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ENDODONTIA

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<strong>ENDODONTIA</strong><br />

S„o Luis - MA<br />

- janeiro de 2007 ñ<br />

Marcos Pinheiro<br />

http://daodonto.50webs.org


SUM¡RIO<br />

1. Cirurgia de acesso ............................................................................. 01<br />

2. Limite apical de trabalho e odontometria........................................... 03<br />

3. Preparo biomec‚nico dos canais radiculares...................................... 05<br />

4. MedicaÁ„o intracanal......................................................................... 08<br />

5. ObturaÁ„o dos canais radiculares....................................................... 11<br />

6. SemiotÈcnica endodÙntica ................................................................... 13<br />

7. DiagnÛstico e tratamento das doenÁas pulpares................................. 14<br />

8. DiagnÛstico e tratamento das doenÁas periapicais ............................. 16<br />

9. TÈcnicas de tratamento da polpa viva................................................ 19<br />

10. TÈcnicas de tratamento da polpa necrosada ........................................ 20<br />

11. TÈcnicas de retratamento ................................................................... 22<br />

12. DoenÁa endoperio............................................................................. 23<br />

13. Traumatismo dent·rio ...................................................................... 24<br />

14. Acidentes e complicaÁıes na endodontia.......................................... 28<br />

15. DesobturaÁ„o para retentor intra-radicular (remoÁ„o de pino) ................ 31<br />

Lista bibliogr·fica .................................................................................. 33


CIRURGIA DE ACESSO<br />

Todos as fases tÈcnicas do tratamento endodÙntico constituem uma seq¸Íncia lÛgica e<br />

interdependente. Se, por qualquer raz„o uma etapa for negligenciada, as subseq¸entes poder„o ficar de tal<br />

modo comprometidas que o caso poder· se transformar num fracasso indesej·vel.<br />

Sendo a abertura coron·ria a primeira etapa, in˙til salientar sua import‚ncia. Dela<br />

depender· o correto preparo do canal e a perfeita obturaÁ„o.<br />

A abertura coron·ria ser· representada pela forma geomÈtrica da c‚mara pulpar,<br />

determinada de dentro para fora e concluÌda com a total remoÁ„o do teto da c‚mara. No mais,, ocorrer·<br />

uma maior ou menor divergÍncia de uma ou mais paredes circundantes e a determinaÁ„o do desgaste<br />

compensatÛrio especÌfico de cada dente (a remoÁ„o da convexidade das paredes da c‚mara nos molares,<br />

mormente a mesial, e do ombro palatino interno nos incisivos e caninos superiores.<br />

A abertura coron·ria tem os seguintes objetivos:<br />

- remoÁ„o de todo conte˙do da c‚mara pulpar: essencial para se conseguir a desinfecÁ„o do canal<br />

radicular, evitando sua recontaminaÁ„o e alteraÁ„o crom·tica da coroa dental;<br />

- luminosidade e vis„o do assoalho e entrada dos canais radiculares: obtida com paredes circundantes<br />

lisas e divergentes para ‡ superfÌcie externa da coroa;<br />

- acesso direto ‡ regi„o apical: as paredes circundantes devem permitir a entrada e os movimentos dos<br />

instrumentos nos canis radiculares a fim de evitar limpeza insuficiente, mudanÁa de forma e posiÁ„o<br />

do forame apical, formaÁ„o de degrau e desvio do canal, perfuraÁ„o radicular, fratura do instrumento,<br />

etc; e<br />

- selamento cavit·rio: as paredes circundantes divergentes reter„o a restauraÁ„o provisÛria, evitando<br />

sua intrus„o e conseq¸ente contaminaÁ„o do canal.<br />

J· que a abertura coron·ria È a projeÁ„o da anatomia interna do dente sobre a superfÌcie, È<br />

de fundamental import‚ncia a an·lise da forma e dimensıes da coroa e, radiograficamente, a largura,<br />

altura e posiÁ„o da c‚mara. Naturalmente que deve-se considerar toda modificaÁ„o resultante de<br />

agressıes fisiolÛgica e patolÛgica. A forma de contorno da cavidade, preconcebida, ser· proporcional ao<br />

volume da coroa e paralela ‡s faces respectivas. Ou seja, nos anteriores obedecer-se-· a anatomia externa<br />

da coroa e, nos posteriores, mais a possÌvel localizaÁ„o dos canais.<br />

S„o ‡s seguintes formas geomÈtricas da c‚mara pulpar dos grupos dentais:<br />

- incisivos superiores: triangular;<br />

- caninos superiores: losangular ou triangular;<br />

- prÈ-molares superiores: elÌptica (achatamento mÈsio-distal da coroa);<br />

- molares superiores: triangular, independente do n˙mero de canais;<br />

- incisivos inferiores: oval ou triangular;<br />

- caninos inferiores: losangular ou triangular;<br />

- prÈ-molares inferiores: oval ou circular; e<br />

- molares inferiores: trapezoidal ( 2 ou 3 canais) ou quadrangular (4 canais).<br />

O princÌpio b·sico da abertura coron·ria È a definiÁ„o da forma geomÈtrica que ter· a<br />

cavidade, sempre em dimensıes menores, a fim de se evitar desgaste alÈm da c‚mara. Essa cavidade<br />

dever· apresentar uma profundidade a mais prÛxima possÌvel da c‚mara, facilitando assim a trepanaÁ„o e<br />

a remoÁ„o do teto.<br />

A trepanaÁ„o, que È o acesso ‡ uma cavidade anatomicamente prÈ-existente, ser· realizada<br />

nos molares e prÈ-molares afastada do assoalho da c‚mara, em direÁ„o ‡ ·rea mais ampla vista na<br />

radiografia, e nos incisivos e caninos prÛximo ao cÌngulo, onde certamente chegaremos na cavidade<br />

pulpar, considerando a presenÁa de dentina reparadora fisiolÛgica e o maior volume vestÌbulo-lingual.<br />

O modus operandi da cirurgia de acesso seria assim:<br />

- radiografia periapical pela tÈcnica do paralelismo: ampliaÁ„o m·xima de 10% quando do emprego do<br />

localizador curto (OíGrady e Reynolds, 1973)<br />

curto;<br />

- anestesia;<br />

- exposiÁ„o da cavidade cariosa: remoÁ„o de todo esmalte sem suporte dentin·rio, de restauraÁıes com<br />

recidiva de c·rie e ou com infiltraÁ„o, e do tecido cariado, com cilÌndrica de calibre proporcional ao<br />

volume da coroa, em alta velocidade e sob refrigeraÁ„o;<br />

- espaÁo proximal: passagem do fio dental livre;<br />

- profilaxia da coroa dental;<br />

- remoÁ„o da c·rie remanescente: sob isolamento relativo, com curetas e brocas esfÈricas de 28mm, de<br />

calibre proporcional ao volume da coroa;<br />

- isolamento absoluto;<br />

1


- assepsia do campo operatÛrio com ·lcool-iodado 0,3% e neutralizado com proporÁıes iguais de Èter-<br />

·lcool;<br />

- confecÁ„o da cavidade endodÙntica: com broca cilÌndrica (para deixar as paredes planas), em alta<br />

velocidade e de calibre proporcional ao volume da coroa. Essa cavidade, a mais profunda e pouco<br />

menor em extens„o), tornar· a operaÁ„o de trepanaÁ„o mais f·cil e segura;<br />

- trepanaÁ„o da c‚mara pulpar: com broca esfÈrica de 28mm, em baixa velocidade e de menor di‚metro. -<br />

- ampliaÁ„o do orifÌcio de trepanaÁ„o: de dentro para fora com a mesma broca esfÈrica,<br />

- desabamento do teto: remoÁ„o com broca Endo Z ou da sÈrie 3080 da KG Sorensen, em alta velocidade<br />

e sob refrigeraÁ„o, ‡ expensa das paredes da c‚mara;<br />

- irrigaÁ„o e aspiraÁ„o da c‚mara: com soluÁ„o de hipoclorito de sÛdio em qualquer concentraÁ„o;<br />

- esvaziamento da c‚mara: curetagem da polpa viva ou necrosada. No caso de polpa viva, segue-se a<br />

hemostasia da polpa radicular com compressa de algod„o;<br />

- teto remanescente: constataÁ„o com sonda angulada e remoÁ„o com brocas esfÈricas, LA axxess, Endo<br />

Z e ou Batt cÙnica, em baixa velocidade e sem refrigeraÁ„o, o que facilita a vis„o; e<br />

- conveniÍncia da cavidade: È o alisamento, planificaÁ„o e divergÍncia das paredes necess·rias para a<br />

entrada dos canais sem acrobacias da lima e do profissional.<br />

2


LIMITE APICAL DE TRABALHO E ODONTOMETRIA<br />

Naturalmente que a manipulaÁ„o do canal dever· acontecer com a menor agressividade e<br />

seguranÁa operatÛria, a fim de se evitar maiores inj˙rias aos tecidos pulpar e periapicais e iatrogenias.<br />

Faz-se, portanto, necess·rio o conhecimento dos acidentes anatÙmicos e biolÛgicos da ·rea apical da raiz<br />

dental para que o pÛs-operatÛrio e a cicatrizaÁ„o ocorram dentro dos padrıes normais da reparaÁ„o.<br />

- rizogÍnese: o desenvolvimento da raiz inicia-se pela proliferaÁ„o apical da bainha epitelial de<br />

Hertwig. O epitÈlio dent·rio interno em contato com a papila dent·ria induz a diferenciaÁ„o das<br />

cÈlulas perifÈricas em odontoblastos. Ao iniciar a deposiÁ„o da matriz dentin·ria, a bainha se rompe<br />

deixando resÌduos conhecidos como restos epiteliais de Malassez no ligamento periodontal. Por sua<br />

vez, a matriz induz a diferenciaÁ„o das cÈlulas mesenquimais do saco dent·rio em cementoblastos.<br />

Ent„o, a medida que a parede dentin·ria È formada, ocorre tambÈm a formaÁ„o do cemento.<br />

- fundamentos anatÙmicos: a polpa dental se comunica com o periodonto atravÈs de m˙ltiplas<br />

aberturas em conseq¸Íncia do natural mecanismo de formaÁ„o da raiz. Quando a erupÁ„o se inicia, o<br />

forame È bastante aberto e tem a forma de ìboca de sinoî, por onde penetra o tecido conjuntivo A<br />

deposiÁ„o de cemento recobre toda dentina, respeitando, todavia, o feixe v·sculo-nervoso que<br />

penetra no canal como se fora um leque, configurando assim o delta apical, ou seja, uma abertura<br />

maior (forame principal) aberturas menores (foraminas).<br />

A uni„o cemento-dentina est· situada, segundo Kutler, de 0,5 a 1mm do ·pice radicular e<br />

È formada por 2 cones truncados que se tocam pelos vÈrtices. O cone cement·rio n„o segue, em 68% dos<br />

dentes jovens e 80% dos dentes idosos, a mesma direÁ„o do cone dentin·rio, mas sim para distal. A<br />

abertura do cone cement·rio torna-se maior com o correr da idade pela deposiÁ„o cement·ria fisiolÛgica<br />

no ·pice.<br />

O forame principal est· situado a 0,3mm e a 0,6mm do ·pice radicular, segundo,<br />

respectivamente, Burch & Hullen e Vande Voorde.<br />

Por esses acidentes anatÙmicos, deve-se remover a polpa antes da uni„o cemento-dentina,<br />

criando melhor condiÁ„o de reparaÁ„o tecidual j· que uma ˙nica ferida teria que cicatrizar. AlÈm do mais,<br />

ofereceria um melhor travamento da obturaÁ„o pois o batente apical confeccionado estaria num tecido<br />

resiliente como a dentina e tendo suas paredes convergentes para o ·pice.<br />

- fundamento biolÛgico: respalda-se no respeito a integridade da membrana periodontal que È um<br />

envoltÛrio fibroso do feixe v·sculo-nervoso, que penetra de 0,5 a 1mm pelo forame principal e que<br />

tem as funÁıes de defesa e de reparaÁ„o tecidual.<br />

O respeito a esses fundamentos, implicar· na calcificaÁ„o hialina dos forames e canais<br />

acessÛrios. Nos casos de polpa mortificada, ocorrer· uma invaginaÁ„o de tecido conjuntivo do ligamento<br />

periodontal apical e do osso alveolar, em mÈdia 1mm, para o canal, que posteriormente se calcificar·.<br />

Para se estabelecer o comprimento real de trabalho È preciso que se saiba primeiramente o<br />

tamanho do dente. Ou seja, a odontometria, que vai de um ponto referencial oclusal ou incisal atÈ o<br />

vÈrtice radiogr·fico da raiz.<br />

S„o v·rios os mÈtodos de odontometria, do mais simples ao mais sofisticado. PorÈm, os<br />

comumente utilizados baseam-se na radiografia. Dentre esses, o de Ingle È o mais aceito pela precis„o no<br />

registro dos pontos referenciais e por apresentar menor distorÁ„o de imagem j· que a ·rea de medida È<br />

mÌnima, da ponta do instrumento ao vÈrtice da raiz. O mÈtodo sofreu algumas modificaÁıes e ficou assim<br />

praticado:<br />

1. meÁa o dente na radiografia de diagnÛstico tomada pela tÈcnica do paralelismo;<br />

2. deduza 3mm do comprimento aparente do dente (ampliaÁ„o m·xima de 10% na imagem tomada<br />

pela tÈcnica do paralelismo com o localizador curto ñ OíGrady e Reynolds, 1973)<br />

3. transfira esse valor para o instrumento endodÙntico;<br />

4. introduza o instrumento no canal atÈ que o cursor ou stop tope no ponto referencial oclusal ou<br />

incisal. … necess·rio que o instrumento esteja justo no canal;<br />

5. realize uma tomada radiogr·fica pela tÈcnica da bissetriz ou incida perpendicularmente ao plano<br />

do filme;<br />

6. meÁa, na radiografia, a dist‚ncia da ponta do instrumento ao vÈrtice da raiz. Dist‚ncia superior a<br />

4mm n„o s„o confi·veis e devem ser desprezadas. Avance o instrumento na canal e realize outra<br />

tomada radiogr·fica; e<br />

7. some esse valor ao comprimento real do instrumento para a obtenÁ„o do comprimento real do<br />

dente.<br />

O comprimento real de trabalho ser· definido segundo ‡s condiÁıes patolÛgicas da polpa,<br />

como segue pela maioria dos autores:<br />

- polpa viva: de 1 a 2mm; e<br />

- polpa necrosada: 1mm.<br />

3


Naturalmente que a odontometria ser· calculada, em canais curvos, apÛs a retificaÁ„o dos<br />

terÁos mÈdio e cervical para que n„o ocorra o trespasse do limite durante a instrumentaÁ„o.<br />

Outros mÈtodos:<br />

- de Bregman: basea-se na relaÁ„o e proporÁ„o dos comprimentos aparentes do dente e do instrumento e<br />

o comprimento real do instrumento. Impreciso na tomada das imagens referenciais oclusais ou incisais e<br />

alto grau de distorÁ„o devido ‡ maior ·rea de medida na radiografia;<br />

- elÈtrico (de Sunada, 1962): basea-se na resistÍncia a passagem de corrente elÈtrica da membrana<br />

periodontal e da mucosa bucal serem constantes e iguais. O localizador eletrÙnico apical tem as<br />

vantagens de: uso em gestante, em paciente com ‚nsia de vÙmito, na localizaÁ„o de perfuraÁ„o, fratura e<br />

reabsorÁ„o, e nos casos de indefiniÁ„o do ·pice radicular na radiografia. S„o calibrados na altura da<br />

constriÁ„o/forame apical. Os novos aparelhos, de imped‚ncia com alta freq¸Íncia, tÍm uma relativa<br />

precis„o na presenÁa de eletrÛlitos no canal. A partir de 1989. Yamaoka et al, empregaram 2<br />

frequÍncias de corrente alternada e obtiveram maior precis„o de medida. Ex. NovApex, Apit, Endex,<br />

Root ZX, Just II, Bingo, Apex Finder e ProApex<br />

- audiomÈtrico (de Inoue, 1973): a gengiva e o ligamento periodontal s„o tecidos contÌnuos e capazes de<br />

produzirem, por induÁ„o elÈtrica, vibraÁıes iguais de baixa freq¸Íncia. Ex. sono explorer.<br />

- radiografia digital: tem alto custo, incÙmodo do tamanho e espessura do sensor, requer bastante<br />

treinamento e sua imagem È somente satisfatÛria. H· menor radiaÁ„o ao paciente, a imagem È<br />

instant‚nea, pode-se manipular a imagem, o arquivamento da documentaÁ„o È mais segura e compacta,<br />

alÈm de dispensar filme e o processo de revelaÁ„o.<br />

4


PREPARO BIOMEC¬NICO DOS CANAIS RADICULARES<br />

O preparo do canal envolve o esvaziamento e a limpeza (remoÁ„o do conte˙do e<br />

desinfecÁ„o por meio quÌmico e mec‚nico), a modelagem (as limas devem deixar as paredes lisas e<br />

cÙnicas e o batente apical), a permeabilizaÁ„o dentin·ria (irrigaÁ„o e inundaÁ„o do canal com subst‚ncias<br />

quÌmicas) e o aumento e retificaÁ„o da curvatura mÈdio-cervical (com limas e brocas a fim de facilitar a<br />

limagem ,irrigaÁ„o e obturaÁ„o, em especial a curvatura apical).<br />

Para que ocorra a limpeza, a subst‚ncia deve apresentar a propriedade detergente. Para a<br />

desinfecÁ„o, as propriedades bactericida e umectaÁ„o a fim de alcanÁar toda intimidade dos canalÌculos<br />

dentin·rios, canais laterais (1,6% no terÁo cervical e 8,8% no terÁo mÈdio), canais acessÛrios (17% no<br />

terÁo apical) e delta apical.<br />

As subst‚ncias sanificadoras do canal radicular devem ser selecionadas e usadas com<br />

parcimÙnia para se evitar agress„o ao remanescente pulpar e aos tecidos periapicais.<br />

Por consagraÁ„o (desde 1928) e devido as propriedades bactericida, solvente da matÈria<br />

org‚nica, baixa tens„o superficial e neutralizante de ·cidos, indica-se o hipoclorito de sÛdio para a<br />

irrigaÁ„o e inundaÁ„o do canal, durante toda a instrumentaÁ„o. Na c‚mara pulpar, quando da abertura<br />

coron·ria, vale-se de qualquer concentraÁ„o, porÈm, devido a excelente estabilidade quÌmica, preferimos<br />

a ·gua sanit·ria (2 ou 2,5%). Quando do preparo do canal e em casos de polpa viva e necrose sem les„o,<br />

preferimos a soluÁ„o de Milton (concentraÁ„o de 1%) e em casos de polpa necrosada com les„o, a ·gua<br />

sanit·ria tambÈm.<br />

1 ñ EstandardizaÁ„o dos Instrumentos (ISSO/FDI de Ingle e Levine, 1958):<br />

- material de confecÁ„o: aÁo inoxid·vel.<br />

- secÁ„o transversal: circular, triangular, quadrangular e losangular.<br />

- sÈries: especial de 10 (cabo roxo) e 1 , 2 e 3 (com 6 instrumentos de cabo branco, amarelo,<br />

vermelho, verde e preto). ApÛs vieram os di‚metros 06 e 08 (cabos rosa e cinza,<br />

respectivamente).<br />

- comprimento do instrumento: 21, 25 e 31mm.<br />

- comprimento da parte ativa: 16mm (tamanho mÈdio das raÌzes de todos os grupos dentais).<br />

- di‚metro da ponta (Do): È o n˙mero da lima expresso em dÈcimos de milÌmetro.<br />

