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trora uma forma de resistência à ditadura<br />

militar, os cineclubes são agora trincheira<br />

contra o cinema enlatado de Hollywood<br />

e de prestígio à produção nacional.<br />

E, para os aficionados pela telona, já é<br />

possível até tentar construir um pequeno<br />

roteiro - ain<strong>da</strong> em formação – com estas<br />

novas opções.<br />

“Os cineclubes estão se organizando espontaneamente,<br />

praticamente sem apoio<br />

governamental. Este é um trabalho superdemocrático<br />

de difusão do cinema a to<strong>da</strong>s<br />

as pessoas, não somente a quem pode<br />

pagar até R$ 15 por um ingresso no<br />

shopping”, explica o presidente do Centro<br />

Cineclubista de São Paulo, Jeosafá Fernandez<br />

Gomes. Os cineclubes não cobram<br />

ingresso, somente taxa de manutenção,<br />

em geral de R$ 3. Mas será que há espaço<br />

para o crescimento do movimento? No<br />

Brasil, garante o representante dos cine-<br />

clubes no Conselho Nacional de Cinema,<br />

Diogo Gomes dos Santos, 90% <strong>da</strong> produção<br />

cinematográfica não chega nunca às<br />

telas. Os filmes, muitas vezes de quali<strong>da</strong>de,<br />

circulam somente pelos festivais. No<br />

País inteiro há somente 1.800 salas, número<br />

irrisório perto <strong>da</strong> população de 170<br />

milhões de pessoas. “Cerca de 20 mil seria<br />

um número razoável”, avalia Santos.<br />

Na tentativa de rearticulação em nível<br />

nacional, a restaura<strong>da</strong> Galeria Olido, no<br />

centro de São Paulo, sediou em novembro<br />

passado a 25ª Jorna<strong>da</strong> Nacional de<br />

Cineclubes. O encontro reuniu uma centena<br />

de cineclubes de todo o País, muitos<br />

ain<strong>da</strong> em fase de organização e ativi<strong>da</strong>de,<br />

e observadores internacionais, para<br />

os quais a revitalização não é um fenômeno<br />

isolado, mas tendência continental.<br />

No Brasil, só para citar dois exemplos,<br />

Rio Grande do Sul e Ceará já con-<br />

tam com um movimento relativamente<br />

organizado. Embora não ofereça o apoio<br />

desejado pelos cineclubistas, o governo<br />

federal mantém o programa Pontos de<br />

Cultura, em que kits com projetores e telas<br />

são repassados, via leis de incentivos<br />

fiscais, às enti<strong>da</strong>des culturais para implantação<br />

de cineclubes.<br />

Atualmente, São Paulo tem 217 salas<br />

comerciais de cinema e 22 cineclubes empresariais,<br />

como o Espaço Unibanco, o<br />

Centro Cultural Banco do Brasil e o Cineclube<br />

DirectTV. Mas não são considerados<br />

cineclubes dentro dos princípios do<br />

movimento, já que em geral não promovem<br />

debates e discussões sobre cinema e<br />

produção. Além disso, contam com o<br />

apoio de grandes empresas.<br />

Endereço certo<br />

O Cineclube Ipiranga, que funciona na<br />

biblioteca do bairro, na Rua Cisplatina,<br />

505, é endereço certo para quem curte<br />

filmes de quali<strong>da</strong>de, de todos os gêneros,<br />

em películas de 16 milímetros. Tem<br />

clima de cinema do interior e promove<br />

debates com gente como o crítico de cinema<br />

Rubens Ewald Filho. Todos os sábados<br />

à noite, pelo menos 30 apaixonados<br />

por cinema se reúnem para assistir<br />

a clássicos do bangue-bangue, policiais<br />

e filmes nacionais antigos. Mantido pela<br />

Associação Brasileira de Colecionadores<br />

de Filmes em 16 Milímetros, o Ipiranga<br />

guar<strong>da</strong> histórias curiosas também<br />

fora <strong>da</strong>s projeções. “Uma vez, passamos<br />

El Dia que me Quieras, com Carlos Gardel,<br />

para um grupo de argentinos. Eles<br />

ficaram emocionados, choravam e cantavam<br />

junto com os artistas do filme”,<br />

conta o responsável pelo espaço, Archimedes<br />

Lombardi.<br />

Noutra ocasião, relata, um homem de<br />

quase 70 anos, já doente e desenganado<br />

pelos médicos, pediu para ver um faroeste<br />

que lembrava sua infância - uma espécie<br />

de último pedido. Atendido, ficou<br />

emocionado e sobreviveu ain<strong>da</strong> mais<br />

dois anos. “Como ele estava na cama e<br />

não podia vir, levamos a fita e o equipamento<br />

na casa. A família achou que<br />

ele viveu mais e melhor por causa, em<br />

parte, do filme que adorava”, afirma<br />

Lombardi. Também na capital, o veterano<br />

cineclubista João Luiz de Brito exibe,<br />

às sextas-feiras, filmes nacionais no<br />

Sesc Itaquera. “Até dezembro, passava os<br />

filmes na Casa de Cultura de Itaquera,<br />

liga<strong>da</strong> à Prefeitura. Com a mu<strong>da</strong>nça de<br />

administração, a situação ain<strong>da</strong> está indefini<strong>da</strong>”,<br />

informa.<br />

REVISTA DOS BANCÁRIOS | 23

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