edicao 68 - SindusCon-SP
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www.sindusconsp.com.br<br />
Nº <strong>68</strong> ano 6 junho 2008
2<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
amos imaginar todas as mazelas<br />
de quem não dispõe de renda<br />
suficiente para ter acesso a<br />
uma moradia digna. A família se desagrega.<br />
Há grande dificuldade de educação<br />
para os filhos. A baixa qualidade de vida e<br />
a ausência de saneamento abalam a saúde.<br />
Esse quadro dificulta a inserção social<br />
e favorece o acesso à criminalidade.<br />
Agora imaginemos o prejuízo para o<br />
Estado. Recursos direcionados para a<br />
educação são desperdiçados. Doenças<br />
freqüentes e internações em hospitais públicos<br />
oneram o sistema oficial de saúde.<br />
Cidadãos marginalizados não contribuem<br />
com a arrecadação. O aparato policial e<br />
prisional é obrigado a drenar cada vez<br />
mais recursos que poderiam ser utilizados<br />
em outras finalidades.<br />
Se o Estado direcionasse uma pequena<br />
parte de seu Orçamento para solucionar<br />
o problema, ele faria muito mais do<br />
que erradicar o déficit habitacional. Contribuiria<br />
para dar dignidade a milhões de fa-<br />
mílias, diminuiria os gastos públicos nos<br />
setores de segurança e saúde e daria um<br />
passo definitivo no rumo do desenvolvimento<br />
sustentado.<br />
Com esta convicção, os movimentos<br />
nacionais pela moradia, as centrais sindicais,<br />
o Fórum de Secretários Estaduais da<br />
Habitação, as entidades da cadeia produtiva<br />
da construção e um expressivo grupo<br />
de deputados federais acabam de lançar<br />
a Campanha Nacional pela Moradia Digna<br />
– Uma Prioridade Social.<br />
Esta ampla mobilização, que conta com<br />
o apoio do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>, objetiva assegurar,<br />
por meio de instrumento legal, a destinação<br />
de recursos do Orçamento para<br />
subsidiar as famílias de baixa renda, per-<br />
<br />
Realizado em maio pelo CTQ e pelo<br />
Comasp, o 5º Seminário de Tecnologia<br />
de Sistemas Prediais: Qualidade e Inovação<br />
trouxe vários lições: sistemas sustentáveis<br />
podem custar mais, mas pagarão<br />
o investimento feito se forem viáveis;<br />
é preciso investir em inovação tecnológica<br />
e no desenvolvimento de ferramentas<br />
de projeto e gestão de informação<br />
de edifícios, para que as deci-<br />
sões eco-eficientes sejam tomadas na<br />
fase de projeto; e tudo isso requer uma<br />
gestão atualizada e eficiente.<br />
Vamos avançar mais se os articuladores<br />
das políticas ambientais atentarem<br />
para a necessidade de a inovação<br />
tecnológica ser eco-eficiente. Isto requer<br />
mudança de atitude e incentivos, em vez<br />
de legislações coercitivas sem o devido<br />
aprofundamento técnico.<br />
mitindo-lhes ter acesso à habitação.<br />
Como fruto desta articulação, no fechamento<br />
desta edição estava prevista a apresentação<br />
em 18 de junho, à Câmara dos<br />
Deputados, de uma PEC (Proposta de<br />
Emenda Constitucional), visando assegurar<br />
a destinação de no mínimo 2% da arrecadação<br />
da União e 1% dos Estados e<br />
dos Municípios ao subsídio habitacional.<br />
A medida vigoraria por 30 anos ou até<br />
a erradicação do déficit habitacional. Para<br />
novembro, planeja-se uma grande mobilização,<br />
com a presença de milhares de<br />
pessoas, com vistas à aprovação da PEC.<br />
A campanha pretende assegurar que<br />
o direito à moradia digna tenha a perenidade<br />
de uma política de Estado e não somente<br />
a transitoriedade que caracteriza as<br />
políticas de governo. Para tanto, é necessário<br />
garantir a vinculação de recursos orçamentários,<br />
de modo que as famílias de<br />
baixa renda contem com um fluxo de recursos<br />
contínuo e livre de oscilações políticas.<br />
Os subsídios permitirão a essas famílias<br />
que complementem, com recursos<br />
próprios e financiamentos do mercado, o<br />
volume necessário para ter acesso a uma<br />
moradia digna.<br />
* PRESIDENTE DO SINDUSCON-<strong>SP</strong><br />
PRESIDENTE@SINDUSCON<strong>SP</strong>.COM.BR<br />
João Claudio Robusti *<br />
<br />
<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 3
4<br />
SUMÁRIO<br />
<br />
UM BRASIL MELHOR<br />
Parabenizo-os pelo excelente conteúdo da Revista<br />
Noticias da Construção, afinal ninguém consegue fazer<br />
tanto se não com os pés no chão, mas sempre olhando<br />
e andando para frente, construindo o futuro. Aos amigos<br />
a esperança por um Brasil melhor. Meus votos de êxito<br />
para a publicação e sua valorosa missão.<br />
Antonio de Sousa Ramalho<br />
(Presidente do Sintracon-<strong>SP</strong> e vice-presidente da<br />
Força Sindical e da Feticom-<strong>SP</strong>)<br />
DA ACADEMIA - 1<br />
Como professor da Faculdade de Engenharia Civil da<br />
Universidade Federal do Pará, considero a Revista Notícias<br />
da Construção útil pela sua qualidade e elevado<br />
nível tecnológico.<br />
João Frutuoso Dantas Filho<br />
(UFPA - Belém, Pará)<br />
10 10 10 Qualidade<br />
Qualidade<br />
Foco no usuário<br />
5 PAULO GALA - CONJUNTURA<br />
14<br />
14<br />
14 VANDERLEY M. JOHN - CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL<br />
16<br />
16<br />
16 JOSÉ CARLOS BAPTISTA PUOLI - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL<br />
18<br />
18<br />
18 CELSO PETRUCCI - FINANCIAMENTO<br />
22<br />
22<br />
22 LUIZ HENRIQUE CEOTTO - QUALIDADE E PRODUTIVIDADE<br />
26 26<br />
26<br />
26 PEDRO LUIZ ALVES - MOTIVAÇÃO<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
6 Capa Capa<br />
Capa<br />
Xô, emaranhado<br />
de fios e cabos!<br />
17 17 17 Eleições Eleições no no <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong><br />
<strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong><br />
Construção unida e fortalecida<br />
19 19 19 Habitação Habitação popular<br />
popular<br />
Setor lança PEC da Habitação<br />
COLUNIST<br />
COLUNISTAS<br />
COLUNIST AS<br />
28<br />
28<br />
28 MARIA ANGELICA LENCIONE PEDRETI - GESTÃO EMPRESARIAL<br />
34<br />
34<br />
34 BENEDICTO PORTO NETO - JURÍDICO<br />
38<br />
38<br />
38 JOSÉ CARLOS DE ARRUDA SAMPAIO - SEGURANÇA<br />
42<br />
42<br />
42 NORMA ARAÚJO - PREVENÇÃO E SAÚDE<br />
44<br />
44<br />
44 ANTONIO JESUS DE BRITTO COSENZA - MARKETING<br />
46<br />
46<br />
46 VAHAN AGOPYAN - INOVAÇÃO<br />
ESCREVA PARA<br />
ESTA SEÇÃO<br />
noticias@sindusconsp.com.br<br />
Fax (11) 3334-5646<br />
R. Dona Veridiana 55, 2º andar<br />
01238-010 São Paulo<br />
DA ACADEMIA - 2<br />
Solicito o envio de exemplares da Revista Notícias<br />
da Construção para nosso acervo. O corpo docente da<br />
PUC Minas considera muito importante a publicação.<br />
Beatriz Marques<br />
(PUC Minas)<br />
TESE DE MESTRADO<br />
Farei referência ao texto "Moradia para todos é possível<br />
- déficit habitacional atinge um sétimo das 56<br />
milhões de famílias brasileiras", de Nathalia Barboza<br />
(Edição 63), em minha tese de doutorado.<br />
Alda Rosana D. de Almeida<br />
(São Paulo)<br />
RETIFICAÇÃO<br />
O advogado Alexandre Tadeu Navarro é sócio do<br />
escritório "Navarro e Marzagão Advogados Associados".<br />
Seu mail: tadeu@navarro.adv.br . As informações<br />
constantes do rodapé biográfico de seu artigo "Incide ou<br />
não?" (Edição 67, pág. 44) estavam desatualizadas.<br />
20 20 Imobiliário Imobiliário<br />
Imobiliário<br />
Força nas parcerias<br />
30 30 Insumos<br />
Insumos<br />
Os dois lados das importações da China<br />
32 32 <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> em em Ação<br />
Ação<br />
Crescimento persistirá, diz Nakano<br />
Assinados mais acordos coletivos<br />
<strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> tem Semana Jurídica<br />
37 37 Notícias Notícias Notícias das das Regionais<br />
Regionais<br />
Maristela coordena Deinfra em Sorocaba<br />
Royalties geram expectativa em Santos<br />
40 40 Segurança<br />
Segurança<br />
Megasipat sugere nova atitude<br />
Presidente<br />
JOÃO CLAUDIO ROBUSTI<br />
Vice-presidentes<br />
CRISTIANO GOLDSTEIN<br />
DELFINO PAIVA TEIXEIRA DE FREITAS<br />
EDSON ANTONIO COGHI<br />
FRANCISCO ANTUNES DE VASCONCELLOS NETO<br />
ISKANDAR AUDE<br />
JOÃO BATISTA DE AZEVEDO<br />
JOSÉ ANTONIO MARSIGLIO SCHUVARZ<br />
JOSÉ CARLOS MOLINA<br />
JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO<br />
LUIZ ANTONIO MESSIAS<br />
MARISTELA ALVES LIMA HONDA<br />
ODAIR GARCIA SENRA<br />
SERGIO TIAKI WATANABE<br />
Diretores regionais<br />
JOSÉ BATISTA FERREIRA<br />
JOSÉ LUIZ GOULART BOTELHO<br />
LUIZ BONIFÁCIO UREL<br />
LUIZ CLÁUDIO MINNITI AMOROSO<br />
RALPH RIBEIRO JUNIOR<br />
RICARDO BESCHIZZA<br />
RONALDO DE OLIVEIRA LEME<br />
ROSANA ZILDA CARNEVALLI HERRERA<br />
SILVIO BENITO MARTINI FILHO<br />
Representantes - Fiesp<br />
Titulares:<br />
EDUARDO CAPOBIANCO, SERGIO PORTO<br />
Suplentes:<br />
CRISTIANO GOLDSTEIN, ISKANDAR AUDE<br />
Assessoria de Imprensa<br />
RAFAEL MARKO - (11) 3334-5662<br />
NATHALIA BARBOZA - (11) 3334-5647<br />
CASSIA DOMINGUES E RAFAEL VASQUEZ<br />
(11) 3107-7104 / 7062<br />
CONSELHO EDITORIAL: DELFINO TEIXEIRA DE FREITAS, EDUARDO<br />
MAY ZAIDAN, JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO, MAURÍCIO LINN BIANCHI,<br />
FRANCISCO ANTUNES DE VASCONCELLOS NETO, SERGIO PORTO<br />
COORDENAÇÃO-GERAL: CARLOS MARTINS<br />
GERÊNCIA DE MERCADO: IGOR ARCHIPOVAS<br />
SECRETARIA: MARCIA LAURINO<br />
EDITOR RE<strong>SP</strong>ONSÁVEL: RAFAEL MARKO<br />
REDAÇÃO:<br />
NATHALIA BARBOZA (SÃO PAULO)<br />
COM COLABORAÇÃO DAS REGIONAIS:<br />
ALEXANDRE BRANCO (SOROCABA)<br />
ANDRE LUIZ RESENDE (RIBEIRÃO PRETO)<br />
SUELI OSÓRIO (SANTO ANDRÉ)<br />
ESTER MENDONÇA (SÃO JOSÉ DO RIO PRETO)<br />
GISELDA BRAZ (SANTOS)<br />
HOMERO FERREIRA (PRESIDENTE PRUDENTE)<br />
JOSÉ CARLOS DUCATTI (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS)<br />
MÔNICA MONTEIRO (CAMPINAS)<br />
SABRINA MAGALHÃES (BAURU)<br />
COMUNICAÇÃO:<br />
MARCELO DA COSTA FREITAS/CHEFE DE ARTE<br />
SANDERS CAPARROZ GIULIANI, ELAINE CRISTINA STEOLLA/<br />
DESIGNERS GRÁFICOS; TEREZA CRISTINA PAIÃO/WEB<br />
SILENE MARCHI/SECRETÁRIA<br />
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CTP/ IMPRESSÃO: VAN MOORSEL<br />
Tiragem desta edição: 9 MIL EXEMPLARES<br />
As As opiniões opiniões opiniões dos dos colaboradores colaboradores não<br />
não<br />
r re e e f fl l l e e t t e em m<br />
m<br />
necessariamente necessariamente necessariamente as as as posições posições do do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong><br />
<strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong><br />
noticias@sindusconsp.com.br
il voltou a apresentar déficits<br />
em contas correntes ou, no jargão<br />
dos economistas, utilização<br />
de poupança externa. A conta corrente<br />
é composta pela balança comercial,<br />
que inclui importações e exportações,<br />
e pela balança de serviços, que<br />
engloba as contas de juros da dívida<br />
externa, remessas de lucros das multinacionais<br />
e salários dos trabalhadores,<br />
além dos gastos com turismo, fretes internacionais<br />
e transferências unilaterais.<br />
O déficit em conta corrente de abril foi<br />
de U$ 3,310 bilhões contra um superávit<br />
de U$ 1,806 bi no mesmo mês do<br />
ano passado. Em 12 meses, o déficit foi<br />
de US$ 14,655 bi, ou 1,08% na relação<br />
com o PIB. De janeiro a abril, o déficit<br />
acumulado foi US$ 14,0<strong>68</strong> bi (3,09% do<br />
PIB). No mesmo período do ano passado,<br />
o resultado foi superavitário em US$<br />
2,047 bi (0,49% do PIB). O resultado de<br />
abril decorreu de saldo positivo de US$<br />
1,744 bi na balança comercial somado<br />
a um déficit de US$ 5,331 bi na conta de<br />
serviços e rendas. Entraram US$ 276<br />
milhões nas transferências unilaterais.<br />
A conta capital e financeira do balanço<br />
de pagamentos, que registra as transações<br />
financeiras do país com o resto<br />
do mundo, foi positiva em US$ 8,679 bi<br />
contra US$ 9,635 bi no mesmo mês do<br />
ano passado. Ou seja, apesar da falta de<br />
dólares na conta corrente, sobraram dólares<br />
na conta capital. A entrada de capitais<br />
para investir em títulos públicos, bolsa,<br />
derivativos, fornecer empréstimos e<br />
fazer investimento direto (IDE) mais do<br />
que compensou a saída de dólares pela<br />
conta corrente. Para 2008, o mercado<br />
prevê déficit de US$ 20 bi nas contas<br />
correntes e saldo de US$ 30 bi na conta<br />
capital e financeira. Portanto, em 2008 o<br />
déficit seria facilmente financiável pela<br />
conta financeira.<br />
Os déficits em conta corrente são<br />
preocupantes. Significam que o país poderá<br />
voltar a se endividar em dólares.<br />
