Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
Daniel Goleman - Inteligencia Emocional Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
A resposta mais clara a esta pergunta vem do trabalho de Jerone Kagan, o eminente psicólogo desenvolvimental da Universidade de Harvard. Ele afirma que existem pelo menos quatro tipos de temperamento tímido, ousado, otimista e melancólico e que cada um se deve a um diferente padrão de atividade cerebral.Provavelmente, há inúmeras diferenças de herança temperamental, cada uma baseada em diferenças inatas nos circuitos emocionais; em qualquer determinada emoção, as pessoas podem diferir na facilidade com que ela dispara, no quanto dura, na intensidade que alcança.O trabalho de Kaganse concentra num deses padrões: a dimensão de temperamento que vai da ousadia à timidez. Durante décadas, mães têm levado seus bebês e filhos pequenos ao laboratório de Desenvolvimento Infantil de Kagan, no décimo quarto andar do William James Hall, em Harvard, para participar de estudos de desenvolvimento da criança. Foi ali que Kagan e seus co-pesquisadores notaram primeiros sinais de timidez nim grupo de crianças de um ano e nove meses levadas para observações experimentais. Nas brincadeiras com outras crianças, algumas eram esfuziantes e espontâneas,brincando com os outros bebês sem a menos hesitação. Outras, porém, mostravam-se inseguras e hesitantes ficando de fora, grudando-se às mães, quietinhas olhando as outras.Quase quatro anos depois, quando essas mesmas crianças estavam no jardim de infância, o grupo de Kagan voltou a observá-las. Nos anos seguintes, nenhuma das crianças abertas se tornara tímida, enquanto dois terços da tímidas continuavam reticentes. Kagan constata que as crianças demasiado sensíveis e medrosas tornam-se adultos tímidos e timoratos; desde o nascimento cerca de 15 a 20 por cento das crianças são comportamentalmente inbidas, como ela as chama. Em bebês, essas crianças são tímidas com tudo que não lhes é familiar. Isso as torna exigentes quando se trata de comer coisas novas, relutantes em aproximar-se de novos animais ou lugares, e tímidas em presença, de estranhos.Também as torna sensíveis de outras formas, por exemplo, inclinadas à culpa e à auto-recriminação. Sào as crianças que se tornam paralisantemente ansiosas em situações sociais: na sala de aula e no pátio de recreio, quando encontram novas pessoas, sempre que os refletores socias caem sobre elas. Em adultos, tendem a ficar pelos cantos e têm um medo mórbido de fazer um discurso ou apresentar-se em público. Tom, um dos meninos no estudo de Kagan, é típico do tipo. Em toda medição durante a infância, dois, cinco e sete anos, ficou entre crianças mais tímidas. Quando entrevistado aos treze,Tom estava tenso e rígido,mordendo o lábio e torcendo as mãos, o rosto impassivo, abrindo-se num sorriso preso apenas quando falava de sua namorada; respostas curtas, maneiras contidas.Por todos os anos médicos da infância,até cerca dos onze anos,Tom lembra que foi muitíssimo tímido, inundando-se de suor sempre que tinha de se aproximar de colegas de brincadeiras.Também era perturbado por medos intensos: de sua casa pegar fogo, de mergulhar numa piscina, de ficar sozinho no escuro. Em pesadelos frequentes, era atacado por monstros.Embora tenha se sentido menos tímido nos últimos dois anos mais ou menos,ainda sente certa ansiedade em presença de outros meninos, e suas preocupações agora se centram em sair-se bem na escola,embora esteja entre os 5 por cento do topo de sua classe.Filho de um cientista, acha atraente uma carreira nesse campo,uma vez que a relativa solidão serve às suas inclinações introvertidas. Em contraste, Ralph foi uma das mais ousadas e abertas crianças em todas as idades. Sempre descontraído e falador, aos treze anos recostava-se à vontade na cadeira, não tinha maneirismos nervosos e falava num tom confiante, amistoso como se o entrevistador fosse um colega embora a
