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Oficina – Migrações - EJA

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Caro Aluno,<br />

<strong>Oficina</strong> <strong>–</strong> <strong>Migrações</strong><br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Esta oficina tem por objetivo analisar as principais características dos movimentos migratórios<br />

ocorridos no Brasil e no mundo. Ela busca compreender as motivações que levam ao deslocamento<br />

de pessoas, bem como suas consequências para a estrutura da população.<br />

Ao final deste trabalho, esperamos que você saiba:<br />

Bom trabalho!<br />

alimentos.<br />

entender o que é um fluxo migratório;<br />

identificar as áreas de atração e repulsão populacional;<br />

compreender as principais motivações que levam as pessoas a migrar;<br />

analisar as principais correntes migratórias do Brasil;<br />

diferenciar os principais tipos de deslocamentos populacionais.<br />

Parte 1 - O que é migração?<br />

Desde o início da história, a humanidade se desloca em grupos à procura de caça e outros<br />

O termo migração corresponde à mobilidade da população na superfície terrestre.<br />

Migrar significa se deslocar entre cidades, Estados, países.<br />

Grupo nômade<br />

Disponível em: < http://www.colegioweb.com.br/geografia-infantil/as-viagens-do-passado-e-do-presente.html><br />

Acesso em: 18 out. 2012. 15h20min<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 1


<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Ainda hoje, os povos nômades não habitam um único lugar fixo e se deslocam<br />

constantemente, sobretudo, nos desertos.<br />

Exercício 1<br />

Observe o trecho da música Paratodos, de 1993, do carioca Chico Buarque de Hollanda:<br />

O meu pai era paulista<br />

Meu avô, pernambucano<br />

O meu bisavô, mineiro<br />

Meu tataravô, baiano<br />

Meu maestro soberano<br />

Foi Antônio Brasileiro<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 18 out. 2012. 14h50min<br />

a) É possível perceber deslocamentos populacionais no Brasil a partir da leitura desse trecho?<br />

Quais?<br />

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b) Você conhece pessoas que realizaram migrações ao longo de suas vidas? Para onde elas foram?<br />

De onde elas vieram?<br />

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 2


<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

c) Você é capaz de transcrever o trecho da canção Paratodos usando seus ancestrais como<br />

referência:<br />

Eu nasci no Estado de _______________<br />

O meu pai era ___________<br />

Meu avô, ___________<br />

O meu bisavô, ___________<br />

Meu tataravô, ___________<br />

d) Ocorreram migrações em sua família? Comente com seus colegas.<br />

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Exercício 2<br />

Você já pensou sobre o que leva uma pessoa ou família a migrar?<br />

Observe a obra Retirantes, de Cândido Portinari, produzida em 1944.<br />

Óleo s/ tela 190 x 180 cm.<br />

Col. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand São Paulo, Brasil<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 18 out. 2012. 15h55min<br />

Uma possibilidade de leitura para a obra Retirantes é a de que Cândido Portinari retratou o cotidiano<br />

do sertanejo nordestino.<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 3


<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

No início dessa oficina apontamos que a humanidade migra desde o início de sua história em busca<br />

de caça e outros alimentos.<br />

Você é capaz de identificar as motivações que levaram os retirantes nordestinos a migrar?<br />

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Agora que você já sabe o que é migração e conhece algumas motivações que levam as pessoas a se<br />

deslocar, vamos analisar os fluxos migratórios que ocorrem no Brasil.<br />

Parte 2 - Imigração e emigração no Brasil<br />

As migrações podem ser de vários tipos: espontâneas ou forçadas, internas (quando ocorrem<br />

dentro de um mesmo país), internacionais (quando ocorrem entre países), diárias ou pendulares<br />

(quando a população se desloca diariamente dentro de um centro urbano, por exemplo, para<br />

trabalhar), rural-urbanas ou êxodo rural (quando a população se desloca do campo em direção à<br />

cidade).<br />

Desde a segunda metade do século 19, os movimentos migratórios internacionais ganharam<br />

importância, quando milhões de europeus, principalmente, migraram para várias partes do mundo,<br />

como a América.<br />

Um italiano que chega ao Brasil é um imigrante ou um emigrante?<br />

Recebe o nome de imigração o movimento de entrada (ou chegada) da população em um determinado lugar<br />

para nele viver.<br />

Recebe o nome de emigração o movimento de saída da população de seu lugar de origem para viver em outro<br />

lugar.<br />

Desta forma, um imigrante é aquela pessoa que chega a um novo país; e um emigrante é aquela pessoa que<br />

sai de seu lugar de origem.<br />

Portanto, um italiano que chega ao Brasil é imigrante e emigrante ao mesmo tempo, ou seja, na Itália ele é<br />

considerado um emigrante (pois saiu de seu país) e no Brasil ele é considerado um imigrante (pois chegou<br />

para viver nesse país).<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 4


Exercício 3<br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Você já deve ter ouvido falar que o Brasil é um país onde a miscigenação foi intensa desde a sua<br />

colonização. Popularmente, consideramos miscigenação o processo de mistura de diversas etnias.<br />

Na história do país, a ocorrência de miscigenação ou mestiçagem é fruto da mistura dos povos que<br />

aqui estavam (os indígenas) com os povos que para cá vieram desde o seu descobrimento em 1500.<br />

Esses povos que chegaram ao Brasil desde a sua colonização são considerados imigrantes.<br />

Quais foram os principais fluxos imigratórios que chegaram ao Brasil desde o início da colonização<br />

até os dias atuais?<br />

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Imigrantes no Brasil<br />

A imigração no Brasil começou no século 16 com a chegada dos primeiros colonos portugueses<br />

e os primeiros escravos africanos. Somados aos indígenas, africanos e europeus formaram a base da<br />

constituição étnica do brasileiro.<br />

Depois dos portugueses, os italianos formam o segundo grupo europeu mais numeroso que<br />

entrou no Brasil. Vieram, principalmente, para São Paulo, para trabalhar nas lavouras de café, e para<br />

o Rio Grande do Sul.<br />

Franceses, espanhóis e ingleses também entraram no Brasil e se fixaram em São Paulo e no Rio<br />

de Janeiro. Os alemães se concentraram na Região Sul, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, e<br />

os eslavos (poloneses, ucranianos e russos), no Paraná.<br />

Muitos desses imigrantes escolhiam o Brasil fugindo da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e<br />

da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que assolaram o continente europeu.<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 5


<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

A Hospedaria do Imigrante, construída entre 1886 e 1888, no bairro do Brás, em São Paulo, que hoje abriga o<br />

Memorial do Imigrante, era mantida pelo governo e tinha por função receber, abrigar e encaminhar o<br />

imigrante para o trabalho<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 19 out. 2012. 08h50min.<br />

A imigração japonesa se iniciou em 1908, e se acentuou ao longo do século 20. Na década de<br />

50, a colônia nipônica já era a quarta maior colônia no Brasil em número de imigrantes. A maioria<br />

dos japoneses se fixou em São Paulo. Na capital, dedicaram-se ao comércio e, no interior, ao cultivo<br />

de chá. Um grupo significativo de japoneses também se instalou no Pará e no Amazonas.<br />

Os árabes (sírios e libaneses, principalmente) chegaram ao Brasil após a segunda metade do<br />

século 20 e se instalaram principalmente em São Paulo, dedicando-se ao comércio.<br />

Recentemente, observamos uma redução da imigração europeia e asiática e um aumento do<br />

número de latinos que entram no Brasil. É o caso dos bolivianos e peruanos que buscam emprego e<br />

melhor condição de vida nas grandes cidades brasileiras.<br />

Escravidão e imigração forçada<br />

Entre os séculos XVI e XIX, ocorre a Diáspora Africana, processo social, cultural e histórico através do qual<br />

povos africanos foram submetidos a processos intensos e violentos de migração forçada para a América,<br />

através do lucrativo tráfico negreiro no Oceano Atlântico, tendo como principal finalidade o emprego da mão<br />

de obra escrava para trabalhar nas lavouras de cana de açúcar e minas de minérios das colônias na América.<br />

Ao chegar aos territórios americanos, os africanos eram destituídos de suas identidades de origem, entregues<br />

aos mercadores de escravos e senhores de engenho.<br />

O Brasil recebeu cerca de 38% de todos os escravos vindos da África 1 , chegando a quase 5 milhões de<br />

indivíduos que chegaram vivos ao país, tornando-se o país que mais recebeu escravos no mundo 2 .<br />

Atualmente, segundo o Censo Demográfico de 2010 (IBGE), a população de cor preta representa 7,6% da<br />

população brasileira e os pardos somam 43,1% da população; a junção de pretos e pardos perfaz 50,7% da<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 6


<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

população 3 . A partir de estudos sociológicos e históricos, pretos e pardos são considerados como<br />

descendentes da população africana da diáspora.<br />

1- História Geral da África <strong>–</strong> Vol. VI <strong>–</strong> África do século XIX à década de 1880. Editado por J. F. Ade Ajayi. Disponível em:<br />

<br />

2- Disponível em: <br />

3- Disponível em: <br />

Brasil: um país de emigrantes<br />

Acesso em: 25 out. 2012. 15h10min.<br />

Se o início do século XX marcou a entrada maciça de estrangeiros no Brasil, as décadas de 1980<br />

e 1990 viram o caminho inverso.<br />

Encorajados por sucessivas crises econômicas, milhares de brasileiros deixaram o país em<br />

busca de melhores condições de vida.<br />

Os Estados Unidos são o principal destino dos brasileiros, muitos deles entram no país de<br />

forma ilegal e trabalham em cargos que exigem baixa qualificação, como os setores de limpeza,<br />

construção civil, babás, garçons, entre outros.<br />

Japão, Europa e o vizinho Paraguai são outros destinos escolhidos pelos brasileiros.<br />

Observe os trechos das reportagens a seguir:<br />

A jornada dos dekasseguis no Japão<br />

A história dos nipo-brasileiros que foram tentar a vida no país de seus ancestrais<br />

“A maioria dos brasileiros que veio para o Japão tem uma historia parecida. Vieram pensando em ficar pouco<br />

tempo e juntar dinheiro para realizar um sonho em comum. Comprar um carro, por exemplo. Alguns foram<br />

ficando e chegaram muito além do próprio sonho. (...)<br />

O regresso à terra dos avós começou no final dos anos 80, ainda no tempo da inflação galopante no Brasil.<br />

Sem emprego nem perspectivas, muitos descendentes adotaram a saída dos antepassados, mas na contramão<br />

e emigraram em busca de oportunidade.<br />

O Brasil iria aprender mais uma palavra japonesa: dekassegui. “Originariamente, é um termo que japoneses<br />

usavam para os trabalhadores que saíam do sul que era pobre e ia para o norte para trabalhar<br />

temporariamente. Então, associaram: são os dekasseguis, que vieram do Brasil”, explica a pesquisadora Lili<br />

Kawamura.<br />

Vida de dekassegui não é fácil. As fábricas reservam para os estrangeiros as funções que o japonês não quer”.<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 19 out. 2012. 09h25min.<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 7


Morte de Jean Charles completa sete anos sem nenhuma condenação<br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Neste domingo, 22 de julho de 2012, completam-se sete anos da morte de Jean<br />

Charles de Menezes. O brasileiro foi morto por engano em Londres durante uma ação<br />

da Scotland Yard, duas semanas após atentados terroristas que culminaram na morte<br />

de 56 pessoas na capital inglesa.<br />

O eletricista de 27 anos entrava na estação de metrô de Stockwell, na capital da<br />

Inglaterra, quando foi abordado por policiais à paisana. De acordo com as autoridades,<br />

Jean Charles não obedeceu as ordens de parar e fugiu, sendo baleado na sequência.<br />

Ele teria sido confundido com o árabe Hussain Osman, suspeito de tentar realizar um atentado no local um dia<br />

antes.<br />

A Scotland Yard assumiu o erro, porém, nenhum dos envolvidos no caso foram condenados. (...)<br />

Exercício 4<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 19 out. 2012. 09h45min.<br />

Atualmente, existem mais pessoas que saem do Brasil do que entram, ou seja, a emigração é mais<br />

intensa que a imigração. Quais fatores levam os brasileiros a saírem do país, muitas vezes de forma<br />

ilegal?<br />

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Exercício 5<br />

Releia a reportagem “A jornada dos dekasseguis no Japão” e explique o significado da frase: “muitos<br />

descendentes [dos japoneses] adotaram a saída dos antepassados, mas na contramão e emigraram<br />

em busca de oportunidade”.<br />

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 8


Parte 3 - Barreiras à imigração<br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Nos últimos anos, muitos países do mundo têm adotado medidas de controle de entrada e<br />

circulação de estrangeiros nos seus territórios.<br />

Apesar de necessitarem da mão de obra do imigrante, alguns desses países intensificam a<br />

fiscalização de suas fronteiras com militares, modernos sistemas de vigilância e barreiras físicas como<br />

arames, muros e campos minados para evitar a imigração ilegal.<br />

Muro que separa as cidades de San Diego, EUA (lado esquerdo) e Tijuana, México (lado direito)<br />

Nos últimos 17 anos, mais de 5 mil mexicanos morreram tentando cruzar a fronteira<br />

Disponível em: < http://professorbrunobarros.blogspot.com.br/2011_05_01_archive.html><br />

Acesso em: 19 out. 2012. 11h15min.<br />

Muitos mexicanos, apesar da ação violenta dos soldados norte-americanos que controlam as<br />

fronteiras, pressionados pelo desemprego em seu país, arriscam suas vidas para tentar ultrapassar as<br />

fronteiras e viver no país vizinho.<br />

Além da barreira cultural, da solidão e da frustação, muitos imigrantes ainda convivem com o<br />

preconceito e discriminação, e com a ausência de direitos civis quando são ilegais.<br />

Diante do aumento da imigração de pessoas de países pobres para países mais ricos em busca de empregos e<br />

melhores condições de vida, a xenofobia (do grego, xeno=estrangeiro, fobia=medo) ou a aversão ao<br />

imigrante, aumentou nas últimas décadas. As diferenças culturais e a queda do número de empregos nos<br />

países que recebem os imigrantes motivaram esse sentimento.<br />

Muitos países, principalmente da Europa, organizam grupos e partidos oficiais que pregam a expulsão dos<br />

estrangeiros.<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 9


Exercício 6<br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

O processo de globalização permitiu a integração econômica, política e cultural dos países. Uma das<br />

características mais comentadas sobre a globalização é que ela permite a livre circulação de<br />

mercadorias, capitais, informações e pessoas pelo mundo. O “Muro de Tijuana” contradiz essa<br />

informação? Justifique.<br />

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Parte 4 - <strong>Migrações</strong> internas no Brasil<br />

As migrações internas, ou seja, aquelas que acontecem no interior do território nacional,<br />

sempre ocorreram no Brasil, mas ganharam força a partir da década de 1930.<br />

As atividades econômicas predominantes, os ciclos econômicos, deslocaram milhares de<br />

pessoas para as áreas produtoras dessas mercadorias. O período áureo de cada produto demandava<br />

mão de obra e atraia trabalhadores de regiões distantes. A mineração, por exemplo, foi uma das<br />

primeiras atividades que deslocou a população para o interior do território, ainda no século 18.<br />

O desenvolvimento industrial e a construção de estradas interligando o território facilitaram e<br />

incentivaram as migrações internas no país.<br />

A partir da década de 1950 (observe no mapa) houve um intenso deslocamento populacional<br />

de migrantes nordestinos para o Sudeste, atraídos pelo desenvolvimento econômico e pela<br />

possibilidade de emprego nas indústrias e na construção civil, sobretudo, nas cidades de São Paulo e<br />

Rio de Janeiro.<br />

Fonte: SANTOS, Regina Bega. <strong>Migrações</strong> no Brasil. São Paulo: Scipione, 1994.<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 10


<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Ainda hoje, apesar da migração para outras regiões, o Sudeste continua sendo atrativo para os<br />

migrantes nordestinos.<br />

Áreas de atração populacional são aquelas que atraem populações de outras áreas, pois oferecem melhores<br />

condições de vida.<br />

Áreas de repulsão populacional são aquelas que perdem população para outras regiões por diversos fatores,<br />

geralmente porque não oferecem boas condições de vida.<br />

Exercício 7<br />

Leia o trecho do capítulo Fuga, do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, publicado em 1938:<br />

Chegariam a uma terra distante, esqueceriam a catinga onde havia montes baixos, cascalho, rios<br />

secos, espinho, urubus, bichos morrendo, gente morrendo. Não voltariam nunca mais, resistiriam à<br />

saudade que ataca os sertanejos na mata. Então eles eram bois para morrer tristes por falta de<br />

espinhos? [...]<br />

Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa<br />

terra, porque não sabia como ela era nem onde era. [...] E andavam para o sul, metidos naquele<br />

sonho. Uma cidade grande cheia de pessoas fortes. [...]<br />

E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes,<br />

brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos.<br />

(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2009. p. 123; 127-128)<br />

Historicamente, a região Sudeste sempre foi uma área de atração populacional, uma vez que o<br />

desenvolvimento econômico brasileiro foi concentrado nessa região. Cite alguns fatores que fizeram<br />

do Nordeste uma tradicional área de repulsão do Brasil.<br />

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 11


Construção de Brasília e os candangos<br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

O nacional-desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek (JK) procurou fazer com que o Brasil<br />

crescesse “50 anos em 5”, frase que se tornaria um famoso bordão do presidente.<br />

Considerada como símbolo material dos “Anos JK” e da vontade de interiorização (e<br />

isolamento político) da capital, a construção da cidade de Brasília representou a entrada do Brasil na<br />

modernidade. Planejada pelos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, Brasília foi inaugurada em<br />

21 de abril de 1960, transformando-se em capital política e administrativa do Brasil e assumindo a<br />

condição de Distrito Federal.<br />

Contudo, toda a pretensão “modernizante” do projeto de Brasília esbarrava e contrastava com<br />

as condições reais de construção da cidade. Com a falta de mão de obra abundante no “Planalto<br />

Central” do país, a cidade de Brasília foi construída e erguida pelos candangos, que foram os<br />

trabalhadores migrantes que se deslocaram de outras regiões brasileiras: goianos, mineiros,<br />

paulistas, gaúchos e, sobretudo, nordestinos. Os primeiros candangos chegaram à região de Brasília<br />

em novembro de 1956.<br />

Chegada de candangos à região da futura Brasília.<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 23 out. 2012. 16h40min<br />

Todos os candangos que chegavam à região da nova capital se dirigiam para os "balcões de<br />

emprego" e eram encaminhados aos canteiros de obra, que funcionavam em torno de 18 horas por<br />

dia, o que tornava a jornada de trabalho muito longa e cansativa. Aos poucos, gradualmente, os<br />

canteiros de obra foram formando uma estrutura precária de moradia, comércio e saúde, tendo em<br />

vista o tamanho da população migrante.<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 12


<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Condições de vida dos candangos<br />

Disponível em: < http://www.brasil.gov.br/brasilia/conteudo/historia/1956/a-chegada-dos-candangos#0><br />

Acesso em: 23 out. 2012. 16h40min<br />

Sem dúvida, Brasília foi se transformando em um típico caso de recepção de fluxo migratório<br />

intenso de pessoas.<br />

Exercício 8<br />

Ao consultar o verbete “candango” no Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa,<br />

verificamos as seguintes definições:<br />

substantivo masculino. Regionalismo: Brasil.<br />

o indivíduo desprezível, abjeto<br />

o indivíduo destituído de bom gosto<br />

o nome que designa cada um dos operários que trabalharam nas grandes construções da<br />

cidade de Brasília (DF), ger. oriundos do Nordeste do Brasil<br />

o Derivação: por extensão de sentido. Cada um dos primeiros habitantes de Brasília<br />

A partir da leitura atenta do texto e do verbete “candango”, reflita sobre as condições de vida e de<br />

trabalho dos primeiros habitantes de Brasília e comente sobre as consequências desse fluxo<br />

migratório na atualidade.<br />

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 13


Observe a reportagem a seguir:<br />

Migração de Retorno<br />

Nordeste é a região com maior retorno de migrantes, segundo IBGE<br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Sudeste perdeu potencial atrativo e Nordeste começou a reter população. Instituto cruzou informações da PNAD e dos<br />

Censos de 2000 e 2010.<br />

A migração entre regiões do país perdeu intensidade na última década, e estados do Nordeste, além de reter<br />

população, começaram a receber de volta os que deixaram seus estados rumo ao centro-sul do país. É o que<br />

diz um levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (15)<br />

com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009 e dos Censos realizados em<br />

2000 e 2010.<br />

Segundo o instituto, na última década começou a haver um movimento de retorno da população às regiões de<br />

origem em todo o país. A corrente migratória mais expressiva continua a ser entre o Nordeste e o Sudeste,<br />

mas houve redução. A região Nordeste foi a que apresentou o maior número de migrantes retornando para<br />

seus estados, seguida, em menor escala, pela região Sul. (...)<br />

Enquanto São Paulo e Rio de Janeiro começaram a receber menos imigrantes na última década, estados antes<br />

considerados de grande evasão começaram a perder menos população, como Piauí e Alagoas. Já Bahia e<br />

Maranhão continuaram a ser classificados como regiões “expulsoras”, mas também diminuíram o fluxo. (...)<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 22 out. 2012. 13h20min.<br />

Reportagem de 15 jul. 2011.<br />

O Sudeste é a região que mais recebeu e recebe migrantes no Brasil. Em contrapartida, dos<br />

mais de 17 milhões de brasileiros que residem fora do seu local de origem, mais da metade, ou 9,5<br />

milhões, são nordestinos. 66% deles escolheram o Sudeste para morar, segundo o Censo de 2010<br />

realizado pelo IBGE.<br />

Assim, historicamente, o Sudeste se constituiu como uma área de atração e o Nordeste como<br />

uma área de repulsão. Todavia, conforme a reportagem apresentou, esse cenário vem se alterando e<br />

muitos migrantes que foram para o Sudeste estão retornando. É a chamada migração de retorno.<br />

Exercício 9<br />

Quais fatores justificam o retorno de muitas pessoas para o Nordeste após terem migrado?<br />

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Setor de Educação de Jovens e Adultos 14


Parte 5 - <strong>Migrações</strong> forçadas<br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Os movimentos populacionais podem ser espontâneos (voluntários), quando a pessoa ou o<br />

grupo se deslocou de forma livre, ou forçados, quando as pessoas são obrigadas a se deslocar de<br />

suas áreas de origem, como no caso de escravidão, perseguições religiosas, étnicas ou políticas, ou<br />

ainda aqueles que se deslocam por problemas ambientais.<br />

Os imigrantes que são obrigados a deixar a própria pátria e procurar abrigo em outros países<br />

devido aos conflitos e perseguições são chamados de refugiados.<br />

Problemas ambientais agravados pelo homem ou por causas naturais, como secas,<br />

desertificação, enchentes, dificultam a agricultura nos países mais pobres, provocam fome e a<br />

migração em massa. São os refugiados ambientais.<br />

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), agência da ONU que<br />

cuida dos refugiados, calcula que mais de 90% dos refugiados do mundo são originários dos<br />

continentes asiático e africano e a maioria deles pede asilo e proteção em países vizinhos.<br />

Exercício 10<br />

Crianças somalis em campo de refugiados de Dadaab, no leste do Quênia<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 23 out. 2012. 8h50min.<br />

Os refugiados são pessoas que foram obrigadas a deixar sua pátria, suas casas e seus bens.<br />

Geralmente, não falam a língua do país que lhes oferecem abrigo. Observe a imagem e reflita sobre<br />

as dificuldades que essas pessoas encontram nos campos de refugiados.<br />

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Vídeo<br />

Livros<br />

Sites<br />

Indicações<br />

Jean Charles. Direção Henrique Goldman. Brasil/Inglaterra, 2009.<br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Filme baseado na história de Jean Charles de Menezes, um eletricista brasileiro que morava<br />

em Londres e foi assassinado pela polícia britânica em 2005, ao ser confundido com um<br />

terrorista no metrô.<br />

Vidas Secas. Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Record, 2009.<br />

Clássico da literatura nacional, conta a história de uma família de retirantes no Sertão<br />

nordestino que, de tempos em tempos, foge da seca.<br />

Êxodos. Sebastião Salgado. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.<br />

Projeto do fotógrafo Sebastião Salgado, realizado ao longo de seis anos, em viagens por 40<br />

países, que retrata a história da humanidade em trânsito.<br />

Centro de Tradições Nordestinas (CTN).<br />

Site do Centro de Tradições Nordestinas. Fundado em 1991, o centro foi criado para ser um<br />

polo de preservação e divulgação da cultura nordestina em São Paulo.<br />

Disponível em: < http://ctn.org.br/><br />

Acesso em 29 out. 2012. 10h30min.<br />

Fundação Joaquim Nabuco <strong>–</strong> Museu do Homem do Nordeste.<br />

Acervo digital do Museu do Homem o Nordeste, ligado à Diretoria de Memória, Educação,<br />

Cultura e Arte da Fundação Joaquim Nabuco. Fundado em 1979, pelo sociólogo Gilberto<br />

Freyre, tem a missão de pesquisar, documentar, preservar, difundir e atualizar o patrimônio<br />

cultural do Nordeste, material e imaterial.<br />

Disponível em:<br />

<br />

Acesso em 29 out. 2012. 10h45min.<br />

Setor de Educação de Jovens e Adultos 16


Museu da Imigração.<br />

<strong>Oficina</strong> CH/EF <strong>–</strong> Presencial<br />

Material do aluno<br />

Acervo digital do Museu da Imigração do Estado de São Paulo. É possível consultar imagens,<br />

cartões postais, retrato dos imigrantes, jornais, registros de matrícula das pessoas que<br />

passaram pela Hospedaria, dentre outras informações.<br />

Disponível em: < http://www.memorialdoimigrante.org.br/acervodigital/><br />

Acesso em 29 out. 2012. 9h30min.<br />

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