Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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27.04.2013 Views

qual outros estudos mostram que pacientes médicos que recebem psicoterapia além da cirurgia ou tratamento médico muitas vezes se dão melhor em termos médicos do que os que recebem apenas tratamento médico. Talvez a mais poderosa demonstração do poder clínico do apoio emocional esteja nos grupos, na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, para mulheres com avançado câncer metastático no seio. Após um tratamento inicia que muitas vezes incluíra cirurgia, o câncer dessas mulheres voltara e espalha va-se por todo o corpo. Era só uma questão de tempo, clinicamente falando para que a doença, expandindo-se, as matasse. O próprio Dr. David Spiegel, que fez o estudo, ficou espantado com as constatações, como ficou a comunidade médica: as mulheres com avançado câncer no seio que iam a reuniões regulares com outras sobreviviam duas vezes mais que as com a mesma doença que a enfrentavam sozinhas. Todas as mulheres receberam a assistência médica padrão; a única diferença era que algumas também freqüentavam os grupos, onde podiam desabafar com outras que compreendiam o que elas enfrentavam e estavam dispostas a ouvir os seus temores, sua dor e ira. Muitas vezes esse era o único lugar onde as mulheres podiam ser francas sobre essas emoções, porque as outras pessoas em suas vidas temiam falar-lhes do cancer e da morte iminente delas. As mulheres que freqüentavam os grupos viveram mais três anos e um mês, em média, enquanto as que não freqüentavam os grupos morreram, em média, em um ano e sete meses um ganho em expectativa de vida para essas pacientes além do alcance de qualquer remédio ou outro tratamento médico. Como me disse o Dr. Jimmie Holland, oncologista psiquiátrico chefe do Sloan-Kettering Memorial Hospital, um centro de tratamento de câncer na Cidade de Nova lorque: - Todo paciente de cancer devia estar num grupo desses. Na verdade, se fosse uma nova droga que produzisse essa maior expectativa de vida, as empresas farmacêuticas estariam se engalfinhando para produzi-la. LEVANDO A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL AOS CUIDADOS MÉDICOS No dia em que um checkup de rotina encontrou um pouco de sangue em minha urina, meu rnédico me mandou fazer um teste de diagnóstico em que me injetaram uma tintura radiativa. Fiquei deitado numa mesa, enquanto uma máquina de raios X acima fazia sucessivas imagens do avanço da tintura pelos meus rins e bexiga. Eu tinha companhia no teste: um amigo íntimo, médico, por acaso me fazia uma visita de alguns dias e ofereceu-se para ir ao hospital comigo. go. Ficou sentado na sala enquanto a máquina de raio X, num trilho automáticO, rodava em busca de novos ângulos de câmera, zumbia e soltava estalidos; zumbia e soltava estalidos. O teste levou uma hora e meia. No fim, um especialista em rins entrou correndo na sala, apresentouse às pressas e desapareceu para ir ver as chapas. Não voltou para me dizer o que elas mostravam. Quando deixávamos a sala de exame, meu amigo e eu passamos pelo nefrologista. Sentindo-me abalado e um tanto estonteado pelo teste, não tive a presença de espírito de fazer a única pergunta que tinha em mente durante toda a manhã. Mas meu companheiro, o médico, fez: Doutor - disse o pai de meu amigo morreu de cancer na bexiga. Ele está ansioso para saber se o senhor viu algum sinal de cancer nas chapas. Nada de anormal - foi a sucinta resposta do nefrologista, que corria para seu próximo compromisso

Minha incapacidade de fazer a única pergunta que mais me importava é repetida mil vezes por dia em hospitais e clínicas por toda parte. Um estudo de pacientes em salas de espera de médicos constatou que cada um tinha uma média de três ou mais perguntas a fazer ao médico que iam consultar. Mas quando deixavam o consultório, uma média de apenas uma e meia dessas perguntas fora respondida. Essa constatação revela uma das muitas formas como as necessidades emocionais dos pacientes ficam sem atendimento da medicina modema. Perguntas não respondidas alimentam incerteza, medo, catastrofização. E levam os pacientes a resistir a seguir regimes de tratamento que não entendem plenamente. Há muitas formas de a medicina expandir sua visão da saúde e incluir as realidades emocionais da doença. Entre outras, oferecer rotineiramente aos pacientes informação essencial mais completa para as decisões que eles têm de tomar sobre sua própria assistência médica; alguns serviços hoje oferecem a qualquer consulente a última palavra na busca por computador da literatura médica do que os aflige, para que sejam parceiros mais iguais de seus médicos, tomando decisões informadas. Outro método são os programas que, em poucos minutos, ensinam aos pacientes a ser eficientes interrogadores de seus médicos, para que, quando tiverem três perguntas enquanto esperam ser atendidos, saiam do consultório com três respostas. Os momentos em que os pacientes enfrentam uma cirurgia ou testes invasores e dolorosos são prenhes de ansiedade - e uma oportunidade ideal para lidar com a dimensão emocional. Alguns hospitais criaram instruções pré-cirurgia que os ajuda a aliviar seus temores e lidar com seus desconfortos - por exemplo, ensinandO aos pacientes técnicas de relaxamento, respondendo a suas perguntas muitO antes da cirurgia, e dizendo-lhes vários dias antes dela precisamente o que é provável que vão sentir durante a recuperação. Resultado: os pacientes recuperam-se da cirurgia uma média de dois a três dias mais cedo. Ser paciente num hospital é uma experiência tremendamente solitária e desamparada. Mas alguns hospitais começaram a projetar quartos onde membros da família podem ficar com os pacientes, cozinhando e cuidando deles como o fariam em casa - um passo progressista que, ironicamente, é rotina em todo o Terceiro Mundo. O treinamento para relaxar ajuda os pacientes a lidar com parte da angustia que trazem os sintomas, e também com as emoções que podem estar provocando ou exacerbando esses sintomas. Um modelo exemplar é a Clínica de Redução da Tensão de Jon Kabat-Zinn, no Centro Médico da Universidade de Massachusetts que oferece aos pacientes um curso de dois meses e meio de conscientiza ção e ioga; a ênfase é em tomar consciência dos episódios emocionais à medida que ocorrem, e no cultivo de uma prática diaria que proporciona profundo relaxamento. Os hospitais fizeram fitas de instrução do curso que podem ser vistos nos televisores dos pacientes uma dieta emocional muito melhor para os acamados que a gororoba habitual das telenovelas. Relaxamento e ioga estão também no centro do programa inovador para o tratamento de doenças cardíacas criado pelo Dr. Dean Ornish. Após um ano desse programa, que incluía uma dieta pobre em gordura, os pacientes com problema cardíaco suficientemente severo para merecer uma ponte de safena na verdade revertiam a acumulação das placas que obstruíam as artérias. Ornish disse-me que o treinamento para relaxar é uma das partes mais importantes do programa. Como o de Kabat- Zinn, aproveita o que o Dr. Herbert Benson chama de "resposta de relaxamento", o oposto fisiológico da estimulação da tensão que contribui para um tão amplo espectro de problemas médicos.