- aumento de di‚metro da ponta a base da parte ativa: 0,32mm<br />

- di‚metro da base (D16): È Do acrescido de 0,32mm.<br />

- taper ou conicidade È o aumento de di‚metro em cada mm da parte ativa. Ou seja, 0,02mm<br />

(0.32mm16), que representa a conicidade mÈdia dos canais de todos os grupos dentais<br />

- ponta guia: cortante e que forma com a l‚mina de corte, um ‚ngulo de transiÁ„o, respons·vel<br />

pelo desvio no canal.<br />

- ‚ngulo de corte: negativo, alargando o canal mais por raspagem.<br />

- memÛria: negativa para ‡s que, uma vez deformada intencionalmente, mantÈm-se assim.<br />

- tipos: - Alargadores: parte ativa espiral de passos longos constituÌda a partir de haste<br />

triangular..Pouca flexibilidade e de ponta cortante. Servem para a dilataÁ„o do canal em<br />

movimentos simult‚neos de introduÁ„o e rotaÁ„o de 1/2 a 1 volta em sentido hor·rio e<br />

apÛs traÁ„o;<br />

- Limas: parte ativa espiral de passos curtos constituÌda a partir de haste triangular ou<br />

quadrangular. A secÁ„o triangular oferece mais flexibilidade (K-file, Flexofile, Flex-R)<br />

devido a menor massa da haste e maior poder de corte devido ao ‚ngulo mais agudo de<br />

60 graus em comparaÁ„o com a massa e o ‚ngulo de 90 graus da haste quadrangular. A<br />

lima K-flex tem secÁ„o losangular (2 ‚ngulos maiores de 60 e 2 menores de 60 ),<br />

bastante flexÌvel e de grande corte. As limas tipo Kerr ou K tÍm a ponta cortante.<br />

Servem para o alargamento com alisamento e retificaÁ„o de curvatura, em movimentos<br />

simult‚neos de introduÁ„o passiva ou rotaÁ„o de º a volta em sentido hor·rio e antihor·rio<br />

e apÛs traÁ„o contra as paredes. Com haste triangular, de forma usinada e de<br />

nÌquel-tit‚nio tÍm-se as limas 3 vezes mais flexÌveis que ‡s de aÁo (atÈ o di‚metro 60),<br />

de memÛria de forma, ponta inativa e corte mais duradouro. De t„o mole e uma vez<br />

presa a sua extremidade, n„o se deve executar traÁ„o por causa da inevit·vel fratura da<br />

ponta. Existe ainda a lima Hedstrˆem com parte ativa sob a forma de cones superpostos<br />

e inclinados a 60 graus, constituÌdas a partir de haste cÙnica. De pouca flexibilidade<br />

(fratura f·cil) e de ponta inativa (n„o abrem espaÁo), servem para o corte acentuado de<br />

dentina, remoÁ„o de resÌduos das paredes do canal e retificaÁ„o de curvatura, em<br />

5


movimentos de introduÁ„o e traÁ„o contra as paredes. Para prover essas limas de<br />

flexibilidade, modificou-se a secÁ„o transversal para cilÌndrica e cones de mesmo<br />

tamanho e espaÁo de passos iguais, resultando as limas Set-File.<br />

2 - PrincÌpios da InstrumentaÁ„o:<br />

ñ apoio por inteiro na parede do canal;<br />

ñ manutenÁ„o da forma geomÈtrica do canal;<br />

ñ maior calibre, menor flexibilidade;<br />

ñ traÁ„o sem torÁ„o; e<br />

ñ na curvatura apical: prÈ-curvamento (Weine em 1970), di‚metros intermedi·rios<br />

(Weine em 1970 - Golden Mediums), instrumentaÁ„o n„o-convencional (<br />

escalonamento regressivo ñ Weine em 1972 e retificaÁ„o/aumento da conicidade<br />

coron·ria ñ Schilder em 1974), tÈcnicas crown-down, limagem anticurvatura ñ<br />

Abou-Rass em 1980, limas flexÌveis (K-flex em 1982) de ponta inativa e com<br />

amplitude m·xima de 2mm. Walia et al, em 1988, introduziu na endodontia as<br />

limas manuais de nÌquel (55%) e tit‚nio (45%). S„o usinadas, de alta<br />

dureza(fratura f·cil por torÁ„o), de secÁ„o triangular, sem ‚ngulo de transiÁ„o, de<br />

ponta inativa, com memÛria el·stica e com alta flexibilidade.<br />

3 ñ Formas geomÈtricas das raÌzes e dos canais ñ FÌgun e Garino, 2003:<br />

- raiz cÙnica: canal circular/oval nos incisivos e caninos superiores, prÈ-molares superiores com 2<br />

raÌzes, prÈ-molares inferiores com raiz ˙nica e raiz palatina dos molares superiores. A<br />

instrumentaÁ„o deve ser perimetral;<br />

- raiz achatada mÈsio-distalmente: canal elÌptico nos incisivos e caninos inferiores, prÈ-molares<br />

superiores com raiz ˙nica, prÈ-molares inferiores com 2 canais, raÌzes vestibulares dos molares<br />

superiores e raÌzes mesial e distal dos molares inferiores. A instrumentaÁ„o deve ser pendular.<br />

4 - Primeiro Instrumento Apical: È aquele que se ajusta no comprimento real de trabalho e que<br />

iniciar· a confecÁ„o do batente apical.<br />

5 - ⁄ltimo Instrumento Apical: como regra È de 1 mais 3 nos casos de polpa viva e de 1 mais 4 nos<br />

casos de polpa mortificada. Ou melhor, apÛs a remoÁ„o de todo conte˙do pulpar, definiÁ„o do<br />

batente e alisamento das paredes.<br />

6 - TÈcnicas de InstrumentaÁ„o Manuais:<br />

- convencional ou cl·ssica: consiste no aumento progressivo de di‚metro de limas Kerr em canal<br />

amplo e reto e de limas flexÌveis em canais atresiados e curvos, no mesmo limite de trabalho.; e<br />

- n„o-convencional: empregada em canais curvos e que consiste na feitura do escalonamento<br />

regressivo apÛs a confecÁ„o do batente apical (step-back) ou da penetraÁ„o progressiva em ordem<br />

decrescente de di‚metro (crown-down) e da dilataÁ„o/retificaÁ„o dos terÁos coron·rios com limas<br />

e ou brocas especiais, antes da confecÁ„o do batente apical.<br />

7 ñ Camada residual (smear layer): È o conjunto das raspas de dentina, restos org‚nicos pulpar e<br />

bacteriano e traÁos da subst‚ncia quÌmica auxiliar. A fim de expor os canalÌculos dentin·rios para<br />

melhor aÁ„o da medicaÁ„o intracanal e vedamento do canal pelo material obturador, aplica-se 3<br />

minutos de EDTA 17%, agitado com lima ou ultra-som.<br />

8 - TÈcnicas de InstrumentaÁ„o Automatizadas: com o objetivo de tornar a instrumentaÁ„o menos<br />

estressante e evitar desvio e entulhamento do canal, existem motores e contra-‚ngulos que reduzem a<br />

velocidade para emprego de limas de nÌquel-tit‚nio. TÍm-se ainda a peÁa de m„o para movimento<br />

oscilatÛrio com limas de aÁo.<br />

S„o essas as modificaÁıes dos instrumentos rotatÛrios, segundo McSpadden, em 1994:<br />

- ‚ngulo de corte: ‚ngulo excessivamente positivo corta demais, o ideal seria o levemente positivo;<br />

- ·rea de escape: espaÁo nos sulcos atr·s da superfÌcie cortante que permite a deposiÁ„o das raspas de<br />

dentina fiquem acumuladas, evitando sua compress„o nas paredes;<br />

6


- ‚ngulo helicoidal: disposiÁ„o de 30 das espirais que evita que raspas de dentina excisada e todo<br />

conte˙do do canal e permite um corte eficiente;<br />

- suporte laminar (radial lands): n„o h· uma l‚mina de corte mas sim uma superfÌcie plana com 2<br />

l‚minas com ‚ngulos menos agudo e assim, devido a maior massa aumenta a resistÍncia a fratura,<br />

evita o entravamento na dentina e permite a centralizaÁ„o em canal curvo;<br />

- resistÍncia ao atrito: guia marginal cortante menor e uma superfÌcie perifÈrica reduzida diminuem a<br />

resistÍncia friccional;<br />

- superfÌcie de trabalho: diversos e maiores conicidades pela reduÁ„o de contato, concentram press„o<br />

numa pequena ·rea;<br />

- forÁa balanceada: mais que flexibilidade, È necess·rio, para se manter o eixo central do canal, que o<br />

instrumento tenha assimetria de corte. Ou seja, press„o igual em toda as paredes enquanto gira a<br />

360 ; e<br />

- com ponta ativa para canais atresiados e ou calcificados e, com ponta inativa, para canais curvos e<br />

alargamento dos terÁos coron·rios.<br />

S„o esses os princÌpios da instrumentaÁ„o rotatÛria:<br />

- realizar previamente o preparo cervical do canal;<br />

- utilizar 3 conicidades decrescentes conforme o terÁo do canal;<br />

- maior a curvatura menor o di‚metro do instrumento, o torque e a velocidade do motor;<br />

- maior di‚metro mais resistente a fratura em canal reto e menor em canal curvo;<br />

- maior corte maior a possibilidade de fratura e menor torque e velocidade;<br />

- avanÁar no canal com instrumentos de igual di‚metro e menor conicidade ou menor di‚metro e igual<br />

conicidade;<br />

- n„o utilizar lima folgada em canal curvo (efeito do arame);<br />

- desprender movimento de ìbicadaî, ou seja, avanÁar com um instrumento 1 mm, com recuo, por vez<br />

atÈ 3mm.<br />

Pode-se emprega-se para a instrumentaÁ„o rotatÛria, contra-‚ngulo redutor em motor<br />

pneum·tico( 12 000 a 30 000 rpm dividido pela reduÁ„o) e em motor elÈtrico, com as vantagens do<br />

silÍncio de trabalho, a velocidade constante, a parada autom·tica para revers„o e a aceitaÁ„o de<br />

v·rias reduÁıes.<br />

Existem o aparelho de ultra-som magnetostrictivos que requer ·gua para sua refrigeraÁ„o e<br />

h· entre os polos Èletricos uma bateria que provoca a vibraÁ„o para a haste da lima e o<br />

piezoelÈtrico, que tem um cristal. O magnÈtico pode produzir um canal mais bem modelado devido<br />

a aÁ„o da ponta da lima ficar restrita pela paredes do canal. O piezoelÈtrico, por ser mais potente,<br />

pode produzir alargamento apical do canal e formaÁ„o de degrau em canais curvos devido a maior<br />

dificuldade na restriÁ„o da aÁ„o da ponta da lima.<br />

A lima tipo K do aparelho n„o abre espaÁo, sÛ alarga o canal o canal quando solta. DaÌ a<br />

necessidade do uso prÈvio de lima manual. Se a lima sÙnica ficar presa no canal, ocorrer· sua fratura.<br />

Deve-se usar o hipoclorito de sÛdio como soluÁ„o irrigadora. A instrumentaÁ„o se d· pela ativaÁ„o da<br />

soluÁ„o irrigadora (cavitaÁ„o) e a aÁ„o energizante da lima na parede do canal. Restringe-se ao<br />

di‚metro 15 por provocar estrias e mudanÁas na conformaÁ„o do canal. Como extrui o material o<br />

conte˙do pulpar, deve-se realizar a neutralizaÁ„o prÈvia do canal.<br />

7


MEDICA« O INTRACANAL<br />

ApÛs o preparo quÌmico-cir˙rgico do canal radicular, ocorrem repercussıes no periodonto<br />

apical que s„o influenciadas pelo estado patolÛgico da polpa e do peri·pice, pelo potencial irritativo das<br />

subst‚ncias quÌmicas utilizadas e pelo trauma cir˙rgico. Essas repercussıes s„o traduzidas por uma<br />

inflamaÁ„o aguda considerada normal quando apresenta sintomatologia dolorosa em nÌvel moderado e se<br />

estende por, no m·ximo, 48 horas.<br />

A reaÁ„o inflamatÛria, precursora da reparaÁ„o, n„o deve ser prolongada ou atingir nÌveis<br />

elevados para n„o perturbar a evoluÁ„o normal da ferida para a cura.<br />

Devido ao avanÁo tÈcnico-cientÌfico e a possibilidade de contaminaÁ„o do canal entre<br />

sessıes, muitos autores est„o indicando o tratamento endodÙntico em sess„o ˙nica, nos casos de: polpa<br />

viva sem sintomatologia e de polpa necrosada sem les„o. Fica contra-indicado nos casos de:<br />

sintomatologia dolorosa, sensibilidade e edema apical, exsudado persistente, paciente ansioso, n„o<br />

cooperativo e com disfunÁ„o temporo-mandibular, anatomia radicular complexa e les„o periapical.<br />

A finalidade da medicaÁ„o intracanal nos casos de polpa viva È a de minimizar o processo<br />

inflamatÛrio. Nos casos de polpa necrosada, È o de evitar a proliferaÁ„o de microrganismos residuais na<br />

luz do canal, nos canalÌculos e nas erosıes apicais.<br />

Nas condiÁıes de polpa viva utiliza-se os corticosterÛides que tornam a parede do<br />

lisossoma mais resistente, impedindo o extravasamento das enzimas proteolÌticas respons·veis pela<br />

destruiÁ„o celular, ou induzem a formaÁ„o pelo macrÛfagos ou outras cÈlulas da proteÌna lipo-cortina, que<br />

inibe a fosfolipase. Assim n„o ocorrer· a produÁ„o do ·cido aracdÙnico, substrato das prostoglandinas. .<br />

Agem topicamente por 24 a 48 horas, numa concentraÁ„o n„o superior a 2,5% para n„o inibir o processo<br />

inflamatÛrio. Os corticosterÛides mais utilizados s„o:<br />

- mistura de Rifocort pomada ...............10g (contÈm prednisolona, ativa e isenta de efeitos colaterais e a<br />

rifamicina que È um antibiÛtico).<br />

Rinosoro .............................. 10ml (para diluir a mistura).<br />

Depo-medrol ..........................2ml (prednisolona intramuscular).<br />

- Otosporin que contÈm hidrocortisona, com alto poder de penetraÁ„o e os antibiÛticos neomicina e<br />

polimixina B).<br />

A raz„o da associaÁ„o de antibiÛtico e corticosterÛide È Ûbvia para canais contaminados e,<br />

quando n„o, seu emprego constitui medida profil·tica contra eventual contaminaÁ„o.<br />

Ainda para polpa viva, podemos empregar o hidrÛxido de c·lcio, sob v·rias formas como o<br />

Calen, de 2 a 7 dias, que contÈm como veÌculo o polietilenoglicol. E ainda o NDP que tem a seguinte<br />

fÛrmula:<br />

- fosfato de dexametasona .................................... 0,32g<br />

- paramonoclorofenol ........................................... 2g<br />

- rinosoro .............................................................. partes iguais<br />

- polietilenoglicol 400 .............qsp........................100ml<br />

Esses medicamentos s„o injetados no canal radicular com a ajuda de seringa.<br />

A microbiota predominante quando da instalaÁ„o da necrose pulpar È a de aerÛbios grampositivos<br />

(tens„o de oxigÍnio no sistema de canais). Quando do aparecimento de les„o periapical (mais de<br />

1 ano da necrose), a microbiota predominante passa (shift microbiano) a ser de anaerÛbios gramnegativos<br />

(ausÍncia de tens„o de oxigÍnio no sistema de canais).<br />

As bactÈrias de 1 a 1,5µm de di‚metro (os canalÌculos dentin·rios tÍm de 1 a 4µm)<br />

promovem dano tecidual por aÁ„o direta (enzimas e produtos do metabolismo) e por aÁ„o indireta (<br />

estimulantes da liberaÁ„o de mediadores quÌmicos bioativos pelas cÈlulas de defesa do hospedeiro).<br />

Segundo, Siqueira Jr.,1997, as bactÈrias gram-positivas tÍm sua parede celular formada por<br />

40 l‚minas de peptidoglicano (dando-lhe rigidez), que ativam macrÛfagos a liberarem as citocinas IL-1‚,<br />

IL-6, GM-CSF (fator estimulador de colÙnias de granulÛcitos e macrÛfagos) e M-CSF (fator estimulador<br />

de colÙnias de macrÛfagos), alÈm de ativarem o sistema complemento. Algumas tÍm ainda, na sua parede<br />

celular, os ·cido teicÛico e todas tÍm o ·cido lipoteicÛico, que ativam tanto macrÛfagos a liberarem as<br />

citocinas IL-1‚, IL-18 e o TNF-· (fator de necrose tumoral) como o sistema complemento.<br />

As bactÈrias gram-negativas tÍm sua parde celular formada por somente 1 a 2 l‚minas de<br />

peptidoglicano. TÍm ainda, lipoproteÌnas e lipopolissacarÌdeos (na camada perifÈrica da parede celular ñ<br />

a membrana externa). As primeiras estabilizam e ancoram a membrana externa ‡ camada de<br />

peptidoglicano e podem estimular a liberaÁ„o de TNF-·. As segundas, quando liberadas por lise ou<br />

divis„o celular (formaÁ„o de vesÌculas), s„o conhecidas como endotoxinas. Promovem a ativaÁ„o de<br />

macrÛfagos e, conseq¸entemente, a liberaÁ„o de citocinas IL-1‚, IL-6, IL-8 e TNF-·, de lipÌdeos ·cidos<br />

(prostaglandinas) e radicais oxigenados e nitrogenados, que s„o mediadores quÌmicos da inflamaÁ„o e da<br />

8


eabsorÁ„o Ûssea. Promovem ainda a ativaÁ„o do sistema complemento, independente de anticorpos e da<br />

bradicinina. S„o tambÈm mitogÍnicos para linfÛcitos B e cÈlulas epiteliais.<br />

Nas condiÁıes de polpa necrosada, pode-se utilizar:<br />

- mistura de 5g de Paramonoclorofenol e 28ml de Furacin oto-soluÁ„o (diminui a irritaÁ„o e aumenta<br />

a difus„o). O paramonoclorofenol È um enÈrgico agente antimicrobiano n„o especÌfico e que possui<br />

propriedades fungicida e bactericida. O cloro È vol·til e o fenol age por contato. Para atenuar a<br />

agressividade desses anti-sÈpticos, adiciona-se a c‚nfora que È outro anti-sÈptico, porÈm suave. Reage<br />

neutralizando a aÁ„o ·cida, ficando sÛ a anti-sÈptica. Holland recomenda deixar, em toda extens„o e em<br />

contato, um cone de papel absorvente embebido na mistura. O nÌvel do PMCF decai 50% em 48 horas,<br />

ficando inalterado atÈ 14 dias. Efetivo para anaerÛbios e anaerÛbios facultativos.<br />

- Callen PMCC È a mistura do hidrÛxido de c·lcio e o paramonoclorofenol, resultando no<br />

paramonoclorofenolato de c·lcio, com consistÍncia de cimento e aÁ„o bactericida mais prolongada. Ela<br />

È injetada no canal por meio de uma seringa especial rosqueada, permanecendo por, no mÌnimo, 7 dias<br />

para os casos de necrose sem les„o e por, no mÌnimo, 14 dias para os casos de necrose com les„o. A<br />

alcalinidade da dentina radicular È evidente apÛs 30 dias, podendo permanecer com o pH 10 por atÈ 120<br />

dias (Esberard, 2000).<br />

- a fÛrmula NDP.<br />

- PRP que est· indicado para canais n„o totalmente preparados ou na d˙vida da desinfecÁ„o. …<br />

igualmente injetado no canal e tem a seguinte fÛrmula:<br />

paramonoclorofenol .................................. 2g<br />

rinosoro ..................................................... partes iguais<br />

polietilenoglicol 400 ............... qsp........... 100ml<br />

Os efeitos antimicrobianos dos anti-sÈpticos podem ser inibidos pela presenÁa de sangue ,<br />

soros e outros resÌduos org‚nicos. Entretanto, os anti-sÈpticos vol·teis podem penetrar por esses resÌduos.<br />

