como ameaçadores um<br />

inocente esbarro é visto como uma vingança e a atacar em retribuição. Isso, claro, leva as outras<br />

crianças a evitá-las, isolando-as mais ainda. Essas crianças zangadas, isoladas, são muitíssimo<br />

sensíveis a injustiças e a serem tratadas sem isenção.<br />

Vêem-se, tipicamente, como vítimas e podem recitar uma lista de exemplos em que, digamos, os<br />

professores as culpam por terem feito alguma coisa que na verdade não fizeram. Outra característica<br />

dessas crianças é que, uma vez no calor da raiva, só pensam num modo de reagir: na porrada.<br />

Vêem-se essas distorções perceptivas em ação numa experiência em que valentõe são combinados<br />

com crianças mais pacíficas para uma sessão de vídeos.<br />

Num dos vídeos, um garoto deixa cair os livros quando outro esbarra nele, e as crianças em redor<br />

riem; o garoto que deixou cair os livros se zanga e tenta ba ter num dos que riram. Quando os<br />

garotos que viram o vídeo conversam sobre ele depois, o valentão sempre vê o garoto que bateu<br />

como certo. Mais revelador ainda, quando têm de classificar a agressividade dos garotos durante a<br />

discus são do vídeo, os valentões vêem o garoto que esbarrou no outro como mais combativo e a<br />

raiva do menino que bateu como justificada.<br />

Essa pressa em julgar denuncia uma profunda distorção perceptiva nas pessoas em geral agressivas:<br />

agem com base na presunção de hostilidade ou ameaça, dando muito pouca atenção ao que de fato<br />

se passa. Assim que presumem ameaça saltam em ação. Por exemplo, se um garoto agressivo joga<br />

xadrez com outro que mexe uma pedra fora de hora, ele interpreta a jogada como trapaça".<br />

sem parar para descobrir se foi um erro inocente. Sua suposição é mais de maldade que de inocência;<br />

e a reação, de hostilidade automática. Juntamente com a percepção reflexa de um ato hostil, vem<br />

uma agressão igualmente automática; em vez de, digamos, indicar ao outro garoto que ele cometeu

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!