Nossas condições de financiamento<br />
externo melhoraram muito. O nível de<br />
reservas em US$ 200 bi é bastante confortável<br />
e a atribuição de grau de investimento<br />
ao país por duas agências de<br />
risco facilitou o acesso ao mercado fi-<br />
<br />
<br />
nanceiro internacional. O aumento de<br />
importações de máquinas é positivo,<br />
especialmente se comparado ao boom<br />
de importação de bens de consumo nos<br />
anos 90. Por todos esses motivos, uma<br />
reviravolta cambial não está no horizonte<br />
de curto prazo.<br />
Contudo, uma das grandes explicações<br />
para a melhora recente da economia<br />
brasileira está na eliminação da vulnerabilidade<br />
externa. Ao triplicarmos as<br />
exportações e quadruplicarmos o nível<br />
de reservas nos últimos 5 anos, deixamos<br />
para trás um histórico de crises e<br />
instabilidade cambial. O grau de investimento<br />
e a redução dos juros reais estão<br />
certamente ligados a essa melhora<br />
externa. Desde 2003 o país apresenta<br />
superávits nas contas correntes, ou seja,<br />
* PROFESSOR DA ESCOLA DE ECONOMIA DE<br />
SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS<br />
E-MAIL: PAULO.GALA@FGV.BR<br />
Paulo Gala *<br />
há sobra de dólares originada pela vitalidade<br />
do comércio exterior. Esse quadro<br />
está se alterando rapidamente. Nossa<br />
sobra de dólares depende cada vez<br />
mais de fluxos de capital (dívida, empréstimos<br />
etc.) do que de resultados<br />
positivos do comércio externo.<br />
Muitos analistas chamam a atenção<br />
para a importância de evitar uma apreciação<br />
excessiva do Real que, aliada<br />
ao aumento da atividade econômica,<br />
tem contribuído para a piora recente nas<br />
contas externas. O próprio Banco Central<br />
tem feito compras pesadas no mer-<br />
cado de câmbio para evitar uma apreciação<br />
ainda maior: em 2007,comprou cerca<br />
de US$ 90 bi. A Fazenda também se<br />
esforça em evitar o problema. O aumento<br />
do IOF, a tentativa de criar um fundo<br />
soberano e a política industrial lançada<br />
recentemente vão todos nessa linha. O<br />
governo teme que o cenário de 2001 e<br />
2002, com pesados déficits externos e<br />
dificuldade de financiamento, se repita<br />
no futuro, especialmente em 2010, ano<br />
de eleição. Melhor prevenir do que remediar.<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 5
6<br />
<br />
<br />
<br />
s novas tecnologias desenvolvidas<br />
para sistemas prediais<br />
de comunicações e<br />
instalações especiais estão revolucionando<br />
a maneira como as edificações<br />
já estão projetadas e erguidas.<br />
Parte disso pôde ser constatada<br />
em palestras do 5º Seminário Tecnologia<br />
de Sistemas Prediais – Qualidade<br />
e Inovação, promovido pelo<br />
<strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> em 28 de maio, em<br />
São Paulo. O evento contou com uma<br />
platéia de mais de 200 pessoas, formada<br />
por construtores, incorporadores,<br />
engenheiros, empresários e profissionais<br />
de toda a cadeia produtiva<br />
da construção civil.<br />
“A quantidade de dispositivos de<br />
rede adotados em todos<br />
os níveis, desde os mais<br />
simples até os mais sofisticados,<br />
tende a cada<br />
dia aumentar. A estrutura<br />
de cabeamento que vai<br />
conectar esse emaranhado<br />
de equipamentos<br />
tem de atender a tudo<br />
isso hoje e no futuro. Por<br />
isso é cada vez mais necessária<br />
a adoção de um<br />
sistema de alta capacidade<br />
de cabos, inteli-<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
Para Daizem (acima),<br />
prédios devem ter<br />
cabos inteligentes;<br />
Data Center requer<br />
cuidados especiais,<br />
diz Yamada (ao lado)<br />
Nathalia Barboza<br />
gente o suficiente para que não sejam<br />
jogados fora sempre que se precise<br />
aumentar a capacidade das instalações”,<br />
afirma Ricardo Daizem,<br />
gerente de vendas da CommScope<br />
Systimax Solutions.<br />
Daizem conta que os cabos dos<br />
sistemas de transmissão de dados já<br />
operam com velocidades de até 10<br />
Gb por segundo, o que justificaria começar<br />
a pensar no uso de sistemas<br />
de fibra ótica ou na adoção de cabeamento<br />
estruturado de última geração<br />
(a chamada 6A). Isso porque, segundo<br />
ele, a tendência é que em cinco<br />
anos todos os sistemas de transmissão<br />
de dados e voz sejam interligados<br />
por fibra ótica. “Hoje, isso ain-<br />
da é um problema porque alguns sistemas,<br />
como o de telefonia, resistem<br />
a ter uma interface com a fibra e ainda<br />
exigem os cabos de cobre”, diz.<br />
“O cabo coaxial nem é mais previsto<br />
em novas redes de cabos”, comenta<br />
Álvaro Yamada, da DMI Network House.<br />
Ele alerta ainda para o fato de<br />
que “já há uma forte tendência na disponibilização<br />
do sistema de telefonia<br />
por IP”.<br />
Para ilustrar a dificuldade que seria<br />
optar por sucessivos serviços de<br />
troca de cabos antigos em sistemas<br />
inteligentes de cabeamento, Daizem<br />
uso o exemplo do site YouTube, que<br />
hospeda hoje mais de 15 milhões de<br />
vídeos de até 100 megabytes cada.<br />
Segundo ele, isso significa mais de<br />
125 de terabytes de arquivos armazenados<br />
à disposição dos internau-
tas. “São mais de 100 milhões de vídeos<br />
assistidos diariamente, o que<br />
corresponde ao nível de tráfego que<br />
toda a internet operava no ano 2000”,<br />
compara. “E a capacidade do You Tube<br />
deve subir logo: diariamente, são anexados<br />
aos arquivos do site mais de<br />
65 mil vídeos. Estimase<br />
que em breve o site<br />
precisará ter 200 Tb/<br />
dia de capacidade”,<br />
aponta.<br />
Neste sentido,<br />
“pense no longo prazo”,<br />
recomenda Daizem.<br />
“Escolha uma infra-estrutura<br />
que irá<br />
durar pelo menos 5<br />
gerações de equipamentos<br />
e compre a<br />
melhor infra-estrutura<br />
disponível, o que ajuda<br />
a manter o investimento<br />
em cabeamento<br />
menor do que 5%<br />
dos custos das operações<br />
de TI a longo prazo”, diz. Não<br />
bastasse isso, segundo ele, a escolha<br />
de uma instalação bem estruturada<br />
dos cabos “pode ajudar no impacto<br />
positivo do gerenciamento térmico<br />
e da quantidade de energia consumida<br />
pela edificação”.<br />
Da mesma forma, o especialista<br />
recomenda planejar o sistema de maneira<br />
integrada. “Um edifício pode ter<br />
de 10 a 46 sistemas de baixa tensão<br />
instalados em cabeamento indepen-<br />
dente que poderiam operar todos em<br />
um só tipo”, diz Ricardo Daizem.<br />
Para Yamada, o planejamento do<br />
sistema passa pelo encaminhamento<br />
e infra-estrutura seca, pelas en-<br />
<br />
Uma das atrações do Seminário<br />
de Sistemas Prediais do Sindus-<br />
Con-<strong>SP</strong> foi a palestra do gerente de<br />
engenharia da Elevadores Otis, Marcos<br />
Bovo, que apresentou exemplos<br />
de elevadores com drives regenerativos,<br />
capazes de acumular uma<br />
carga potencial de energia que o<br />
equipamento “economiza” ao transportar<br />
menos passageiros. Bovo explica<br />
que o princípio do elevador<br />
com drive regenerativo é que, durante<br />
o movimento da cabina cheia<br />
no sentido descendente ou durante<br />
o movimento da cabina vazia no<br />
sentido ascendente, a redução da<br />
Mais de 200 pessoas participaram do Seminário de Sistemas Prediais do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong><br />
energia potencial seja convertida em<br />
energia elétrica. Essa energia elétrica<br />
convertida irá realimentar a rede<br />
do edifício por meio do drive regenerativo,<br />
podendo ser reaproveitada<br />
pelo sistema de iluminação ou de ar<br />
condicionado.<br />
O engenheiro garante que a unidade<br />
de conversão do drive pode modular<br />
a energia reaproveitada para<br />
que ela tenha a mesma freqüência e<br />
tensão que a da rede de energia do<br />
edifício. “Dentro do drive existe um filtro<br />
e um indutor de entrada que geram<br />
interferência de onda harmônica<br />
para a energia reaproveitada. Isto<br />
trada de serviços das concessionárias/operadoras,<br />
pelo projeto de<br />
shafts para telecomunicações com<br />
intercomunicação, distribuição horizontal,<br />
leitos e esteiras, adequação<br />
para sala de equipamentos (Data<br />
Center) e armários que abriguem a<br />
rede de telecomunicações.<br />
“A localização<br />
disso tudo<br />
deve ser a mais<br />
c e n t r a l i z a d a<br />
possível e ter<br />
prevenção contra<br />
vazamentos e<br />
controle ambiental”,<br />
enumera.<br />
Com isso tudo,<br />
“uma solução integradainteligente<br />
pode ajudar<br />
a reduzir a<br />
quantidade de<br />
c o m p u t a d o r e s<br />
para gerenciamento<br />
da rede, o uso de energia em<br />
5% e eliminar a troca de cabos para<br />
suportar a substituição de equipamentos”,<br />
resume o gerente da<br />
CommScope.<br />
pode garantir que a energia reaproveitada<br />
é segura e outros equipamentos<br />
do edifício podem utilizá-la.”<br />
Bovo também apresentou o elevador<br />
sem casa de máquinas da<br />
Otis, que vem conquistando cada<br />
vez mais fatias de mercado desde<br />
2000, quando foi lançado; a solução<br />
já responde por 30% das vendas no<br />
Brasil. O equipamento tem uma máquina<br />
mais compacta e resistentes<br />
cabos de aço revestidos em pequenas<br />
cintas planas de poliuretano, que<br />
são mais flexíveis e 20% mais leves,<br />
além de durarem até 3 vezes mais,<br />
segundo o fabricante.<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 7
8<br />
<br />
<br />
A contribuição de novas tecnologias<br />
para fomentar a sustentabilidade na construção<br />
civil também foi debatida no 5°<br />
Seminário de Sistemas Prediais. Na abertura,<br />
o presidente do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>, João<br />
Claudio Robusti, enfatizou que a preocupação<br />
com o meio ambiente deve permear<br />
o pensamento das empresas. “Temos<br />
de encontrar o equilíbrio entre o cresci-<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
<br />
O Brasil dispõe dos mais avançados<br />
sistemas de fornecimento de energia<br />
a gás do mundo. A constatação veio<br />
da pesquisa inédita Roadmap Instalações<br />
para gás, sobre<br />
novas tecnologias de<br />
instalações internas<br />
de gás voltadas ao<br />
uso residencial, apresentada<br />
pela Comgás<br />
no seminário.<br />
O estudo analisou<br />
os sistemas de energia<br />
a gás de 12 países,<br />
entre eles Estados Unidos, Japão,<br />
França e Colômbia, e constatou que o<br />
Brasil possui tecnologias tão avançadas<br />
quanto esses países, mas ainda<br />
precisa criar condições para aumentar<br />
a participação do gás na matriz energética<br />
– o Brasil utiliza somente 9% de<br />
gás natural na produção de energia,<br />
enquanto em países desenvolvidos<br />
José Jereissati,<br />
Vasconcellos,<br />
Robusti e Maurício<br />
Bianchi no evento<br />
mento e a preservação”, disse.<br />
“A sustentabilidade deveria estar no<br />
escopo de qualquer projeto”, confirmou<br />
Carla Sautchúk, engenheira da consultoria<br />
Tesis, que proferiu palestra sobre as<br />
tendências de mercado.<br />
Já a polêmica lei municipal de São<br />
Paulo que exige o uso de sistema de aquecimento<br />
de água por energia solar em no-<br />
esse percentual pode chegar a 30%.<br />
Em geral, a tendência mundial aponta<br />
para o uso de prumadas aparentes, em<br />
shafts, molduras e até expostas. “Não<br />
há preocupação estética<br />
e sim com o acesso<br />
para manutenção”,<br />
diz o superintendente<br />
comercial da Comgás,<br />
Fábio Morgado.<br />
O levantamento<br />
da companhia mostrou<br />
ser preciso desenvolver<br />
no país a infra-estrutura<br />
necessária para levar o gás<br />
natural às classes de baixa renda. Ele<br />
comentou ainda ser possível seguir o<br />
exemplo da Colômbia, que obteve êxito<br />
nisso e proporcionou um bem-estar<br />
social maior à população, já que, segundo<br />
ele, o uso do gás como fonte de<br />
energia “reduz os preços nas contas e<br />
não polui o meio ambiente”.<br />
vos empreendimentos pontuou boa parte<br />
das discussões. O vice-presidente do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong><br />
e coordenador do Comasp<br />
(Comitê de Meio Ambiente), Francisco<br />
Vasconcellos Neto, esclareceu que a entidade<br />
não é contra a criação da lei, mas<br />
expôs os pontos que considera equivocados.<br />
Para ele, é um erro impor a todos<br />
os novos edifícios o uso do sistema como<br />
primeira opção de geração de energia, já<br />
que os fabricantes admitem existir, em<br />
muitos casos, dificuldades técnicas, sobretudo<br />