DaÌ o procedimento da penetraÁ„o desinfetante ou neutralizaÁ„o mediata, empregando-se o Tricresol<br />

formalina que age, segundo Buckley,1904, da seguinte maneira:<br />

- os vapores de formol mais os gases de amonÌaco, sulfidrÌco, sulfeto e carbÙnico formam<br />

·lcool met·lico e enxÙfre sÛlido, de f·ceis remoÁ„o; e<br />

- o tricresol mais a gordura formam o lisol que È um potente anti-sÈptico.<br />

O tricresol È carcinÛgeno e teratogÍnico, portanto, contra-indicado em gestante. Faz<br />

desaparecer lesıes periapicais no perÌodo de 2 a 7 meses, mesmo sem o esvaziamento do<br />

canal (Esberard, 1993).<br />

Nos casos de curativos para debelarem secreÁ„o e fistula persistentes, deve-se obturar o<br />

canal com a mistura de hidrÛxido de c·lcio P.A. e veÌculo aquoso como o soro fisiolÛgico, a ·gua<br />

destilada ou o anestÈsico (estÈril), devido a liberaÁ„o mais r·pida e intensa dos Ìons hidroxila. Devido a<br />

r·pida diluiÁ„o e contaminaÁ„o do curativo, deve ser trocado atÈ o 7 dia por outro com veÌculo<br />

hidrossol˙vel. A pasta ter· as seguintes aÁıes:<br />

- barreira fÌsica: impedir· a penetraÁ„o dos exsudatos para o canal (sintomatologia?);<br />

- antinflamatÛria: por ser higroscÛpica e inibir a fosfolipase e, consequentemente, a liberaÁ„o da<br />

prostoglandina;<br />

- biolÛgica: o pH alcalino ativa a fosfatase que liberar· Ìons fosfatos na circulaÁ„o, que unem-se ao<br />

c·lcio do cimento, formando o fosfato de c·lcio da hidroxiapatita ou diferencia as cÈlulas<br />

mesenquimais em odontoblastos;<br />

- bacteriolÛgica: os Ìons hidroxila inibem o metabolismo enzim·tico das bactÈrias, destruindo-as<br />

(n„o È efetivo para os anaerÛbios facultativos Estreptococos faecalis., Pseudomonas aeruginosa e<br />

Escherichia coli) e degradam o LPS. Os Ìons c·lcio removem o g·s carbÙnico do meio, necess·rio<br />

para os anaerÛbios ; e<br />

- neutralizaÁ„o: reagem e anulam os produtos ·cidos e as endotoxinas.<br />

O hidrÛxido de c·lcio necessita de, pelo menos, 1 semana para desinfectar o canal com<br />

polpa necrosada (Sjˆgren).<br />

Somente com 7 dias, os Ìons hidroxilas chegam na superfÌcie externa da raiz e o pH da<br />

dentina passa de 6 para 9. O pH m·ximo sÛ È alcanÁado entre 2 e 3 semanas (Nerwich).<br />

Nos casos de rizogÍnese incompleta e reabsorÁıes interna e externa, deve-se obturar o<br />

canal com a mistura do hidrÛxido de c·lcio P.A e veÌculo hidrosol˙vel (polietilenoglicol) ou oleoso (Ûleo<br />

de oliva), devido a liberaÁ„o de Ìons hidroxila mais lenta e uniforme. No caso de polpa viva e ·pice<br />

aberto, o tratamento È de apicigÍnese (pulpotomia); no caso de polpa necrosada e ·pice aberto, a<br />

apicificaÁ„o. Nos 2 casos, espera-se o fechamento do ·pice radicular, porÈm, devido a diluiÁ„o mais<br />

r·pida da pasta, h· a necessidade de trocas mensais. A confirmaÁ„o do fechamento do ·pice È feita<br />

radiograficamente, sem a pasta no canal e mecanicamente com limas. A alcalinizaÁ„o da dentina, pela<br />

difus„o dos Ìons hidroxila, pode favorecer a neutralizaÁ„o das ·reas de reabsorÁıes pois os osteoclastos sÛ<br />

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atuam em locais de pH baixo, seguido pela estimulaÁ„o do reparo (Tronstad, 1981). Quando a reabsorÁ„o<br />

for interna, o hidrÛxido de c·lcio deve permanecer por 30 dias e, quando for externa, 90 dias.<br />

Nos casos de lesıes refrat·rias (presenÁa de microrganismos, mormente anaerÛbios<br />

estritos, em lesıes crÙnicas de longa duraÁ„o, com conseq¸ente estabelecimento de uma microbiota ñ<br />

n˙mero e virulÍncia ñ e defesas do organismo menos eficazes, que n„o reagem ao tratamento endodÙntico<br />

convencional ñ Siqueira Jr.): uma indicaÁ„o È o preenchimento do canal com PRP atÈ a c‚mara, onde se<br />

coloca pÛ do CFC com calcadores ou limas. A mistura È feita dentro do canal. A fÛrmula È a seguinte:<br />

ciprofloxacina 500mg (1comprimido triturado) ......................... 25%<br />

metronidazol 400mg (1comprimido triturado) ........................... 25%<br />

hidrÛxido de c·lcio P.A ............................................................... 50%<br />

Nos casos de lesıes refrat·rias com secreÁ„o esverdeada, que denuncia a presenÁa de<br />

pseudomonas, Machado indica o preenchimento do canal, com extravasamento para a les„o periapical, da<br />

pasta de iodofÛrmio e polietilenoglicol 400.<br />

Nas lesıes refrat·rias, os microrganismos encontram-se no tecido necrosado adjacente ao<br />

forame, na superfÌcie radicular, em crateras e no corpo da les„o. Talvez o ˙nico tratamento seja o<br />

cir˙rgico.<br />

Como em 20% das lesıes refrat·rias, o microganismo È o fungo, pode-se tentar a<br />

medicaÁ„o intracanal de clorexidina 2% por 2 dias, seguida do Calen PMCC por 14 dias ou a mistura do<br />

Calen com a clorexidina gel.<br />

A clorexidina (Heling et al em 1992) est· indicada para gram-positivos e negativos,<br />

anaerÛbios facultativos, aerÛbios, leveduras e fungos (anaerÛbios estritos?). Tem a propriedade de<br />

substantividade que È a absorÁ„o dentin·ria e bacteriana para a aÁ„o residual antimicrobiana por 72 horas.<br />

Sua toxicidade È relativa, exceto na concentraÁ„o de 2%, n„o dissolve a matÈria org‚nica, n„o inativa o<br />

LPS e sem aÁ„o de limpeza.<br />

ApÛs a colocaÁ„o de qualquer curativo ou medicaÁ„o intracanal, deve-se colocar uma<br />

bolinha de algod„o estÈril na entrada do canal, o recobrimento desta com uma l‚mina de guta percha em<br />

bast„o e o selamento da cavidade com cimento provisÛrio. O ideal para se evitar a contaminaÁ„o dos<br />

canais, entre sessıes, seria o selamento cavit·rio com resina composta.<br />

… aconselh·vel, apÛs o preparo do canal e entre trocas de curativos, a inundaÁ„o do canal<br />

com soluÁ„o de EDTA 17%, agitada com lima ou ultra-som, a fim de se remover tanto a camada residual<br />

(smear layer) como o carbonato de c·lcio (reaÁ„o com o C02 dos tecidos) deixado pela pasta de hidrÛxido<br />

de c·lcio e assim prover a maior permeabilidade da dentina para que os medicamentos possam agir<br />

eficazmente.<br />

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OBTURA« O DOS CANAIS RADICULARES<br />

Uma vez o canal esvaziado, sanificado e modelado, deve-se preenchÍ-lo hermÈtico e<br />

tridimensionalmente para se evitar a penetraÁ„o de fluidos teciduais (estagnaÁ„o, decomposiÁ„o e<br />

produÁ„o de subst‚ncia s tÛxicas) e impedir a contaminaÁ„o por microrganismos que tenham<br />

permanecidos nos canalÌculos e ou no sistema de canais.. Assim, dando condiÁıes biolÛgicas favor·veis<br />

ao selamento biolÛgico apical e periapical.<br />

Segundo Goldberg, s„o esses os requisitos dos materiais obturadores:<br />

- tempo de trabalho: para que se possa concluir a obturaÁ„o com o material ainda pl·stico. Entretanto,<br />

È bom lembrar que quanto maior esse tempo, maior ser· a contraÁ„o de presa;<br />

- estabilidade dimensional: para promover o vedamento, principalmente do terÁo apical. Lembra-se<br />

tambÈm que quanto maior a quantidade do material, maior ser· a contraÁ„o de presa. A guta-percha<br />

contÌnua sÛlida com temperatura superior ‡ do corpo;<br />

- impermeabilidade: todos os materiais pl·sticos s„o perme·veis, daÌ a massa obturadora ter 85% ou<br />

mais de cones de guta percha;<br />

- radiopacidade: para se verificar a qualidade do preenchimento, sabendo-se que, em exagero, mascara<br />

falhas e vazios;<br />

- compatibilidade biolÛgica: tem de ser inerte ou anti-sÈptico suave para n„o irritar o coto pulpar e os<br />

tecidos periapicais e estimular ‡ reparaÁ„o;<br />

- inalterador de cor: alguns componentes dos cimentos escurecem a cor da coroa dental como a prata,<br />

os fenÛis, iodo, etc. Portanto, devem se restringir ao canal radicular;<br />

- f·cil remoÁ„o: pela necessidade do retratamento. A guta-percha È amolecida pela temperatura e<br />

solventes;<br />

- adesividade: nenhum material apresenta esta propriedade j· que existe a umidade natural do canal.<br />

Os materiais obturadores s„o classificados assim:<br />

- sÛlidos: cones de prata (99,98%) de difÌcil ajuste nas paredes do canal por ser rÌgido, Ûtima<br />

estandardizaÁ„o e flexibilidade, difÌcil remoÁ„o e radiopacidade excessiva. Cones de guta-percha<br />

(polÌmero isÙmero da borracha com 20% de guta-percha e 70% de Ûxido de zinco) que sofre<br />

compress„o ‡s paredes do canal, tem estabilidade fÌsico-quÌmica, toler‚ncia tecidual, radiopacidade<br />

adequada e È de f·cil remoÁ„o. Oxida-se quando exposto ‡ luz e ao ar; e<br />

- pl·sticos: de difÌcil introduÁ„o no canal (di‚metro maior que a altura). Os cimentos (a uni„o de seus<br />

componentes levam ao endurecimento) servem para o preenchimento das interfaces cone/parede e<br />

cone/cone. Existem os ‡ base de hidrÛxido de c·lcio (estimulam a reparaÁ„o apical), resinas pl·sticas<br />

(relativa ades„o), ionÙmero de vidro (incompatibilidade tecidual) e Ûxido de zinco e eugenol<br />

(irritantes).<br />

Como saber a oportunidade de se realizar a obturaÁ„o do canal?<br />

- ausÍncia de sintomatologia dolorosa;<br />

- ausÍncia de sensibilidade apical e de edema; e<br />

- ausÍncia de qualquer tipo de exsudatos no canal.<br />

S„o in˙meras as tÈcnicas de obturaÁ„o, na dependÍncia da anatomia radicular, maturaÁ„o<br />

do ·pice dental e da preferÍncia e domÌnio do operador. A tÈcnica da condensaÁ„o lateral ativa<br />

(Callahan, 1914) È a mais popular e È assim descrita:<br />

- remoÁ„o do medicaÁ„o intracanal e da camada residual (barreira fÌsica intermedi·ria que poder·<br />

interferir na ades„o e penetraÁ„o dos cimentos nos t˙bulos dentin·rios. Sendo uma estrutura n„o<br />

homogÍnea, org‚nica e inorg‚nica, e fracamente aderida, poder· desintegrar-se e assim criar um espaÁo<br />

vazio;<br />

- neutralizaÁ„o do EDTA com hipoclorito de sÛdio e ou soro;<br />

- secagem dos canais com pontas no di‚metro e comprimento do instrumento apical final;<br />

- descontaminaÁ„o do cone-mestre ou principal em soluÁ„o de ·lcool-iodado 0,3% por 3 minutos e<br />

apÛs neutralizado em Èter-·lcool 1:1. O hipoclorito de sÛdio a 5% por 5 minutos resseca os cones de<br />

guta-percha;<br />

- escolha do cone-mestre: que dever· assentar e travar no batente apical (testes visual, t·til e<br />

radiogr·fico). Preferencialmente, devido a feitura dos cones ser manual, utiliza-se a rÈgua calibradora<br />

e ter em mente que a capacidade de corte depende de cada profissional e que a convergÍncia apical<br />

na rizogÍnese n„o se d· na mesma forma nos planos M-D e V-L.;<br />

- introduÁ„o do cone-mestre no canal, envolto de cimento com exceÁ„o da ponta (tÈcnica<br />

biologicamente controlada), com movimento de vai-e-vem atÈ o comprimento de trabalho. Deve-se<br />

levar o cimento em todas as paredes, com movimento circular, e n„o mais retir·-lo para evitar<br />

extravasamento;<br />

11


- introduÁ„o do espaÁador digital de aÁo inox, procurando- ir atÈ o comprimento de trabalho, ‡ expensa<br />

de uma ˙nica parede do canal. Como regra e a fim de facilitar a introduÁ„o de cones acessÛrios,<br />

inicia-se com o espaÁador C, com movimento de cateterismo. Caso fique mais de 1mm, tente descer<br />

mais com espaÁadores de menor calibre. Uma vez, no comprimento de trabalho ou bem prÛximo,<br />

fique utilizando o mesmo espaÁador. … aconselh·vel, ficar retirando e avanÁando atÈ a folga do<br />

espaÁador. Em canais curvos, o espaÁador de nÌquel-tit‚nio penetra mais (Berry et al em 1998) e com<br />

menor estresse para as paredes do canal (Joyce et al em 1998);<br />

- preparaÁ„o do cone acessÛrio ou secund·rio com a mesma medida de penetraÁ„o e envolto de<br />

cimento. Existem os cones acessÛrios na conicidades XF (extra-fino), FF (fino-fino), MF (mÈdiofino),<br />

F (fino), FM (fino-mÈdio), M (mÈdio), L (largo), ML (mÈdio-largo) e XL (extra-largo);<br />

- remoÁ„o do espaÁador, com movimento anti-hor·rio, e introduÁ„o imediata do cone acessÛrio que, de<br />

preferÍncia, deve ficar justo; e<br />

- apÛs o preenchimento completo do terÁo apical, realiza-se uma radiografia para se observar a<br />

qualidade da obturaÁ„o. Se tiver extravasamento de cimento, n„o se procede a condensaÁ„o vertical.<br />

Se tiver extravasamento de cones, deve-se entrelaÁ·-los e tracion·-los com pinÁa hemost·tica;<br />

- caso esteja tudo correto, procede-se o corte com calcadores quentes e a condensaÁ„o vertical com<br />

calcadores frios e umedecidos em ·lcool;<br />

- toalete da c‚mara pulpar com Èter-·lcool;<br />

- l‚mina de guta percha em bast„o no assoalho da c‚mara<br />

- selamento cavit·rio com cimentos restauradores provisÛrios; e<br />

- remoÁ„o do isolamento absoluto e tomada da radiografia de controle e trabalho.<br />

Quando h· o risco, nessa tÈcnica, de ocorrer o extravasamento do cimento obturador, d·-se<br />

preferÍncia ao de hidrÛxido de c·lcio n„o resinoso (Sealapex), que s„o mais tolerados quimicamente pelos<br />

tecidos e podem, atÈ, serem fagocitados. A presa desse cimento de 1 hora È acelerada em contato com a<br />

umidade do canal. Do contr·rio, recomenda-se o cimento AH plus por ser bastante biocompatÌvel, ter bo<br />

escoamento, baixa contraÁ„o e solubilidade, tempo de presa de 8 horas e de f·cil mistura.<br />

Quando, ainda na tÈcnica de condensaÁ„o lateral ativa, encontra-se dificuldade de se<br />

corrigir a condensaÁ„o, devido ao endurecimento do cimento e morfologia ou irregularidades do canal,<br />

aconselha-se o emprego de tÈcnica de termocompactaÁ„o da guta-percha, a HÌbrida de Tagger<br />

modificada (1983), que È a associaÁ„o da tÈcnica da condensaÁ„o lateral ativa (Callaham em 1914) e a de<br />

McSpadden (1980), como segue:<br />

- realizaÁ„o da condensaÁ„o lateral do terÁo apical com, no mÌnimo, 2 cones acessÛrios;<br />

- introduÁ„o do espaÁador digital atÈ 2mm aquÈm do comprimento real de trabalho;<br />

- escolha do di‚metro do compactador (modificada a forma de lima Kerr com espirais invertidas ñ<br />

engine plugger - para a de lima Hedstroem com cones invertidos): 2 di‚metros acima do instrumento<br />

apical final ou memÛria;<br />

- acionamento do contra-‚ngulo pneum·tico (12 a 30 000 rpm);<br />

- introduÁ„o do compactador no espaÁo deixado pelo espaÁador, de encosto aos cones e retirada de<br />

encosto ‡ parede do canal. Repetir v·rias vezes, sem parar. Devido ao aquecimento, È preferÌvel<br />

acionar o motor para uma rotaÁ„o mais baixa ou usar motor de reduÁ„o. O instrumento ir· plastificar<br />

a guta percha, por fricÁ„o. Devido a forma de parafuso invertido, condensar· o material para dentro<br />

do canal, enquanto sair· do canal; e<br />

- apÛs an·lise da radiografia, corta-se os cones e procede-se a condensaÁ„o vertical a frio.<br />

Nesta tÈcnica n„o se deve empregar cimento resinosos, tipo Sealer 26 (tempo de presa de<br />

12 horas) devido a possibilidade de extravasamento.<br />

Com o intuito de simplificar e preencher corretamente o canal existem tÈcnicas de<br />

termoplastificaÁ„o da guta percha, na forma alfa, dentro do canal ou levada por meio de seringa e<br />

carregadores. Ex. Tagger, Obtura, Ultrafil, Termafil, etc. A forma alfa tem a mesma composiÁ„o da beta,<br />

porÈm a cadeia È linear, que, juntamente com a menor quantidade de Ûxido de zinco, propiciam maior<br />

flexibilidade. Tem o ponto de fus„o baixo de mais ou menos 45 C, que n„o agride os tecidos e se aderem<br />

mais ‡s paredes do canal. O emprego de cimento È indispens·vel, porÈm, em pequena quantidade devido<br />

a facilidade de extravasamento.<br />

Existem ainda, as tÈcnicas de obturaÁ„o que utilizam as resinas na forma de cimento e<br />

cones, tipo Endo-Rez, Epiphany e Real Seal. Devido ao sistema adesivo, promovem um monobloco<br />

obturaÁ„o/paredes do canal.<br />

A invas„o da ·rea periapical por material obturador (sobreobturaÁ„o), segundo Seltzer e<br />

al, pode levar ao retardo da reparaÁ„o, persistÍncia da inflamaÁ„o e proliferaÁ„o conjuntiva e epitelial a<br />

fim de isolar o corpo estranho. Na dependÍncia da quantidade, natureza e consistÍncia, o material pode<br />

ser dispersado, solubilizado e fagocitado. Em algumas situaÁıes, pode ser expulso por meio de um<br />

abscesso.<br />

12


SEMIOT…CNICA ENDOD‘NTICA<br />

Desnecess·rio argumentar que o sucesso do tratamento est· ancorado sobre os pilares do<br />

