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Em seus anos dourados, o prédio também<br />
sediou clubes como o Palmeiras, Portuguesa<br />
e Satélite (Associação de Funcionários<br />
do Banco do Brasil); re<strong>da</strong>ção de jornais,<br />
partidos políticos e restaurantes. Ao<br />
passar para a União, teve início o período<br />
<strong>da</strong> decadência, consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> déca<strong>da</strong>s mais<br />
tarde pela transformação em um ver<strong>da</strong>deiro<br />
cortiço. Nos anos 60, o prédio foi palco<br />
de crimes de grande repercussão. Entre<br />
eles o do garoto Davilson, violentado, estrangulado<br />
e jogado no poço do elevador.<br />
O criminoso jamais foi encontrado.<br />
O edifício voltou a ser valorizado após<br />
grande reforma em meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de<br />
70. O “velho” Martinelli de novo passou a<br />
ser uma <strong>da</strong>s referências de conservação<br />
histórica de São Paulo e teve seus an<strong>da</strong>res<br />
ocupados por diversas repartições públicas<br />
e enti<strong>da</strong>des. Alguns deles foram adquiridos<br />
pelo Sindicato dos Bancários de São<br />
Paulo, Osasco e Região para abrigar sua<br />
sede central. O Sindicato já funcionara ali<br />
no sétimo an<strong>da</strong>r, recor<strong>da</strong> o bancário Sil-<br />
va. “Eram promovi<strong>da</strong>s as `domingueiras´,<br />
bailes para a categoria se divertir”, conta.<br />
O mesmo an<strong>da</strong>r também foi sede <strong>da</strong> Central<br />
Única dos Trabalhadores. Atualmente,<br />
o Martinelli possui mais de 1.200 dependências<br />
e 16 elevadores, com três entra<strong>da</strong>s<br />
– a do Sindicato, independente, é<br />
pelo 413 <strong>da</strong> rua São Bento, onde funciona<br />
a Central de Atendimento e o Café dos<br />
Bancários.<br />
E possui também muitas histórias, <strong>da</strong>s<br />
reais às sobrenaturais – destas últimas a<br />
mais conheci<strong>da</strong> é a <strong>da</strong> ´loira-fantasma´, mulher<br />
sem rosto que circularia nos vários an<strong>da</strong>res<br />
do prédio. Ou aquela que dá conta<br />
de que alguém <strong>da</strong> época <strong>da</strong> construção <strong>da</strong><br />
mansão caminha ain<strong>da</strong> pelo 25º an<strong>da</strong>r...<br />
São histórias saborosas, dignas de um sonho<br />
do porte do edifício, que por quase<br />
duas déca<strong>da</strong>s manteve-se como o maior <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de, desbancado apenas em 1947 pela<br />
construção do prédio do Banespa, com seus<br />
35 an<strong>da</strong>res e 161,22 metros de altura – mas<br />
essa, claro, já é uma outra história... ❚<br />
FOTOS DE PAULO PEPE<br />
PASSADO VIVO<br />
Foi por mero acaso que um pouco <strong>da</strong> história<br />
<strong>da</strong> construção do Martinelli foi recentemente<br />
revela<strong>da</strong>. No início do ano passado, o Sindicato<br />
iniciou uma grande reforma em sua sede,<br />
começando pelo saguão para a adequação<br />
<strong>da</strong> atual Central de Atendimento e do Café dos<br />
Bancários – que já estão em funcionamento.<br />
Na segun<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> reforma, no mezanino,<br />
quando eram feitos estudos para readequação<br />
<strong>da</strong>s tubulações do ar condicionado,<br />
foram descobertos debaixo do gesso vários<br />
afrescos originais <strong>da</strong> época <strong>da</strong> construção,<br />
provavelmente encobertos na reforma de<br />
1945. Não apenas nos tetos – com três cama<strong>da</strong>s<br />
emoldura<strong>da</strong>s de gesso – mas também pinturas<br />
originais <strong>da</strong>s paredes laterais, cobertas<br />
por “folhas de ouro”, denotando o requinte e<br />
o cui<strong>da</strong>do do acabamento <strong>da</strong> construção.<br />
A diretoria do Sindicato optou pelo restauro<br />
dos aspectos do ambiente não apenas para<br />
preservar mas também resgatar um pouco<br />
<strong>da</strong> história de uma época. Para coman<strong>da</strong>r<br />
os trabalhos de restauração – possíveis graças<br />
a uma parceria com a Cooperativa Habitacional<br />
dos Bancários (Bancoop) – foi chamado<br />
o artista plástico e restaurador Luis<br />
Martin Sarasá. Entre outras obras, ele foi o<br />
responsável pela restauração dos vitrais <strong>da</strong><br />
Catedral <strong>da</strong> Sé, de parte do Mercado Municipal<br />
e do Teatro São Pedro.<br />
“Os trabalhos devem demorar cerca de seis<br />
meses, pois são puramente artesanais. Além<br />
<strong>da</strong> reconstituição de cores e materiais <strong>da</strong> época,<br />
existem aspectos ambientais que pretendemos<br />
resgatar. No salão onde foram encontrados<br />
os afrescos, nas colunas de sustentação,<br />
havia o que chamamos de ‘pata de onça’,<br />
uma ornamentação que, felizmente, foi encontra<strong>da</strong><br />
intacta no 10º an<strong>da</strong>r do prédio e será<br />
um dos objetos que restauraremos”, explica.<br />
De acordo com o presidente do Sindicato,<br />
Luiz Cláudio Marcolino, a restauração é um desafio,<br />
mas servirá para manter vivos um pouco<br />
<strong>da</strong> história não apenas do prédio como <strong>da</strong><br />
própria ci<strong>da</strong>de. “O Martinelli é uma <strong>da</strong>s grandes<br />
referências <strong>da</strong> história recente de São Paulo,<br />
e por isso tem de haver todo o empenho<br />
para recuperá-lo. A parceria com a Bancoop,<br />
que patrocinará a restauração, está sendo fun<strong>da</strong>mental<br />
para que isso ocorra”, destaca.<br />
Luis Sarasá: “trabalho puramente artesanal”<br />
REVISTA DOS BANCÁRIOS | 21