em edifícios altos. “A lei não pode<br />
ser imposta de cima para baixo mas, se<br />
existe, devemos cumpri-la”, afirmou.<br />
Leonardo Charmone Cardoso, da<br />
Transsen Aquecedor Solar, apresentou<br />
detalhes das tecnologias. “Tudo começa<br />
com a avaliação do perfil de consumo de<br />
água quente da edificação e das características<br />
do local de instalação.” Em seguida,<br />
vêm o dimensionamento do sistema,<br />
segundo o volume de água quente a ser<br />
fornecido e a área coletora disponível.<br />
Concepção do projeto<br />
Outro ponto de destaque do seminário<br />
foi o alerta sobre a necessidade de<br />
inserção do projetista de sistemas prediais<br />
desde a concepção do projeto. A advertência<br />
foi feita pelo membro do CTQ<br />
do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>, Luiz Alberto Lúcio, e<br />
pelo engenheiro da Sanhidrel, Cristiano<br />
Benvindo. Ambos discorreram sobre as<br />
características e necessidades dos sistemas<br />
prediais em empreendimentos residenciais<br />
de grande porte.<br />
Segundo Benvindo, instalações mal<br />
projetadas até podem inviabilizar um projeto<br />
e itens que aparentemente não teriam<br />
a ver com a atividade, como a localização<br />
do terreno com face para apenas<br />
uma rua, podem onerar em até 20% o<br />
custo final da obra. “Um grande empreendimento<br />
com face para várias ruas barateia<br />
o projeto de instalações por possibilitar,<br />
às vezes, até entradas individuais das<br />
conexões com os serviços públicos”, justificou.<br />
“Dependendo de como se faz e da<br />
solução escolhida para ser aplicado no<br />
projeto, o custo de instalação pode variar<br />
muito”, disse Lúcio.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 9
10<br />
<br />
<br />
orriqueiro em países de primeiro<br />
mundo há mais de 40 anos,<br />
o conceito de desempenho nas<br />
edificações parece ser ainda uma novidade<br />
no Brasil que poderá passar a<br />
fazer parte do dia-a-dia da construção<br />
civil brasileira: a ABNT (Associação Brasileira<br />
de Normas Técnicas) publicou<br />
em maio a Norma de Desempenho<br />
para Edifícios Habitacionais de até cinco<br />
pavimentos (NBR15575-1 a 6), considerada<br />
a “Norma-mãe” de todas as<br />
que envolvem a atividade no país.<br />
A nova NBR tem dois anos de carência:<br />
entrará em vigor oficialmente em<br />
12 de maio de 2010. Para João Claudio<br />
Robusti, presidente do <strong>SindusCon</strong>-<br />
<strong>SP</strong>, a norma eleva o setor a outro patamar,<br />
estimulando a qualidade e a excelência<br />
e cobrando responsabilidades.<br />
“As empresas tenderão a se nivelar<br />
e isso vai ajudar a eliminar a concorrência<br />
predatória”, diz.<br />
“A Norma de Desempenho traz uma<br />
significativa mudança no modo de pensar<br />
o projeto”, concorda Maurício Linn<br />
Bianchi, coordenador do Comitê de<br />
Tecnologia e Qualidade (CTQ) do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>.<br />
“Seu grande mérito é fazer<br />
com que não só projetistas e construtores<br />
mas também os usuários façam<br />
Tabela de vida útil de projeto (VUP)<br />
Sistemas mínima (em anos)<br />
Estrutura ........................................ igual ou maior 40<br />
Pisos internos ................................ igual ou maior 13<br />
Vedação vertical externa ............... igual ou maior 40<br />
Vedação vertical interna................ igual ou maior 20<br />
Cobertura ....................................... igual ou maior 20<br />
Hidrossanitário .............................. igual ou maior 20<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
parte de uma engrenagem, que vai da<br />
criação do empreendimento ao dia-adia<br />
de sua manutenção”, diz.<br />
Na avaliação de Carlos Alberto de<br />
Moraes Borges, membro do Conselho<br />
Consultivo do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> e coordenador<br />
da Comissão de Estudos da<br />
Norma de Desempenho, a NBR 15575<br />
deixará as regras do jogo mais claras,<br />
inclusive na contratação de obras pú-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
blicas, que ficarão mais técnicas, além<br />
de trazer menos subjetividade às questões<br />
jurídicas e valorizar o projeto e as<br />
boas empresas.<br />
Para Jorge Batlouni Neto, coordenador<br />
do Grupo de Trabalho que redigiu<br />
a parte 2 da norma, sobre o desempenho<br />
de sistemas estruturais, a NBR<br />
também estimulará a inovação tecnológica.<br />
“A norma foi escrita de modo a permitir<br />
isso, pois inclui critérios capazes<br />
de avaliar o desempenho<br />
de qualquer novo sistema”,<br />
afirma. Assim, presume-se,<br />
o engenheiro ou arquiteto<br />
vai ficar mais livre para trabalhar<br />
até com um insumo<br />
ou sistema construtivo totalmente<br />
novo. Bastará que<br />
prove em ensaios adequa-<br />
dos e definidos na norma que a solução<br />
responda a todos os seus requisitos e a<br />
padrões mínimos de desempenho térmico,<br />
acústico, de iluminação e de segurança<br />
estrutural.<br />
Oito anos<br />
A elaboração da NBR é batalha antiga.<br />
Vem desde 2000, quando a Caixa<br />
Econômica Federal, no âmbito da Finep<br />
(Financiadora de Estudos e Projetos) financiou<br />
um projeto de consolidação do<br />
conhecimento acumulado até então.<br />
“Imagine uma escola de samba que<br />
recebeu nota dez em todos os quesitos<br />
do carnaval. Ela é o ‘destaque’ da nova<br />
norma”, afirma César Pinto, do Instituto<br />
Falcão Bauer da Qualidade.<br />
Após a participação de uma centena<br />
de profissionais e entidades do setor,<br />
entre elas o <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>, e a formulação<br />
de 700 contribuições, o conceito<br />
de desempenho poderá mudar as<br />
regras do jogo. “A carência de 2 anos é<br />
absolutamente necessária porque a<br />
norma impacta em toda a cadeia produtiva,<br />
que precisa se familiarizar com<br />
o seu texto”, afirma Carlos Borges.<br />
O horizonte dos empreendedores<br />
mudará. Mais do que nunca, eles deverão<br />
se preocupar com as exigências<br />
dos usuários em relação a desempenho<br />
e eficiência do edifício. O foco será<br />
no comportamento do edifício em uso<br />
e não na prescrição da forma como os<br />
seus sistemas são construídos. No texto<br />
da NBR, fica claro que, à medida que<br />
as chamadas “Exigências do usuário”<br />
forem atendidas, o objetivo da norma<br />
está cumprido. “Para ele, não importa
No novo tabuleiro da construção civil,<br />
a regra do jogo mandará a construtora<br />
informar ao adquirente, já no momento<br />
da compra, qual o prazo de vida útil<br />
do bem que está comprando. A partir da<br />
prescrição da qualidade e o prazo de<br />
vida útil dos produtos pelos fabricantes,<br />
os projetistas poderão definir o nível de<br />
desempenho condizente para os sistemas<br />
construtivos executados pelas<br />
construtoras.<br />
A diferença conceitual entre prazo<br />
de garantia, assistência técnica e vida<br />
útil está na NBR. O primeiro é o “período<br />
de tempo em que é elevada a probabilidade<br />
de que eventuais vícios ou defeitos<br />
em um sistema, em estado de novo,<br />
venham a se manifestar, decorrentes de<br />
anomalias que repercutam em desem-<br />
que tenha plástico, contanto que este<br />
resista ao fogo”, exemplifica Borges.<br />
Neste sentido, o texto estabelece<br />
como exigências do usuário que o imóvel<br />
lhe dê segurança, habitabilidade e<br />
sustentabilidade. “Já a definição das<br />
incumbências dos envolvidos resultará<br />
na qualidade geral das edificações”,<br />
diz Borges. Essas incumbências, segundo<br />
ele, abrangem incorporadores,<br />
projetistas, construtores e os responsáveis<br />
pela manutenção do pós-obra.<br />
A idéia é garantir a rastreabilidade dos<br />
responsáveis.<br />
Complementar<br />
Mais do que isso, o que a nova norma<br />
deseja é saber como determinado<br />
material vai se comportar ao longo dos<br />
próximos 10, 20, 40 anos. Ela não substituirá<br />
as normas prescritivas; será complementar<br />
a estas. “A abordagem da<br />
norma explora conceitos que muitas<br />
vezes não são considerados nas nor-<br />
penho inferior àquele previsto”. Quer dizer<br />
que, se nada acontecer nesse período,<br />
e se o usuário mantiver as manutenções<br />
preventivas em dia, é muito provável<br />
que a construtora tenha feito um bom<br />
serviço e que o sistema tenha sido bem<br />
projetado. Já a assistência técnica ao<br />
imóvel é devida por 5 anos pela construtora,<br />
que tem por obrigação providenciar<br />
reparos motivados por defeitos “de<br />
fabricação”.<br />
A vida útil de projeto (VUP - veja na<br />
tabela ao lado) é a durabilidade prevista,<br />
inferida a partir de dados históricos<br />
de desempenho desse produto ou de<br />
testes de envelhecimento acelerado.<br />
A norma também poderá balizar<br />
futuras ações judiciais e as relações<br />
de compra e venda de imóveis.<br />
mas prescritivas específicas. A interrelação<br />
com as normas anteriores possibilitará<br />
o atendimento às exigências do<br />
usuário, com soluções tecnicamente<br />
adequadas”, pondera Borges.<br />
“A demanda para avaliações segundo<br />
a nova norma é enorme. Já estamos<br />
com quatro processos de certificação<br />
em andamento”, conta César Pinto.<br />
A nova NBR 15575 se preocupa<br />
com a edificação como um todo e leva<br />
em conta também seu entorno, prevendo<br />
as interações entre construções próximas.<br />
Ela estabelece critérios e métodos<br />
de avaliação do desempenho de<br />
sistemas construtivos, independentemente<br />
dos materiais usados. Em outras<br />
palavras, o construtor terá de garantir,<br />
já no memorial descritivo, qualidade,<br />
prazo de vida útil e de garantia e, sobretudo,<br />
o desempenho operacional<br />
dos sistemas da obra comercializada,<br />
além da integração de todos eles na<br />
construção do empreendimento.<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 11
12<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
<br />
A Norma-mãe é composta de seis<br />
partes com objetivos específicos e que<br />
utilizaram referências de normas nacionais<br />
e internacionais para garantir o<br />
bom desempenho dos sistemas de uma<br />
edificação. Cada parte está subdividida<br />
em Requisitos (qualitativos), Critérios<br />
(quantitativos ou premissas) e Mé-<br />
<br />
<br />
Determina os requisitos de desempenho relativos à estabilidade e à resistência<br />
estrutural, a deformações, fissurações e outras falhas. Traz valores de<br />
desempenho mínimo, intermediário e superior para quesitos como resistência<br />
a ruínas e a impactos de corpo mole e duro (em lajes e colunas).<br />
todos de Avaliação, os quais sempre<br />
permitem a mensuração clara do seu<br />
cumprimento. Veja a seguir um resumo<br />
de cada uma delas.<br />
Estabelece os requisitos e critérios de desempenho que se aplicam ao<br />
edifício habitacional de até cinco pavimentos, como um todo integrado, e que<br />
podem ser avaliados de forma isolada para um ou mais sistemas específicos.<br />
É nela que a Norma de Desempenho estabelece níveis mínimo, intermediário<br />
e superior de desempenho de alguns sistemas do edifício. A classificação<br />
mínima refere-se apenas às condições básicas de salubridade, de saneamento<br />
e de segurança. Quando se fala em paredes internas, por exemplo, o<br />
item conforto acústico é um dos mais importantes para a obtenção de um bom<br />
desempenho. O edifício também deve ter dispositivos que dificultem o início<br />
de incêndios, especialmente quanto à proteção contra descargas atmosféricas,<br />
ignição em instalações elétricas e vazamento de gás. As rotas de fuga<br />
devem atender ao disposto na NBR 9077.<br />
<br />
Traz os requisitos e critérios de desempenho aplicáveis a pisos internos<br />
ou a sistemas de pisos de edifícios habitacionais. A parte da norma diz que o<br />
piso não pode sofrer qualquer dano quando submetido a cargas localizadas,<br />
exposto à água ou a produtos de limpeza. O piso deve dificultar a propagação<br />
do incêndio e ser constituído por materiais que, em caso de incêndio, gerem<br />
fumaça de baixa densidade óptica. Pisos internos devem ser estanques tanto<br />
à umidade vinda de ambientes externos quanto à água proveniente do interior<br />
da habitação. Entre as habitações, o piso deve atenuar a passagem de<br />
som resultante de ruídos de impacto (passos, queda de objetos etc.) e de som<br />
aéreo (conversas, TV, música). E, pensando na acessibilidade do prédio, a<br />
NBR pede a indicação visual de desníveis, por mudança abrupta de cor ou<br />
por faixas de sinalização.