DiagnÛstico e PrognÛstico. Para isso, deve-se se valer dos conhecimentos tÈcnico-cientÌficos, da<br />

casuÌstica e do senso clÌnico.<br />

Na verdade, existe um sinergismo de recursos semiotÈcnicos entre a anamnese, os exames<br />

fÌsicos e os exames complementares.<br />

Na anamnese deve-se, principalmente, interrogar o paciente sobre sua histÛria mÈdica<br />

pregressa, atual e familiar e mais a queixa odontolÛgica pregressa e atual.<br />

Os exames fÌsicos compreendem a inspeÁ„o (integridade e coloraÁ„o da coroa dental, tipo<br />

de restauraÁ„o, exposiÁ„o ou n„o da c‚mara pulpar, tumefaÁ„o, fÌstula, edema, retraÁo gengival, etc), o<br />

teste de mobilidade dental, a sondagem do sulco gengival, a verificaÁ„o da oclus„o, o teste de palpaÁ„o<br />

apical e o teste de percuss„o apical.<br />

Os testes de percuss„o e palpaÁ„o apical servem para constatar a presenÁa ou n„o de<br />

exsudato inflamatÛrio no pericemento.<br />

O teste de mobilidade dental traduz o comprometimento ou n„o das fibras periodontais e a<br />

presenÁa ou n„o de secreÁ„o no ligamento.<br />

A sondagem verifica a instalaÁ„o ou n„o de bolsa periodontal.<br />

A oclus„o È verificada em lateralidade, protus„o e relaÁ„o cÍntrica a fim de constatar<br />

contatos prematuros e interferÍncias<br />

Os exames complementares compreendem o tÈrmico, o elÈtrico, o da cavidade, com laser,<br />

o da anestesia e as de imagem.<br />

Durante a constataÁ„o da vitalidade pulpar por meio tÈrmico, aplicado no colo dental seco,<br />

o frio deve ser o preferido j· que a resposta pulpar È mais r·pida do que com o calor devido a existÍncia<br />

de um movimento mais pronto do lÌquido canalicular para estÌmulos contratÈis do que para expansivos.<br />

Recorre-se ao g·s refrigerante (dicloro difl˙or metano) e a neve carbÙnica que tÍm confiabilidade de 97%<br />

contra 30% do gelo. O gelo tambÈm n„o È eficiente em dentes recÈm-traumatizados, com o ·pice aberto,<br />

com a c‚mara pulpar reduzida ou ausente, com grande volume dentin·rio (canino e prÈ-molar) e com<br />

coroas protÈticas.<br />

O exame elÈtrico pode d· resposta positiva-falsa em raz„o de necrose pulpar com vitalidade<br />

nervosa e vitalidade do ligamento com polpa necrosada.<br />

O exame da cavidade È realizado sem anestesia. Deve-se remover, com cureta ou broca de<br />

baixa velocidade, a c·rie atÈ a exposiÁ„o da dentina. Nesta, fricciona-se a ponta do explorador ou uma<br />

broca ou atÈ a aplicaÁ„o do g·s refrigerante.<br />

O exame da anestesia serve para se identificar o dente ·lgico dentre v·rios suspeitos, no<br />

caso de dor irradiada. Vale-se da anestesia infiltrativa no ·pice radicular.<br />

O emprego do laser È para quantificar tanto a profundidade da c·rie como o grau de<br />

envolvimento da circulaÁ„o sang¸inea da polpa. Ex: Doppler flowmter.<br />

O exame por imagem abrange as radiografias periapicais (bissetriz e paralelismo),<br />

periapicais alternativas (de Clark, dicotomografia de Heckel de Alemeida, LeMaster e triangular de<br />

rastreamento), interproximal, oclusal e panor‚mica que servem para auxiliar no diagnÛstico das doenÁas<br />

endodÙnticas e periodontais, nas etapas operatÛrias, para documentaÁ„o legal e para a proservaÁ„o do<br />

caso clÌnico.<br />

A radiografia digital direta (radiovisiografia) oferece mÌnima radiaÁ„o, imagem instat‚nea<br />

no monitor, manipulaÁ„o da imagem (troca de radiolucidez por radiopacidade, alto relevo, etc)<br />

arquivamento compactado e seguro, alÈm de dispensar filme radiogr·fico, processo de revelaÁ‡o e de<br />

escaneamento. Entretanto, tem custo altÌssimo, o sensor ainda provoca desconforto, a imagem n„o È<br />

perfeita e requer bastante treinamento.<br />

A endodontia dispıe ainda de um excelente exame de imagem que È a tomografia<br />

computadorizada helicoidal. … elucidativa para evidÍncia de les„o, reabsorÁıes radiculares, fraturas<br />

radiculares, perfuraÁıes radiculares, etc.<br />

13


DIAGN”STICO E TRATAMENTO DAS DOEN«AS PULPARES<br />

A polpa dental responde a qualquer agress„o, ficando essa resposta na dependÍncia da<br />

intensidade e freq¸Íncia do irritante e de fatores circunstanciais, tais como: condiÁıes anatomo-clÌnica do<br />

·pice e da coroa, sistÍmicas, idade e seq¸elas dos procedimentos operatÛrios. S„o essas as respostas da<br />

polpa:<br />

- INFLAMAT”RIAS: de origem microbiana, quÌmica e fÌsica. Embora idÍntica aos<br />

demais tecidos conjuntivos, a inflamaÁ„o pulpar tem caracterÌsticas prÛprias em raz„o do arcabouÁo<br />

mineralizado que limita a sua capacidade de acumular fluidos, impedindo o aumento de volume da polpa<br />

e aumentando a press„o hidrost·tica da cavidade pulpar, e, do tipo terminal de irrigaÁ„o sang¸Ìnea e<br />

linf·tica, traduzido por um n˙mero limitado de forames.<br />

A dor na inflamaÁ„o pulpar È atribuÌda ‡ press„o e irritaÁ„o dos mediadores quÌmicos sobre<br />

as terminaÁıes nervosas sensitivas, ‡ press„o hidra˙lica do edema e exsudatos nas fibras sensitivas, ‡<br />

alteraÁ„o do equilÌbrio osmÛtico (a saÌda de colÛides sang¸Ìneos e a decomposiÁ„o de cÈlulas lesadas<br />

tornam hipertÙnico o fluido pulpar) e a maior formaÁ„o de fibras C pela citocina NGF dos macrÛfagos.<br />

Os nervos sensitivos da polpa s„o representados pelas fibras delta-A (1 a 6 µm) de conduÁ„o<br />

relativamente r·pida e as fibras beta-A (6 a 12 µm) de conduÁ„o r·pida, mielinizados que provocam dor<br />

r·pida, aguda e localizada. As fibras C (0,4 a 1,2 µm) amielinizadas provocam dor lenta, prolongada e<br />

difusa e s„o de conduÁ„o lenta.<br />

A dor pulpar È classificada quanto ao aparecimento (provocada ou espont‚nea), a duraÁ„o<br />

(curta ou prolongada), a sede (localizada ou difusa) e a freq¸Íncia (intermitente ou contÌnua).<br />

O diagnÛstico de uma polpa indene, n„o alterada, È de dente assintom·tico, dor leve no<br />

momento do estÌmulo e ausÍncia de sensibilidade apical. Caso exposta, apresentaria hemorragia profusa<br />

e rutilante e resistÍncia ao corte.<br />

A polpa alterada recebe os diagnÛsticos clÌnicos de pulpite reversÌvel, pulpite de transiÁ„o,<br />

pulpite irreversÌvel e necrose.<br />

O quadro clÌnico de pulpite reversÌvel È de dor localizada, provocada e de curta duraÁ„o.<br />

AusÍncia de sensibilidade apical. A polpa se mostraria com sangramento e consistÍncia normais. A<br />

profundidade da c·rie È de atÈ a da parede dentin·ria. Os mecanismos de defesa da polpa s„o a<br />

formaÁ„o de dentina esclerosada reacional e de dentina terci·ria reacional. O tratamento consiste na<br />

remoÁ„o da c·rie, proteÁ„o indireta da polpa e restauraÁ„o definitiva.<br />

O quadro de pulpite de transiÁ„o È de dor localizada, provocada ou espont‚nea e de<br />

prolongada duraÁ„o. Pode haver sensibilidade e espessamento apical. A polpa se mostraria com<br />

sangramento e consistÍncia normais. A profundidade da c·rie È de atÈ æ da parede dentin·ria. O<br />

mecanismo de defesa da polpa È a formaÁ„o de dentina terci·ria reacional. O tratamento consiste na<br />

remoÁ„o da c·rie, proteÁ„o indireta da polpa e restauraÁ„o provisÛria.<br />

O quadro clÌnico de pulpite irreversÌvel È de dor irradiada (microabscesso), espont‚nea<br />

s˙bita e de prolongada duraÁ„o. … tambÈm contÌnua latejante que n„o passa com o uso de analgÈsico,<br />

exarcebada pelo calor e mitigada pelo frio. Pode haver sensibilidade e espessamento apical. A polpa se<br />

mostraria com sangramento discreto, escuro ou claro e com consistÍncia pastosa. A profundidade da c·rie<br />

vai alÈm de æ da parede dentin·ria, sem contudo comprometer ‡ c‚mara. O mecanismo de defesa da<br />

polpa È a formaÁ„o de dentina terci·ria reparadora. O tratamento È a pulpectomia.<br />

O tratamento de urgÍncia para a pulpite irreversÌvel consiste na realizaÁ„o r·pida de uma<br />

pulpotomia, com a medicaÁ„o tÛpica de Otosporin. Caso persista o sangramento da polpa radicular, os<br />

canais devem ser esvaziados parcialmente, com limas soltas, e preenchidos com a mesma medicaÁ„o.<br />

Finaliza-se com o selamento cavit·rio provisÛrio.<br />

O quadro de pulpite crÙnica È de dor localizada, leve, provocada, puls·til ao deitar e de<br />

curta duraÁ„o. H· sensibilidade e espessamento apical. A profundidade da c·rie j· atingiu ‡ c‚mara<br />

pulpar. Os mecanismos de defesa da polpa s„o a formaÁ„o de dentina terci·ria reparadora ou a barreira de<br />

neutrÛfilos. Os tratamentos s„o, na dependÍncia do tamnho da exposiÁ„o, caracterÌsticas do tecido pulpar<br />

e da idade do paciente, o capeamento direto, a pulpotomia ou a pulpectomia.<br />

Quando ocorrer uma comunicaÁ„o direta ampla da polpa com a cavidade bucal, a dor pode<br />

atÈ n„o se manisfestar, como no caso da ˙lcera pulpar. Somando-se a isso, a situaÁ„o de ·pice aberto, o<br />

tecido pulpar expande-se livremente para fora da c‚mara pulpar e para dentro da cavidade cariosa,<br />

instalando-se o pÛlipo pulpar de tecido granulomatoso, que sangra facilmente mas que se mostra<br />

insensÌvel ao toque por causa da degeneraÁ„o das fibras nervosas sensitivas. O cuidado È o da<br />

diferenciaÁ„o com os pÛlipos gengival e periodontal.<br />

- DEGENERATIVAS: freq¸entemente ocasionadas pelo envelhecimento ou seq¸ela da<br />

inflamaÁ„o crÙnica como a esclerose dentin·ria, tratos mortos, atrofia com fibrose, calcificaÁıes e<br />

reabsorÁ„o interna. A sintomatologia È discreta e, ‡s vezes, ausente. Percebe-se alteraÁ„o crom·tica<br />

14


leitosa opaca para a calcificaÁ„o e rÛsea para a reabsorÁ„o interna. A radiografia exibe a esclerose pulpar<br />

(calcificaÁ„o difusa), o nÛdulo pulpar, a calcificaÁ„o pulpar e a reabsorÁ„o.<br />

A reabsorÁ„o radicular interna tem contorno regular, È simÈtrica, de densidade uniforme e<br />

fixa ao deslocamento da radiaÁ„o. A teoria que a explica È a do antÌgeno seq¸estrado (proteÌnas da<br />

dentina). Para que ocorra s„o necess·rias a exposiÁ„o da dentina (rompimento da camada de<br />

odontoblastos) uma inflamaÁ„o crÙnica (presenÁa de macrÛfagos) e o pH ·cido (abaixo de 6). Os<br />

osteoclastos da unidade osteorremodeladora (macrÛfagos e osteoblastos) dissolvem a hidroxiapatita por<br />

meio dos ·cidos carbÙnico, l·tico e cÌtrico, enquanto a matriz org‚nica È degrada por meio da enzimas<br />

hidrolase ·cida e cologenase.<br />

O tratamento da reabsorÁ„o radicular interna consiste da remoÁ„o mec‚nica (lima em forma<br />

de enxada) e quÌmica (hipoclorito de sÛdio) do tecido granulomatoso, do curativo de hidrÛxido de c·lcio<br />

por 30 dias e da obturaÁ„o termoplastificada.<br />

A calcificaÁ„o pulpar quando detectada È motivo de preocupaÁ„o j· que as alteraÁıes<br />

degenerativas quando iniciam, n„o param. Faz-se ou n„o o tratamento endodÙntico preventivo num dente<br />

indene?<br />

- NECROSE: decorrente da inflamaÁ„o aguda e crÙnica e das alteraÁıes degenerativas sem<br />

tratamento que surtam a circulaÁ„o sang¸Ìnea (infarto pulpar). Ocorre, num tecido necrosado,<br />

modificaÁıes pelo ar (gangrena seca), pela umidade (gangrena ˙mida) e pela contaminaÁ„o microbiana<br />

(gangrena gasosa) que, clinicamente, n„o s„o identificadas. O canal transforma-se num excelente campo<br />

para a proliferaÁ„o bacteriana, isento dos elementos naturais da defesa org‚nica. Encontra-se restos<br />

org‚nicos da polpa e de alimentos e uma temperatura eugenÈsica de 37 graus. Os produtos tÛxicos<br />

bacterianos, resultantes do metabolismo, s„o potencialmente capazes de produzirem doenÁas em todo o<br />

organismo.<br />

A necrose faz cessar os sintomas dolorosos de origem pulpar, mas provavelmente far·<br />

surgir dores originadas da press„o e irritaÁ„o exercida sobre as terminaÁıes nervosas do ligamento apical.<br />

Percebe-se mudanÁa de cor, tornando a coroa escura e sem translucidez. H· sensibilidade apical e o<br />

exame radiogr·fico pode revelar o espessamento do ligamento devido ‡ reabsorÁ„o Ûsseo-cement·ria.<br />

A necrose se dar por 2 processos sobre as proteÌnas teciduais: digest„o enzim·tica com<br />

conseq¸ente liquefaÁ„o e desnaturaÁ„o com conseq¸ente coagulaÁ„o. Quando da ingest„o de bactÈrias, os<br />

neutrÛfilos liberam enzimas proteolÌticas lisossomais, que somam-se ‡s da das bactÈrias e ao do prÛprio<br />

tecido pulpar. A supress„o do suprimento sang¸ineo de um tecido pobre em lisossomos, como ocorre nos<br />

casos de traumatismo dent·rio, determina a coagulaÁ„o com um mÌnimo de liquefaÁ„o.<br />

Na necrose sem les„o h· predomin‚ncia de aerÛbios gram-positivos, restritos ‡ luz do canal,<br />

com tens„o de oxigÍnio no sistema de canais.<br />

O tratamento consiste na neutralizaÁ„o e preparo do canal, medicaÁ„o com hidrÛxido de<br />

c·lcio e obturaÁ„o.<br />

Junto com a necrose pode ocorrer a reabsorÁ„o radicular externa, que tem contorno<br />

irregular, È assimÈtrica, de densidade vari·vel e mÛvel ao deslocamento da radiaÁ„o. A teoria que a<br />

explica È a mesma da interna<br />

O tratamento da reabsorÁ„o radicular externa consiste na neutralizaÁ„o e preparo do canal,<br />

curativo de hidrÛxido de c·lcio por 3 meses e da obturaÁ„o convencional.<br />

Ainda junto com a necrose pode ocorrer a doenÁa endoperio que tem as caracterÌsticas da<br />

necrose pulpar e da periodontite: placa bacteriana, bolsa periodontal, migraÁ„o apical do epitÈlio<br />

juncional determinando mobilidade dental e sondagem limitada ‡ apenas uma parede, percebendo-se o<br />

contorno da raiz.<br />

O tratamento da doenÁa endoperio consiste da neutralizaÁ„o e preparo do canal e da<br />

medicaÁ„o intracanal seguidos da terapia periodontal b·sica. Numa outra sess„o, a avaliaí~ao dea<br />

necessidade de cirurgia a retalho (bolsa extensa e comunicaÁıes patolÛgicas).<br />

15


DIAGN”STICO E TRATAMENTO DAS DOEN«AS PERIAPICAIS<br />

A evoluÁ„o das doenÁas na regi„o apical se assemelham bastante com ‡s da polpa, haja<br />

vista o diminuto espaÁo do pericemento (di‚metro de 0,25mm) e o confinamento no osso esponjoso, entre<br />

as corticais Ûssea vestibular e lingual. Clinicamente observa-se, com mais freq¸Íncia, a pericementite ou<br />

periodontite aguda, o abscesso dentoalveolar agudo, o abscesso dentoalveolar crÙnico, a les„o sugestiva<br />

de granuloma apical ou periodontite crÙnica e a les„o sugestiva de cisto periodontal apical, decorrentes ou<br />

n„o da mortificaÁ„o pulpar.<br />

A periodontite ou pericementite aguda prim·ria representa a inflamaÁ„o do ligamento<br />

periodontal ocasionada por traumas oclusal (bruxismo, contato prematuro, interferÍncia) e dental<br />

(concuss„o, fratura coron·ria, etc), uso abusivo de subst‚ncias quÌmicas tÛxicas no canal radicular e<br />

sobreinstrumentaÁ„o durante a pulpectomia.<br />

O tratamento da pericementite prim·ria, quando por trauma oclusal, consiste meramente da<br />

remoÁ„o da causa, prescriÁ„o de analgÈsico e ou antinflamatÛrio e controle da vitalidade pulpar. Quando<br />

o trauma for quÌmico ou mec‚nico durante a manipulaÁ„o do canal, faz-se irrigaÁıes tÍnues e profusas,<br />

medicaÁ„o intracanal antinflamatÛria e prescriÁ„o de analgÈsico e ou antinflamatÛrio.<br />

A periodontite ou pericementite aguda secund·ria caracteriza-se pela presenÁa de<br />

microrganismos. Na maioria dos casos, a etiologia s„o as bactÈrias localizadas no canal com mortificaÁ„o<br />

pulpar as quais podem ultrapassar o forame apical e atingir o ligamento periodontal. Quase sempre isso<br />

acontece quando o material sÈptico, contido no canal, È impelido mecanicamente para alÈm do forame<br />

apical, seja pela press„o dos alimentos mastigados seja pela prÛpria instrumentaÁ„o durante o preparo dos<br />

canais.<br />

O tratamento da pericementite secund·ria consiste da neutralizaÁ„o do canal, trespasse do<br />

forame (edema), tricresol formalina na c‚mara pulpar por 48 horas e prescriÁ„o de analgÈsico e ou<br />

antinflamatÛrio.<br />

O quadro clÌnico da pericementite pode ser descrito como uma dor espont‚nea, que aparece<br />

e aumenta gradualmente, de car·ter contÌnuo, porÈm, com alguns perÌodos em que cresce e decresce,<br />

segundo determinadas circunst‚ncias. Por exemplo, ela tende a aumentar durante a noite, talvez pela<br />

posiÁ„o do paciente deitado, que tende a facilitar um maior fluxo sang¸Ìneo ‡ regi„o, fazendo aumentar o<br />

edema local e conseq¸entemente a press„o e a dor. Essa dor È perfeitamente localizada pelo paciente, uma<br />

vez que o ligamento periodontal possui terminaÁıes nervosas t·cteis. N„o h· nevralgias capazes de<br />

provocar fenÙmenos dolorosos reflexos. A percuss„o e a press„o o dente dolorido tendem a aumentar a<br />

intensidade da dor pelo aumento s˙bito da press„o ao nÌvel do local edematoso inflamado. O paciente<br />

queixa-se de mobilidade dental, bem como de uma sensaÁ„o de que o dente est· crescido e saliente em<br />

seu alvÈolo. AlÈm disso, a gengiva ao redor do dente, mostra-se tambÈm inflamada e dolorida ‡ press„o.<br />

