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Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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se que as mudanças nesses circuitos es tão por trás dos sintomas do PTSD, que incluem ansiedade,<br />

medo, hipervigilância, fácil irritação e provocação, disposição para lutar-ou-fugir, e indelével<br />

codificação de intensas lembranças emocionais.8 Um estudo constatou que os veteranos do Vietnã<br />

com PTSD tinham 45 por cento menos receptores para deter a catecolamina do que homens sem<br />

esses sintomas o que sugere que o cére bro deles sofrera uma mudança duradoura, com mal controle<br />

da secreção de catecolamina.<br />

Outras mudanças se dão no circuito que liga o cérebro límbico à glandula pituitária, que regula a<br />

liberação de CRF, o principal hormônio de tensão que o corpo secreta para mobilizar a resposta<br />

lutar-ou-fugir numa emergência. As mudanças levam a uma supersecreção desse hormônio -<br />

sobretudo na amígdala, hipotálamo e locus ceruleus alertando o corpo para uma emergência que na<br />

verdade não existe.<br />

Como me disse o Dr. Charles Nemeroff, psiquiatra da Universidade Duke:<br />

- O excesso de CRF faz a gente reagir com exagero. Por exemplo, se você é um veterano do Vietnã<br />

com PTSD e ouve o estampido do cano de descarga de um carro no estacionamento do shopping<br />

center, é o disparo de CRF que o inunda com os mesmos sentimentos do trauma original: você<br />

começa a suar, fica com medo, tem arrepios e tremores, pode ter flashbacks Nas pessoas que<br />

hipersecretam CRF, a reação de susto é superativa. Por exemplo, se você chegar sorrateiramente por<br />

detrás de alguém e bater as mãos de repente, verá um pulo de susto na primeira vez, mas não na<br />

terceira ou quarta. Mas as pessoas com excesso de CRF não se habituam: reagem tanto à quarta<br />

palma quanto à primeira.<br />

Um terceiro conjunto de mudanças ocorre no sistema opióidico do cérebro que secreta endorfinas<br />

para amortecer a sensação de dor. Também ele se toma hiperativo. Esse circuito neural também<br />

envolve a amígdala, desta vez em combinação com uma região do córtex cerebral. Os opióides são<br />

produtos químicos do cérebro, poderosos agentes entorpecentes, como o ópio e outros narcóticos,<br />

seus primos químicos. Quando com altos níveis de opióides ("a morfina própria do cérebro"), as<br />

pessoas têm uma maior tolerância à dor um efeito que foi observado em campos de batalha por<br />

cirurgiões que descobriram que soldados seriamente feridos precisavam de doses mais baixas de<br />

narcóticos para agüentar a dor do que civis com ferimentos muito menos sérios.<br />

Alguma coisa semelhante parece ocorrer no PTSD. Mudanças na endorfina dão uma nova dimensão<br />

à mistura neural pela reexposição ao trauma: um entorpecimento de certas sensações. Isso parece<br />

explicar um conjunto de sintomas psicológicos "negativos" há muito notados no PTSD: anedonia<br />

(incapa-<br />

cidade de sentir prazer) e um embotamento emocional generalizado, a sensação de estar isolado da<br />

vida ou do interesse pelos sentimentos dos outros. Os ínti mos dessas pessoas podem sentir essa<br />

indiferença como ausência de empatia. Ou tro possível efeito é a dissociação, incluindo a<br />

incapacidade de lembrar minutos, horas ou mesmo dias cruciais do fato traumático.<br />

As mudanças gerais do PTSD também parecem tornar a pessoa mais susceptível a outras<br />

traumatizações. Vários estudos com animais constataram que mesmo expostos a uma tensão branda<br />

quando jovens, eram muito mais vulneráveis que os animais não tensos a mudanças no cérebro<br />

provocadas por um trauma mais adiante na vida (o que sugere a necessidade urgente de tratar<br />

crianças com PTSD).<br />

Esse parece ser um dos motivos pelos quais, expostas a uma mesma catástrofe, uma pessoa fica com<br />

PTSD e outra não: a amígdala é preparada para descobrir perigo, e quando a vida Ihe apresenta mais<br />

uma vez um perigo concreto, seu alarme sobe ao mais alto volume.

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