diferença de idade entre eles fosse de vinte e cinco anos. Na infância, tivera apenas dois temores, de curta duração um de cachorros, depois que um cachorro o atacou aos três anos, e outro de voar, depois de saber de um acidente de avião, aos sete anos. Sociável e popular, Ralph jamais se julgou tímido. As crianças tímidas parecem entrar na vida com circuitos neurais que as tomam mais reativas mesmo a tensões brandas desde o nascimento, seus corações batem mais rápido que os de outras crianças em resposta a situações estranhas ou novas. Com um ano e nove meses, quando os bebês reticentes ficavam de fora das brincadeiras, monitores de ritmo cardíaco mostravam que seus corações disparavam de ansiedade. Essa ansiedade facilmente despertada parece estar por trás de sua timidez a vida toda: eles tratam cada nova pessoa ou situação como uma ameaça potencial. Talvez como resultado disso, as mulheres de meia-idade que lembram ter sido especialmente timidas na infância, quando comparadas com outras crianças mais abertas, tendem a atravessar a vida com mais temores, preocupações e culpas, e a sofrer mais de problemas ligados à tensão, como enxaquecas, intestinos irritáveis e males estomacais. A NEUROQUIMICA DA TIMIDEZ Kagan acredita que a diferença entre o cauteloso Tom e o ousado Ralph está na excitabilidade de um circuito neural centrado na amígdala. Ele sugere que pessoas como Tom, inclinadas ao medo, nascem com uma neuroquímica que torna esse circuito facilmente estimulável, e por isso elas evitam o desconhecido, do recuam da incerteza e sofrem ansiedade. Aquelas que, como Ralph, têm um sistema nervoso calibrado com um limiar muito mais alto de estimulação da amígdala, se assustam com menos facilidade, são mais naturalmente abertas e ávidas por explorar novos lugares e conhecer novas pessoas. Um primeiro indício do padrão herdado por uma criança é até onde se mostra irritável e difícil em bebê, e até onde se perturba quando diante de alguma coisa sa ou alguém que não conhece. Enquanto cerca de um em cinco bebês se encaixa na categoria dos tímidos, cerca de dois em cinco têm temperamento ousado-pelo menos ao nascer. Parte dos indícios de Kagan vem de observações de gatos incomumente tímidos. Cerca de um em sete gatos domésdcos tem um padrão de medo semelhante ao das crianças tímidas: afasta-se das coisas novas (em vez de exibir a lendária curiosidade do gato), reluta em explorar novos territórios e ataca apenas os roedores menores, por ser demasiado tímido para enfrentar os maiores, que seus colegas felinos mais corajosos caçariam com prazer. Sondagens diretas no cérebro descobriram que partes da amígdala são incomumente excitáveis nesses gatos, sobretudo quando, por exemplo, ouvem o rosnado ameaçador de outro gato. A timidez dos gatos surge com cerca de um mês de idade, que é o ponto em que sua amígdala amadurece o bastante para assumir o controle dos circuitos do cérebro que mandam abordar ou evitar. Um mês de amadurecimento do cérebro de um gatinho equivale a oito num bebê humano; é aos oito ou nove meses, observa Kagan, que o medo ao "estranho" aparece nos bebês - se a mãe abandona o aposento e há um estranho presente, o resultado é choro. Kagan afirrna que as crianças tímidas podem ter herdado cronicamente altos níveis de norepinefrina ou outros produtos químicos cerebrais que ativam a amígdala e com isso criam um baixo limiar de excitabilidade, fazendo a amígdala disparar com mais facilidade. Um dos sinais dessa maior sensibilidade é que, por exemplo, quando se medem em laboratório rapazes e moças, muito tímidos em criança, expostos a tensões como maus cheiros, o ritmo cardíaco deles condnua muito mais elevado que o dos colegas mais abertos um sinal de que a onda de norepinefrina mantém sua amígdala excitada e, através de circuitos neurais relacionados, tarnbém o sistema nervoso simpático. Kagan constatou que as crianças tímidas têm níveis mais altos de
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diferença de idade entre eles fosse de vinte e cinco anos. Na infância, tivera apenas dois temores, de<br />
