Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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27.04.2013 Views

Uma rede de pesquisadores está descobrindo que os mensageiros químicos que operam mais extensamente tanto no cérebro quanto no sistema imunológico são os mais densos nas áreas neurais que regulam a emoção. Alguns dos mais fortes indícios de uma rota física direta permitindo que as emoções tenham impacto sobre o sistema imunológico vieram de David Felten, um colega de Ader. Ele começou por notar que as emoções têm um poderoso efeito sobre o sistema nervoso autônomo, que regula tudo, desde quanta insulina é secretada até os níveis de pressão sanguínea. Felten, trabalhando com sua.esposa, Suzanne, e outros colegas, detectou então um ponto de encontro onde o sistema nervoso autônomo fala diretamente com os linfócitos e macrófagos, células do sistema imunológico. Em estudos no microscópio eletrônico, eles encontraram contatos tipo sinapses, onde os terminais nervosos do sistema autônomo têm extremidades que dão diretamente nessas células imunológicas. Esse ponto de contato físico permite que as células nervosas liberem neurotransmissores para regular as células imunológicas; na verdade, elas enviam sinais de um lado para outro. A descoberta é revolucionária. Ninguém suspeitara de que as células imunológicas podiam ser alvos de mensagens enviadas dos nervos. Para testar a importância dessas terminações nervosas no funcionamento do sistema imunológico, Felten foi um passo além. Em experiências com animais, removeu alguns nervos de nódulos linfáticos e do baço - onde são feitas ou armazenadas as células imunológicas - e depois usou vírus para provocar o sistema imunológico. Resultado: uma enorme queda de resposta imunológica ao vírus. Sua conclusão é que sem essas terminações nervosas o sistema imunológico simplesmente não responde como deveria ao desafio de um vírus ou bactéria invasores. Em suma, o sistema nervoso não apenas está ligado ao sistema imunológico, mas é essencial para a função imunológica adequada. Outra rota-chave ligando emoções e sistema imunológico está na influência dos hormônios liberados sob tensão. As catecolaminas (epinefrina e norepinefrina -também conhecidas como adrenalina e noradrenalina), cortisol prolactina e os opiatos naturais betaendorfina e encefalina são todos liberado durante a estimulação da tensão. Cada um deles tem um forte impacto sobre a células imunológicas. Embora as relações sejam completas, a influência principa é que, enquanto esses hormônios percorrem o corpo, as células imunológicas são obstruídas em sua função: a tensão elimina a resistência imunológica, ao menos temporariamente ao que se supõe numa conservação de energia que dá prioridade à emergência mais imediata, mais premente para a sobrevivência. Mas se a tensão é constante e intensa, essa eliminação pode tomar-se duradoura. Microbiólogos e outros cientistas constatam cada vez mais essas ligações entre o cérebro e os sistemas cardiovascular e imunológico tendo primeiro de aceitar a outrora radical idéia de que elas existem mesmo. EMOÇÕES TÓXICAS: DADOS CLÍNICOS Apesar desses indícios, muitos ou a maioria dos médicos ainda se mostram cé ticos sobre a possibilidade de as emoções contarem em termos clínicos. Um dos motivos é que, embora muitos estudos tenham constatado que as tensões e emoções enfraquecem a eficácia de várias células imunológicas, nem sempre fica claro se o alcance dessas mudanças é suQcientemente grande para fazer difeença em termos médicos. Mesmo assim, um crescente número de médicos reconhece o lugar das emoções na medicina. Por exemplo, o Dr.Camran Nezhat, eminente cirurgião laparoscópico ginecológico da Universidade de Stanford, diz:

Se alguém programado para uma cirurgia me diz que está em pânico naquele dia e não quer passar por tudo aquilo, eu cancelo a cirurgia. E explica: Todo cirurgião sabe que as pessoas muito apavoradas se dão mal na cirurgia. Sangram demais, têm mais infecções e complicações. Têm mais dificuldade para recuperar-se. É muito melhor que estejam calmas. O motivo é direto: o pânico e a ansiedade aumentam a pressão sanguínea, e veias distendidas pela pressão sangram mais profusamente quando cortadas pela faca do cirurgião. O excesso de sangramento é uma das mais problemáticas complicaçõ es cirúrgicas, e às vezes leva à morte. Além dessas histórias médicas, os indícios em favor da importância clínica das emoções acumulamse constantemente. Talvez o dado mais compulsório sobre a importância médica da emoção venha de uma análise em massa combinando resultados de 101 estudos menores num único grande, com vários milhares de homens e mulheres. O estudo confirma que as emoções perturbadoras fazem mal à saúde em certa medida. Descobriu-se que pessoas que sofriam de ansiedade crônica, longos períodos de tristeza e pessimismo, incessante tensão ou hostilidade, implacável ceticismo ou desconfiança corriam duplo risco de doença incluindo asma, artrite, dores de cabeça, úlceras pépticas e males cardíacos (cada uma delas representante de grandes e amplas categorias de doença). Essa ordem de magnitude toma as emoções perturbadoras um fator de risco tão tóxico quanto, digamos, o fumo ou o colesterol alto para a doença cardíaca em outras palavras, uma grande ameaça para a saúde. Claro, trata-se de uma ligação estatística generalizada, e de nenhum modo indica que todos que têm esses sentimentos crônicos cairão mais facilmente presas de doenças. Mas os indícios de um potente papel da emoção na doença são muito mais extensos do que mostra esse estudo de estudos. Uma olhada mais detalhada aos dados das emoções específicas, sobretudo as três grandes-ira, ansiedade e depressão torna mais claras algumas formas específicas em que os sentimentos têm importância médica, mesmo que os mecanismos biológicos pelos quais essas emoções exercem seus efeitos ainda não estejam plenamente entendidos. Quando a Ira é Suicida Algum tempo atrás, disse o homem, uma batida no lado de seu carro levou a uma longa e frustrante jornada. Após a interminável burocracia da empresa de seguro e oficinas que causaram mais danos, ainda devia 800 dólares. E nem fora culpa dele. Ficou tão farto que sempre que entrava no carro era tomado de repugnância. Acabou vendendo-o, frustrado. Anos depois, essas lembranças ainda o deixavam lívido de indignacão. Essa amarga lembrança foi trazida de volta propositalmente, como parte de um estudo da ira em pacientes cardíacos, na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford. Todos os pacientes no estudo tinham, como esse homem ressentido, sofrido um ataque cardíaco, e a questão era se a ira podia ter algum tipo de impacto significativo sobre suas funções cardíacas. O efeito foi impressionante: enquanto os pacientes contavam os incidentes que os tinham deixado furiosos, a eficiência de bombeamento do coração caía cinco pontos percentuais. Alguns dos pacientes mostravam uma queda de eficiência de 7 por cento ou mais - uma faixa que os cardiologistas encaram como um sinal de isquemia miocárdica, uma perigosa queda no fluxo do sangue para o próprio coração. A queda na eficiência de bombeamento não se verificou com outros senti mentos perturbadores, como a ansiedade, nem durante esforços físicos; a ira parece ser a emoção individual que mais mal faz ao coração. Ao lembrarem o incidente perturbador, os pacientes diziam sentir apenas metade da

