Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
Daniel Goleman - Inteligencia Emocional
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Mas esses centros Superiores não controlam toda a vida emocional; nos problemas cruciais do<br />
coração -e mais especialmente nas emergências emocionais - pode-se dier que eles se submetem ao<br />
sistema límbico. Como tantos dos centros superiores se desenvolveram a partir do âmbito da região<br />
límbica ou a ampliaram, o cérebro emocional desempenha uma função decisiva na arquitetura<br />
neural. Como raiz da qual surgiu o cérebro mais novo, as áreas emocionais entrelaçam-se, através<br />
de milhares de circuitos de ligação, com todas as partes do neocórtex. Isso dá aos centros<br />
emocionais imensos poderes de influenciar o funcionament do resto do cérebro - incluindo seus<br />
centros de pensamento.<br />
2 . ANATOMIA DE UM SEQUESTRO EMOCIONAL<br />
A vida é uma comédia para os que pensam e uma tragédia para os que sentem.(Horace Walpole)<br />
Era uma tarde quente de agosto em 1963, o mesmo dia em que o reverendo Martin Luther King Jr.<br />
fez o discurso "Eu tenho um sonho" numa marcha pelos direitos civis em Washington. Naquele dia,<br />
Richard Robles, um ladrão contumaz, que acabara de ser posto em liberdade condicional de uma<br />
sentença de três anos, por mais de uma centena de arrombamentos que fizera para sustentar o vício<br />
de heroína, decidiu fazer mais um. Queria abandonar o crime, alegou mais tarde, mas precisava<br />
desesperadamente de dinheiro para a namorada e a filha dos dois, de três anos.<br />
O apartamento que arrombou naquele dia pertencia a duas moças, Janice Wylie, de vinte e um anos,<br />
pesquisadora na revista Newsweek, e Emily Hoffert, vinte e três, professora primária. Embora<br />
Robles houvesse escolhido o apartamento no luxuoso Upper East Side de Nova lorque para<br />
arrombar por achar que não havia ninguém lá, Janice estava em casa. Ameaçando-a com uma faca,<br />
ele a amarrou. Quando ia saindo, entrou Emily. Para garantir a fuga, Robles começou a amarrá-la<br />
também.<br />
Segundo conta Robles anos mais tarde, enquanto amarrava Emily, Janice Wylie advertiu-o de que<br />
não sairia impune daquele crime: ia lembrar o rosto dele e ajudar a polícia a localizá-lo. Robles, que<br />
prometera a si mesmo ser aquele o seu último arrombamento, entrou em pânico com isso, perdendo<br />
completamente o controle. Num frenesi, pegou uma garrafa de soda e bateu nas moças até deixá-las<br />
inconscientes; depois, tomado de raiva e medo, retalhou-as e esfaqueou-as repetidas vezes com uma<br />
faca de cozinha. Revendo aquele momento, vinte e cinco anos depois, Robles lamentava:<br />
- Fiquei maluco. Minha cabeça simplesmente explodiu.<br />
Até hoje, tem muito tempo para se arrepender daqueles poucos minutos de fúria desenfreada.<br />
Enquanto escrevo, ele continua na prisão, algumas décadas depois, pelo que se tomou conhecido<br />
como o "Assassinato das Executivas".<br />
Tais explosões emocionais são seqüestros neurais. Nesses momentos, sugerem os indícios, um<br />
centro no cérebro límbico proclama uma emergência, recrutando o resto do cérebro para seu plano<br />
de urgência. O seqüestro ocorre num instante, disparando essa reação crucial momentos antes de o<br />
neocórtex, o cérebro pensante, ter tido uma oportunidade de ver tudo que está acontecendo, quanto<br />
mais de decidir se é uma boa idéia. A marca característica desse seqüestro é que assim que passa o<br />
momento, os assim possuídos têm a sensação de não saber o que deu neles.<br />
Esses seqüestros não são de modo algum incidentes isolados e horrendos, que levam a crimes<br />
brutais como o Assassinato das Executivas. De forma menos catastrófica - mas não necessariamente<br />
menos intensa - ocorrem conosco com muita freqüência. Lembrem a última vez em que vocês