Minha incapacidade de fazer a única pergunta que mais me importava é repetida mil vezes por dia<br />

em hospitais e clínicas por toda parte. Um estudo de pacientes em salas de espera de médicos<br />

constatou que cada um tinha uma média de três ou mais perguntas a fazer ao médico que iam<br />

consultar. Mas quando deixavam o consultório, uma média de apenas uma e meia dessas perguntas<br />

fora respondida. Essa constatação revela uma das muitas formas como as necessidades emocionais<br />

dos pacientes ficam sem atendimento da medicina modema.<br />

Perguntas não respondidas alimentam incerteza, medo, catastrofização. E levam os pacientes a<br />

resistir a seguir regimes de tratamento que não entendem plenamente.<br />

Há muitas formas de a medicina expandir sua visão da saúde e incluir as realidades emocionais da<br />

doença. Entre outras, oferecer rotineiramente aos pacientes informação essencial mais completa<br />

para as decisões que eles têm de tomar sobre sua própria assistência médica; alguns serviços hoje<br />

oferecem a qualquer consulente a última palavra na busca por computador da literatura médica do<br />

que os aflige, para que sejam parceiros mais iguais de seus médicos, tomando decisões informadas.<br />

Outro método são os programas que, em poucos minutos, ensinam aos pacientes a ser eficientes<br />

interrogadores de seus médicos, para que, quando tiverem três perguntas enquanto esperam ser<br />

atendidos, saiam do consultório com três respostas.<br />

Os momentos em que os pacientes enfrentam uma cirurgia ou testes invasores e dolorosos são<br />

prenhes de ansiedade - e uma oportunidade ideal para lidar com a dimensão emocional. Alguns<br />

hospitais criaram instruções pré-cirurgia que os ajuda a aliviar seus temores e lidar com seus<br />

desconfortos - por exemplo, ensinandO aos pacientes técnicas de relaxamento, respondendo a suas<br />

perguntas muitO antes da cirurgia, e dizendo-lhes vários dias antes dela precisamente o que é<br />

provável que vão sentir durante a recuperação. Resultado: os pacientes recuperam-se da cirurgia<br />

uma média de dois a três dias mais cedo.<br />

Ser paciente num hospital é uma experiência tremendamente solitária e desamparada. Mas alguns<br />

hospitais começaram a projetar quartos onde membros da família podem ficar com os pacientes,<br />

cozinhando e cuidando deles como o fariam em casa - um passo progressista que, ironicamente, é<br />

rotina em todo o Terceiro Mundo.<br />

O treinamento para relaxar ajuda os pacientes a lidar com parte da angustia que trazem os sintomas,<br />

e também com as emoções que podem estar provocando ou exacerbando esses sintomas. Um<br />

modelo exemplar é a Clínica de Redução da Tensão de Jon Kabat-Zinn, no Centro Médico da<br />

Universidade de Massachusetts que oferece aos pacientes um curso de dois meses e meio de<br />

conscientiza ção e ioga; a ênfase é em tomar consciência dos episódios emocionais à medida que<br />

ocorrem, e no cultivo de uma prática diaria que proporciona profundo relaxamento. Os hospitais<br />

fizeram fitas de instrução do curso que podem ser vistos nos televisores dos pacientes uma dieta<br />

emocional muito melhor para os acamados que a gororoba habitual das telenovelas.<br />

Relaxamento e ioga estão também no centro do programa inovador para o tratamento de doenças<br />

cardíacas criado pelo Dr. Dean Ornish. Após um ano desse programa, que incluía uma dieta pobre<br />

em gordura, os pacientes com problema cardíaco suficientemente severo para merecer uma ponte de<br />

safena na verdade revertiam a acumulação das placas que obstruíam as artérias. Ornish disse-me<br />

que o treinamento para relaxar é uma das partes mais importantes do programa. Como o de Kabat-<br />

Zinn, aproveita o que o Dr. Herbert Benson chama de "resposta de relaxamento", o oposto<br />

fisiológico da estimulação da tensão que contribui para um tão amplo espectro de problemas<br />

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