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BRASIL PRIVATIZADO<br />
Terezinha: novela com<br />
extensão e Natal<br />
à luz de velas<br />
aos menores) e os descontos em geral. Em<br />
2002, a lei 10.438 deixou margem menor<br />
ain<strong>da</strong> de negociação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de com as<br />
concessionárias e permissionárias, ao padronizar<br />
nacionalmente tarifas e critérios.<br />
A lei e suas regulamentações – parcialmente<br />
suspensas – enquadram automaticamente<br />
os consumidores residenciais com<br />
consumo mensal de até 80 kWh como de<br />
baixa ren<strong>da</strong>. Daí até um limite que varia<br />
conforme o Estado (em SP esse teto é 220<br />
kWh), estabelece que o consumidor precisa<br />
estar inscrito em programas sociais ou<br />
que a ren<strong>da</strong> per capita em sua família não<br />
passe de meio salário mínimo. “No Norte<br />
e no Nordeste muitas pessoas foram incluí<strong>da</strong>s,<br />
mas, em compensação, uma grande<br />
quanti<strong>da</strong>de no Sul e no Sudeste perdeu o<br />
benefício”, aponta Flávia Lefèvre. “Sem falar<br />
que muitas prefeituras nem estão convenia<strong>da</strong>s<br />
nesses programas.” Para complicar,<br />
o circuito <strong>da</strong> casa precisa ser monofásico<br />
(só 110 V ou só 220 V), o que não acontece<br />
em grande parte <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des paulistas.<br />
FOTOS: JAILTON GARCIA<br />
Arnaldo Silva Neto, diretor <strong>da</strong> Regional<br />
Centro <strong>da</strong> AES Eletropaulo e responsável<br />
pelo programa de Regularização <strong>da</strong> Rede,<br />
afirma que a inclusão é importante para a<br />
empresa. “Hoje estamos com um programa<br />
agressivo de regularização de ligações<br />
clandestinas. Devemos regularizar a situação<br />
de 40 mil a 50 mil pessoas neste ano”,<br />
prevê. “Como são pessoas que nunca tiveram<br />
um relógio de luz, instituímos um limite<br />
de cobrança e repassamos orientações<br />
até o terceiro mês, só então passando a cobrar<br />
normalmente”. Silva Neto diz que não<br />
lhe compete comentar os critérios que embasam<br />
as tarifas, pois à Eletropaulo só caberia<br />
cumprir as regras, e informa que cerca<br />
de 700 mil consumidores estão ca<strong>da</strong>strados<br />
hoje na subclasse de baixa ren<strong>da</strong>.<br />
Flávia Lefèvre, no entanto, afirma que em<br />
audiências no Procon e no Ministério Público,<br />
no ano passado, a empresa informou<br />
que tal número era de apenas 300 mil.<br />
Gambiarra<br />
Quase 300 reais em contas tirando o sono,<br />
sem geladeira nem TV, Carmem – bebê<br />
já com 2 meses a tiracolo –, decidiu aceitar<br />
aju<strong>da</strong> de um conhecido. Ele subiu no<br />
poste e refez a ligação <strong>da</strong> casa, burlando o<br />
corte de fornecimento (“É rapidinho, nem<br />
precisa de alicate”, garante um morador),<br />
o que pode custar sanções mais severas.<br />
Planos para quitar a dívi<strong>da</strong>: “Vou conseguir,<br />
mas preciso arrumar trabalho quatro<br />
dias por semana, por diária de 30 a 40 reais.”<br />
No mesmo conjunto habitacional de Taboão<br />
<strong>da</strong> Serra, Terezinha <strong>da</strong> Silva, 55 anos,<br />
PROPOSTAS DAS ENTIDADES<br />
não quis a gambiarra e passou três meses<br />
no escuro. Viu boa parte <strong>da</strong> novela “Senhora<br />
do Destino” graças a uma extensão compri<strong>da</strong><br />
e uma toma<strong>da</strong> <strong>da</strong> vizinha de trás. “O<br />
Natal foi à luz de velas”, recor<strong>da</strong>.<br />
As duas não são exceção. Segundo a prefeitura<br />
de Taboão, já se encontram em débito<br />
com a Eletropaulo cerca de 80 <strong>da</strong>s 202<br />
famílias que moram ali, a maioria com ren<strong>da</strong><br />
na faixa de 0 a 3 salários mínimos. As<br />
prestações, quando começarem a ser cobra<strong>da</strong>s,<br />
irão de 16 a 52 reais, e muitas contas<br />
de luz batem bem acima disso.“Vamos conversar<br />
e buscar todos os caminhos para garantir<br />
esse direito, mas sabemos de casos<br />
em que só recorrendo à Justiça isso foi possível”,<br />
aponta Ângela Amaral, secretária de<br />
Desenvolvimento Urbano e Habitação do<br />
município. “É uma incoerência um morador<br />
pagar pela luz cinco vezes mais que a<br />
prestação <strong>da</strong> casa.” Com a Sabesp (Companhia<br />
de Saneamento Básico do Estado de<br />
São Paulo), segundo a secretária, foi mais<br />
fácil fazer valer o benefício, e até se viabilizou<br />
uma campanha para informar a população<br />
a respeito dessa possibili<strong>da</strong>de.<br />
A reportagem <strong>da</strong> RdB procurou também<br />
a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica,<br />
que regula o setor) e o Ministério de<br />
Minas e Energia, mas não conseguiu ouvir<br />
seus representantes para repercutir o<br />
assunto. O projeto de lei para mu<strong>da</strong>r as<br />
regras segue em tramitação na Câmara dos<br />
Deputados. A intenção dos proponentes é<br />
estendê-lo a outros serviços públicos. ❚<br />
colaborou Marcio Kameoka<br />
Além <strong>da</strong> eliminação <strong>da</strong> exigência de ligação monofásica, o projeto de lei 3.430/2004 prevê que sejam<br />
beneficiados consumidores com os seguintes perfis:<br />
■ inscritos em programas sociais dos governos federal, estadual ou municipal<br />
■ que façam parte de ca<strong>da</strong>stros de pobreza dos municípios e morem em favelas, cortiços ou outras<br />
formas de ocupação não regular cuja moradia tenha área construí<strong>da</strong> de até 90 metros quadrados e<br />
padrão de construção médio ou inferior (imóveis usados para veraneio não podem ser beneficiados)<br />
REVISTA DOS BANCÁRIOS | 13