27.04.2013 Views

Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Se alguém programado para uma cirurgia me diz que está em pânico naquele dia e não quer passar<br />

por tudo aquilo, eu cancelo a cirurgia. E explica:<br />

Todo cirurgião sabe que as pessoas muito apavoradas se dão mal na cirurgia.<br />

Sangram demais, têm mais infecções e complicações. Têm mais dificuldade para recuperar-se. É<br />

muito melhor que estejam calmas.<br />

O motivo é direto: o pânico e a ansiedade aumentam a pressão sanguínea, e veias distendidas pela<br />

pressão sangram mais profusamente quando cortadas pela faca do cirurgião. O excesso de<br />

sangramento é uma das mais problemáticas complicaçõ es cirúrgicas, e às vezes leva à morte.<br />

Além dessas histórias médicas, os indícios em favor da importância clínica das emoções acumulamse<br />

constantemente. Talvez o dado mais compulsório sobre a importância médica da emoção venha<br />

de uma análise em massa combinando resultados de 101 estudos menores num único grande, com<br />

vários milhares de homens e mulheres. O estudo confirma que as emoções perturbadoras fazem mal<br />

à saúde em certa medida. Descobriu-se que pessoas que sofriam de ansiedade crônica, longos<br />

períodos de tristeza e pessimismo, incessante tensão ou hostilidade, implacável ceticismo ou<br />

desconfiança corriam duplo risco de doença incluindo asma, artrite, dores de cabeça, úlceras<br />

pépticas e males cardíacos (cada uma delas representante de grandes e amplas categorias de doença).<br />

Essa ordem de magnitude toma as emoções perturbadoras um fator de risco tão tóxico quanto,<br />

digamos, o fumo ou o colesterol alto para a doença cardíaca em outras palavras, uma grande ameaça<br />

para a saúde.<br />

Claro, trata-se de uma ligação estatística generalizada, e de nenhum modo indica que todos que têm<br />

esses sentimentos crônicos cairão mais facilmente presas de doenças. Mas os indícios de um potente<br />

papel da emoção na doença são muito mais extensos do que mostra esse estudo de estudos. Uma<br />

olhada mais detalhada aos dados das emoções específicas, sobretudo as três grandes-ira, ansiedade e<br />

depressão torna mais claras algumas formas específicas em que os sentimentos têm importância<br />

médica, mesmo que os mecanismos biológicos pelos quais essas emoções exercem seus efeitos<br />

ainda não estejam plenamente entendidos.<br />

Quando a Ira é Suicida<br />

Algum tempo atrás, disse o homem, uma batida no lado de seu carro levou a uma longa e frustrante<br />

jornada. Após a interminável burocracia da empresa de seguro e oficinas que causaram mais danos,<br />

ainda devia 800 dólares. E nem fora culpa dele. Ficou tão farto que sempre que entrava no carro era<br />

tomado de repugnância. Acabou vendendo-o, frustrado. Anos depois, essas lembranças ainda o<br />

deixavam lívido de indignacão.<br />

Essa amarga lembrança foi trazida de volta propositalmente, como parte de um estudo da ira em<br />

pacientes cardíacos, na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford. Todos os pacientes no<br />

estudo tinham, como esse homem ressentido, sofrido um ataque cardíaco, e a questão era se a ira<br />

podia ter algum tipo de impacto significativo sobre suas funções cardíacas. O efeito foi<br />

impressionante: enquanto os pacientes contavam os incidentes que os tinham deixado furiosos, a<br />

eficiência de bombeamento do coração caía cinco pontos percentuais. Alguns dos pacientes<br />

mostravam uma queda de eficiência de 7 por cento ou mais - uma faixa que os cardiologistas<br />

encaram como um sinal de isquemia miocárdica, uma perigosa queda no fluxo do sangue para o<br />

próprio coração.<br />

A queda na eficiência de bombeamento não se verificou com outros senti mentos perturbadores,<br />

como a ansiedade, nem durante esforços físicos; a ira parece ser a emoção individual que mais mal<br />

faz ao coração. Ao lembrarem o incidente perturbador, os pacientes diziam sentir apenas metade da

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!