Exige que as paredes tenham<br />
perfeito encaixe às portas, suas ligações<br />
e vinculações e resistência<br />
às solicitações originadas pela fixação<br />
de armários, prateleiras, hidrantes<br />
etc. e apresenta limites mínimos<br />
de resistência a impactos em<br />
guarda-corpos e parapeitos. As vedações<br />
devem proporcionar isolamento acústico entre o exterior e o interior, entre<br />
unidades condominiais e entre as dependências do imóvel. E não podem apresentar<br />
falhas quando submetidas a operações de fechamento brusco das portas.<br />
<br />
Objetiva estabelecer os requisitos e critérios de desempenho exigidos dos<br />
sistemas de coberturas principais e secundárias, que devem suportar cargas concentradas<br />
sem falhas. O telhado não pode sofrer ruptura sob a ação de impactos<br />
de granizo, mas toleram-se lascamentos, fissuras e outros pequenos danos, desde<br />
que não impliquem perda de estanqueidade.<br />
Os componentes da<br />
cobertura devem ter índice de propagação<br />
de chamas menor ou igual<br />
a 25 e promover o isolamento acústico<br />
a ruídos de impacto. Um sistema<br />
que permita atender facilmente<br />
a vistorias, manutenções e instalações<br />
também deve estar previsto<br />
em projeto.<br />
<br />
<br />
Não podem propagar vibrações<br />
nos demais elementos da edificação<br />
nem provocar ruídos desagradáveis.<br />
São vetados o refluxo de água e de<br />
gases do esgoto. As tubulações embutidas<br />
não devem sofrer ações externas<br />
que comprometam estanqueidade<br />
ou fluxo. Exige-se ter reservatório<br />
para combater incêndios. Aparelhos<br />
de acumulação, elétricos ou a gás, devem ter dispositivo de alívio contra sobrepressão<br />
e cortar a alimentação no superaquecimento. (Nathalia Barboza)<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 13
14<br />
<br />
<br />
informalidade é obstáculo que<br />
precisamos ultrapassar para o<br />
Brasil ser um país mais sustentável,<br />
do qual todos nos orgulhemos. É<br />
mais difícil fazê-lo porque, mais do que o<br />
resultado da fraqueza do Estado, ela está<br />
nos nossos corações.<br />
O vínculo da informalidade com a<br />
sustentabilidade não é óbvio: enfrentamos<br />
verdadeiras ameaças ambientais,<br />
como mudanças climáticas, poluição das<br />
águas, escassez de matérias-primas próximas<br />
às grandes cidades, crescimento<br />
exponencial no consumo energético etc..<br />
Mas sem superar a informalidade, não<br />
vamos longe na direção que desejamos.<br />
Informalidade significa qualquer desrespeito<br />
ao contrato social, ao código legal<br />
e à ética que guiam nossa sociedade.<br />
"Com ou sem nota? Nota fria?" Quando<br />
a informalidade aparece na forma de<br />
sonegação fiscal, ela reduz a capacidade<br />
do Estado em investir na ampliação<br />
da infra-estrutura, na manutenção da<br />
existente, em enfrentar nossos problemas<br />
sociais. Também impede o Estado<br />
de reduzir a alíquota de impostos. Em<br />
outras palavras, precisamos reduzir a<br />
sonegação. Não é fácil. Muitas vezes, isso<br />
não pode ser feito individualmente, mas<br />
cada um de nós precisa dar os primeiros<br />
passos. Cidadania e sustentabilidade: só<br />
com nota quente.<br />
"Dá para dar um... jeitinho?" A corrupção<br />
é o outro aspecto da informalidade.<br />
Somos uma sociedade que aceita o<br />
corruptor (ou finge que ele não existe) e<br />
culpa somente os corruptos –como se<br />
houvesse diferença entre a ética de um<br />
e outro. E o setor da construção é asso-<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
Estudo de demanda futura da FGV para o <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> leva em conta déficit e formação de novas famílias<br />
ciado a esta prática em todo o mundo. A<br />
corrupção, pequena ou grande, destrói<br />
o aparato estatal. Uma vez corrompido,<br />
um agente público perde sua função. O<br />
Estado perde a sua função. As leis se<br />
tornam inúteis ou outra fonte de ganhos<br />
privados. A corrupção também drena recursos<br />
do Estado. É necessário reconhecer<br />
que o estado brasileiro está organi-<br />
Vanderley M. John *<br />
<br />
<br />
zado, e muitas leis e regulamentações<br />
são “engenheiradas” para tornar a corrupção<br />
mais necessária e “lucrativa”.<br />
Corromper é insustentável. E é possível<br />
parar.<br />
Leis que “não pegam”? Cada dia tem<br />
mais uma! Muitas leis, especialmente as<br />
bem intencionadas, são aprovadas porque<br />
a informalidade torna esta aprovação<br />
possível. Nossa sociedade produz<br />
leis sem qualquer discussão real, sem<br />
analisar o custo embutido ou buscar alternativas<br />
de maior custo-benefício. Parecem<br />
boas e adequadas para o país que<br />
imaginamos, mas na verdade apenas<br />
aumentam a informalidade, aumentam<br />
as oportunidades de corrupção. É preciso<br />
qualificar o processo de elaboração<br />
de leis e políticas públicas, ajustar nossas<br />
leis à dura realidade do país.<br />
Como identificar os limites e possibilidades<br />
de transformação? Que tal participar<br />
como cidadão da discussão de leis<br />
e normas técnicas?<br />
O desmatamento da floresta amazônica<br />
é nossa informalidade classe mundial:<br />
o mundo nos observa e condena. A<br />
sociedade brasileira está dividida e impotente.<br />
Vamos reconhecer: polícia não<br />
vai resolver o problema. É muito mais<br />
complicado, há 20 milhões de pessoas<br />
que querem viver melhor e um mundo<br />
disposto a comprar carne, soja, madeira.<br />
Talvez nossa floresta seja hoje a síntese<br />
do desafio do desenvolvimento social,<br />
ambiental e economicamente sustentável.<br />
Não será facilmente resolvido. Precisamos:<br />
a) diminuir a atratividade da cadeia<br />
de negócios que põe a floresta abaixo;<br />
b) descobrir como gerar riqueza para<br />
os locais e para o país com a floresta de<br />
pé. Pelo menos, temos o poder de dizer<br />
não à madeira de origem desconhecida.<br />
É pouco, mas ajuda.<br />
Tudo começa com a consciência de<br />
que a informalidade –qualquer uma–<br />
destrói o tecido social, destrói o Estado.<br />
E cada um de nós precisa mudar. Na vida<br />
pessoal e na profissional. Em conseqüência,<br />
construção sustentável não combina<br />
com informalidade.<br />
* ENGENHEIRO E PROFESSOR POLI-U<strong>SP</strong>, É MEMBRO DA<br />
CÂMARA AMBIENTAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO<br />
CIVIL E CONSELHEIRO DO CONSELHO BRASILEIRO DE<br />
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL.<br />
foto Mario Takeashi
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 15
16<br />
<br />
<br />
a última edição, abordamos a<br />
importância da compensação<br />
ambiental na aprovação de um<br />
empreendimento. Em abril, o STF realizou<br />
julgamento de importância fundamental<br />
para o encaminhamento das propostas<br />
de compensação ambiental. É que,<br />
por meio da Lei 9.985/00, as primeiras<br />
regras relativas ao tema foram alçadas<br />
ao nível legal, criando-se arbitrariamente<br />
uma espécie de “contrapartida” para projetos<br />
cuja aprovação, à vista do nível de<br />
impacto resultante para o meio ambiente,<br />
dependesse da elaboração prévia de<br />
Estudo de Impacto Ambiental (EIA).<br />
Este é um estudo complexo que necessita<br />
da participação de profissionais<br />
de diversas especializações que deverão<br />
mensurar os possíveis resultados positivos<br />
ou negativos para o meio ambiente<br />
da realização do empreendimento. Trata-se<br />
de documento exigido de obras ou<br />
empreendimentos de maior vulto.<br />
A “taxa” de compensação foi estipulada,<br />
nos termos dos parágrafos do artigo<br />
36 da Lei 9985/00, como um “incentivo”<br />
à criação de unidades de conservação<br />
ambiental, o qual deveria ser calculado<br />
com base nos “custos totais do<br />
empreendimento”, aos quais se deveria<br />
aplicar alíquota mínima de 0,5%. Ou<br />
seja, a lei, fugindo a qualquer critério de<br />
razoabilidade e proporcionalidade, presumia<br />
que o empreendimento, independentemente<br />
da preocupação ecológica<br />
do projeto e dos investimentos (muitas<br />
vezes elevados) na busca por tecnologias<br />
que reduzam os impactos da obra,<br />
deveria pagar como compensação ambiental,<br />
sempre e no mínimo, 0,5% de<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
todos os custos incorridos.<br />
Ou seja, a lei deixava de lado a efetiva<br />
mensuração do dano ambiental a ser<br />
compensado e criava, em seu lugar, um<br />
“tributo ambiental” disfarçado. Esta distorção<br />
provocou a reação da Confederação<br />
Nacional da Indústria, que propôs<br />
a ação declaratória de inconstitucionalidade<br />
(ADI 3378) ora julgada, para dei-<br />
José Carlos Baptista Puoli *<br />
<br />
<br />
xar claro que as compensações devem<br />
ter relação com a extensão do dano que<br />
se quer compensar.<br />
Por exemplo, empreendimentos de<br />
menor custo (ou investimento), mais impactantes,<br />
deverão “pagar” mais do que<br />
outras obras com custo total mais elevado,<br />
mas que, por suas peculiaridades,<br />
produzam menor nível de decorrências<br />
para o meio ambiente.<br />
Fica, pois, revigorado o critério sinalizando<br />
que uma “compensação” não pode<br />
ir além do dano efetivo e que a valoração<br />
deste “dano” e desta providência reparadora<br />
não tem necessária relação com o<br />
vulto do investimento total realizado pelo<br />
empreendedor.<br />
Em suma, fica definida a necessidade<br />
de basear em critérios justos o equilíbrio<br />
entre os investimentos e a proteção<br />
do meio ambiente, prestigiando-se, ainda<br />
que indiretamente, a pesquisa tecnológica.<br />
Esta muitas vezes representa importante<br />
item da planilha de custos e, por<br />
elevar o valor total da obra, se via desprestigiada<br />
por uma lei que, em vez de<br />
premiar tal preocupação, acabava por<br />
penalizá-la.<br />
Outra relevante repercussão desta<br />
decisão vai ligada a casos em que a realização<br />
de obras esteja sendo questionada<br />
judicialmente e onde se postule que o<br />
Judiciário ordene condenações pecuniá-<br />
rias por supostos danos decorrentes da<br />
edificação. É que, com o modelo traçado<br />
pelo STF, fica afastada a possibilidade de<br />
serem arbitrados valores aleatórios, exigindo-se<br />
que eventual repercussão patrimonial<br />
da realização da obra seja aferida<br />
mediante a concreta verificação do “tamanho”<br />
do dano causado, o que não tem,<br />
necessariamente, relação direta com o<br />
valor da obra.<br />
Em suma, trata-se de importante vitória<br />
para o setor produtivo, que passa a<br />
contar com reforço de peso na luta para<br />
que os praticantes de atividades econômicas<br />
de risco não sejam sobre-onerados<br />
para além do justo no tocante às eventuais<br />
e muitas vezes incontornáveis repercussões<br />
ambientais de uma obra.<br />
* ADVOGADO DO ESCRITÓRIO DUARTE GARCIA, CASELLI<br />
GUIMARÃES E TERRA, DOUTOR PELA FACULDADE DE<br />
DIREITO/U<strong>SP</strong> E MEMBRO DO CONSELHO JURÍDICO DO<br />
SINDUSCON-<strong>SP</strong>
A construção civil finalmente conquistou<br />
um papel decisivo no desenvolvimento<br />
do país e, por sua importância, deve<br />
exercer sua relevante função. Neste cenário,<br />
o <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> tem um papel triplamente<br />
estratégico: unir e fortalecer as empresas<br />
do setor em uma sociedade sustentável,<br />
comprometida com o meio ambiente;<br />
ampliar a representatividade do sindicato,<br />
e manter a qualidade dos serviços<br />
prestados às suas empresas associadas.<br />
Esta é a missão a que se propõe a<br />
chapa única eleita em 17 de junho para a<br />
Diretoria do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> e representantes<br />
à Fiesp, no pleito que também elegeu<br />
os 12 candidatos ao Conselho Consultivo<br />
e os 6 ao Conselho Fiscal do sindicato.<br />
Segundo o vice-presidente de Obras<br />
Públicas e candidato à presidência do Sin-<br />
<br />
<br />
<br />
dusCon-<strong>SP</strong>, Sergio Tiaki Watanabe, a chapa<br />
eleita pretende "manter e intensificar<br />
nossas ações; fazer as associadas se beneficiarem<br />
do crescimento econômico, e<br />
preparar os empresários para este novo<br />
tempo de atividade aquecida".<br />
Será criada uma nova Vice-Presidência,<br />
de Responsabilidade Social, voltada<br />
à saúde e à qualidade de vida dos trabalhadores.<br />
A vice-presidência de Desenvolvimento<br />
será desmembrada em duas, uma<br />
voltada a Tecnologia e Qualidade envolvendo<br />
o CTQ, e outra dedicada ao Meio<br />
Ambiente, com a participação do Comasp.<br />
As Regionais serão fortalecidas e terão<br />
representação eleita por elas próprias<br />
na Diretoria. As ações da Assembléia Legislativa<br />
e da Câmara Municipal de São<br />
Paulo serão acompanhadas mais de perto.<br />
E a gestão interna ganhará reforço, visando<br />
ampliar a eficácia nas ações da<br />
entidade.<br />
"Nossas bandeiras continuam as mesmas:<br />
valorizar a empresa e o empresário<br />
da construção, combater a informalidade<br />
e a burocracia, lutar em favor da desoneração<br />
da construção, cobrar a melhoria da<br />