O abscesso dentoalveolar agudo ou abscesso periapical agudo È uma coleÁ„o purulenta<br />

circunscrita e localizada no interior dos tecidos que circundam ‡ raiz dental. Surge comumente como<br />

resultado da extens„o de uma infecÁ„o da polpa dental para os tecidos periapicais. Contudo, pode ocorrer<br />

tambÈm em conseq¸Íncia de um traumatismo sobre o dente que venha a provocar a necrose por<br />

coagulaÁ„o da polpa, pela irritaÁ„o dos tecidos periapicais por subst‚ncia quÌmica nos canais radiculares,<br />

pela manipulaÁ„o mec‚nica desses canais durante o tratamento endodÙntico ou por movimento mal<br />

dosado dos dentes tratados ortodonticamente.<br />

O abscesso periapical prim·rio È o que se desenvolve diretamente de uma inflamaÁ„o aguda<br />

dos tecidos periapicais, em conseq¸Íncia da necrose pulpar, e n„o apresentam ainda imagem radiogr·fica.<br />

O abscesso secund·rio de um surto agudo de um processo inflamatÛrio crÙnico preexistente, como o<br />

granuloma ou o cisto periapical.<br />

Os abscessos s„o causados por um irritante, de grande intensidade, que permanece<br />

localizado no canal radicular disseminando suas toxinas aos tecidos periapicais ou podendo chegar<br />

diretamente por via periodontal ou pela via hem·tica (anacorese).<br />

No abscesso periapical agudo, na fase inicial, o dente torna-se extremamente doloroso ‡<br />

percuss„o e ‡ palpaÁ„o apical devido a presenÁa do o pus na regi„o de pericemento, ligeiramente extruÌdo<br />

em seu alvÈolo e com mobilidade. A dor È severa, espont‚nea, localizada e de car·ter contÌnuo e puls·til.<br />

N„o h· edema, mas sim mobilidade e extrus„o dental.<br />

O tratamento consiste da abertura coron·ria (com ou sem dreno), neutralizaÁ„o do canal,<br />

trespasse do forame (com dreno), tricresol formalina na c‚mara pulpar (dente dolorido) e selamento<br />

cavit·rio provisÛrio.<br />

No abscesso periapical agudo, na fase em evoluÁ„o, ocorre a invas„o do pus no osso<br />

esponjoso e abaixo do periÛsteo. A dor È intensa, irradiada, espont‚nea, contÌnua e puls·til. A mobilidade<br />

e extrus„o dental est„o acentuadas. H· sensibilidade ao toque e espessamento e sensibilidade apical. Os<br />

nÛdulos linf·ticos ficam ingurgitados, doloridos e com o volume aumentado. Quando o pus chega ‡<br />

16


cortical Ûssea e comeÁa a perfur·-la, aproximando-se dos tecidos moles, percebe-se o edema, ·rea<br />

avermelhada, congesta e aquecida, sem ponto de flutuaÁ„o. Abaixo do periÛsteo, aparece um nÛdulo duro<br />

e circunscrito. Pode ocorrer a halitose, febre, prostraÁ„o e o trismo.<br />

Quando a coleÁ„o purulenta estiver intra-Ûssea, faz-se a abertura coron·ria (sem dreno),<br />

neutralizaÁ„o do canal, trespasse do forame (sem dreno), tricresol na c‚mara pulpar, selamento cavit·rio<br />

e prescriÁ„o de antibiÛtico e analgÈsico opiÛde. Quando estiver subperiÛstea, faz-se a incis„o com<br />

descolamento, abertura coron·ria, neutralizaÁ„o do canal, tricresol formalina na c‚mara pulpar e o<br />

selamento cavit·rio.<br />

No abscesso periapical agudo, na fase evoluÌda, o pus est· sob o tecido gengival ou<br />

mucosa, uma tumefaÁ„o difusa e branda, com ou sem ponto amarelo. A dor È menos intensa, porÈm,<br />

difusa, espont‚nea, contÌnua e puls·til. Pode haver h·lito fÈtido, febre, prostraÁ„o e trismo. H·<br />

sensibilidade ao toque e apical, mobilidade e extrus„o dental.<br />

O tratamento somente difere da situaÁ„o subperiÛstea, pela n„o necessidade do<br />

descolamento da incis„o para o dreno.<br />

Entende-se que a administraÁ„o de antibiÛtico È para somente nos casos de febre, edema<br />

facial e ausÍncia de drenagem e de neutralizaÁ„o do canal.<br />

… bom n„o confundir o abscesso periapical agudo, na fase evoluÌda, com o abscesso<br />

periodontal. Este ˙ltimo tem sintomatologia mais branda, tumefaÁ„o marginal, presenÁa de placa<br />

bacteriana, bolsa periodontal e mobilidade dental, alÈm do que o dente apresenta vitalidade pulpar.<br />

As doenÁas periapicais crÙnicas refletem o equilÌbrio hospedeiro/irritante, daÌ constituirem<br />

processos proliferativos de bolsa epitelial ou exsudato que, por ser periÛdico e de pouca monta, s„o de<br />

evoluÁ„o torpe e praticamente assintom·tico. Torna-se assim o diagnÛstico dificultoso e atÈ aleatÛrio.<br />

Vale lembrar que a les„o periapical sÛ È vista radiograficamente apÛs 1 ano da necrose e<br />

quando h· destruiÁ„o tecidual que comprometa, mesmo que superficialmente, a cortical Ûssea. Nessa<br />

condiÁ„o, h· predomin‚ncia de anaerÛbios gram-negativos, sem a presenÁa de oxigÍnio no sistema de<br />

canais. A mudanÁa de microbiota da necrose sem les„o para com les„o È denominada de shift<br />

microbiano.<br />

TÍm-se as seguintes manifestaÁıes clÌnicas:<br />

- abscesso dentoalveolar crÙnico ou abscesso periapical crÙnico: geralmente n„o<br />

apresenta nenhum sinal clÌnico dram·tico, uma vez que se trata de uma ·rea de<br />

supuraÁ„o suave e bem circunscrita com pouca tendÍncia a disseminar-se. O<br />

material purulento encontra uma via natural de escomento, atravÈs do prÛprio canal<br />

ou de uma fÌstula gengival.<br />

O material purulento pode seguir outro caminho e coletar-se sob a pele. Fica esta<br />

entumescida, avermelhada e aquecida, alÈm de dolorida, vindo a constituir uma abscesso cut‚neo.<br />

Alternativamente ao atingir o tecido celular subcut‚neo, pode a infecÁ„o disseminar-se<br />

dando origem ‡ celulite, impossÌvel de ser drenada e bastante perigosa, caso da angina de Ludwig.<br />

O flegm„o È uma inflamaÁ„o difusa nos tecidos moles que espalha-se ao longo dos planos<br />

faciais, disseminando-se entre as fibras musculares. Isso ocorre devido grande quantidade de enzimas<br />

hialuronidase e fibrinase.<br />

Os abscessos podem ainda se disseminar pelos vasos linf·ticos e sang¸Ìneos. Nos<br />

linf·ticos, os microrganismos e toxinas transitam indo alojar-se nos linfonodos, onde ser„o destruÌdos ou<br />

onde dar„o origem a uma adenite ou a um adenoflegm„o, dependendo da virulÍncia das bactÈrias ou<br />

toxinas envolvidas e da resistÍncia do organismo.<br />

Quando envolve os vasos sang¸Ìneos, pode ocorrer alteraÁıes nas paredes, tornando-as<br />

·speras e facilitando ‡ aderÍncia de elementos celulares, tromboflebites. Quando os microrganismos<br />

invadem os trombos e aÌ se multiplicam, ocorre a fragmentaÁ„o que ganha a corrente sang¸Ìnea e se<br />

dissemina no organismo, septicemia.<br />

Quando acomete molares decÌduos, podem provocar alteraÁıes morfolÛgicas no germe do<br />

permanente, dente de Turner e quando a infecÁ„o alcanÁa a base da mandÌbula, d·r-se o nome de<br />

osteomielite.<br />

A origem da infecÁ„o pode ser constatada atravÈs do mapeamento da fÌstula, usando-se<br />

irrigaÁ„o do canal radicular ou a introduÁ„o de um cone de guta-percha e posterior radiografia.<br />

As citocinas dos macrÛfagos IL-1·, IL-1‚ e TNF-· ativam a formaÁ„o do granuloma<br />

apical. PorÈm, quando alÈm dessas, aparecer a EGF, ocorrer· a proliferaÁ„o dos restos epitaliais de<br />

Malassez, dando origem a formaÁ„o do cisto apical.<br />

Nas periapicopatias crÙnicas s„o evidenciadas, histologicamente, 4 zonas marcantes,<br />

segundo Fish:<br />

- de infecÁ„o: caracterizada pela barreira neutrofÌlica na tentativa de isolar o<br />

sistema de canais (forame e foraminas) da regi„o apical;<br />

17


- de contaminaÁ„o: caracterizada pela presenÁa, na regi„o adjacente ao peri·pice,<br />

de toxinas, antÌgenos e leucÛcitos;<br />

- de irritaÁ„o: ocorre a fagocitose pelos macrÛfagos e o isolamento da zona de<br />

contaminaÁ„o pela lise Ûssea promovida pelos osteoclastos; e<br />

- de estimulaÁ„o: aÁ„o limitante da infecÁ„o pela formaÁ„o de c·psula fibrosa<br />

produzida pelos fibroblastos e aro esclerÛtico pelos osteoblastos.<br />

Portanto, j· existe uma avanÁada reabsorÁ„o Ûssea-cement·tia, evidenciando-se<br />

radiograficamente o que se chama de les„o periapical.<br />

As lesıes crÙnicas periapicais s„o assitom·ticas, mas com alteraÁ„o crom·tica da coroa e<br />

sensibilidade apical.<br />

O tratamento das lesıes crÙnicas periapicais È a neutralizaÁ„o, instrumentaÁ„o, medicaÁ„o<br />

com hidrÛxido de c·lcio por, no mÌnimo, 2 semanas, e a obturaÁ„o do canal radicular.<br />

… bom que se ressalte que nem todas as radiolucÍncias periapicais s„o decorrentes da<br />

mortificaÁ„o pulpar e que nem todas as lesıes s„o radiol˙cidas.<br />

Uma radiolucÍncia apical em dente vital pode ser, segundo Langeland e al, ocasionada pela<br />

passagem, atravÈs da polpa inflamada, de mediadores quÌmicos ou produtos tÛxicos. Pode ainda ser sinal<br />

de tumor benigno ou maligno e atÈ de met·stase.<br />

A radiopacidade em dente vital associada ‡ reabsorÁ„o radicular pode indicar malignidade.<br />

Existe ainda a displasia cement·ria periapical que È um dist˙rbio na reabsorÁ„o e formaÁ„o dos tecidos<br />

periapicais,. Gradativamente o ligamento periodontal e o osso periapical v„o sendo substituÌdos por<br />

tecido conjuntivo, ricamente mineralizado. Sem sintomatologia, de etiopatogenia desconhecida, de<br />

evoluÁ„o autolimitante e que n„o requer tratamento. Atinge freq¸entemente os incisivos e caninos<br />

inferiores de mulheres negras. O cementoblastoma benigno È uma neoplasia com reabsorÁ„o e<br />

neoformaÁ„o de tecido cementÛide displ·sico e de etiologia desconhecida. Assintom·tico ou sintom·tico<br />

discreto. O tratamento È cir˙rgico conservador. Atinge o ligamento e determina reabsorÁ„o radicular,<br />

freq¸entemente de primeiro molar inferior. Pode ser ainda uma osteÌte condensante.<br />

A radiopacidade apical em dente n„o vital decorre da transformaÁ„o dos fibroblastos dos<br />

cistos e granulomas em osteoblastos ou pode ser uma osteÌte condensante.<br />

Lesıes crÙnicas periapicais com radiolucidez acentuada e que n„o responde ao tratamento<br />

endodÙntico convencional, È denominada de refrat·ria, segundo Siqueira Jr.,1997. Predomina nas<br />

erosıes apicais, anaerÛbios estritos e, em 20% dos casos, fungos. V·rias medicaÁıes intracanais podem<br />

ser utilizadas, porÈm quase sempre a resoluÁ„o È cir˙rgica: obturaÁ„o simult‚nea ‡ apicetomia.<br />

18


T…CNICAS DE TRATAMENTO DA POLPA VIVA<br />

Lembra-se aqui as situaÁıes de polpa indene e inflamada e a denominaÁ„o de pulpectomia<br />

para o tratamento. A princÌpio, deveria se usar somente subst‚ncia quÌmica auxiliar inerte ao preparo do<br />

canal. Entretanto, por raz„o profil·tica, deve apresentar a propriedade bactericida.<br />

As tÈcnicas recomendadas, de acordo com a anatomia do canal, s„o:<br />

CANAIS RETOS E AMPLOS<br />

- Esvaziamento: desinserÁ„o com K e exÈrese com H;<br />

- DilataÁ„o cervical com broca GG calibrosa (podendo atingir o CPT);<br />

- IrrigaÁ„o-aspiraÁ„o;<br />

- PenetraÁ„o progressiva da lima atÈ o CPT;<br />

- Odontometria;<br />

- PenetraÁ„o progressiva da lima atÈ CRT; e<br />

- Batente apical.<br />

CANAIS RETOS E ATR…SICOS<br />

- PenetraÁ„o progressiva da lima atÈ CPT;<br />

- DilataÁ„o cervical com broca GG fina (atÈ resistÍncia do canal);<br />

- IrrigaÁ„o-aspiraÁ„o;<br />

- Odontometria com a lima no CPT;<br />

- PenetraÁ„o progressiva da lima atÈ CRT;<br />

- Batente apical; e<br />

- Escalonamento regressivo.<br />

CANAIS CURVOS E ATR…SICOS - TÈcnica de Goerig modificada<br />

- PenetraÁ„o passiva com lima H 15 atÈ ajuste no canal;<br />

- Recuo e instrumentaÁ„o anticurvatura. Repetir com limas H 20 e 25;<br />

- RetificaÁ„o e aumento da conicidade cervical com brocas GG 1 e 2;<br />

- IrrigaÁ„o-aspiraÁ„o;<br />

- PenetraÁ„o com lima flexÌvel atÈ CPT;<br />

- Odontometria;<br />

- PenetraÁ„o com lima flexÌvel atÈ CRT;<br />

- Batente apical (canal inundado, prÈ-curvamento e anticurvatura); e<br />

- Escalonamento regressivo.<br />

19


T…CNICAS DE TRATAMENTO DA POLPA NECROSADA<br />

O tratamento da polpa mortificada, com ou sem les„o, basea-se na remoÁ„o paulatina do<br />

conte˙do pulpar sÈptico-tÛxico do canal (penetraÁ„o desinfetante ou neutralizaÁ„o), formado por um<br />

complexo lipoproteÌco resultante da degradaÁ„o da matÈria org‚nica tecidual e ou microbiana e que tem<br />

os seguintes componentes:<br />

- compostos gordurosos: escatol;<br />

- proteÌnas degradadas: ptomaÌnas (putrescina, cadaverina e neuridina); e<br />

- gases: amÙnia, sulfÌdrico, carbÙnico e sulfeto de hidrogÍnio.<br />

A invas„o bacteriana na dentina radicular, segundo Harram, 1984, È de 77% no terÁo<br />

cervical e 43% no terÁo apical.<br />

Siqueira Jr, 1997, esclarece que os terÁos cervical e mÈdio tÍm 40 000mm 2 de t˙bulos<br />

dentin·rios com 6 bactÈrias, em coluna, penetrando atÈ 150µm. No terÁo apical, s„o 4 000mm 2 com uma<br />

somente bactÈria penetrando atÈ 10µm.<br />

A subst‚ncia quÌmica eleita para neutralizar o conte˙do pulpar È o hipoclorito de sÛdio, que<br />

È um composto halogenado nas seguintes concentraÁıes:<br />

- lÌquido de Dakin: 0,5% de cloro livre em 100ml e tamponado por ·cido bÛrico;<br />

- lÌquido de Dausfrene: o,5% e tamponado por bicarbonato de sÛdio;<br />

- soluÁ„o de Milton: 1% de cloro livre e tamponada com cloreto de sÛdio;<br />

- ·gua sanit·ria: de 2 a 4% de cloro livre. LÌquido de Labarraque a 2,5%; e<br />

- soda clorada: de 4 a 6%. Clorox a 5,25%.<br />

O hipoclorito de sÛdio deve ser protegido da luz e do calor, tem validade de 6 meses e as<br />

seguintes propriedades:<br />

- umectaÁ„o: quando em contato com a ·gua, baixa sua tens„o superficial,<br />

permitindo que a subst‚ncia penetre na massa dentin·ria;<br />

- bactericida: pela liberaÁ„o de cloro ativo e na forma de ·cido hipocloroso e<br />

Ìons hipocloritos ;<br />

- solvente da matÈria org‚nica: por ser base, desnatura as proteÌnas (quebra a<br />

cadeia proteÌca em amino·cidos), tornando-as sol˙veis;<br />

- neutralizaÁ„o: por ser base, reage com os ·cidos, liberando oxigÍnio e cloro<br />

nascente; e<br />

As tÈcnicas recomendadas, de acordo com a anatomia do canal, s„o:<br />

CANAIS RETOS E AMPLOS<br />

- PenetraÁ„o progressiva da lima atÈ CPT;<br />

- DilataÁ„o cervical com brocas GG calibrosa (podendo atingir o CPT);<br />

- IrrigaÁ„o-aspiraÁ„o;<br />

- Odontometria com a lima no CPT;<br />

- PenetraÁ„o progressiva da lima atÈ CRT; e<br />

- Batente apical.<br />

CANAIS RETOS E TR…SICOS<br />

- PenetraÁ„o progressiva da lima atÈ CPT;<br />

- DilataÁ„o cervical com brocas GG fina (atÈ resistÍncia do canal);<br />

- IrrigaÁ„o-aspiraÁ„o;<br />

- Odontometria com a lima no CPT;<br />

- PenetraÁ„o progressiva da lima atÈ CRT;<br />

- Batente apical;e<br />

- Escalonamento regressivo.<br />

CANAIS CURVOS E TR…SICOS ñ TÈcnica de Oregon modificada<br />

- PenetraÁ„o passiva da lima K atÈ ajuste no canal (m·xima de 3mm);<br />

- Giro hor·rio na lima, sem press„o, atÈ travamento. TraÁ„o sem torÁ„o. Repetir com a mesma<br />

lima atÈ a volta completa. Repetir a operaÁ„o com limas de di‚metros inferiores;<br />

- RetificaÁ„o e aumento da conicidade cervical com brocas GG 1 e 2 quando do emprego da<br />

lima 25 em qualquer profundidade e ou qualquer di‚metro na profundidade de 16mm;<br />

