Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
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"perderam o controle", explodiram com alguém - o marido ou filho, ou quem sabe o motorista de<br />
outro carro - a tal ponto que depois, com um pouco de reflexão e visão retrospectiva, a coisa<br />
pareceu-lhes imprópria. Isso, com toda probabilidade, foram também um desses seqüestros, uma<br />
tomada de poder neural, que, como veremos se origina na amígdala, um centro no cérebro límbico.<br />
Nem todos os seqüestros límbicos são aflitivos. Quando uma piada parece a alguém tão hilariante<br />
que a risada é quase explosiva, também isso é uma resposta límbica. Funciona igualmente em<br />
momentos de intensa alegria quando Dan Jansen, após vários frustrantes na conquista da medalha<br />
de ouro olímpica de corrida de de patins (que prometera à irmã agonizante), finalmente ganhou-a<br />
nos 1.000 metros, nas Olimpíadas de Invemo na Noruega, sua mulher foi tão tomada pela emoção e<br />
felicidade que teve de ser levada às pressas aos médicos do pronto-socorro na beira do rinque.<br />
A SEDE DE TODA PAIXÃO<br />
Nos seres humanos, a amígdala (da palavra grega para "amêndoa") é um feixe, em forma de<br />
amêndoa, de estruturas interligadas situado acima do tronco cerebral, perto da parte inferior do anel<br />
límbico. Há duas amígdalas, uma de cada da lado do cérebro, instaladas mais para o lado da cabeca.<br />
A amídala humana é relativamente grande, em comparação com a de qualquer dos nossos primos<br />
evolucionários mais próximos, os primatas.<br />
O hipocampo e a amígdala eram duas partes-chave do primitivo "nariz cerebral" que, na evolução,<br />
deu origem ao córtex e depois ao neocórtex. Até hoje, essas estruturas límbicas são responsáveis<br />
por grande ou a maior parte do aprendizado e da memória do cérebro; a amígdala é a especialista<br />
em questões emocionais. Se for cortada do resto do cérebro, o resultado é uma impressionante<br />
incapacidade de avaliar o significado emocional dos fatos; esse mal é às vezes chamado de<br />
"cegueira afetiva".<br />
Sem peso emocional, os encontros perdem seu domínio. Um rapaz cuja amígdala fora<br />
cirurgicamente removida para controlar sérios ataques perdeu por completo o interesse pelas<br />
pessoas, preferindo sentar-se isolado, sem nenhum contato humano. Embora fosse perfeitamente<br />
capaz de conversar, não reconhecia mais amigos íntimos, parentes, nem mesmo a mãe, e ficava<br />
impassível diante da angústia deles com sua indiferenca. Sem a amígdala, parecia ter perdido toda<br />
identificação de sentimento, assim como qualquer sentimento sobre sentimentos. A amígdala atua<br />
como um depósito da memória emocional, e portanto do próprio significado; a vida sem a amígdala<br />
é uma vida privada de significados emocionais.<br />
O que está ligado à amígdala é mais que a afeição; toda paixão depende dela.<br />
Os animais que têm a amígdala retirada ou cortada não sentem medo nem raiva, perdem o impulso<br />
de competir ou cooperar e não têm mais nenhum senso do lugar que ocupam na ordem social de sua<br />
espécie; a emoção fica embotada ou ausente. As lágrimas, um sinal emocional exclusivo dos seres<br />
humanos, são provocadas pela amígdala e uma estrutura próxima, a circunvolução cingulada;<br />
ser abraçado, alisado ou de outro modo confortado acalma essas mesmas regiões cerebrais. Sem<br />
amígdala, não há lágrimas de dor para acalmar.<br />
Joseph LeDoux, neurocientista do Centro de Ciência Neural da Universidade de Nova Iorque, foi o<br />
primeiro a descobrir o papel-chave da amígdala no cérebro emocional. Ele faz parte de um novo<br />
tipo de neurocientistas, que recorrem a tecnologias e métodos inovadores, responsáveis por um<br />
nível de precisão antes desconhecido no mapeamento do cérebro em funcionamento, e assim podem<br />
desvendar mistérios da mente que gerações anteriores de cientistas julgavam impenetráveis. Suas<br />
descobertas sobre os circuitos do cérebro emocional puseram abaixo uma noção há muito existente