Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
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Ela não está movendo o joystic tanto assim diz Ann a Carl, exasperada Enquanto as lágrimas<br />
começam a rolar pelas faces de Leslie, nenhum dos pais dá qualquer sinal de notar ou ligar. Quando<br />
Leslie ergue a mão para enxugar os olhos, o pai corta:<br />
Tudo bem, pegue esse joystick .. vai precisar estar pronta pra disparar.<br />
Tudo bem, pegue!<br />
E a mãe berra:<br />
Tudo bem, mexa só um pouquinho!<br />
Mas a essa altura Leslie soluça baixinho, sozinha com sua angústia.<br />
Em momentos assim, as crianças aprendem profundas lições. Para Leslie, uma das conclusões desse<br />
doloroso diálogo talvez seja de que nem seus pais nem ninguém mais se importa com o que ela<br />
sente. Quando momentos assim se repetem incontáveis vezes durante a infância, transmitem<br />
algumas das mais fundamentais mensagens emocionais de toda uma vida lições que podem<br />
determinar o curso de uma vida. A vida familiar é nossa primeira escola de aprendizado emocional;<br />
nesse caldeirão íntimo aprendemos como nos sentir em relação a nós mesmos e como outros vão<br />
reagir a nossos sentimentos; como pensar e que escolhas temos ao reagir; como ler e manifestar<br />
esperanças e temores. Esse aprendizado emocional atua não apenas por meio das coisas que os pais<br />
fazem e dizem diretamente às crianças, mas também nos modelos que oferecem para lidar com os<br />
próprios sentimentos e os que passam entre marido e mulher. Alguns pais são professores<br />
emocionais talentosos, outros atrozes.<br />
Centenas de estudos mostram que a maneira de os pais tratarem os filhos com rígida disciplina ou<br />
empática compreensão, indiferença ou simpatia, e assim por diante tem conseqüências profundas e<br />
duradouras para a vida emocional da criança. Mas só recentemente surgiram dados concretos<br />
mostrando que o fato de ter pais emocionalmente inteligentes é em si de enorme proveito para a<br />
criança. A maneira como um casal lida com os sentimentos entre si além do seu trato direto com a<br />
criança passa poderosas lições a elas, que são aprendi zes astutas, sintonizadas com os mais sutis<br />
intercambios emocionais na família.<br />
Quando equipes de pesquisa chefiadas por Carole Hooven e John Gottman, na Universidade de<br />
Washington, fizeram uma microanálise das interações em casais sobre como os cônjuges tratavam<br />
os filhos, constataram que os mais emocionalmente competentes no casamento eram também os<br />
mais eficientes na ajuda aos filhos em seus altos e baixos emocionais.<br />
As famílias eram vistas pela primeira vez quando um de seus filhos tinha apenas cinco anos, e de<br />
novo quando chegava aos nove. Além de observar os pais conversarem um com o outro, a equipe de<br />
pesquisa também observava as famílias (incluindo a de Leslie) quando o pai ou a mãe tentavam<br />
mostrar ao filho pequeno como operar um video game - uma interação aparentemente inócua, mas<br />
bastante reveladora sobre as correntes emocionais entre pais e filhos.<br />
Alguns pais e mães eram como Carl e Ann: impositivos, perdendo a paciência com a inépcia do<br />
filho, elevando a voz enojados ou exasperados, às vezes até mesmo chamando o filho de 'idiota" em<br />
suma, deixando-se tomar pela mesma tendência ao desprezo e ao nojo que corrói um casamento.<br />
Outros, porém, eram pacientes ientes com os erros dos filhos, ajudando-o a entender o jogo à sua<br />
própria maneira sem impor a vontade dos pais. A sessão de videogame era um barômetro<br />
surpreendentemente poderoso do estilo emocional dos pais.<br />
Os três mais comuns estilos paternos emocionalmente ineptos revelaram ser: