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ARTIGO<br />
34 | REVISTA DOS BANCÁRIOS<br />
CMN MAIS<br />
DEMOCRÁTICO<br />
O Conselho Monetário Nacional, cujas<br />
decisões são determinantes para a economia<br />
brasileira, deve ter sua constituição amplia<strong>da</strong><br />
Por Antonio Saboia Barros Jr.<br />
Antonio Saboia<br />
Barros Jr. é secretário<br />
de Estudos Sócio-<br />
Econômicos do<br />
Sindicato e bancário<br />
<strong>da</strong> Nossa Caixa.<br />
JAILTON GARCIA<br />
Ademocracia é um regime que tem por<br />
base a garantia de espaços públicos de<br />
discussão. Assim, a heterogenei<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong>de deve estar refleti<strong>da</strong> em esferas<br />
de decisão, por meio <strong>da</strong> participação dos<br />
representantes de ca<strong>da</strong> segmento social.<br />
Desta forma, faz-se necessário rediscutir a participação<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira em órgãos decisórios<br />
fun<strong>da</strong>mentais, como o Conselho Monetário Nacional<br />
(CMN).<br />
O CMN é um importante órgão <strong>da</strong> economia<br />
brasileira. Na estrutura do Sistema Financeiro Nacional,<br />
situa-se como o órgão normativo máximo.<br />
Criado em 1964 pela Lei 4.595, é o colegiado responsável<br />
pelas normas de regulação do sistema financeiro.<br />
Suas deliberações são de fun<strong>da</strong>mental importância<br />
para a socie<strong>da</strong>de. Apenas para citar algumas<br />
<strong>da</strong>s definições de políticas que cabem ao CMN:<br />
a fixação, desde 1999, <strong>da</strong> meta de inflação anual do<br />
País; o estabelecimento, a ca<strong>da</strong> três meses, <strong>da</strong> Taxa<br />
de Juros de Longo Prazo (TJLP), que é cobra<strong>da</strong> pelo<br />
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico<br />
e Social (BNDES) em suas operações de financiamento;<br />
a fixação <strong>da</strong>s diretrizes e normas <strong>da</strong> política<br />
cambial; a regulamentação de diversas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des<br />
e formas de crédito e a determinação <strong>da</strong>s<br />
taxas de recolhimento compulsório <strong>da</strong>s instituições<br />
financeiras.<br />
Cabe ressaltar que várias resoluções instituí<strong>da</strong>s<br />
pelo Conselho (executa<strong>da</strong>s pelo Banco Central) visaram<br />
flexibilizar e internacionalizar o Sistema Financeiro<br />
Nacional. Entre as principais estão: resolução<br />
do CMN 2.099, de 94 (enquadra o SFN aos<br />
princípios <strong>da</strong> Basiléia); resolução 2.211, de 95 (Fundo<br />
Garantidor de Créditos até R$ 20 mil); resolução<br />
2.303, de 95 (cobrança de tarifas pela prestação<br />
de serviços); resolução 2.301 (sobre horário de<br />
atendimento bancário). E ain<strong>da</strong> as resoluções do<br />
CMN que tratam dos correspondentes bancários:<br />
em 1999, a resolução 2.640: correspondentes bancários<br />
- exclusivamente em praças desassisti<strong>da</strong>s de<br />
agência bancária, PAB, PAA; em 2000, resolução<br />
2.707: cai a limitação em relação ‘a praças desassisti<strong>da</strong>s´;<br />
em 2003, resolução 3.110: contratação de cor-<br />
respondentes por outros tipos de instituição financeira<br />
que não bancos. To<strong>da</strong>s indicam que o CMN<br />
tem amplos poderes, não só para regulamentar como<br />
também flexibilizar o modo de operação <strong>da</strong>s<br />
instituições financeiras e a política de crédito.<br />
Em 1994, pela medi<strong>da</strong> provisória que instituiu o<br />
Plano Real, o CMN passou a ser constituído por 3<br />
membros: o ministro <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> (que preside o<br />
Conselho), o do Planejamento e o presidente do<br />
Banco Central. Essa reduzi<strong>da</strong> composição permanece<br />
até hoje. Entretanto, quando resgata<strong>da</strong> a composição<br />
do Conselho em diferentes momentos <strong>da</strong> história<br />
brasileira, observa-se que esse órgão já foi bem<br />
amplo, chegando a ser composto por 27 membros<br />
em meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80. O CMN já abrigou representantes<br />
de vários segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Portanto,<br />
é importante destacar a participação de ministros<br />
não somente <strong>da</strong> área econômica, mas também,<br />
entre outros, do Trabalho, <strong>da</strong> Agricultura, do<br />
Desenvolvimento, do Meio Ambiente, de presidentes<br />
de bancos públicos federais (que possuem inserção<br />
muito significativa em regiões do Nordeste com<br />
políticas de crédito direciona<strong>da</strong>s) e de um representante<br />
dos trabalhadores. O CMN, portanto, já teve<br />
composição mais ampla do que a de hoje. Mesmo<br />
no período ditatorial, verificava-se a presença de “representantes<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de”, ao lado de membros do<br />
governo, não apenas <strong>da</strong> área monetária.<br />
Assim, o Sindicato, em conjunto com a CUT, apóia<br />
a ampliação e democratização do CMN para um total<br />
de 9 membros (contra 3 existentes atualmente).<br />
O novo conselho seria composto por 5 representantes<br />
do governo (os três atuais acrescidos do ministro<br />
do Trabalho e de um assessor especial <strong>da</strong> Presidência<br />
<strong>da</strong> República, que desempenharia a função<br />
de secretário-executivo) e 4 <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil (duas<br />
vagas seriam dirigi<strong>da</strong>s para a classe empresarial e as<br />
outras duas para representantes dos trabalhadores).<br />
Trata-se de uma proposta de ampliação e democratização<br />
do Poder Público, sem prejudicar a necessária<br />
eficiência técnica <strong>da</strong> instituição. ❚<br />
Colaboraram as economistas Ana Carolina Tosetti e Yoná<br />
Santos, do Dieese-Rede Bancários.