qualidade dos gastos públicos e da agilização<br />
da Justiça, e erradicar o déficit habitacional",<br />
afirma Watanabe.<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 17
18<br />
<br />
<br />
credito que chegou o momento<br />
de pensar sobre o futuro das<br />
aplicações dos recursos do Sistema<br />
Brasileiro de Poupança e Empréstimo<br />
(SBPE). Mas para que isso possa<br />
ser feito, é preciso entender melhor o que<br />
aconteceu com a exigibilidade das aplicações<br />
de 65% dos saldos de Caderneta<br />
de Poupança em financiamentos imobiliários.<br />
Para tanto, vamos avaliar o que aconteceu<br />
desde 2002, quando se iniciou o<br />
retorno do FCVS (Fundo de Compensação<br />
das Variações Salariais) ao mercado<br />
imobiliário, até março de 2008, último mês<br />
com registros oficiais do Banco Central.<br />
Ressalvo que o cumprimento de exigibilidade<br />
apontada deveria ser comparado,<br />
conforme resolução do Banco Central,<br />
com os menores saldos devedores<br />
diários da Poupança dos últimos 12 meses<br />
da base. Como não há registros destes<br />
números, comparamos dados de dezembro<br />
de 2002 e de março de 2008 com<br />
o saldo da Poupança dos próprios meses.<br />
Essa defasagem não é significativa<br />
para o raciocínio a ser desenvolvido.<br />
Os financiamentos imobiliários representavam,<br />
em dezembro de 2002, tão<br />
somente 25,24% do saldo da Poupança<br />
e em março de 2008 chegaram a 47,12%.<br />
Notamos que houve incremento de quase<br />
90% nas operações de crédito imobiliário,<br />
se comparadas com o saldo da<br />
Poupança.<br />
Esse crescimento demonstra o acerto<br />
do Conselho Monetário Nacional em obrigar<br />
os agentes financeiros a retornar para<br />
o mercado imobiliário os recursos do<br />
FCVS "virtual", que em dezembro de 2002<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
representavam 33,19% do saldo da Caderneta<br />
e, em março passado, apenas<br />
3,60% do saldo de Poupança no mês.<br />
A redução do cômputo do FCVS virtual<br />
terminará em menos de um ano e até<br />
lá não acreditamos em mudanças nas políticas<br />
de aplicações dos agentes financeiros,<br />
que vão bem.<br />
Segundo os últimos dados da Abecip<br />
(Associação Brasileira das Entidades de<br />
Crédito Imobiliário e Poupança), em abril<br />
o SBPE acumulava aplicações dos últimos<br />
12 meses de R$ 21,708 bilhões, com<br />
a contratação para produção e aquisição<br />
de mais de 222 mil unidades.<br />
Celso Petrucci *<br />
<br />
<br />
Projetamos para 2008 a aplicação total<br />
de R$ 23 bilhões, com o financiamento<br />
de aproximadamente 230 mil unidades.<br />
Isso representa um incremento, em relação<br />
ao ano passado, de 25% nos valores<br />
e 17% nas unidades.<br />
É chegada a hora de pensar como<br />
viabilizar a transição deste modelo do<br />
SBPE para um novo, para permitir que os<br />
recursos da Caderneta de Poupança financiem<br />
prioritariamente a produção de<br />
novas unidades e que o Sistema de Financiamento<br />
Imobiliário (SFI) entre no<br />
jogo financiando a comercialização por<br />
15, 20, 25 e até 30 anos.<br />
Para tanto, será necessário que o governo<br />
federal, com a participação do setor<br />
produtivo e dos agentes financeiros,<br />
desenvolva mecanismos equilibrados<br />
para essa transição e, mais ainda, trabalhe<br />
incansavelmente na remoção dos<br />
obstáculos existentes para que ela ocorra<br />
sem grandes traumas no mercado imobiliário.<br />
Afinal, no início de junho, o Banco<br />
Central continuou aumentando substancialmente<br />
a taxa básica de juros como<br />
forma de controlar a alta inflacionária. Na<br />
outra ponta, até abril, a Poupança havia<br />
registrado captação líquida de R$ 113 milhões<br />
–volume irrisório se comparado aos<br />
R$ 3,094 bilhões do mesmo período de<br />
2007.<br />
É bastante provável que a primeira<br />
onda do crédito imobiliário deste Século<br />
21 esteja no final. O país tem colhido ótimos<br />
resultados de crescimento do mercado<br />
imobiliário nos últimos anos e é preciso,<br />
com equilíbrio, bom senso e parcimônia,<br />
imaginar o que será melhor para<br />
o Brasil continuar usufruindo os benefícios<br />
deste crescimento, principalmente a<br />
fim de a população alcançar o tão almejado<br />
sonho da casa própria. Que venha a<br />
segunda onda!<br />
* CELSO PETRUCCI É ECONOMISTA-CHEFE DO SECOVI-<br />
<strong>SP</strong>, DIRETOR-EXECUTIVO DA VICE-PRESIDÊNCIA DE<br />
INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA DO SINDICATO E MEMBRO<br />
TITULAR DO CONSELHO CURADOR DO FGTS
m junho, a indústria da construção,<br />
liderada pela CBIC, em conjunto<br />
com vários movimentos sociais, as<br />
centrais sindicais e o Fórum Nacional de<br />
Secretários de Habitação de todo o país<br />
está lançando a Campanha Nacional pela<br />
Moradia Digna - Uma Prioridade Social.<br />
A mobilização pretende assegurar, por<br />
meio de uma PEC (Proposta de Emenda<br />
Constitucional), a destinação de 2% da arrecadação<br />
da União e de 1% dos<br />
Estados e dos Municípios para<br />
subsidiar o acesso de famílias à<br />
habitação de interesse social.<br />
O <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> sediou as<br />
reuniões preparatórias da campanha,<br />
em São Paulo, sob a liderança<br />
de Miguel Sastre, membro do<br />
Núcleo de Habitação Popular do<br />
sindicato e representante da CBIC<br />
no Conselho Nacional das Cidades.<br />
O presidente Paulo Simão e o<br />
vice-presidente da CBIC José Carlos<br />
Martins, além do presidente do<br />
<strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>, João Claudio Robusti,<br />
participaram dos encontros.<br />
“Queremos assegurar que o<br />
direito à moradia digna tenha a perenidade<br />
de uma política de Estado e não somente<br />
a transitoriedade que caracteriza as<br />
políticas de governo. Por este motivo, defendemos<br />
a vinculação de recursos orçamentários,<br />
para que as famílias de baixa<br />
renda contem com um fluxo de recursos<br />
contínuo e livre de oscilações políticas”,<br />
argumenta Miguel Sastre. "Tais subsídios<br />
permitirão que essas famílias complementem,<br />
com recursos próprios e financiamentos<br />
do mercado, o volume necessário para<br />
ter acesso a uma moradia digna."<br />
Participam da campanha: Confederação<br />
Nacional das Associações de Moradores<br />
(Conam); Central de Movimentos<br />
Populares (CMP); Movimento Nacional de<br />
Luta pela Moradia (MNLM); União Nacional<br />
pela Moradia Popular (UNMP); Fórum<br />
Nacional de Secretários de Habitação e<br />
Desenvolvimento Urbano dos Estados;<br />
Secovi-<strong>SP</strong>; ABCP; Abramat; Anamaco;<br />
Força Sindical; Central dos Trabalhadores<br />
e Trabalhadoras do Brasil; e ABC (Associação<br />
Brasileira de Cohabs), além de várias<br />
Frentes Parlamentares.<br />
No dia 18, estava previsto um caféda-manhã<br />
no anexo 4 da Câmara, em Brasília,<br />
para apresentar aos deputados os<br />
argumentos da proposta que postula viabilizar<br />
a erradicação do déficit habitacional.<br />
Também se pretendia discutir com o<br />
deputado Sandro Mabel (PR-GO), relator<br />
da PEC da reforma tributária, a incorporação<br />
da vinculação da verba para a habitação<br />
à proposta final que iria a plenário.<br />
No mesmo dia, uma audiência pública<br />
na Comissão de Desenvolvimento Urbano<br />
(CDU) da Câmara marcaria o lançamento<br />
oficial da campanha. A idéia era<br />
conquistar a adesão dos deputados à PEC.<br />
Voz das ruas<br />
A força de mobilização dos movimentos<br />
sociais, dos trabalhadores, de lideranças<br />
políticas e empresariais e de autoridades<br />
ligadas à questão é vista como<br />
fundamental. Por isso a campanha<br />
não vai dialogar só com os<br />
parlamentares. “A idéia é recolher<br />
mais de um milhão de assinaturas<br />
e conquistar toda a sociedade. A<br />
campanha nacional tem um caráter<br />
pedagógico e mobilizador, em<br />
nome da melhoria da qualidade<br />
de vida de toda a população. Estamos<br />
falando de 8 a 10 milhões<br />
de reais por ano para a habitação<br />
social. Diante do que se gasta com<br />
saúde é até pouco”, afirma Benedito<br />
Barbosa, presidente da CMP.<br />
“Não há bandeiras mais importantes<br />
do que a casa do cidadão e<br />
sua carteira assinada. E é um engano dizer<br />
que haverá moradia para todos sem<br />
‘verba carimbada’”, diz Antonio Ramalho,<br />
presidente do Sintracon-<strong>SP</strong> e representante<br />
da Força Sindical. As articulações<br />
entre o setor produtivo e os movimentos<br />
sociais que levaram à campanha iniciaram-se<br />
há mais de um ano. Ganharam<br />
força em novembro, na Conferência Nacional<br />
das Cidades, quando foi assinado um<br />
termo de cooperação entre a CBIC e os<br />
movimentos sociais, para trabalharem em<br />
favor dos pontos convergentes. (NB)<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 19
20<br />
<br />
<br />
istemas construtivos cada vez<br />
mais industrializados e a formalização<br />
de parcerias entre as construtoras<br />
e as universidades para o desenvolvimento<br />
tecnológico na área são<br />
os principais atalhos para acelerar a viabilização<br />
dos empreendimentos voltados<br />
à classe econômica. A constatação<br />
foi unânime entre os participantes do<br />
Primeiro Encontro Cytec+ da Cadeia<br />
Produtiva, promovido em maio pela incorporadora<br />
e construtora que nasceu<br />
da parceria entre a Tecnum e a Cyrela.<br />
Para Yorki Estefan, diretor da Cytec+,<br />
o setor está diante de uma demanda reprimida<br />
por muitos anos e que ainda trará<br />
desafios imensos pela frente. O encontro<br />
discutiu um desses desafios, o<br />
<br />
O Brasil tem um pouco do melhor<br />
de cada país considerado confiável<br />
pelo mercado internacional:<br />
o nível de investimento dos europeus,<br />
o consumo dos Estados Unidos<br />
e o ritmo de exportações dos<br />
asiáticos, resume Regina Nunes,<br />
presidente da Standard & Poor’s no<br />
Brasil, agência classificadora de<br />
risco que elevou recentemente o<br />
rating de crédito soberano de longo<br />
prazo em moeda estrangeira do<br />
país para BBB-.<br />
O país é o 14º país soberano a<br />
ter sua dívida em moeda estrangeira<br />
elevada para o grau de investimento,<br />
o que significa que o Brasil<br />
tem capacidade de honrar seus pa-<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
de buscar o aprimoramento por meio de<br />
muita pesquisa de desenvolvimento tecnológico,<br />
em parceria com a indústria e<br />
a universidade, para criar novos produtos,<br />
adaptados a essa nova realidade.<br />
Não por outro motivo, o encontro reuniu<br />
em torno desse tema presidentes e diretores<br />
de algumas das maiores empresas<br />
da cadeia produtiva de construção<br />
civil no país.<br />
“As parcerias no âmbito da cadeia<br />
produtiva são fundamentais”, disse Élio<br />
Martins, presidente da Eternit. Para ele,<br />
a industrialização dos canteiros é a forma<br />
de a construção civil driblar eventuais<br />
gargalos. A Eternit mantém um Centro<br />
de Desenvolvimento de Novas Tecnologias,<br />
em parceria com universida-<br />
gamentos e uma chance remota de<br />
decretar moratória.<br />
Segundo Regina Nunes, o Brasil<br />
demorou mais do que alguns pares<br />
para chegar a este status, mas tem<br />
hoje “um grau de investimento interno<br />
muito forte e certamente muito<br />
maior que vários outros emergentes.<br />
As condições de governabilidade<br />
também são melhores”, aponta Nunes.<br />
Segundo a agência, os pontos<br />
vulneráveis da qualidade de crédito<br />
do país ainda são a elevada carga<br />
da dívida líquida do governo geral e<br />
de juros; a inflexibilidade orçamentária<br />
e alto nível de despesas correntes;<br />
e as barreiras estruturais que<br />
des. “Nosso objetivo é ter um programa<br />
estruturado capaz de inovar nosso portfólio<br />
para soluções menos artesanais,<br />
típicas da maioria dos fornecedores de<br />
telhas”, comentou.<br />
Os fabricantes precisam assimilar<br />
um novo cenário, após a entrada das<br />
empresas do setor na Bolsa de Valores,<br />
o que mudou as regras de qualidade e<br />
de prazos. “O impacto disso é enorme.<br />
Estamos num jogo completamente diferente<br />
para a maioria das construtoras,<br />
principalmente em relação aos prazos<br />
de entrega de materiais”, afirmou Danilo<br />
Talanskas, presidente da Elevadores<br />
Otis. Para Estefan, a solução é o diálogo.<br />
“Ao conhecer a realidade dos outros<br />
parceiros da cadeia produtiva, torna-se<br />
mantêm tanto os investimentos<br />
quanto o crescimento do país abaixo<br />
do nível atingido por outras economias<br />
emergentes.<br />
De acordo com Eduardo<br />
Chehab, diretor da agência, o setor<br />
imobiliário será beneficiado com o<br />
novo patamar de investimento no<br />
país. “O segmento acompanha uma<br />
tendência exponencial de crescimento<br />
neste ano e até 2010”. De<br />
acordo com ele, o principal impacto<br />
da nova classificação do Brasil<br />
para a construção civil é que “abrese<br />
agora a possibilidade de captações<br />
não só no mercado nacional<br />
mas internacional e, finalmente, no<br />
de securitização.”
