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Daniel Goleman - Inteligencia Emocional

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Tenho uma nebulosa lembrança de que ele me explicou quando e aonde ir fazer os exames. Era a<br />

instrução mais simples, mas tive de pedir-lhe que a repetisse três ou quatro vezes. Citologia minha<br />

mente não largava a palavra.<br />

Esse único vocábulo me fazia sentir como se houvesse acabado de ser assaltado na porta de minha<br />

própria casa.<br />

Por que teria eu reagido tão fortemente? Meu médico estava apenas sendo minucioso e competente,<br />

verificando as ramificações numa árvore de decisão diagnostica Havia uma minúscula<br />

probabilidade de que o problema fosse câncer.<br />

Mas essa análise racional era irrelevante naquele momento. Na terra dos doentes,<br />

as emoções reinam supremas; o medo não respeita o pensamento. Ficamos tão emocionalmente<br />

frágeis quando estamos doentes porque nosso bem-estar mental se baseia em parte na ilusão da<br />

invulnerabilidade. A doença - sobretudo uma doença séria - estoura essa ilusão, atacando a premissa<br />

de que nosso mundo privado está a salvo e seguro. De repente nos sentimos fracos, desamparados e<br />

vulneráveis.<br />

O problema é quando a equipe médica ignora como os pacientes reagem emocionalmente enquanto<br />

eles cuidam de sua condição física. Essa falta de atenção à realidade emocional da doença esquece<br />

um grande volume de indícios que mostram que os estados emocionais das pessoas às vezes<br />

desempenham um papel importante em sua vulnerabilidade à doença e no curso da recuperação<br />

Demasiadas vezes, falta à moderna assistência médica inteligência emocional<br />

Para o paciente, qualquer encontro com uma enfermeira ou médico pode ser uma oportunidade de<br />

uma informação tranqüilizadora, conforto e alívio ou, se tratado com infelicidade, um convite ao<br />

desespero. Mas muitas vezes a equipe médica é precipitada ou indiferente à angústia do paciente.<br />

Claro, há enfermeira e médicos piedosos, que se esforçam tanto por tranqüilizar e informar quanto<br />

por ministrar cuidados médicos. Mas a tendência é para um universo profissional em que<br />

imperativo institucionais tomam a equipe médica indiferente às vulnerabilidades dos pacientes, ou<br />

sentindo-se demasiado pressionada para fazer alguma coisa em relação a eles. Com as duras<br />

realidades de um sistema médico cada vez mais cronometrado por contadores, a coisa parece estar<br />

piorando.<br />

Além do argumento humanitário para que os médicos dispensem atenção junto com o tratamento,<br />

há outros motivos compulsórios para considerar a realidade psicológica e social dos pacientes como<br />

parte do campo médico, e não distinta dele. A essa altura, pode-se defender cientificamente que se<br />

ganha uma margem de eficácia médica, na prevenção e no tratamento, tratando-se o estado<br />

emocional das pessoas juntamente com seu problema médico. Não em todos os casos e problemas,<br />

claro. Mas olhando-se as informações de centenas e centenas de casos, há um crescente aumento de<br />

vantagem médica, suficiente para sugerir que a intervenção emocional deve ser parte padrão da<br />

assistência médica para a faixa de doenças sérias.<br />

Historicamente, a medicina na sociedade modema tem definido sua missão em termos de curar a<br />

doença o problema médico ignorando o mal a experiência da doença pelo paciente. Os pacientes,<br />

seguindo essa visão de seu problema, juntam-se numa silenciosa conspiração para ignorar como<br />

reagem emocionalmente a seus problemas médicos ou descartar essas reações como irrelevantes<br />

para o curso do próprio problema. Essa atitude é reforçada por um modelo médico que afasta<br />

inteiramente a idéia de que a mente influencia o corpo de alguma forma importante.<br />

Contudo, há uma ideologia igualmente improdutiva no outro senddo: a idéia de que as pessoas<br />

podem curar-se mesmo da mais pemiciosa doença simplesmente fazendo-se felizes ou tendo

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