Uma rede de pesquisadores está descobrindo que os mensageiros químicos que operam mais<br />

extensamente tanto no cérebro quanto no sistema imunológico são os mais densos nas áreas neurais<br />

que regulam a emoção. Alguns dos mais fortes indícios de uma rota física direta permitindo que as<br />

emoções tenham impacto sobre o sistema imunológico vieram de David Felten, um colega de Ader.<br />

Ele começou por notar que as emoções têm um poderoso efeito sobre o sistema nervoso autônomo,<br />

que regula tudo, desde quanta insulina é secretada até os níveis de pressão sanguínea. Felten,<br />

trabalhando com sua.esposa, Suzanne, e outros colegas, detectou então um ponto de encontro onde<br />

o sistema nervoso autônomo fala diretamente com os linfócitos e macrófagos, células do sistema<br />

imunológico.<br />

Em estudos no microscópio eletrônico, eles encontraram contatos tipo sinapses, onde os terminais<br />

nervosos do sistema autônomo têm extremidades que dão diretamente nessas células imunológicas.<br />

Esse ponto de contato físico permite que as células nervosas liberem neurotransmissores para<br />

regular as células imunológicas; na verdade, elas enviam sinais de um lado para outro. A descoberta<br />

é revolucionária. Ninguém suspeitara de que as células imunológicas podiam ser alvos de<br />

mensagens enviadas dos nervos.<br />

Para testar a importância dessas terminações nervosas no funcionamento do sistema imunológico,<br />

Felten foi um passo além. Em experiências com animais, removeu alguns nervos de nódulos<br />

linfáticos e do baço - onde são feitas ou armazenadas as células imunológicas - e depois usou vírus<br />

para provocar o sistema imunológico. Resultado: uma enorme queda de resposta imunológica ao<br />

vírus. Sua conclusão é que sem essas terminações nervosas o sistema imunológico simplesmente<br />

não responde como deveria ao desafio de um vírus ou bactéria invasores. Em suma, o sistema<br />

nervoso não apenas está ligado ao sistema imunológico, mas é essencial para a função imunológica<br />

adequada.<br />

Outra rota-chave ligando emoções e sistema imunológico está na influência dos hormônios<br />

liberados sob tensão. As catecolaminas (epinefrina e norepinefrina -também conhecidas como<br />

adrenalina e noradrenalina), cortisol prolactina e os opiatos naturais betaendorfina e encefalina são<br />

todos liberado durante a estimulação da tensão. Cada um deles tem um forte impacto sobre a células<br />

imunológicas. Embora as relações sejam completas, a influência principa é que, enquanto esses<br />

hormônios percorrem o corpo, as células imunológicas são obstruídas em sua função: a tensão<br />

elimina a resistência imunológica, ao menos temporariamente ao que se supõe numa conservação de<br />

energia que dá prioridade à emergência mais imediata, mais premente para a sobrevivência. Mas se<br />

a tensão é constante e intensa, essa eliminação pode tomar-se duradoura.<br />

Microbiólogos e outros cientistas constatam cada vez mais essas ligações entre o cérebro e os<br />

sistemas cardiovascular e imunológico tendo primeiro de aceitar a outrora radical idéia de que elas<br />

existem mesmo.<br />

EMOÇÕES TÓXICAS: DADOS CLÍNICOS<br />

Apesar desses indícios, muitos ou a maioria dos médicos ainda se mostram cé ticos sobre a<br />

possibilidade de as emoções contarem em termos clínicos. Um dos motivos é que, embora muitos<br />

estudos tenham constatado que as tensões e emoções enfraquecem a eficácia de várias células<br />

imunológicas, nem sempre fica claro se o alcance dessas mudanças é suQcientemente grande para<br />

fazer difeença em termos médicos.<br />

Mesmo assim, um crescente número de médicos reconhece o lugar das emoções na medicina. Por<br />

exemplo, o Dr.Camran Nezhat, eminente cirurgião laparoscópico ginecológico da Universidade de<br />

Stanford, diz:

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