mais fácil sugerir mudanças e encontrar<br />
a saída”, afirmou.<br />
Uma delas pode ser a mudança de<br />
abordagem das construtoras em suas<br />
compras. Segundo Martins, as empresas<br />
deveriam passar a incorporar uma<br />
cultura de aquisição de soluções completas<br />
e não apenas de materiais isolados.<br />
“Gostaria de vender telhados para<br />
as construtoras no lugar de telhas”, explicou<br />
o executivo.<br />
Profissionais e custos<br />
O encontro também expôs a preocupação<br />
do setor de construção civil<br />
com a qualificação da mão-de-obra, que<br />
já enfrenta carência de trabalhadores<br />
capacitados. Talanskas, da Otis, confirmou<br />
que o maior desafio da empresa<br />
tem sido formar novos profissionais para<br />
as áreas técnicas.<br />
“Precisamos profissionalizar os processos<br />
de qualificação de mão-de-obra<br />
por meio de parcerias sólidas em toda a<br />
cadeia”, disse Yorki Estefan.<br />
Pelo menos, Votorantim Cimentos,<br />
Eternit e Elevadores Otis afastaram qualquer<br />
risco de desabastecimento. Mas<br />
Walter Schalka, presidente da Votorantim<br />
Cimentos, admitiu que “alguns repasses”<br />
serão inevitáveis. “Os gastos<br />
com energia e combustíveis representam<br />
47% dos custos de fabricação do<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
insumo”. Segundo ele, a cimenteira está<br />
realizando os maiores investimentos de<br />
sua história (cerca de R$ 1,7 bilhão),<br />
que contemplam a abertura de oito novas<br />
unidades de produção. “A pressão<br />
de aumento de volume é enorme, mas<br />
não vamos forçar prazos e manteremos<br />
a qualidade”, afirmou. Schalka ressal-<br />
tou ainda preocupar-se com “fatores limitantes”<br />
do crescimento do setor como<br />
um todo. O trânsito pode ser o primeiro<br />
deles. “Com a expansão das fábricas,<br />
receio que em dois anos tenhamos excesso<br />
de cimento no mercado se os gargalos<br />
de legislação e operação não forem<br />
superados”, lamentou.<br />
“Isso também impacta na organização<br />
das obras, que terão de se equipar<br />
para receber os insumos à noite. Assim,<br />
talvez os pré-moldados industrializados<br />
tenham que se apresentar como uma necessidade”,<br />
ponderou Estefan.<br />
Talanskas, da Otis, confirmou as pressões<br />
de custos, segundo ele, em resposta<br />
às elevações do aço, principal matéria-prima<br />
dos elevadores. Mas o executivo<br />
afastou qualquer possibilidade de<br />
desabastecimento. “Trabalhamos com um<br />
ciclo longo, uma média de um ano entre<br />
o pedido e a entrega”, lembrou. “Temos a<br />
válvula de escape do fornecimento global,<br />
com unidades de produção em diversos<br />
países”, concluiu o executivo.<br />
(Nathalia Barboza)<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 21
22<br />
<br />
<br />
<br />
a parte 1, discutimos os fundamentos<br />
jurídicos da obrigatoriedade<br />
da utilização<br />
da NBR 9050 nos projetos de edificações.<br />
Nesta edição, vamos discutir<br />
os impactos da aplicação dessa<br />
norma nos projetos arquitetônicos e<br />
nas especificações de materiais.<br />
Parte 2 - Impacto nos projetos e<br />
nas especificações<br />
A NBR 9050 destina-se a viabilizar<br />
a acessibilidade de pessoas portadoras<br />
de deficiência visual e/ou deficiência<br />
de mobilidade.<br />
Para portadores de deficiência visual,<br />
a norma define sinalização tátil<br />
e sonora a ser colocada em ambientes,<br />
pisos e corrimãos que indicam<br />
caminho a ser seguido, mudança de<br />
direção, presença de obstáculo ou<br />
desnível. Também determina sinalização<br />
tátil a ser colocada em portas,<br />
paredes e comandos, de forma a<br />
identificar o objetivo de cada um desses<br />
itens.<br />
Para portadores de deficiência de<br />
mobilidade, a norma define em detalhe,<br />
entre outros itens, especificações<br />
físicas de acessos tais como dimensões<br />
mínimas de cômodos, vias<br />
de circulação, elevadores, escadas<br />
e portas; inclinação máxima dos pisos;<br />
dimensões de degraus, além da<br />
altura máxima de ressaltos e de irregularidades<br />
nos pisos. Define também<br />
alturas máximas e mínimas para<br />
instalação de comandos, maçanetas,<br />
louças e metais.<br />
Todos os itens definidos acima<br />
não são complicados de serem utili-<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
zados, mas requerem muita atenção<br />
no detalhamento do projeto. O impacto<br />
no custo também não é grande,<br />
embora o custo unitário das peças<br />
da sinalização seja muito alto por não<br />
haver ainda muitos fornecedores<br />
para esses itens. Entretanto, o impacto<br />
diz respeito a dois importantes<br />
aspectos: perda de área de venda e<br />
estética dos pisos externos das áreas<br />
comuns.<br />
Luiz Henrique Ceotto *<br />
<br />
<br />
Perda de área de venda: isso<br />
acontece principalmente devido à<br />
necessidade de se prever um módulo<br />
de referência para refúgio de uma<br />
pessoa usando cadeira de rodas num<br />
hall ou escada de segurança, a cada<br />
500 pessoas por andar. Essa é uma<br />
interpretação minha, pois a norma<br />
não é clara quanto à aplicação desse<br />
critério, ao não deixar explícito se<br />
isso se refere ao total da população<br />
do edifício ou especificamente de<br />
cada andar. Como implica aumento<br />
de área construída computável, e<br />
como o total de área computável precisa<br />
ser constante, é necessária a redução<br />
da área privativa para essa<br />
compensação.<br />
Para edifícios comerciais, isso<br />
pode ser facilmente resolvido, mas<br />
para edifícios residenciais pode ter<br />
um impacto considerável. Conforme<br />
a figura que ilustra este artigo, o módulo<br />
de referência necessita de um<br />
acréscimo de aproximadamente 1 a<br />
1,7 m² de área na caixa de escada<br />
em cada andar, em função da necessidade<br />
de área de manobra. Assim,<br />
essa mesma área tem que ser reduzida<br />
da área privativa e isso vai impactar<br />
diretamente na receita bruta<br />
de vendas, tornando-se mais importante<br />
para apartamentos menores.<br />
Uma forma de se minimizar o impacto<br />
é o aprimoramento do código municipal<br />
de obras, determinando que<br />
as áreas reservadas à segurança<br />
(módulo de segurança, antecâmara<br />
etc.) não sejam consideradas como<br />
computáveis. A norma também fixa a<br />
dimensão mínima dos pisos dos degraus<br />
da escada em 28 cm, 1 cm a<br />
mais do que os pisos usados normalmente<br />
nos projetos, redundando também<br />
num pequeno aumento da caixa<br />
de escada e na conseqüente redução<br />
na área privativa.<br />
Estética dos pisos: A NBR 9050<br />
tem como um dos seus objetivos<br />
(Item 1.2 e 1.3):<br />
1.2 - No estabelecimento desses<br />
critérios e parâmetros técnicos foram<br />
consideradas diversas condições<br />
de mobilidade e de percepção
do ambiente, com ou sem a<br />
ajuda de aparelhos específicos,<br />
como: próteses, aparelhos<br />
de apoio, cadeiras de rodas,<br />
bengalas de rastreamento,<br />
sistemas assistivos de<br />
audição ou qualquer outro que<br />
venha a complementar necessidades<br />
individuais.<br />
1.3 - Esta Norma visa proporcionar<br />
à maior quantidade<br />
possível de pessoas, independentemente<br />
de idade, estatura<br />
ou limitação de mobilidade<br />
ou percepção, a utilização<br />
de maneira autônoma e<br />
segura do ambiente, edificações,<br />
mobiliário, equipamentos<br />
urbanos e elementos.<br />
Além disso, o documento Acessibilidade<br />
–Mobilidade Acessível para<br />
a Cidade de São Paulo, publicado<br />
pela Secretaria Especial da Pessoa<br />
com Deficiência e Mobilidade Reduzida<br />
(Seped), define como princípio<br />
(além de outros):<br />
• todas as entradas devem ser<br />
acessíveis, bem como as rotas de<br />
interligação às principais funções<br />
do edifício.<br />
• ao menos um dos itinerários<br />
que comuniquem horizontalmente e<br />
verticalmente todas as dependências<br />
e serviços do edifício, entre si<br />
e com o exterior, deverá cumprir os<br />
requisitos de acessibilidade.<br />
Dessa forma, fica claro que todos<br />
os ambientes das áreas comuns de<br />
um edifício, sejam eles internos ou<br />
externos, devem ser interligados por<br />
rotas com sinalização tátil. Isso implica<br />
uma enorme quantidade de faixas<br />
de cor diferente do piso original,<br />
tornando as áreas comuns muito mais<br />
parecidas com pisos de hospitais do<br />
que ambientes paisagísticos. Será<br />
que tudo isso é realmente necessário?<br />
Não existiria um meio termo viável<br />
como, por exemplo, considerar<br />
que os rodapés (tentos) que limitam<br />
jardins sejam considerados como<br />
orientadores de direção para pesso-<br />
as com deficiência visual, como acontece<br />
nas ruas das cidades, deixando<br />
a sinalização tátil para as rotas de<br />
fuga e para os degraus de escada?<br />
Outro ponto importante que a norma<br />
não prevê diz respeito à necessidade<br />
de sinalização entre os aparta-<br />
<br />
<br />
mentos e a caixa de escada e elevadores<br />
nos halls dos andares. Essa sinalização<br />
não tem sentido para todos<br />
os apartamentos, bastaria fazêla<br />
para as unidades habitadas por<br />
pessoas com essa necessidade específica.<br />
Como demonstrado nos parágrafos<br />
acima, a NBR 9050 deu um salto<br />
importante na forma como deve ser<br />
tratado o assunto acessibilidade no<br />
Brasil. Entretanto, ela precisa ser<br />
mais bem discutida e adaptada. Para<br />
isso é necessário um empenho grande<br />
de todo setor em sua revisão, uma<br />
vez que já está em vigor por 14 anos<br />
e merece uma reflexão profunda so-<br />
Representação esquemática de uma escada com módulo de<br />
referência com e sem área de manobra<br />
bre aquilo que precisa ser modificado<br />
ou mesmo complementado. Sabemos<br />
que no Brasil existem normas<br />
que pegam e normas que não pegam,<br />
mas o desuso da lei não a revoga,<br />
deixando sempre margem a alguma<br />
atuação do Poder Público, de<br />
terceiros, do Ministério Público ou de<br />
alguma ONG para exigir sua aplicação<br />
pelas vias administrativa ou judicial.<br />
Sem uma melhor adequação<br />
normativa, nossos empreendimentos<br />
ficam sujeitos a correções e adequações<br />
que poderão ser impostas pela<br />
atuação fiscalizatória, ainda que<br />
hoje inexistente.<br />
(*) ENGENHEIRO E PROFESSOR CONVIDADO DA POLI-<br />
U<strong>SP</strong>, É DIRETOR DA TISHMAN <strong>SP</strong>EYER E MEMBRO DO<br />
CTQ DO SINDUSCON-<strong>SP</strong><br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 23
24<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 25
esta edição abordo os estudos<br />
de T. Bradberry e J. Greaves, sobre<br />
as habilidades necessárias<br />
ao desenvolvimento de Inteligência Emocional<br />
–IE. Afinal, o crescimento individual<br />
está relacionado à auto-motivação e<br />
ao impacto de nosso comportamento na<br />
motivação dos outros.<br />
Desenvolver IE exige uma reflexão sobre<br />
suas habilidades e depende de sua<br />
vontade de assumir muitas vezes um papel<br />
inconveniente. Isso requer pensar sobre<br />
como você age inclusive nas situações<br />
desconfortáveis.<br />
Responda: você conhece e confia nas<br />
suas habilidades? Reconhece os sentimentos<br />
dos outros? Compreende suas<br />
emoções? Sabe do impacto de seu comportamento<br />
sobre a motivação dos demais?<br />
Identifica quando outros influenciam<br />
seu estado emocional e sua motivação?<br />
É reservado em situações sociais?<br />
Tolera a frustração sem ficar irritado?<br />
Essa reflexão pode nos situar sobre<br />
nosso grau de evolução, bem como determinar<br />
nossa capacidade de motivar a<br />
nós e aos outros.<br />
O coeficiente de IE pode ser obtido<br />
através da análise de quatro habilidades.<br />
As duas primeiras concentram-se em<br />
você, o que denomino de “intraser”:<br />
1) Auto-Consciência - Perceber com<br />
precisão suas emoções à medida que<br />
elas se manifestam.<br />
2) Auto-Administração - Controlar<br />
suas emoções mantendo-o atento, e com-<br />
COMIGO<br />
COM OUTROS<br />
O QUE EU VEJO O QUE FAÇO<br />
Auto-<br />
Consciência<br />
Conscientização<br />
Social<br />
Auto-<br />
Administração<br />
Administração do<br />
Relacionamento<br />
Interpessoal<br />
preender suas reações frente às condições<br />
diversas do dia-a-dia, preservando<br />
o equilíbrio nas suas decisões.<br />
As duas seguintes estão mais relacionadas<br />
em você com os outros, o que<br />
denomino de “extraser”:<br />
3) Conscientização Social - Analisar<br />
as emoções alheias e descobrir o que está<br />
acontecendo. Entender o que os outros<br />
pensem e sentem mesmo que você não<br />
sinta o mesmo.<br />
4) Administração da Relacionamento<br />
Interpessoal - Interagir utilizando suas<br />
próprias emoções e as dos outros com<br />
sucesso.<br />
ADMINISTRADOR E SÓCIO DA ACT –AÇÃO<br />
CONSULTORIA E TREINAMENTO, MEMBRO DO BOARD<br />
DA ASTD-BRASIL<br />
PEDRO@ACAOCONSULTORIA.COM.BR<br />
Pedro Luiz Alves *<br />
<br />
<br />
As quatro habilidades baseiam-se na<br />
conexão entre o que você vê e o que você<br />
faz consigo e como age em relação aos<br />
demais, conforme ilustração abaixo.<br />
Siga as dicas apresentadas a seguir<br />
para ampliar sua força e melhorar suas<br />
habilidades “intraser e extraser”. Elas são<br />
flexíveis e podem ser rapidamente aprendidas,<br />
mas não da mesma maneira que<br />
fatos ou informações. As pessoas constroem<br />
melhor sua IE quando há forte motivação<br />
para aprender e mudar, e obtenção<br />
de feedback do seu comportamento.<br />
Na mudança de comportamento, as<br />
pessoas conseguem focar-se<br />
em até três ações simultaneamente.<br />
Será melhor se você se<br />
focar apenas em algumas<br />
ações pertinentes a uma úni-<br />
ca habilidade. Ao adquirir nova habilidade,<br />
o melhor caminho é buscar algo novo<br />
ou diferente. Ou seja:<br />
Procure pessoas que possam ser adotadas<br />
como padrão na referida habilidade<br />
e que sejam modelo naquele comportamento;<br />
observe-as utilizando esta habilidade;<br />
peça que expliquem como o fazem;<br />
relacione os comportamentos necessários<br />
ao uso dessas habilidades; pratique<br />
acompanhado das pessoas que serviram<br />
como modelo; peça-lhes feedback<br />
sempre que necessário, ou até que se<br />
sinta confiante; continue praticando, mesmo<br />
que se sinta estimulado a agir como<br />
antes; estabeleça um plano de ação: descreva<br />
seus pontos fortes (suas forças naturais)<br />
e os pontos de melhoria (suas vulnerabilidades);<br />
estabeleça três objetivos<br />
relacionados à cada uma das habilidades<br />
a serem desenvolvidas.<br />
Mudar pode também ser uma experiência<br />
maravilhosa e formidável. Espero<br />
que essas dicas melhorem suas habilidades<br />
e sua IE. Sempre haverá algo para<br />
fazer em prol da motivação, afinal tudo<br />
muda o tempo todo.