- IrrigaÁ„o-aspiraÁ„o;<br />

- ContinuaÁ„o da penetraÁ„o progressiva atÈ o CPT;<br />

- Odontometria;<br />

- ContinuaÁ„o da penetraÁ„o progressiva atÈ o CRT;<br />

20


- Batente apical (canal inundado, prÈ-curvamento e anticurvatura); e<br />

- Escalonamento regressivo.<br />

Quando da presenÁa de les„o periapical, deve-se realizar:<br />

- desbridamento: È a abertura do forame, uma ˙nica vez, na sequÍncia da<br />

neutralizaÁ„o<br />

- patÍncia: È a manutenÁ„o da abertura do forame durante a troca de<br />

instrumentos, com a primeira lima que chegou no ·pice, podendo ir 1mm alÈm;<br />

- limpeza do forame: È o esvaziamento do canal cement·rio com o instrumento<br />

apical inicial 1mm alÈm do forame, com movimentos rotacional e de traÁ„o; e<br />

21


T…CNICAS DE RETRATAMENTO<br />

O sucesso do tratamento endodÙntico est·, conforme Sjˆgren, 1997, em 95% para os casos<br />

de polpa viva, 80% para os casos de necrose sem les„o e 70% para os casos de necrose com les„o.<br />

Lembramos que o insucesso pode ser determinado em qualquer fase tÈcnica do tratamento,<br />

as quais tÍm sua import‚ncia e s„o interdependente.<br />

A infecÁ„o intra-radicular, segundo Siqueira Jr, 1997, poder ser prim·ria e secund·ria. Na<br />

primeira h· o equilÌbrio de bactÈrias gram-positivas e gram-negativas, com predomÌnio de anaerÛbbios<br />

estritos, respons·veis pela dor. Na secunda, no caso de retratamento, h· mais gram-positivos com<br />

predomin‚ncia de anaerÛbios facultativos (Streptoccus faecalis), respons·veis pela alta virulÍncia.<br />

No mesmo caminho, Bergenholtz et al, 1997, atribuÌram somente 60 a 70% de sucesso ao<br />

retratamento endodÙntico.<br />

Existe tambÈm a infecÁ„o via coron·ria devido a infiltraÁ„o de bactÈrias e endodtoxinas atÈ<br />

o ·pice radicular, em tempo de 3 a 30 dias, segundo Swanson et al, 1987; Trope et al, 1994; e<br />

Torabinejad, 1990.<br />

Para se indicar o retratamento deve-se levar em consideraÁ„o o conhecimento tÈcinicocientÌfico,<br />

a casuÌstica e o senso clÌnico. O profissional se vale dos exames fÌsicos e complementar de<br />

imagem.<br />

Conforme Bender et al, 1966, a avaliaÁ„o deve constar do desaparecimento da dor e edema,<br />

da funcionalidade mastigatÛria e da ausÍncia ou diminuiÁ„o da les„o. Entretanto, invocamos Molver,<br />

1996, que adverte da cura incompleta do ligamento. Ou seja, o controle da les„o deve ser aos 6 meses, 1<br />

ano e 2 anos. Sabe-se tambÈm que lesıes que diminuem mas n„o desaparecem, e sem sintomatologia<br />

provocada e espont‚nea, pode ser a imagem de uma fibrose cicatricial.<br />

Na radiografia periapical, deve-se observar a conicidade, limite de trabalho e<br />

homogeneidade da obturaÁ„o. PorÈm, sobretudo da presenÁa da l‚mina dura apical.<br />

ObturaÁ„o insatisfatÛria, sem sintomatologia e sem les„o periapical sÛ se deve indicar o<br />

retratamento quando da necessidade de um pino intra-radicular, retentor de ponte fixa ou de coroa<br />

protÈtica unit·ria.<br />

Quando a coroa unit·ria e ponte fixa forem insatisfatÛrias, deve-se indicar o retratamento. E<br />

quando a ponte fixa, com ou sem pino intra-radicular, for satisfatÛria, indica-se a cirurgia parendodÙntica.<br />

As modalidades cir˙rgicas s„o: curetagem apical (obturaÁ„o satisfatÛria com<br />

extravasamento e sensibilidade), apicetomia (obturaÁ„o satisfatÛria e persistÍncia da les„o), apicetomia<br />

com obturaÁ„o retrÛgada (deficiÍncia ou ausÍncia de atÈ 4mm apicais na obturaÁ„o) e apicetomia com<br />

instrumentaÁ„o e obturaÁ„o retrÛgadas ( deficiÍncia ou ausÍncia de mais de 4mm apicais na obturaÁ„o).<br />

Uma dificuldade e atÈ impossibilidade do retratamento È a presenÁa de cone de prata nos<br />

canais, sem a sua extremidade no assoalho da c‚mara pulpar. Deve-se tentar removÍ-lo com o emprego<br />

do ultra-som.<br />

Outra dificuldade para o retratamento È a remoÁ„o de retentores intra-radiculares fundidos e<br />

prÈ-fabricados, que devem ser removidos com o emprego tambÈm do ultra-som.<br />

SÛ se deve arriscar acessar os canais, via prÛtese, quando estiver com boa adaptaÁ„o e for<br />

extensa. Falta de vedaÁ„o significa presenÁa de c·rie sob a prÛtese.<br />

A escolha da tÈcnica de retratamento depender· da qualidade de condensaÁ„o, extens„o e<br />

tipo de material obturador, alÈm da anatomia radicular. As tÈcnicas s„o: tÈrmicas com o emprego de<br />

calcadores aquecidos e aparelhos aquecedores de pontas; mec‚nicas com o emprego das brocas GG,<br />

instrumentos rotatÛrios e ultra-som; quÌmica com o emprego de solventes; e a mista<br />

.<br />

EM OBTURA« O DENSA E OU CANAL CURVO - modus operandi<br />

- remoÁ„o da guta nos terÁos cervical e mÈdio com brocas Gates-Glidden ou<br />

Largo ou ponta sÙnica diamantada;<br />

- preenchimento do canal com solvente (evita forÁa e desvio do canal). O mais<br />

empregado È o eucaliptol, que È pouco irritante, antibacteriano e dissolve a<br />

guta-percha em 210 segundos. N„o se deve usar alÈm do comprimento de<br />

trabalho provisÛrio a fim de evitar extravasamento da guta; e<br />

- remoÁ„o da guta do terÁo apical criando-se um espaÁo com limas K ou trÈpanos<br />

ou lima C file, e tracionando-a com lima Hedstrˆen.<br />

EM OBTURA« O DEFICIENTE - modus operandi<br />

- inundaÁ„o do canal com hipoclorito de sÛdio; e<br />

- remoÁ„o da guta com movimentos de torÁ„o e traÁ„o da Hedstrˆen<br />

22


DOEN«A ENDOPERIO<br />

Dada a mesma origem embrion·ria, a polpa e os tecidos periodontais, quando agredidos,<br />

respondem da mesma forma, inflamando-se. E devido a farta e Ìntima comunicaÁ„o entre ambos, atravÈs<br />

da existÍncia de forame principal, foraminas, canais laterais e canais acessÛrios, faz-se admitir que<br />

qualquer alteraÁ„o patolÛgica em um produzir· conseq¸Íncias no outro.<br />

As alteraÁıes inflamatÛrias da polpa raramente causam lesıes significativas no periodonto.<br />

Quando das inflamaÁıes crÙnicas, pode ser visto na radiografia, a ruptura da l‚mina dura, com<br />

alargamento do espaÁo do ligamento periodontal apical e, ‡s vezes, do periodonto lateral.<br />

Os produtos resultantes da mortificaÁ„o pulpar e microbiana podem alcanÁar o periodonto<br />

apical ou lateral, na dependÍncia da resistÍncia org‚nica e virulÍncia dos microrganismos, e induzirem<br />

alteraÁıes inflamatÛrias que promover„o a destruiÁ„o das fibras do ligamento, reabsorÁ„o do osso<br />

alveolar adjacente e, ‡s vezes, dos tecidos dentais.<br />

O material tÛxico produzido na bolsa periodontal pode alcanÁar ‡ polpa dental, originando<br />

uma inflamaÁ„o e atÈ a necrose. Segundo Siqueira Jr, 1997, a exposiÁ„o de forames e t˙bulos dentin·rios<br />

‡s bactÈrias da bolsa periodontal n„o parece induzir maiores alteraÁıes no tecido pulpar vital (<br />

calcificaÁıes, fibrose e dentina reparadora adjacentes evitam). A necrose pulpar apenas ocorre quando a<br />

doenÁa periodontal atinge o forame principal (les„o do feixe v·sculo-nervoso).<br />

Existem as comunicaÁıes entre a polpa dental e os tecidos periodontais decorrentes de<br />

patologias, tais como: perfuraÁ„o, fratura e reabsorÁ„o radiculares.<br />

S„o caracterÌsticas da doenÁa endodÙntica: dente com les„o cariosa profunda, ausÍncia<br />

de perda Ûssea marginal, raiz n„o exposta e sintomatologia de pulpite ou ausÍncia de sintomatologia por<br />

necrose. No caso de abscesso periapical, a tumefaÁ„o ou fÌstula situam-se mais para a mucosa.<br />

S„o caracterÌsticas da doenÁa periodontal: dente, ‡s vezes, Ìntegro, superfÌcie radicular<br />

exposta, perda Ûssea marginal, presenÁa de placa e c·lculo, com vitalidade pulpar e sintomatologia<br />

ausente ou branda. No caso de abscesso periodontal, a tumefaÁ„o ou fÌstula situam-se mais para a gengiva<br />

inserida.<br />

A doenÁa endoperio È classificada por Simon, 1972, em:<br />

- endodÙntica prim·ria;<br />

- endodÙntica prim·ria com envolvimento periodontal secund·rio;<br />

- periodontal prim·ria;<br />

- periodontal prim·ria com envolvimento endodÙntico secund·rio; e<br />

- les„o combinada verdadeira.<br />

Para o diagnÛstico da verdadeira doenÁa endoperio (unificaÁ„o de 2 lesıes distintas ñ<br />

Rosemberg,1966) n„o existe uma sintomatologia especÌfica, mas sim ‡s de cada doenÁa. Ora predominar·<br />

uma, ora outra, o que dificulta ainda mais a identificaÁ„o.<br />

Segundo Berger,1998, podemos caracterizar a doenÁa endoperio pela presenÁa de placa<br />

bacteriana, bolsa periodontal, migraÁ„o apical do epitÈlio juncional (mobilidade dental), sondagem<br />

limitada ‡ apenas uma parede, onde se percebe o contorno da raiz, associada ‡ uma patologia pulpar<br />

inflamatÛria ou a necrose pulpar.<br />

O falso envolvimento endoperio caracteriza-se quando, em decorrÍncia do abscesso<br />

endodÙntico, o dente apresenta secreÁ„o purulenta ao longo do espaÁo do ligamento ou sob o tecido<br />

mucoso/gengival e drenagem no sulco gengival. Essa fÌstula, de abertura larga e n„o associada a perda<br />

Ûssea, impede a penetraÁ„o da sonda no ligamento.<br />

O tratamento segue o seguinte protocolo:<br />

- tratamento endodÙntico: na maioria das vezes È realizado o esvaziamento da polpa necrosada e, ‡s<br />

vezes, o preparo do canal, seguidos da medicaÁ„o intracanal;<br />

- terapia periodontal b·sica: entendida pela raspagem corono-radicular, polimento e fisioterapia bucal; e<br />

- tratamento cir˙rgico periodontal: nem sempre necess·rio. Quando sim, vale-se de cirurgia a retalho que<br />

possibilita vis„o e acesso diretos da bolsa periodontal.<br />

Outro tratamentos cir˙rgicos s„o as odontosecÁ„o e rizectomia quando<br />

- perfuraÁ„o de furca;<br />

- perda Ûssea acentuada de uma<br />

- canal calcificado;<br />

- les„o periodontal extensa;<br />

- fratura radicular transversa<br />

- instrumento fraturado em toda extens„o do cana<br />

- reabsorÁ„o interna e externa perfurantes; e<br />

- c·rie radicular extensa;<br />

23


TRAUMATISMO DENT¡RIO<br />

A forÁa do impacto num dente com raiz formada e fibras periodontais mais rÌgidas (adulto e<br />

idoso) tende a evoluir para fratura radicular ou coron·ria. O inverso, na crianÁa e no jovem, tende para o<br />

deslocamento do dente no alvÈolo.<br />

Para se chegar a um diagnÛstico correto È necess·rio, inicialmente, a lavagem do rosto do<br />

paciente para uma vis„o da extens„o da les„o.<br />

A anamnese, em seguida, deve envolver as seguintes perguntas :<br />

- como ocorreu o acidente ? a resposta poder· indicar a localizaÁ„o da possÌvel les„o;<br />

- onde ocorreu o acidente ? pode indicar a possibilidade de contaminaÁ„o do ferimento;<br />

- quando ocorreu o acidente ? influir· na escolha do tratamento;<br />

- houve inconsciÍncia, confus„o cerebral, cefalÈia, amnÈsia, n·usea ou vÙmito ? s„o sinais de dano<br />

cerebral e exigem atenÁ„o mÈdica imediata, adiando o tratamento da les„o dent·ria;<br />

- houve trauma anterior do dente ? explica os achados radiogr·ficos de calcificaÁ„o do canal e<br />

rizogÍnese incompleta fora de Època; e<br />

- existe reaÁ„o do dente ao frio e ou calor ? resposta positiva sugere exposiÁ„o dentin·ria.<br />

O exame fÌsico dos dentes È iniciado para detectar as fraturas e infraÁıes que s„o trincas do<br />

esmalte vistas pela incidÍncia do feixe luz paralela ‡ superfÌcie do dente, e pelos testes :<br />

- de mobilidade: especialmente na direÁ„o axial que expressa rompimento vascular e de fibras. O<br />

movimento em grupo traduz fratura do processo alveolar;<br />

- de percuss„o : o vertical indica dano no ligamento periodontal e o horizontal indica a retenÁ„o ou n„o<br />

do dente no osso (a batida n„o È sentida atravÈs do dente, como na anquilose); e<br />

- de sensibilidade elÈtrica : informa sobre a integridade ou n„o da inervaÁ„o e vascularizaÁ„o do dente.<br />

- de sensibilidade tÈrmica: atÈ 2 meses pode ficar ausente devido ao rompimento do feixe vascular.<br />

O exame radiogr·fico : evidencia a extens„o e localizaÁ„o da les„o, e a possÌvel presenÁa<br />

de corpo estranho no tecido mole.<br />

A calcificaÁ„o, necrose e a reabsorÁ„o externa s„o eventos naturais do traumatismo<br />

dent·rio. Existem 3 formas de reabsorÁ„o, a saber:<br />

- de superfÌcie: s„o cavidades rasas na raiz e na parede alveolar decorrentes de uma les„o limitada ao<br />

ligamento. N„o h· necessidade de tratamento j· que s„o autolimitantes e reparam-se por si sÛ por<br />

meio do ligamento intacto adjacente;<br />

- inflamatÛria: s„o cavidades cÙncavas e arredondadas na raiz e na parede alveolar decorrentes de uma<br />

les„o no ligamento e na polpa. O quadro È mais extenso devido a aÁ„o osteocl·stica provocada pela<br />

exposiÁ„o dos canalÌculos dentin·rios contaminados. O tratamento com hidrÛxido de c·lcio deve ser<br />

o mais breve possÌvel para se evitar a perfuraÁ„o do canal; e<br />

- de substituiÁ„o: s„o as ocupaÁıes da ·rea radicular reabsorvida por tecido Ûsseo decorrentes de uma<br />

extensa les„o no ligamento e no osso alveolar, e tendo a reparaÁ„o do osso iniciada primeiramente. O<br />

tratamento È preventivo, evitando-se a imobilizaÁ„o do dente e, quando necess·ria, por muito tempo.<br />

Uma vez instalada, recorre-se a endodontia profil·tica.<br />

CONCUSS O E SUBLUXA« O<br />

Representam lesıes menores do ligamento periodontal e da polpa e s„o causadas por<br />

discretos impactos. Na concuss„o pode ocorrer hemorragia e edema no interior do ligamento, fazendo<br />

com que o dente se torne sensÌvel a percuss„o e a mastigaÁ„o. Como as fibras est„o intactas, o dente<br />

encontra-se firme no alvÈolo e n„o apresenta sangramento no sulco gengival. Radiograficamente n„o h·<br />

sinais de patologias. Na subluxaÁ„o pode resultar rupturas de algumas fibras do ligamento e, portanto,<br />

mobilidade do dente, porÈm, sem deslocamento. Ocorre, freq¸entemente, um ligeiro sangramento no<br />

sulco gengival e o dente fica sensÌvel a percuss„o. Radiograficamente n„o h· sinais de patologias.<br />

O tratamento destas lesıes requer somente o alÌvio articular e a prescriÁ„o de dieta semisÛlida<br />

e, talvez, antinflamatÛrio por 1 semana. N„o h· necessidade de reposiÁ„o e de contenÁ„o j· que o<br />

dente n„o se deslocou do alvÈolo.<br />

O controle deve ser feito cada 2 meses por um perÌodo de 1 ano, por meio de radiografias<br />

padronizadas e do teste de vitalidade pulpar. Na evidÍncia de calcificaÁ„o, o tratamento endodÙntico deve<br />

ser imediato, j· que esta degeneraÁ„o È contÌnua e r·pida. Uma vez o canal calcificado ( histologicamente<br />

sempre existir·), poder· aparecer uma les„o periapical e tornar assim complicado o tratamento. Pode<br />

ocorrer, em menor freq¸Íncia, a necrose pulpar e, raramente, a reabsorÁ„o.<br />

.<br />

24


FRATURA CONOR¡RIA<br />

Ocorre principalmente em dentes jovens e o princÌpio do tratamento È a proteÁ„o, mais<br />

r·pida, dos t˙bulos dentin·rios. Pode ocorrer nas seguintes situaÁıes:<br />

- superficial em esmalte: sensibilidade tÈrmica discreta. Faz-se o desgaste seletivo ou a restauraÁ„o;<br />

- rasa em esmalte e dentina: sensibilidade tÈrmica. ProteÁ„o pulpar e restauraÁ„o ou colagem;<br />

- profunda em esmalte e dentina: sensibilidade tÈrmica. ProteÁ„o pulpar e a restauraÁ„o ou colagem;<br />

- profunda com exposiÁ„o pulpar: sensibilidade ao toque. Na dependÍncia do tempo e tamanho da<br />

exposiÁ„o e da consistÍncia do tecido pulpar, faz-se o capeamento ou a pulpotomia. Segue-se com a<br />

restauraÁ„o ou colagem.<br />

Deve-se prescrever, talvez, antinflamatÛrio e fazer controle a cada 2 meses por 1 ano.<br />

FRATURA CORONORADICULAR<br />

Caracteriza-se quando h· invas„o do espaÁo biolÛgico e, quase sempre, exposiÁ„o pulpar.<br />

N„o h· sintomatologia, a n„o ser durante a mastigaÁ„o pelo movimento do fragmento. … de difÌcil<br />

visualizaÁ„o radiogr·fica j· que a fratura fica perpendicular ao feixe de raios-x. O tratamento consiste na<br />

exposiÁ„o da fratura e da endodontia profil·tica (reabsorÁ„o) mais pela necessidade de retenÁ„o intraradicular,<br />

seguida da restauraÁ„o, colagem ou coroa.<br />

- extrus„o ortodÙntica por atÈ 3 semanas : deve ser r·pida e com prÈvio rompimento das fibras<br />

periodontais para n„o extruir junto o periodonto de proteÁ„o. A nova posiÁ„o deve ser estabilizada<br />

por 3 meses;<br />

- gengivectomia e ou osteotomia; e<br />

- reimplante com nova posiÁ„o: exodontia sem dano ‡s cÈlulas do ligamento e contenÁ„o semi-rÌgida.<br />

Deve-se prescrever, talvez, antinflamatÛrio e fazer controle a cada 2 meses por 1 ano.<br />

FRATURA RADICULAR<br />

N a dependÍncia do tempo pode ou n„o apresentar fistula e na radiografia. Quando o feixe<br />

de raios-x coincidir com a fratura, a imagem ser· de uma linha; quando n„o, a imagem ser· de um cÌrculo<br />

(fratura vestibular e lingual). Deve-se realizar 3 tomadas: uma normal e 2 com mais 20 . Se ainda n„o for<br />

identificada, espera-se 4 a 5 dias para que as seq¸elas da les„o possam ser evidenciadas. De acordo com o<br />

tempo, pode apresentar sensibilidade ‡ press„o, tumefaÁ„o e fÌstula.<br />

Na verdade, n„o existe fratura transversal ou horizontal e sim somente as oblÌquas e as<br />

longitudinais.<br />

Quando o deslocamento entre os fragmentos foi mÌnimo e, portanto, sÛ ocorreu o<br />

estiramento da polpa, a reparaÁ„o ser· por um calo dentin·rio entre os fragmentos apÛs algumas semanas<br />

e, depois de alguns anos, a deposiÁ„o cement·ria.<br />

Quando a polpa foi severamente estirada ou rompida (luxaÁ„o lateral ou extrusiva), a<br />

reparaÁ„o ser· pelas cÈlulas do ligamento periodontal (mesenquimais indiferenciadas) que ir„o depositar<br />

cemento e fibras do tecido conjuntivo.<br />

Isso ocorre devido a dificuldade de contaminaÁ„o pulpar e o escape do edema e exsudato<br />

inflamatÛrio pela linha de fratura.<br />

Quando n„o estabilizada, a necrose se dar· no fragmento cervical com formaÁ„o de tecido<br />

de granulaÁ„o. Com mais tempo, tambÈm no fragmento apical.<br />

Havendo a constataÁ„o de vitalidade pulpar nos fragmentos, deve-se somente realizar a<br />

contenÁ„o e o controle. Havendo a constataÁ„o de normalidade do fragmento apical e necrose do<br />

fragmento cervical, deve-se instituir o tratamento de apicificaÁ„o. No fragmento apical ocorrer· a<br />

calcificaÁ„o da polpa. Havendo a constataÁ„o de necrose nos 2 fragmentos, deve-se instituir a endodontia<br />

quando da pouca separaÁ„o dos fragmentos e a exodontia quando da grande separaÁ„o.<br />

A reabsorÁ„o radicular externa inflamatÛria ocorrer· quando do n„o tratamento pronto. A<br />

anquilose È rara.<br />

A de contenÁ„o varia conforme a localizaÁ„o da les„o:<br />

- na cervical: contenÁ„o rÌgida por 6 meses (maior tempo e imobilizaÁ„o total estimulam a anquilose);<br />

- mediana : contenÁ„o rÌgida por 3 meses; e<br />

- apical: contenÁ„o semi-rÌgida, por 3 semanas (menor tempo e permanÍncia de movimentos<br />

fisiolÛgicos do dente estimulam a reparaÁ„o).<br />

Ou empregar somente a contenÁ„o rÌgida, porÈm, no m·ximo, por 2 semanas.<br />

25


LUXA« O EXTRUSIVA<br />

Ocorre devido a impacto oblÌquo que forÁa o dente para fora do alvÈolo. Clinicamente o<br />

dente È deslocado axialmente, ficando extremamente frouxo e mantido no local por meio de algumas<br />

fibras gengivais intactas. Radiograficamente, a tomada periapical ortorradial, mostra o espaÁo do<br />

ligamento aumentado. A mobilidade do dente È acentuada, h· sensibilidade apical e a vitalidade pulpar<br />

est· ausente.<br />

Quando o trauma se deu atÈ 2-3 horas e no caso de rizogÍnese incompleta, procede-se com<br />

a reposiÁ„o lenta e constante e a contenÁ„o semi-rÌgida por atÈ 3 semanas, a fim de estimular a reparaÁ„o<br />

do ligamento por manutenÁ„o do movimento fisiolÛgico do dente. Prescreve-se bochecho, antinflamatÛrio<br />

e antibiÛtico. Como o ligamento e o suprimento neuro-vascular da polpa foram rompidos, a cicatrizaÁ„o<br />

ou revascularizaÁ„o depender· da correta reposiÁ„o. Portanto, o controle deve ser feito a cada 2 meses<br />

num perÌodo de 1 a 5 anos para detectar reabsorÁıes, calcificaÁıes e necrose, que s„o tratadas<br />

endodonticamente com uso prÈvio de hidrÛxido de c·lcio.<br />

Quando o trauma se deu apÛs 2-3 horas e no caso de rizogÍnese completa, tempo para a<br />

necrose do ligamento e para o preenchimento do alvÈolo com co·gulo, faz-se a exodontia, sem contato<br />

com a raiz, a aspiraÁ„o alveolar, o reimplante, a contenÁ„o rÌgida (extensa les„o do ligamento que<br />

favorece a reparaÁ„o por anquilose) por 6 meses e a endodontia profil·tica (reabsorÁ„o). De preferÍncia, o<br />

campo operatÛrio deve ser com o dique de borracha. Presecreve-se bochecho, antinflamatÛrio e<br />

antibiÛtico. O controle È feito a cada 2 meses num perÌodo de 1 a 5 anos.<br />

OBS: O dente decÌduo extrusionado n„o deve ser reposicionado para n„o pressionar o edema ou co·gulo<br />

sobre o permanente. Realiza-se o desgaste seletivo e a endodontia.<br />

LUXA« O LATERAL<br />

Ocorre devido a impacto horizontal que forÁa a coroa do dente para o palato e o ·pice<br />

radicular para o vestÌbulo, resultando fratura da parede alveolar. Clinicamente a coroa È deslocada<br />

horizontalmente, ficando o dente preso nesta nova posiÁ„o, o que leva a percuss„o de um som alto e<br />

met·lico caracterÌstico de anquilose. Radiograficamente, a tomada periapical excÍntrica, pode mostrar o<br />

espaÁo do deslocamento do dente no alvÈolo. A mobilidade do dente n„o È evidenciada, j· que o ·pice<br />

radicular est· entre o alvÈolo e a t·bua Ûssea fraturada, h· sensibilidade apical e a vitalidade pulpar pode<br />

ou n„o est· presente.<br />

Os tratamentos da extrus„o s„o tambÈm os indicados para a luxaÁ„o.<br />

OBS: O dente decÌduo deslocado para lingual e, portanto, o ·pice radicular distante do germe dent·rio, È<br />

reposicionado naturalmente pela lÌngua, a menos que a oclus„o imponha. Quando estiver para vestibular<br />

e, portanto, o ·pice forÁando o interior do folÌculo, a exodontia ser· o tratamento de eleiÁ„o.<br />

LUXA« O INTRUSIVA<br />

Ocorre devido a impacto axial m·ximo que forÁa o dente para o interior do processo<br />

alveolar, resultando dano vari·vel, segundo a idade, para a polpa e todas as estruturas de suporte.<br />

Clinicamente percebe-se diferenÁa do dente afetado, em altura, com os demais. O teste de percuss„o<br />

revela o travamento no osso, com som alto met·lico caracterÌstico de anquilose. Radiograficamente<br />

desaparece o espaÁo do ligamento apical. A vitalidade pulpar pode ou n„o est· presente, n„o h·<br />

mobilidade dental e h· sensibilidade apical. O tratamento variar· segundo o est·gio do desenvolvimento<br />

radicular:<br />

- com rizogÍnese incompleta: espera-se a reposiÁ„o natural por atÈ 3 semanas. T„o logo haja<br />

condiÁ„o, realiza-se a endodontia pofil·tica j· que a reabsorÁ„o acontece em 58% dos casos e, a partir<br />

dela, a necrose pulpar em raz„o da presenÁa de microrganismos na ·rea reabsorvida. Prescreve-se<br />

bochecho, antinflamatÛrio e antibiÛtico. O controle È feito a cada 2 meses por 1 a 5 anos; e<br />

- com rizogÍnese completa: faz-se a reposiÁ„o manual ou ortodÙntica j· que a reerupÁ„o È<br />

imprevisÌvel. A contenÁ„o È semi-rÌgida por no m·ximo 3 semanas. ApÛs 2 semanas da les„o, antes<br />

que a reabsorÁ„o radicular externa seja visÌvel na radiografia, que acontece em 70% dos casos,<br />

realiza-se a endodontia profil·tica. Prescreve-se bochecho, antinflamatÛrio e antibiÛtico. O controle È<br />

feito a cada 2 meses por 1 a 5 anos.<br />

OBS: Quando na radiografia o decÌduo n„o estiver deslocado para o interior do folÌculo do germe<br />

dent·rio permanente (imagem encurtada), deve-se esperar a reerupÁ„o. Controla-se a infecÁ„o provocada<br />

pela presenÁa da placa bacteriana no local traumatizado. Os sinais de tumefaÁ„o, hemorragia<br />

26


espont‚nea,abscesso e febre determinam a exodontia e a prescriÁ„o de antibiÛtico. Quando na radiografia<br />

o decÌduo estiver deslocado para o interior do folÌculo (imagem alongada), deve-se realizar<br />

imediatamente a exodontia.<br />

LUXA« O AVULSIVA<br />

… mais comum na dentiÁ„o permanente jovem, entre 7 a 12 anos. Nas condiÁıes do<br />

desenvolvimento da raiz e resiliÍncia do ligamento, impactos horizontais fracos podem determinar o total<br />

deslocamento do dente do alvÈolo.<br />

A vitalidade das cÈlulas do ligamento periodontal junto ‡ raiz, depender· do tempo extraalveolar<br />

e armazenagem do dente. Fora do alvÈolo por atÈ 30 minutos, a possibilidade de sucesso do<br />

reimplante È de 90%; quando por 4 horas, È de 30%. O ideal È que os meios de conservaÁ„o tivessem as<br />

seguintes propriedades:<br />

- compatibilidade tecidual;<br />

- nutriente/regenerador;<br />

- pH neutro;<br />

- esterilidade;<br />

- osmolaridade fisiolÛgica; e<br />

- de f·cil acesso e aquisiÁ„o.<br />

Recomenda-se, portanto, em ordem de preferÍncia, os seguintes meios:<br />

- culturas: conservam por v·rios dias e atÈ restituem a vitalidade celular, entretanto, de difÌcil<br />

disponibilidade : ex. HBSS (soluÁ„o salina balanceada de Hank);<br />

- leite pasteurizado: devido a osmolaridade, pH e nutrientes È capaz de conservar por atÈ 6 horas;<br />

- soro fisiolÛgico: devido a osmolaridade pode preservar por atÈ 1 hora;<br />

- saliva: por ser hipotÙnica (perde fluido) e contaminada pode preservar de 20 minutos a 2 horas; e<br />

- ·gua de abastecimento: n„o deve ser recomendada por ser bastante nociva em raz„o do alto conte˙do<br />

de cloro e por ser hipotÙnica.<br />

O tratamento depender· do grau de desenvolvimento radicular, do tempo fora da boca e do<br />

meio de conservaÁ„o:<br />

com rizogÍnese incompleta, menos de 2-3 horas e em meio ˙mido ( a revascularizaÁ„o da polpa e do<br />

ligamento ocorre apÛs 48 horas e a reinervaÁ„o apÛs 40-60 dias):<br />

- lavagem do dente com soro para remoÁ„o de corpos estranhos e bactÈrias;<br />

- aspiraÁ„o superficial ou irrigaÁ„o do alvÈolo com soro para remoÁ„o de co·gulo. A curetagem<br />

danificam as cÈlulas do alvÈolo;<br />

- reimplante delicado com fÛrceps e dedo (qualquer resistÍncia pode denunciar fratura do alvÈolo);<br />

- contenÁ„o semi-rÌgida atÈ 1 semana a fim de se evitar ou reduzir o risco de anquilose;<br />

- bochecho, antinflamatÛrio, antibiÛtico e vacina antitet‚nica; e<br />

- controle a cada 2 meses por 1 a 5 anos.<br />

rizogÍnese completa, antes de 2-3 horas e em meio ˙mido (revascularizaÁ„o do ligamento): os mesmos<br />

procedimentos da situaÁ„o anterior, porÈm, no m·ximo em 2 semanas, procede-se a endodontia<br />

profil·tica por um perÌodo de 6 meses a 1 ano. ApÛs a lavagem do dente, deve-se imergi-lo em fluoreto de<br />

sÛdio para inibir ou retardar a reabsorÁ„o radicular.<br />

rizogÍnese completa, apÛs 3 horas e em meio seco (reabsorÁ„o da raiz por necrose do ligamento):<br />

- lavagem e raspagem do ligamento com l‚minas;<br />

- imers„o do dente em fluoreto de sÛdio 2,4% (pH 5.5) por 20 minutos para inibir ou retardar a<br />

reabsorÁ„o;<br />

- tratamento endodÙntico convencional , fora da boca;<br />

- irrigaÁ„o/aspiraÁ„o alveolar;<br />

- reimplante;<br />

- contenÁ„o rÌgida por 6 meses a fim de induzir a anquilose, que È a ˙nica cicatrizaÁ„o por falta do<br />

ligamento;<br />

- bochecho, antinflamatÛrio, antibiÛtico e vacina; e<br />

- controle a cada 2 meses por 1 a 5 anos ( outro tratamento seria o transplante autÛgeno).<br />

OBS: O reimplante de decÌduo avulsionado È contra-indicado pois a necrose pulpar È um evento freq¸ente<br />

e h· risco de se lesar o germe do permanente, por press„o do co·gulo.<br />

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ACIDENTES E COMPLICA«’ES NA <strong>ENDODONTIA</strong><br />

Como toda e qualquer especialidade, a Endodontia depara-se com muita freq¸Íncia com<br />

variaÁıes anatÙmicas e com situaÁıes comportamentais e org‚nicas do indivÌduo, alÈm de condiÁıes de<br />

instalaÁıes profissionais, que podem determinar acidentes, dificultar ou atÈ impedir o tratamento.<br />

1 ñ de ordem geral:<br />

1.1 ñ em relaÁ„o ao profissional:<br />

- falta de conhecimento tÈcnico-cientÌfico;<br />

- ausÍncia de instrumental especÌfico; e<br />

- desinteresse ou pouco afeito com a especialidade.<br />

1.2 ñ em relaÁ„o ao paciente:<br />

- condiÁ„o sÛcio-financeira que decidir· o tipo de tratamento;<br />

- idade que modificar· o volume da polpa, o tempo de reparaÁ„o, o comportamento da pessoa<br />

(TPM, menopausa, andropausa, etc) e a dosagem medicamentosa (menor volume de sangue na<br />

crianÁa e de plasma no idoso); e<br />

- estado geral de sa˙de:0<br />

Endocardite bacteriana: È um processo infeccioso na superfÌcie do endoc·rdio envolvendo<br />

geralmente as valvas cardÌacas. Nestas ocorre a deposiÁ„o de plaquetas e fibrina, favorecendo<br />

a colonizaÁ„o de estreptococos (56%) ou estafilococos (25%) ou outras, com posterior<br />

disseminaÁ„o. A origem È a bacteremia, de 15 minutos, em pessoas debilitadas e submetidas a<br />

tratamento odontolÛgico (4% dos casos), principalmente com valvopatia congÍnita (sopro) ou<br />

adquirida por febre reum·tica, sÌfilis e pela prÛpria degeneraÁ„o da idade (prolapso), alÈm de<br />

portador de prÛtese valvar. A American Heart Association indica a profilaxia ˙nica de 2g de<br />

amoxicilina para adultos e 50mg para crianÁas 1 hora antes da intervenÁ„o, j· que a atividade<br />

sÈrica varia de 6 a 14 horas.<br />

Hipertens„o: caracterizada quando da press„o diastÛlica acima de 9 e ou da sistÛlica acima de<br />

14. Nos cardiopatas compensados, deve-se seguir as seguintes condutas:<br />

- di·logo com o mÈdico, principalmente para a suspens„o tempor·ria de antiagregador<br />

plaquet·rio (aspirina, bufferin e persantin) e anti-hipertensivo (proponolol) que provocam<br />

hemorragias incontrol·veis;<br />

- sessıes curtas e, de preferÍncia, pela manh„ em raz„o do menor estresse do paciente;<br />

- tranquilizaÁ„o de confianÁa profissional e medicamentosa quando de muita ansiedade com 1<br />

comprimido de 5mg de Diazepam ou 3mg de Lexotam na noite anterior e 1 hora antes;<br />

- tomar a press„o arterial no inÌcio e durante o tratamento. Se o paciente estiver com tontura,<br />

dor de cabeÁa, na˙sea, taquicardia e sudorese, deve-se deit·-lo e tranq¸iliza-lo. Se a press„o<br />

estiver alta, administra-se o anti-hipertensivo Atenolol. Se a press„o normalizar atÈ 30<br />

minutos, continua-se o tratamento. Se estiver com dor no peito, administra-se Isordil e<br />

procura-se atendimento mÈdico;<br />

- anestesia profunda e lenta com, no m·ximo, 2 tubetes. Os anestÈsicos do grupo Èster<br />

(procaÌna e propoxicaÌna) est„o relacionados com maior freq¸Íncia de reaÁıes alÈrgicas, daÌ<br />

a indicaÁ„o do grupo amida (lidocaÌna, mepivacaÌna, prilocaÌna e bupivacaÌna). A prilocaÌna<br />

causa menos vasodilataÁ„o (maior tempo de aÁ„o), menor toxicidade ao SNC porque se<br />

espalha melhor nos tecidos. O desenvolvimento de meta-hemoglobina (n„o se liga ao<br />

oxigÍnio) È dependente da dose do anestÈsico (no m·ximo 7 tubetes). O emprego de<br />

vasoconstrictores È para quando a intervenÁ„o estender-se por mais de 20 minutos e na<br />

possibilidade do paciente vir a sentir dor, j· que a supra-renal liberar· 40 vezes mais<br />

adrenalina na circulaÁ„o do que a contida no tubete, acarretando efeitos adversos importantes.<br />

O vasoconstrictor retarda a absorÁ„o do anestÈsico, diminuindo a toxicidade e aumentando o<br />

tempo de duraÁ„o. SÛ oferece riscos nos casos de angina inst·vel, infarto do mioc·rdio,<br />

cirurgia cardÌaca recente, arritmia refrat·ria, hipertens„o severa n„o tratada ou controlada e<br />

na insuficiÍncia cardÌaca congestiva. Recomenda-se a felipressina devido sua aÁ„o local e<br />

menor que as outras aminas. A epinefrina e norepinefrina provocam taquicardia. A fenilefrina<br />

provoca bradicardia, que pode levar ‡ uma parada cardÌaca;<br />

Diabetes: a doenÁa, em bem ou mal compensado, pode levar a xerostomia e ‡ diminuiÁ„o da<br />

atividade leucocit·ria facilitando, respectivamente, o aparecimento da c·rie e o avanÁo da<br />

enfermidade periodontal. Como o estresse pode levar a um aumento da adrenalina e,<br />

consequentemente, a hiperglicemia, È preciso tranquilizar o paciente com palavras e sedativos,<br />

atendÍ-lo pela manh„ e, principalmente em descompensado, realizar a profilaxia antibiÛtica.<br />

Recomenda-se para a anestesia a prilocaÌna-felipressina e para analgesia a dipirona ou<br />

