Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
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pergunta Richard Davidson, o psicólogo da Universidade de Wisconsin que descobriu o papel do<br />
córtex pré-frontal esquerdo como um amortecedor de angústia.<br />
Numa experiência de laboratório em que as pessoas primeiro aprendiam a ter aversão a um ruído<br />
alto um paradigma do medo aprendido, e um discreto paralelo do PTSD Davidson constatou que as<br />
pessoas que tinham mais atividade no córtex pré-frontal esquerdo superavam mais rapidamente o<br />
medo adquirido, o que também sugere um papel cortical na liberação da angústia aprendida.<br />
REEDUCANDO O CÉREBRO EMOCIONAL<br />
Uma das mais estimulantes descobertas sobre o PTSD veio de um estudo com sobreviventes do<br />
Holocausto, cerca de três quartos dos quais se constatou terem ativos sintomas de PTSD mesmo<br />
meio século depois. A descoberta positiva foi que um quarto dos sobreviventes outrora perturbados<br />
por tais sintomas não mais os tinham; de algum modo, os fatos naturais de suas vidas haviam<br />
contrabalançado o problema. Os que ainda tinham os sintomas mostravam indícios de mudanças<br />
cerebrais relacionadas à catecolamina típicas do PTSD - mas os que se haviam recuperado não<br />
tinham tais mudanças. Essa descoberta e outras iguais oferecem a promessa de que as mudanças<br />
cerebrais no PTSD não são indeléveis, e que as pessoas podem recuperar-se mesmo das mais<br />
angustiantes cicatrizes emocionais em suma, que os circuitos emocionais podem ser reeducados. A<br />
notícia boa, assim, é que traumas profundos como os que causam o PTSD podem ser curados, e que<br />
a rota para essa cura passa pelo reaprendizado<br />
Uma das formas como essa cura emocional parece ocorrer espontaneamente pelo menos em<br />
crianças é por meio de jogos como o Purdy. Essas brincadeiras, feitas repetidas vezes, permitem que<br />
as crianças revivam o drama em segurança, como brincadeira. Isso oferece duas rotas de cura: de<br />
um lado, a memória repete o contexto de baiu ansiedade, dessensibilizando-a e permitindo que um<br />
conjunto de respostas não traumatizadas se associem a ela. Outra rota de cura é que, na mente delas,<br />
as crianças podem magicamente dar à tragédia outro resultado, melhor: às vezes, ao brincarem de<br />
Purdy, elas o matam, fortalecendo seu senso de domínio sobre aquele traumático momento de<br />
impotência<br />
Brincadeiras como a de Purdy são previsíveis em crianças pequenas que passaram por.uma<br />
violência tão arrasadora. Essas brincadeiras macabras em crianças traumatizadas foram observadas<br />
pela primeira vez pela Dra. Lenore Terr, uma psiquiatra infantil de San Francisco. Ela encontrou-as<br />
entre crianças de Chochilla, Califórnia a pouco mais de uma hora, pelo Central Valley, de Stockton,<br />
onde Purdy criou aquele inferno que em 1973 haviam sido seqüestradas quando voltavam de ônibus<br />
de um acampamento de verão. Os seqüestradores enterraram o ônibus, com as crianças e tudo,<br />
numa provação que durou vinte e sete horas<br />
Cinco anos depois, a Dra. Terr descobriu o seqüestro ainda sendo reencenado nas brincadeiras das<br />
vítimas. As meninas, por exemplo, faziam seqüestros simbólicos com suas bonecas Barbie. Uma<br />
delas, que detestara a sensação da urina das outras crianças em sua pele, quando se amontoavam<br />
juntas aterroriza das, nao parava de dar banho em sua Barbie. Outra brincava de Barbie Viajante,<br />
em que a boneca viaja para algum lugar não importa onde e retoma em segurança,que é o objetivo<br />
dabrincadeira.<br />
O preferido de outra menina era um cenário em que a boneca é metida num buraco e sufoca.<br />
Enquanto os adultos que passaram por um trauma arrasador podem sofrer um entorpecimento<br />
psíquico, bloqueando a lembrança ou sensação da catástrofe, a psique das crianças muitas vezes lida<br />
diferentemente com ele. A Dra. Terr acredita que elas se tomam menos freqüentemente<br />
entorpecidas para o trauma porque usam a fantasia, as brincadeiras e os devaneios para lembrar e<br />
repensar suas provações. Essas reencenações voluntárias do trauma parecem desviar a necessiclade