28<br />
<br />
<br />
a edição passada, discutimos a<br />
abordagem de Custeio Variável,<br />
como uma boa alternativa a análises<br />
gerenciais, sobre os custos da<br />
companhia. Nesta edição, abordaremos<br />
o conceito de Margem de Contribuição<br />
em maior profundidade.<br />
Lembre-se: Margem de Contribuição<br />
é o dinheiro que sobra, depois de pagos<br />
os gastos variáveis do produto, para<br />
se cobrirem os gastos fixos e o Lucro.<br />
Como esse conceito pode ser usado,<br />
em termos práticos?<br />
Em primeiro lugar, a Margem de Contribuição<br />
pode ajudar numa negociação.<br />
O menor preço pelo qual a companhia<br />
poderá aceitar vender será aquele que<br />
cubra exatamente os gastos variáveis<br />
(custos mais despesas variáveis), fazendo<br />
a Margem de Contribuição ser zero.<br />
No entanto, uma negociação destas só<br />
deve ser aprovada se houver algum outro<br />
cliente ou produto que se responsabilize<br />
pelos gastos fixos da companhia.<br />
Um exemplo: sua companhia trabalha<br />
com capacidade ociosa, mas os<br />
produtos vendidos atualmente já são<br />
suficientes para cobrirem gastos fixos;<br />
se ela deseja mesmo ganhar uma concorrência,<br />
o menor preço que poderá<br />
fazer para aproveitar aquela ociosidade<br />
será o preço que cubra gastos variáveis<br />
dessa nova negociação, fazendo<br />
a Margem de Contribuição ser zero,<br />
mas sem prejudicar o pagamento das<br />
contas do período.<br />
Outra situação seria a de um cliente<br />
em potencial, que não aceita seu preço,<br />
mas se oferece para fazer uma contraproposta.<br />
Trata-se de um cliente impor-<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
tante; portanto, você não pode perder a<br />
negociação, então, se os gastos do período<br />
estão cobertos, a contra-proposta<br />
dele poderá ser aceita se for, pelo menos,<br />
suficiente para pagar os gastos variáveis<br />
que esta venda ocasionará.<br />
A Margem de Contribuição também<br />
pode ser aplicada na priorização de venda<br />
entre os produtos de seu mix. Por<br />
exemplo, se uma empresa tem dois produtos,<br />
um com alto preço e outro com<br />
alta Margem de Contribuição, ela deverá<br />
incentivar seus vendedores a faturarem<br />
o de maior Margem de Contribuição,<br />
mesmo não garantindo o maior faturamento,<br />
mas assegurando o melhor<br />
resultado para a companhia.<br />
Maria Angelica Lencione Pedreti *<br />
<br />
<br />
Finalmente, se a companhia prevê<br />
que irá enfrentar escassez de algum<br />
insumo, por exemplo, alguma matéria<br />
prima, ou até falta de mão-de-obra para<br />
entregar determinado trabalho em um<br />
período reduzido, ela poderá usar o<br />
conceito de Margem de Contribuição<br />
para priorizar o produto que deverá<br />
produzir primeiro. Neste caso, ela fará<br />
a conta de qual a Margem de Contribuição<br />
por unidade de insumo que cada<br />
produto proporcionará.<br />
Por exemplo: uma empresa possui<br />
dois modelos de casas, num mesmo empreendimento.<br />
O modelo mais simples<br />
possui uma Margem de Contribuição de,<br />
digamos, $100. O modelo mais sofisticado<br />
possui uma Margem de Contribuição<br />
de $150. No entanto, ambos os<br />
modelos utilizam o mesmo tipo de profissional,<br />
mas o modelo simples utilizará<br />
1 hora deste profissional, enquanto o<br />
mais sofisticado consumirá 2 horas do<br />
mesmo.<br />
Assim, o produto mais simples proporcionará<br />
$100 de Margem de Contribuição<br />
por hora de trabalho dessa pessoa,<br />
enquanto o produto sofisticado<br />
oferecerá $75 de margem por hora.<br />
Fica evidente que, neste caso, o produto<br />
de maior produtividade por hora<br />
de trabalho foi o mais simples. Portanto,<br />
dada a situação crítica do insumo,<br />
que seria considerado um gargalo de<br />
produção, o produto de Margem de<br />
Contribuição, em termos absolutos,<br />
menor, é priorizado pois a produtividade<br />
de sua Margem de Contribuição por<br />
hora de trabalho é maior.<br />
Em prosseguimento ao nosso tema,<br />
na próxima edição abordaremos o Custeio<br />
ABC como alternativa de análise<br />
de custos.<br />
(*) PROFESSORA DE CONTABILIDADE E FINANÇAS DA<br />
FGV, MESTRA EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS,<br />
TRABALHA EM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 29
30<br />
<br />
<br />
oje em dia, tudo passa pela China.<br />
Inclusive os insumos da construção<br />
civil, que já chegam aos<br />
montes a portos e aeroportos brasileiros.<br />
Somente o Instituto Falcão Bauer da<br />
Qualidade (IFBQ) recebe diariamente<br />
caixas e mais caixas de produtos para<br />
certificação, sendo 90% deles com o carimbo<br />
“Made in China” ou “Made in<br />
Taiwan”, segundo César Augusto de<br />
Paula Pinto, coordenador do Pólo de<br />
Construção Civil do instituto.<br />
“A importação de produtos de qualidade<br />
da China é uma porteira que vai<br />
escancarar de vez ou vai fechar”, garante<br />
Maurício Bianchi, diretor da BKO Engenharia.<br />
Ele conta estudar a importação de<br />
alguns insumos “por pura infelicidade de<br />
não haver mais clareza do mercado fornecedor<br />
nacional em relação à manutenção<br />
dos preços praticados”.<br />
Para Salvador Benevides, diretor da<br />
Projeto Engenharia, a operação é cara,<br />
pois exige acompanhar desde a produção<br />
até o desembaraço do material, que<br />
muitas vezes passa por problemas de greves,<br />
aumentos de frete e “atravancamentos”.<br />
“Os caminhos têm de ser seguidos<br />
com muito cuidado. A construtora deve se<br />
cercar de gente acostumada a lidar com<br />
‘as nuances da burocracia’”, recomenda.<br />
“O objetivo é ter vantagem econômica,<br />
embora hoje em dia, se o custo final for<br />
muito próximo do praticado no país, já é<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
bom negócio porque o importador tem<br />
como garantir o fornecimento”, completa<br />
Basílio Jafet, da área de Construção Civil<br />
da trading Comexport.<br />
Segundo Bernardo Roesler de Castro<br />
e Silva, diretor da trading Full Comex,<br />
a viagem de navio dura 40 dias. Um pedido<br />
leva de 120 a até mais de 150 dias<br />
para chegar ao canteiro de obra. “Bem<br />
planejado, o processo de importação é<br />
tranqüilo”, diz. “Para que dê certo, é preciso<br />
investir em volume, fechar pelo menos<br />
um contêiner (33 m³)”, alerta Jafet.<br />
É o caso dos<br />
equipamentos pe-<br />
sados (gruas, guindastes<br />
e elevadores),<br />
que levam até<br />
um ano para serem<br />
entregues pelo fornecedor<br />
brasileiro,<br />
segundo Walter Antonio<br />
Scigliano, diretor<br />
da Grumont. “A<br />
diferença de preços das gruas é, infelizmente,<br />
muito grande, algo em torno de<br />
30% diz. “Se der para comprar em 3 ou 4<br />
meses, mesmo que seja um pouco mais<br />
cara, vale a pena, pois a grua vai entrar<br />
muito mais rápido em operação”, aponta<br />
Jafet. “Mas recentemente os chineses majoraram<br />
os preços em 13%. É a lei da oferta<br />
e da procura”, ressalta Benevides.<br />
Expedito Arena, presidente da Alec<br />
(associação das locadoras de equipamentos),<br />
conta que o mercado também<br />
oferece máquinas de pequeno porte de<br />
qualidade a preços convidativos. “As grandes<br />
empresas do setor agora têm suas<br />
linhas de produção na China”, comenta.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Na construção civil, a comprovação<br />
de atendimento às normas técnicas é válida<br />
para cabos e conexões, fios elétricos<br />
e vergalhões de aço. Para certificações<br />
voluntárias, a exigência dependerá do<br />
mercado comprador. Fornecedor e importador<br />
são responsáveis pelo atendimento<br />
às normas. Já a assistência técnica e a<br />
reposição de peças têm de ser equacionadas<br />
com os fornecedores, comenta<br />
Basílio Jafet.<br />
“A construtora tem de lembrar-se de<br />
que muitas vezes precisará de uma estrutura<br />
de apoio,<br />
que envolve tam-<br />
bém uma equipe<br />
de manutenção”,<br />
diz Benevides.<br />
Segundo César<br />
Pinto, o cuidado<br />
com a qualidade<br />
precisa ser redobrado.<br />
“Um porcelanato<br />
exibia certificado<br />
e norma menos exigentes que as nossas.<br />
Após 60 dias da nossa avaliação, nos trouxeram<br />
ensaios de produtos recém-desenvolvidos<br />
que já atendiam nossas especificações.<br />
É a velha história: produto de primeira<br />
qualidade tipo A ou B. Depende do<br />
freguês...”<br />
Para ele, dentro do novo conceito da<br />
Norma de Desempenho, a preocupação<br />
com as adaptações, variações geométricas<br />
ou da natureza do material não é importante.<br />
“O que nos interessa é avaliar,<br />
com rigor, se atendem ao tripé de exigências<br />
Segurança, Habitabilidade e Sustentabilidade.<br />
Se atendem, os detalhes são<br />
detalhes”, diz. (Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 31
32<br />
Yoshiaki Nakano, Robusti e Zaidan na formatura do MBA da Construção, no <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong><br />
<br />
<br />
"Apesar dos altos juros, há bons sinais<br />
de que vamos continuar a crescer", afirmou<br />
o diretor da Escola de Economia de<br />
São Paulo da FGV, Yoshiaki Nakano, ao<br />
falar na solenidade de formatura da 3ª Turma<br />
do MBA Executivo para a Construção<br />
Civil, do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> e da FGV, em 5 de<br />
junho, no sindicato.<br />
Segundo ele, mesmo com o juro mais<br />
alto do mundo, os investimentos continuam<br />
crescendo no Brasil. "A liquidez inter-<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
nacional chegou aqui pelo mercado de<br />
capitais, via Bolsa, fundos ou aplicações<br />
diretas de investidores. Este capital chega<br />
a um custo muito baixo, sustentando o crescimento.<br />
Assim, o juro alto está recebendo<br />
um by pass", disse.<br />
Ressalvou, contudo, que "agora precisamos<br />
completar esse processo combatendo<br />
o câncer que corrói o país, o sistema<br />
de formação de juros. O câmbio também<br />
trava, mas tem seu efeito neutralizado pelo<br />
aumento do valor das commoditties lá fora.<br />
Já poderíamos estar crescendo a 8%, 9%<br />
ao ano. Os empresários estão investindo<br />
para valer: a taxa de investimentos nos primeiros<br />
meses deste ano já subiu 30% em<br />
comparação ao mesmo período do ano<br />
passado. Hoje ela está em 18%."<br />
O economista comentou que a inflação,<br />
de uma certa forma, também é alimentada<br />
por aqueles que relutam em expandir<br />
a oferta, escaldados por retrações<br />
econômicas do passado.<br />
A solenidade foi aberta pelo presidente<br />
do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>, João Claudio Robusti.<br />
Ele destacou que o MBA da Construção,<br />
resultado da parceria do sindicato com a<br />
FGV, "faz parte do esforço de qualificação<br />
em todos os níveis de nossos colaboradores<br />
da construção civil".<br />
O diretor de Economia do <strong>SindusCon</strong>-<br />
<strong>SP</strong>, Eduardo Zaidan, falou da importância<br />
de a construção civil aliar-se aos meios<br />
acadêmicos para "dar um up grade no<br />
conhecimento do pessoal de nível gerencial,<br />
diante dos novos desafios colocados<br />
pelo crescimento econômico." Já o coordenador<br />
do MBA da Construção, Rogério<br />
Mori. agradeceu a confiança depositada<br />
pelos alunos no programa.<br />
Ao final, o orador da turma e vice- presidente<br />
do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> José Romeu<br />
Ferraz Neto elogiou o curso.<br />
<br />
Convenções Coletivas de Trabalho<br />
com data-base de 1º de maio foram acordadas<br />
no fim de maio entre o Sindus-<br />
Con-<strong>SP</strong> e os Sindicatos de Trabalhadores<br />
da Construção Civil ligados à Federação<br />
Solidária/CUT: Guarulhos, São<br />
Bernardo do Campo e Diadema, Campinas<br />
e região, Mogi das Cruzes e região,<br />
São Caetano do Sul, Adamantina,<br />
Bernardino de Campos, Fartura, Flórida<br />
Paulista, Ipaussú, Lucélia, Mariápolis,<br />
Manduri, Piraju, Pacaembu, Santa Cruz<br />
do Rio Pardo, Jacareí e Itapevi e região.<br />
Pelo acordo, os salários têm reajuste<br />
de 8,51% desde 1º de maio. Os detalhes<br />
de cada acordo estão em<br />
www.sindusconsp.com.br, Jurídico, Convenções<br />
Coletivas.<br />
Na assinatura, o presidente do Sindus-<br />
Con-<strong>SP</strong>, João Claudio Robusti, afirmou<br />
que, além de aumentos reais de salário, o<br />
sindicato tem procurado elevar a dignidade<br />
dos trabalhadores, por meio de ações<br />
como ConstruSer, Megasipat e qualificação.<br />
"A construção civil depende do trabalhador<br />
e hoje ele já começa a se orgulhar<br />
de pertencer ao setor. Precisamos avançar<br />
mais na linha do reconhecimento e da<br />
dignidade de nossos parceiros."<br />
Valdemar Pires de Oliveira, da Federação<br />
Solidária/CUT, manifestou que o<br />
relacionamento "melhorou, mas pode<br />
avançar", e propôs a criação de condições<br />
para que os trabalhadores do setor<br />
possam ter acesso a uma moradia digna.<br />
Robusti respondeu que a própria<br />
Convenção Coletiva dispõe a articulação<br />
conjunta do setor em favor de metas<br />
como essa, "que só poderá ser alcançada<br />
mediante uma política nacional de<br />
habitação de interesse social, com a concessão<br />
de subsídio pelo governo".
