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Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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As vítimas de um trauma devastador talvez jamais voltem a ser as mesmas biologicamente disse-me<br />

o Dr. Dennis Chamey.S Psiquiatra de Yale, ele é diretor de neurociência clínica no Centro Nacional.<br />

Não importa se foi o incessante terror do combate, da tortura ou dos repetidos maus-tratos na infan<br />

cia ou uma experiência única, como ver-se preso num furacão ou quase morrer num acidente de<br />

carro. Toda tensão incontrolável pode ter o mesmo efeito biológico<br />

A palavra-chave é incontrolável. Se as pessoas sentem que podem fazer alguma coisa numa<br />

situação catastrófica, exercer algum controle, por menor que seja, saem-se melhor, em termos<br />

emocionais, do que as que se sentem absolutamente impotentes. O elemento de impotência é que<br />

torna um determinado fato subjetivamente arrasador. Como me disse o Dr. John Krystal, diretor do<br />

Laboratório de Psicofarmacologia Clínica do centro:<br />

- Digamos que alguém que é atacado com uma faca sabe se defender e age, enquanto outra pessoa<br />

na mesma situação pensa: "Estou morto." A pessoa impotente é a mais susceptível de PTSD depois.<br />

É a sensação de que a vida da gente está em perigo e a gente não pode fazer nada para escapar: é<br />

esse o momento em que começa a mudança no cérebro.<br />

A impotência como o coringa na provocação do PTSD foi demonstrada em dezenas de estudos<br />

sobre pares de ratos de laboratório, cada um numa gaiola diferente, cada um recebendo leves mas,<br />

para um rato, bastante tensionantes choques elétricos de idêntica severidade. Só que um dos ratos<br />

tem uma alavanca em sua gaiola; quando ele a empurra, o choque cessa nas duas gaiolas.<br />

Durante dias e semanas, os ratos recebem precisamente a mesma quantidade de choques. Mas o que<br />

tem o poder de desligar os choques sai sem sinais duradouros<br />

de tensão. Só no rato impotente é que ocorrem as mudanças no cérebro induzidas pela tensão. Para<br />

uma criança que é alvejada no pátio de uma escola, que vê os coleguinhas sangrando e morrendo ou<br />

para um professor ali, incapaz de deter a carnificina a impotência deve ter sido palpável.<br />

O PTSD COMO DISTÚRBIO LÍMBICO<br />

Fazia meses que um enorme terremoto a jogara para fora da cama e a fizera sair gritando em pânico<br />

pela casa às escuras à procura do filho de quatro anos. Os dois passaram horas abraçados na fria<br />

noite de Los Angeles, sob a proteção de um vão de porta, presos ali sem comida, água ou luz, com<br />

as sucessivas ondas de tremores posteriores revolvendo o solo a seus pés. Hoje, meses depois, ela já<br />

recuperou em grande parte do pânico imediato que se apoderava dela nos primeiros dias depois,<br />

quando o bater de uma porta a fazia começar a tremer de medo. O único sintoma que ficou foi a<br />

impossibilidade de dormir, um problema que só a ataca nas noites em que o marido está ausente<br />

como na noite do terremoto.<br />

Os principais sintomas desse medo aprendido inclusive o tipo mais intenso, o PTSD podem ser<br />

explicados por mudanças nos circuitos límbicos que se concentram na amígdala. Algumas das<br />

mudanças-chave se dão no locus ceruleus, uma estrutura que regula a secreção pelo cérebro de suas<br />

substâncias, chamadas catecolaminas a adrenalina e a noradrenalina. Esses produtos neuroquímicos<br />

mobilizam o corpo para uma emergência; a mesma onda de catecolamina grava lembranças com<br />

uma força especial. No PTSD, esse sistema torna-se hiper-reativo, secretando doses extragrandes<br />

desses produtos químicos do cérebro, em resposta a situações que apresentam pouca ou nenhuma<br />

ameaça, mas que de algum modo são lembretes do trauma original, como as crianças da Escola<br />

Primária Cleveland que entravam em pânico quando ouviam uma sirene de ambulância semelhante<br />

às que tinham ouvido na escola após o tiroteio.<br />

O locus ceruleus e a amígdala estão estreitamente ligados, junto com outras estruturas límbicas<br />

como o hipocampo e o hipotálamo: os circuitos das catecolaminas estendem-se até o córtex. Julga-

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