28


paracetamol que n„o interferem com o controle glicÍmico. O tratamento, naturalmente, ter·<br />

resposta mais lenta;<br />

Hemofilia: apenas a hemostasia com (OH)2Ca e ClONa. Na cirurgia, fibrina, sutura, splint,<br />

cauterizador e gelo. ReposiÁ„o dos fatores VIII ou IX com antifibrinolÌtico e ·cido<br />

tranex‚mico. Cuidados com anestesia troncular (trismo e asfixia), sugador e filme (hematoma).<br />

Paracetamol e dipirona. Contra-indicados aspirina e antinflamatÛrio. Usa-se vasoconstritor.<br />

SÌfilis, Tuberculose e Hepatite: o tratamento sÛ poder· ser realizado quando a doenÁa estiver<br />

controlada. Em emergÍncia, sÛ com a m·xima proteÁ„o e em ambiente hospitalar. O<br />

profissional deve ter o cuidado de n„o veicular microrganismo para outro paciente. A hepatite<br />

A È contraÌda pela saliva, fluidos corporais, alimento e ·gua; a B pelos fluidos corporais,<br />

sangue e sexo; e a C pelo sangue e sexo (raro);<br />

Aids: o tratamento deve ser realizado dentro das normas de biosseguranÁa. Recomenda-se para<br />

os pacientes hospitalizados, a profilaxia com Flagyl 400 e somente a neutralizaÁ„o do canal<br />

radicular. A freq¸Íncia do HIV no consultÛrio È de 0,3% percut‚nea e 0,09% mucocut‚nea; do<br />

HBV È de 40% percut‚nea; e o HAV È de 5% percut‚nea;<br />

Gravidez: o tratamento deve ser realizado no segundo trimestre, onde a organogÍse est·<br />

completa e o feto desenvolvido. No primeiro trimestre, h· indisposiÁ„o, enjÙos, na˙seas e<br />

grande freq¸Íncia de aborto. No terceiro trimestre, a freq¸Íncia urin·ria est· aumentada, h·<br />

inchaÁo das pernas, desconforto em qualquer posiÁ„o e hipotens„o postural (tontura ao<br />

levantar-se rapidamente). Na tomada radiogr·fica, mesmo com radiaÁ„o insignificante, deve-se<br />

utilizar, para tranq¸ilidade da paciente, avental de chumbo e filme de r·pida exposiÁ„o. Na<br />

anestesia, deve-se prescrever a bupivacaÌna que n„o passa totalmente pela placenta e se evitar a<br />

felipressina que pode levar ‡ constriÁ„o uterina. O feto n„o reverte bem a meta-hemoglobina<br />

em hemoglobulina.Quanto ao antibiÛtico, deve-se prescrever Pen-VÍ-Oral ou Amoxil por<br />

agirem somente na parede celular da bactÈria e por serem de uso consagrado. Quanto ao<br />

analgÈsico, prescreve-se o de menor de efeito adverso, que È o paracetamol (tylenol, dÙrico ou<br />

acetofen). Os antinflamatÛrios devem ser evitados, principalmente no 3 ˙ltimos meses, por<br />

alÈm de provocarem dist˙rbio gastrointestinais, ocasionam a inÈrcia uterina e ou o fechamento<br />

prematuro do canal arterial do feto;<br />

2 ñ de ordem local:<br />

BifurcaÁ„o de canais: melhor acesso ao terÁo apical atravÈs da maior divergÍncia das paredes<br />

circundantes da c‚mara.<br />

Curvatura excessiva: quando da existÍncia de curvatura cervical, sua retificaÁ„o com aumento da<br />

conicidade. Quando de curvatura apical muito severa, a instrumentaÁ„o anticurvatura, uso de limas<br />

flexÌveis e instrumentos rotatÛrios.<br />

RizogÍnese incompleta : o tratamento visa o fechamento do ·pice radicular para ent„o se realizar a<br />

obturaÁ„o cl·ssica do canal. Quando se trata de polpa viva o tratamento È denominado de apicigÍnese,<br />

que nada mais È que a pulpotomia. Quando se trata de polpa mortificada, o tratamento È denominado<br />

de apicificaÁ„o: neutralizaÁ„o e preparo do canal, obturaÁ„o com pasta de hidrÛxido de c·lcio e<br />

controle do fechamento radicular. A pasta deve ser bem compactada para evitar a r·pida solubilizaÁ„o<br />

nos fluidos org‚nicos e, mesmo assim, trocada mensalmente.<br />

ReabsorÁıes radiculares: interceptaÁ„o pronta para evitar a comunicaÁ„o ao canal ou ao ligamento.<br />

Na interna, remove-se mec‚nica e quimicamente (hipoclorito de sÛdio) o tecido granulomatoso,<br />

curativo de hidrÛxido de c·lcio por 30 dias e obturaÁ„o termoplastificada. Na externa, a neutralizaÁ„o<br />

e o preparo do canal, curativo de hidrÛxido de c·lcio por 90 dias e obturaÁ„o convencional.<br />

CalcificaÁıes: os nÛdulos pulpares n„o oferecem resistÍncia para sua remoÁ„o. Quando a c‚mara<br />

pulpar e parte do canal j· estiverem calcificados, deve-se criar uma cavidade atÈ prÛximo do canal e,<br />

ent„o, forÁar lima Kerr, C file ou trÈpano, em v·ria direÁıes, atÈ encontrar o canal.<br />

Fratura radicular : o tipo de tratamento est· na dependÍncia da manutenÁ„o ou n„o da vitalidade<br />

pulpar dos fragmentos. Os 2 com vitalidade: somente a contenÁ„o; o apical com vitalidade e necrose<br />

no cervical: apicificaÁ„o do ˙ltimo; e os 2 com necrose: exodontia dos dois.<br />

Les„o refrat·ria: È a persistÍncia da sintomatologia apical, mesmo que discreta e, quase sempre, da<br />

secreÁ„o radicular. Deve-se, apÛs a terapia de 2 medicaÁıes intracanais e sistÍmica, realizar a<br />

obturaÁ„o simult‚nea ‡ apicetomia.<br />

Endoperio: quando da uni„o das 2 doenÁas. Deve-se realizar a neutralizaÁ„o e o preparo do canal, a<br />

medicaÁ„o intracanal e a terapia periodontal b·sica. Em outra sess„o, avaliar a necessidade da<br />

intervenÁ„o cir˙rgica a retalho (bolsa profunda e comunicaÁıes patolÛgicas).<br />

C‚mara pulpar atrÈsica: medir na radiografia a dist‚ncia da c˙spide ‡ c‚mara. Realizar uma<br />

cavidade nessa profundidade. Trepanar com ponta exploradora e remover o teto com curetas<br />

pequenas.<br />

29


PerfuraÁ„o coron·ria: na mesma sess„o, selamento imediato. J· existente, curetagem do tecido<br />

granulomatoso e curativo de hidrÛxido de c·lcio. Em outra sess„o, selamento com cimento<br />

endodÙntico seco ou MTA, com ou sem barreira de hidrÛxido de c·lcio (perfuraÁ„o maior). Quando<br />

supra-Ûssea, traÁ„o ortodÙntica e ou cirurgia periodontal para exposiÁ„o e selamento com material<br />

restaurador liso.<br />

O MTA, agregado triÛxido mineral, È biocompatÌvel (fÛsforo e c·lcio), bactericida (pH 12,2<br />

na espatulaÁ„o ñ exceto para anaerÛbios estritos), tem baixa solubilidade, atraÁ„o para cementoblastos,<br />

endurece na presenÁa de umidade (3 a 4 horas), tem capacidade seladora (expans„o de presa) e<br />

estimula a liberaÁ„o de citocinas, conforme Torabinejad et al, 1993.<br />

Degrau radicular: para o trespasse, em canal curvo, amplia-se o canal atÈ o obst·culo,<br />

permeabilizaÁ‡o dentin·ria com EDTA e cateterismo com limas finas e prÈ-curvadas (se conseguir,<br />

limagem com amplitude limitada). Quando do n„o trespasse, obtura-se o canal com cimento<br />

Endomethasone N, que tem corticosterÛide, e controle.<br />

PerfuraÁ„o radicular: nos terÁos cervical e mÈdio e feita na mesma sess„o, faz-se o selamento<br />

imediato. Quando j· existente, curativo de hidrÛxido de c·lcio e, em outra sess„o, selamento com<br />

cimento endodÙntico ou MTA, apÛs a obturaÁ„o do canal. Em alguns casos, faz-se o selamento em ato<br />

cir˙rgico. Quando for no terÁo apical, obtura-se a perfuraÁ„o do canal com MTA e complementa-se<br />

com cimento/cones. Controle para possÌvel apicetomia.<br />

Transporte ou desvio do canal: È o desgaste da concavidade da curvatura do canal. Do lado interno,<br />

obtura-se o canal com mais de 1 cone principal. Do lado externo (zip), obtura-se o desvio do canal<br />

com MTA e complementa-se com cimento/cones. Controle para possÌvel apicetomia.<br />

Arrombamento do forame: remoÁ„o parcial do curativo de hidrÛxido de c·lcio (tamp„o de 1mm) e<br />

obturaÁ„o com cimento e cone calibroso. Controle para apicetomia com ou sem obturaÁ„o retrÛgada.<br />

Fratura de instrumento: devido a defeito de fabricaÁ„o e fadiga por flex„o e por torÁ„o. Quando de<br />

sua visualizaÁ„o, faz-se o alargamento do canal com ponta diamantada sÙnica ou broca LN e coloca-se<br />

o espaÁador sÙnico na potÍncia 2 e sem refrigeraÁ„o, circundando a lima atÈ o seu deslocamento.<br />

Quando de sua n„o visualizaÁ„o, passa-se pelo lado com lima Kerr, C file ou trÈpano e<br />

alarga-se o canal. No espaÁo criado, adapta-se o espaÁador sÙnico atÈ o seu deslocamento. Quando<br />

n„o se consegue deslocar o instrumento, realiza-se a obturaÁ„o convencional, maquiando o fragmento.<br />

Quando da n„o ultrapassagem do instrumento, deve-se considerar a condiÁ„o pulpar,<br />

o momento da fratura, a localizaÁ„o do fragmento e a anatomia radicular (canais com forame ˙nico).<br />

Normalmente, espera-se a complementaÁ„o cir˙rgica.<br />

Entulhamento dentin·rio: inunda-se e agita-se o EDTA 17% no canal e o remove com limas Kerr.<br />

Canal amplo: usa-se cone de guta-percha invertido ou personaliza-se um cone. Junta-se v·rios cone<br />

e, sobre a chama da lamparina, unem-se. Molda-se ent„o o canal, que deve estar umedecido.<br />

Cone de prata: quando a sua extremidade estiver assentada no assoalho da c‚mara, basta-se remover<br />

a restauraÁ„o com cuidado de n„o cort·-la. Caso n„o esteja, as manobras s„o as mesmas para<br />

instrumento fraturado.<br />

Pino intra-radicular: a maneira mais segura de n„o se fraturar a raiz È utilizando o aparelho de ultrasom.<br />

Quando o pino for cÙnico e curto, basta se aplicar a ponta sÙnica no n˙cleo e com uma pinÁa<br />

hemost·tica proceder discreta torÁ„o e traÁ„o. Quando o pino for longo e cilÌndrico, deve-se desgastar<br />

o n˙cleo atÈ a exposiÁ„o da linha de cimento, que deve ser removida, o mais profundo possÌvel, com<br />

broca LN. Nestes espaÁos e no n˙cleo, aplica-se uma ponta sÙnica e com uma pinÁa hemost·tica fazse<br />

a torÁ„o e traÁ„o. No caso de pino multirradicular, deve-se cort·-lo, transformando-se em 2<br />

unirradiculares e proceder da maneira j· descrita.<br />

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DESOBTURA« O PARA RETENTOR INTRA-RADICULAR<br />

(remoÁ„o de pino)<br />

Quando da exigÍncia de retenÁ„o da restauraÁ„o nos canais, faz-se necess·rio a remoÁ„o<br />

parcial do material obturador. Essa manobra operatÛria deve ser realizada pelo endodontista, que tem<br />

conhecimento da anatomia radicular e logo apÛs a obturaÁ„o devido a familiaridade com o caso clÌnico e<br />

ainda a condiÁ„o do ajuste da obturaÁ„o apical pela condensaÁ„o vertical. A desobturaÁ„o num segundo<br />

momento, n„o ter· o cimento ainda na fase pl·stica para ser acomodado no canal.<br />

O retentores intra-radiculares fundido e prÈ-fabricados tÍm o objetivo de substituir a<br />

estrutura coron·ria perdida.<br />

Quanto ao comprimento, o pino do retentor deve o m·ximo de espaÁo do canal,<br />

preservado os 4 a 5mm de obturaÁ„o apical. Johnson e Sakumura, 1978, e Trope et al, 1985 indicam 2/3<br />

da raiz e, Stockton, 1999, no mÌnimo igual comprimento da coroa.<br />

A tendÍncia de pino curto È concentrar tensıes numa pequena ·rea e, assim, determinar a<br />

fratura da raiz.<br />

Havendo perda Ûssea patolÛgica ou cir˙rgica, o comprimento do pino deve representar a<br />

metade da dist‚ncia ·pice radicular/margem da crista Ûssea.<br />

Existem a forma cilÌndrica (maior retenÁ„o e com concentraÁ„o de tensıes em sua<br />

extremidade) e a forma cÙnica (menor retnÁ„o e distribuiÁ„o de tensıes nas paredes do canal). DaÌ a<br />

forma ideal ser a cilÌndrica com extremo cÙnico.<br />

Os pinos fundidos e prÈ-fabricados met·licos (Cr/Ni e Ti) sofrem corros„o, s„o antiestÈticos<br />

e t6em mÛdulo de elasticidade superior ao da dentina. Os de fibra de carbono, tÍm mÛdulo de elasticidade<br />

prÛximo ao da dentina e a falta de estÈtica e radiolucidez, contornadas pelo revestimento mineral branco.<br />

Os de fibra de vidro, s„o estÈticos e tÍm o mÛdulo de elasticidade prÛximo ao da dentina<br />

Infelizmente, devemos admitir que os retentores intra-radiculares n„o reforÁam a raiz. E<br />

sim, a enfraquece devido ao desgaste dentin·rio para sua colocaÁ„o e a concentraÁ„o de tensıes nas<br />

paredes do canal.<br />

A desobturaÁ„o de canal atrÈsico È realizada com brocas Gates-Glidden, em seq¸Íncia<br />

decrescente de di‚metro, que por aquecimento plastifica e remove a guta-percha.<br />

A broca Gates-Glidden tem a ponta em forma de p6era e sem corte, comprimentos de 28 e<br />

32mm com corpo de 15 e 19mm, respectivamente, di‚metros de 1 a 6 (correspondendo a lima 50, 70, 90,<br />

110, 130 e 150) e movimento de penetraÁ„o com leve press„o e retirada, sempre em rotaÁ„o.<br />

Em seguida, no canal desobturado È colocado uma broca Largo (Maillefer) ou Peeso<br />

(Moyco) para diminuir a conicidade, alisar as paredes e remover qualquer traÁo de guta-percha e cimento.<br />

S„o brocas cilÌndricas de ponta inativa, com di‚metros de 1 a 6, correspondendo as limas 70, 90, 110,<br />

130, etc.<br />

A desobturaÁ„o de canal amplo È realizada com calcadores aquecidos, em seq¸Íncia<br />

decrescente de di‚metro. Em seguida, È tambÈm utilizada a broca Largo.<br />

ConvÈm enfatizar o trabalho de Lopes et al, 1995, que verificaram que a guta-percha<br />

amolece a 60 0 C e funde-se a 100 0 C. E que quando o calcador È aquecido ao rubro(700 0 C), a obturaÁ„o<br />

absorve 480 0 C e o ligamento 57,5 0 C. No caso do uso da broca Gates-Glidden, o aquecimento transferido<br />

ao ligamento È 32,8 0 C.<br />

Com a retirada de parte da obturaÁ„o, o canal fica exposto ‡ contaminaÁ„o e, por isso, deve<br />

ser realizada em campo isolado. Na impossibilidade, deve-se valer do abridor de boca, irrigaÁıes<br />

constantes e da impermeabilizaÁ„o dos canalÌculos com etil cianoacrilato (superbonder) ou butil<br />

cianoacrilato (histoacril).<br />

Uma complicaÁ„o na clÌnica endodÙntica È, sem d˙vida, a necessidade do retratamento de<br />

canal em dente portador de retentor intra-radicular. O uso de alicates especiais leva ao risco de fratura da<br />

raiz, ao desgaste da raiz para o paralelismo das paredes proximais com o longo eixo do pino e<br />

impraticabilidade em dentes posteriores.<br />

O ultra-som pode ser aplicado em qualquer ·rea do pino, anterior ou posterior, devido a<br />

variedade de forma e tamanho dos insertos, com menor risco de fratura e sem desgaste da estrutura dental.<br />

O uso por 2 a 5 minutos diminui em atÈ 35% a forÁa necess·ria para a remoÁ„o do pino.<br />

Imura e Zuolo, 1997, recomendam em pino fundido curto e cÙnico, a aplicaÁ„o da ponta<br />

5AE da Gnatus na lateral e oclusal do n˙cleo, com potÍncia e refrigeraÁ„o m·xima. Segue-se uma<br />

discreta torÁ„o e traÁ„o com pinÁa hemost·tica. Em pino longo e cilÌndrico, faz-se o desgaste<br />

circunferencial do n˙cleo, com brocas de aÁo 556 da KG Sorensen ou transmetal da Maillefer, atÈ a<br />

exposiÁ„o do cimento. O desgaste desse cimento È feito, com broca LN da Maillefer, penetrando ao<br />

m·ximo entre o pino e ·reas de espessura radicular. ApÛs a ponta ET40 da Gnatus È colocada nesses<br />

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espaÁos, com potÍncia e refrigeraÁ„o m·xima. Segue-se a discreta torÁ„o e traÁ„o do pino com pinÁa<br />

hemost·tica.<br />

Quando se tratar de retentor fundido multirradicular, deve-se cortar o n˙cleo<br />

transformando-o em 2 unirradiculares.<br />

Os retentores prÈ-fabricados s„o fixados no canal com:<br />

- cimento de fosfato de zinco: sem ades„o, resistente a compress„o e traÁ„o e sol˙vel;<br />

- cimento de ionÙmero de vidro: ades„o ausente ao metal, fraca com a fibra de carbono e boa com a fibra<br />

de vidro. Resistente a compress„o e traÁ„o e È sol˙vel o cimento quÌmico; e<br />

- cimento resinoso: ades„o idÍntica ao ionÙmero. Resistente somente a compress„o.<br />

A remoÁ„o do pino prÈ-fabricado met·lico rosqueado È simples: torÁ„o anti-hor·ria com<br />

alicate ou pinÁa.<br />

Para a remoÁ„o do pino prÈ-fabricado met·lico serrilhado cimentado com fosfato de zinco,<br />

aplica-se a ponta sÙnica circunferencialmente no sentido anti-hor·rio. Para o cimentado com ionÙmero<br />

ou resina, cria-se um espaÁo entre o pino e a parede do canal com broca em alta velocidade e aplica-se a<br />

ponta sÙnica ou broca de baixa rotaÁ„o na extremidade do pino.<br />

Para a remoÁ„o do pino de fibra de carbono ou de fibra de vidro, remove-se a restauraÁ„o,<br />

com broca diamantada em alta velocidade, atÈ a exposiÁ„o do pino em toda a c‚mara. Aplica-se a ponta<br />

lisa ou diamantada sÙnica na resina, em volta do pino, atÈ solt·-lo. Aplica-se as mesmas pontas no espaÁo<br />

do pino para remover toda a resina.<br />

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