curta duração um de cachorros, depois que um cachorro o atacou aos três anos, e outro de voar,<br />
depois de saber de um acidente de avião, aos sete anos. Sociável e popular, Ralph jamais se julgou<br />
tímido.<br />
As crianças tímidas parecem entrar na vida com circuitos neurais que as tomam mais reativas<br />
mesmo a tensões brandas desde o nascimento, seus corações batem mais rápido que os de outras<br />
crianças em resposta a situações estranhas ou novas. Com um ano e nove meses, quando os bebês<br />
reticentes ficavam de fora das brincadeiras, monitores de ritmo cardíaco mostravam que seus<br />
corações disparavam de ansiedade. Essa ansiedade facilmente despertada parece estar por trás de<br />
sua timidez a vida toda: eles tratam cada nova pessoa ou situação como uma ameaça potencial.<br />
Talvez como resultado disso, as mulheres de meia-idade que lembram ter sido especialmente<br />
timidas na infância, quando comparadas com outras crianças mais abertas, tendem a atravessar a<br />
vida com mais temores, preocupações e culpas, e a sofrer mais de problemas ligados à tensão, como<br />
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Kagan acredita que a diferença entre o cauteloso Tom e o ousado Ralph está na excitabilidade de<br />
um circuito neural centrado na amígdala. Ele sugere que pessoas como Tom, inclinadas ao medo,<br />
nascem com uma neuroquímica que torna esse circuito facilmente estimulável, e por isso elas<br />
evitam o desconhecido, do recuam da incerteza e sofrem ansiedade. Aquelas que, como Ralph, têm<br />
um sistema nervoso calibrado com um limiar muito mais alto de estimulação da amígdala, se<br />
assustam com menos facilidade, são mais naturalmente abertas e ávidas por explorar novos lugares<br />
e conhecer novas pessoas.<br />
Um primeiro indício do padrão herdado por uma criança é até onde se mostra irritável e difícil em<br />
bebê, e até onde se perturba quando diante de alguma coisa sa ou alguém que não conhece.<br />
Enquanto cerca de um em cinco bebês se encaixa na categoria dos tímidos, cerca de dois em cinco<br />
têm temperamento ousado-pelo menos ao nascer.<br />
Parte dos indícios de Kagan vem de observações de gatos incomumente tímidos. Cerca de um em<br />
sete gatos domésdcos tem um padrão de medo semelhante ao das crianças tímidas: afasta-se das<br />
coisas novas (em vez de exibir a lendária curiosidade do gato), reluta em explorar novos territórios<br />
e ataca apenas os roedores menores, por ser demasiado tímido para enfrentar os maiores, que seus<br />
colegas felinos mais corajosos caçariam com prazer. Sondagens diretas no cérebro descobriram que<br />
partes da amígdala são incomumente excitáveis nesses gatos, sobretudo quando, por exemplo,<br />
ouvem o rosnado ameaçador de outro gato.<br />
A timidez dos gatos surge com cerca de um mês de idade, que é o ponto em que sua amígdala<br />
amadurece o bastante para assumir o controle dos circuitos do cérebro que mandam abordar ou<br />
evitar. Um mês de amadurecimento do cérebro de um gatinho equivale a oito num bebê humano; é<br />
aos oito ou nove meses, observa Kagan, que o medo ao "estranho" aparece nos bebês - se a mãe<br />
abandona o aposento e há um estranho presente, o resultado é choro. Kagan afirrna que as crianças<br />
tímidas podem ter herdado cronicamente altos níveis de norepinefrina ou outros produtos químicos<br />
cerebrais que ativam a amígdala e com isso criam um baixo limiar de excitabilidade, fazendo a<br />
amígdala disparar com mais facilidade.<br />
Um dos sinais dessa maior sensibilidade é que, por exemplo, quando se medem em laboratório<br />
rapazes e moças, muito tímidos em criança, expostos a tensões como maus cheiros, o ritmo cardíaco<br />
deles condnua muito mais elevado que o dos colegas mais abertos um sinal de que a onda de<br />
norepinefrina mantém sua amígdala excitada e, através de circuitos neurais relacionados, tarnbém o<br />
sistema nervoso simpático. Kagan constatou que as crianças tímidas têm níveis mais altos de