No início de junho, o <strong>SindusCon</strong>-<br />
<strong>SP</strong> firmou com o Senai-<strong>SP</strong> (Serviço<br />
Nacional de Aprendizagem da Indústria)<br />
mais uma parceria que vai beneficiar<br />
os trabalhadores da construção<br />
civil e as empresas associadas ao sindicato.<br />
O acordo prevê a realização<br />
de nove cursos gratuitos, voltados<br />
para a qualificação da mão-de-obra<br />
na construção civil. Com 100 horasaula<br />
de duração, a parceria organizará<br />
os cursos de Pedreiro Assentador,<br />
Pedreiro Revestidor, Instalador<br />
Hidráulico/Encanador, Pintor de<br />
Obras, Carpinteiro de Fôrmas, Metrologia<br />
Aplicada à Construção Civil,<br />
Leitura e Interpretação de Desenho e<br />
Eletricista Instalador Predial. Já o curso<br />
de Instalador de Painel de Gesso<br />
Acartonado terá duração de 40h.<br />
A meta do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> e do<br />
Senai-<strong>SP</strong> é qualificar, até fevereiro de<br />
2009, aproximadamente 16 mil profissionais<br />
do setor em todo o Estado<br />
de São Paulo.<br />
Os cursos serão realizados nas<br />
unidades do Senai localizadas em<br />
todas as cidades nas quais o Sindus-<br />
Con-<strong>SP</strong> possui suas regionais. As<br />
aulas também poderão acontecer em<br />
canteiros de obras oferecidos pelas<br />
empresas, desde que sejam cumpridas<br />
as normas exigidas pelas Escolas<br />
Senai. As turmas poderão freqüen-<br />
tar as aulas em três períodos (manhã,<br />
tarde e noite) e, possivelmente, aos<br />
sábados.<br />
Para se inscrever, o interessado<br />
deverá ter no mínimo 18 anos de idade<br />
e ser alfabetizado (para o curso<br />
de Eletricista, o trabalhador deverá ter<br />
concluído no mínimo o Ensino Fundamental).<br />
As vagas estarão disponíveis preferencialmente<br />
aos trabalhadores<br />
que atuam em construtoras associadas<br />
ao <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>. As inscrições<br />
devem ser realizadas nas unidades<br />
locais do Senai. Quem quiser saber<br />
mais também pode se dirigir às unidades<br />
do Senai.<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 33
34<br />
<br />
<br />
s contratos celebrados pela Administração<br />
Pública em desconformidade<br />
com o ordenamento<br />
jurídico devem ser invalidados, com desconstituição<br />
de seus efeitos. Até aí, nenhuma<br />
novidade.<br />
Questão mais polêmica é como tratar<br />
os efeitos fáticos produzidos por contrato<br />
invalidado. Que fazer quando o contrato<br />
invalidado foi parcial ou integralmente<br />
cumprido?<br />
A idéia de que a invalidação do contrato<br />
desconstitui os efeitos por ele produzidos<br />
tem sentido no plano estritamente<br />
jurídico, mas não no fático. No mundo real,<br />
dos fatos, não é possível desfazer o que<br />
já aconteceu. Qual é a solução para os<br />
efeitos práticos produzidos por contratos<br />
inválidos (a construção da estrada, o fornecimento<br />
de equipamento, a alienação<br />
de bens, o pagamento do preço)?<br />
A lei só pode disciplinar as conseqüências<br />
produzidas por contratos inválidos.<br />
Note-se a diferença: os efeitos jurídicos<br />
do contrato invalidado são desfeitos<br />
(ele não produz os efeitos que lhe eram<br />
próprios); o ordenamento jurídico então<br />
define solução para as conseqüências<br />
práticas que ele gerou.<br />
A Lei Geral de Regência dos Contratos<br />
Administrativos (Lei 8.666) prescreve<br />
que, em caso de invalidação do contrato,<br />
o particular seja indenizado pelos encargos<br />
suportados (execução de obra, prestação<br />
de serviço ou fornecimento de<br />
bens), desde que não tenha dado causa<br />
ao vício. Se o contrato foi invalidado sem<br />
culpa do particular, este não tem mais direito<br />
ao recebimento do preço (efeito jurídico<br />
que decorria do contrato, desfeito com<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
a invalidação), mas deve ser indenizado<br />
pelos encargos que suportou (efeito atribuído<br />
à situação fática consistente no<br />
cumprimento de contrato que deixou de<br />
produzir efeitos jurídicos).<br />
A solução é óbvia. Se há ilegalidade<br />
para a qual o particular não concorreu nem<br />
contribuiu, ele não deve suportar os ônus<br />
decorrentes do vício.<br />
Mas em muitos casos o Ministério Público<br />
tem sustentado que o particular dá<br />
causa à ilegalidade por aderir ao contrato.<br />
Segundo esse raciocínio, sem essa<br />
adesão, o contrato não teria sido celebrado<br />
e a ilegalidade não teria se consumado.<br />
Benedicto Porto Neto *<br />
<br />
<br />
A tese tem inconsistência lógica. Se o<br />
fato de o particular celebrar contrato ilegal<br />
lhe atribui responsabilidade pelo vício,<br />
não haveria hipótese de indenização<br />
em caso de sua invalidação, porque todos<br />
os contratos aperfeiçoam-se dessa<br />
maneira. Por esse raciocínio, a Lei 8.666<br />
estaria prevendo caso de indenização<br />
impossível de ocorrer.<br />
O encaminhamento do problema é<br />
muito diferente. A Administração somente<br />
deve obediência às normas voltadas<br />
para seu controle. Não é papel do particular<br />
fiscalizar o cumprimento das leis pelo<br />
Poder Público. Há tempos, o STJ vem decidindo<br />
nesse sentido.<br />
Mas o mesmo Tribunal deu um passo<br />
adiante, em decisão recente (RE n.º<br />
408.785-RN). Entendeu que, em caso de<br />
invalidação de contrato por fraude praticada<br />
pelo contratado na fase de licitação<br />
(falsificação de documentos), ele tinha<br />
direito ao recebimento do preço pela execução<br />
da obra objeto da avença.<br />
A decisão está fundamentada no princípio<br />
que veda o enriquecimento sem<br />
causa. Se o Poder Público recebe o objeto<br />
do contrato e dele se beneficia, não<br />
pode se locupletar à custa do particular.<br />
Se o particular é responsável por ilegalidade<br />
de contrato, com ou sem o concurso<br />
da Administração, deve responder<br />
pelos danos decorrentes de seu compor-<br />
tamento e arcar com eventuais multas ou<br />
outras sanções, mas não pode perder todos<br />
os investimentos feitos em benefício<br />
do Poder Público ou da coletividade.<br />
A decisão é muito recente para refletir<br />
a posição que o STJ assumirá em casos<br />
semelhantes, mas ela definitivamente<br />
enfraquece a já debilitada tese do Ministério<br />
Público para os casos em que o único<br />
pecado do particular seja firmar contrato<br />
em que a própria Administração tenha<br />
descumprido a lei.<br />
* Coordenador do Conselho Jurídico do<br />
<strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong> e sócio da Porto Advogados<br />
e-mail: portoneto@porto.adv.br
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 35
36<br />
<br />
<br />
A vice-presidente do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong><br />
Maristela Honda foi nomeada para integrar<br />
e coordenar o Deinfra (Departamento<br />
de Infra-estrutura) do Ciesp de<br />
Sorocaba. Uma de suas missões será<br />
prestar assessoria e suporte aos associados<br />
em questões técnicas e políticas<br />
em infra-estrutura, de abrangência<br />
individual ou coletiva.<br />
Também direcionará suas atividades<br />
aos setores que mais influenciam<br />
a competitividade das indústrias, como<br />
energia elétrica, gás natural, logística<br />
de transportes e telecomunicações.<br />
Organizará seminários, palestras e encontros<br />
para proporcionar a troca de<br />
idéias e trabalhará na identificação das<br />
situações críticas que possam afetar a<br />
competitividade das empresas, buscando<br />
atuar de forma preventiva.<br />
Ao lado de Maristela, compõem o<br />
Departamento Renê Leonel Filho (Ci-<br />
<br />
A Regional Santos do <strong>SindusCon</strong>-<br />
<strong>SP</strong> participou no final de maio de uma<br />
audiência pública na Associação<br />
Comercial de Santos, sobre possíveis<br />
alterações legais em favor de uma divisão<br />
mais justa de royalties sobre<br />
petróleo e gás. Em 2007, dos R$ 5<br />
bilhões destinados aos estados, mais<br />
de R$ 4 bilhões ficaram com o Rio de<br />
Janeiro, enquanto São Paulo recebeu<br />
apenas R$ 4 milhões.<br />
Segundo o diretor da Regional,<br />
Ricardo Beschizza, a expectativa dos<br />
empresários santistas é grande, assim<br />
como o potencial das reservas encontradas<br />
na Bacia de Santos. ‘‘O<br />
crescimento da economia anda de<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
Maristela: aumentar a competitividade<br />
esp), Luiz Leite (Esamc Sorocaba),<br />
Marcos Carneiro (Facens) e José Ferrari<br />
(secretário de Urbanismo e Meio<br />
Ambiente da Prefeitura de Sorocaba).<br />
mãos dadas com o crescimento da<br />
construção civil, o que justifica o grande<br />
interesse dos empresários santistas<br />
pelo assunto’’, afirma o diretor.<br />
Com a descoberta de novos poços<br />
de petróleo na região, num prazo de<br />
15 a 20 anos o valor dos royalties poderá<br />
triplicar, ficando com Rio e São<br />
Paulo. ‘‘Na audiência pública, defendeu-se<br />
que ninguém saia prejudicado.<br />
Haverá ganho econômico, político e<br />
social e Santos quer assegurar sua<br />
parte’’, diz o diretor.<br />
O deputado estadual Paulo Alexandre<br />
Barbosa (PSDB), que esteve na<br />
audiência, apresenta neste mês projeto<br />
de lei para regulamentar a utilização<br />
No Feirão<br />
A Regional Sorocaba do Sindus-<br />
Con-<strong>SP</strong> participou como parceira do 4º<br />
Feirão de Imóveis da Caixa, realizado<br />
no início de junho, no Esplanada Shopping.<br />
No estande do sindicato, foram<br />
divulgados os trabalhos realizados em<br />
prol da qualidade continuada dos produtos<br />
das construtoras associadas, por<br />
meio de folders, publicações e um bom<br />
bate-papo.<br />
O Feirão negociou a venda de 1.560<br />
imóveis novos e usados, no valor de<br />
R$ 75 milhões; 16 mil pessoas visitaram<br />
os estandes. Na semana anterior,<br />
a Caixa expediu comunicações de<br />
11.695 créditos pré-aprovados para<br />
aqueles que quiserem adquirir seus<br />
imóveis em 58 municípios da região. O<br />
balanço foi divulgado pela consultora<br />
da Caixa de Sorocaba, Maria Julia<br />
Athayde. (Alexandre Branco)<br />
dos royalties pelos municípios paulistas.<br />
Ele pretende obrigar os municípios<br />
a investirem uma parte em qualificação<br />
profissional. Para Beschizza,<br />
os empresários entendem que a aplicação<br />
disciplinada dos recursos poderá<br />
trazer mais crescimento a longo<br />
prazo para a região, o que justifica o<br />
entrosamento da construção nesse<br />
movimento. A estimativa para esse<br />
ano é que mais de 70 municípios reivindiquem<br />
na Justiça os royalties.<br />
A Petrobras e seus parceiros deverão<br />
investir cerca de US$ 18 bilhões,<br />
nos próximos 10 anos, em atividades<br />
de exploração e produção na<br />
Bacia de Santos. (Giselda Braz)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 37
38<br />
<br />
<br />
aplicação de uma lista de<br />
verificação de ergonomia na<br />
construção é uma ferramenta<br />
eficaz e ágil para avaliar as condições<br />
do trabalho nos canteiros de<br />
obras. Pode ser aplicada em várias<br />
etapas, porém as mais importantes<br />
são ao receber um equipamento ou<br />
instalação e nos trabalhos sentados<br />
(ver lista abaixo).<br />
Ginástica Laboral<br />
Também é importante fazer Ginástica<br />
Laboral, uma atividade física<br />
leve no ambiente de trabalho, no início,<br />
durante ou final da jornada, mediante<br />
avaliação criteriosa do indivíduo<br />
e de sua atividade laboral. Objetivo:<br />
preparar o corpo e a mente para<br />
a atividade, buscando prevenir problemas<br />
e manter a saúde. Alongamento<br />
é o exercício mais indicado.<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
José Carlos de Arruda Sampaio *<br />
* ENGENHEIRO, É DIRETOR DA JDL - QUALIDADE -<br />
SEGURANÇA DO TRABALHO - MEIO AMBIENTE<br />
Ao receber um Equipamento ou Instalação, verificar se: C NC NA<br />
O ponto de operação foi projetado ou construído para a altura do cotovelo da média da população da obra (103 cm).<br />
A distância entre os comandos bi-manuais está entre 50 e 60 cm entre centros.<br />
A força para acionamento dos comandos ou botoeiras é menor que 0,6 kg.<br />
A força para abertura e fechamento de portas é menos que 0,6 kg.<br />
Os acionamentos freqüentes estão no alcance normal para os trabalhadores.<br />
Os acionamentos menos freqüentes estão posicionados em alcance máximo para os trabalhadores.<br />
Os comandos estão posicionados entre a linha de ombros e a linha dos joelhos dos trabalhadores.<br />
As ferramentas com peso superior a 12 Kg estão suspensas por balancins.<br />
Os monitores ou displays estão posicionados abaixo da linha dos olhos dos trabalhadores.<br />
A força para encaixe/ posicionamento de produtos no equipamento ou dispositivo é menor de 1 Kg.<br />
As tarefas ou acionamentos com precisão estão posicionados a 30 cm dos olhos.<br />
As tarefas ou acionamentos normais estão posicionados na linha do cotovelo da média da população (103 cm).<br />
As tarefas ou acionamentos pesados estão posicionados na linha da cintura da média da população (88 cm).<br />
Para operar sentado, verificar se: C NC NA<br />
A bancada para atividades de monitoramento e controle está inclinada.<br />
A altura da parte frontal da bancada inclinada é 75 cm e a altura da parte alta da bancada é, no máximo, 120 cm.<br />
O espaço mínimo para as pernas sob o tampo da bancada aos trabalhadores.<br />
Bancadas, mesas ou outra superfície de trabalho possuem 75 cm de altura em relação ao piso.<br />
Há previsão de instalação de apoio para os pés, a funcionários até 178 cm.<br />
Há previsão de instalação de cadeiras ergonômicas para os postos avaliados.<br />
C: Conforme NC: Não Conforme NA: Não se Aplica<br />
Dicas Práticas<br />
Movimentação e armazenamento<br />
de materiais<br />
Usar prateleiras em várias alturas<br />
ou estantes, próximo à área de<br />
trabalho, para diminuir o transporte<br />
manual de materiais; usar mecanismos<br />
para levantar, baixar e mover<br />
materiais pesados; em vez de transportar<br />
cargas pesadas, repartir o<br />
peso em pacotes menores e mais<br />
leves, em recipientes ou bandejas;<br />
manter objetos junto ao corpo, enquanto<br />
são transportados; combinar<br />
o erguimento de cargas pesadas com<br />
tarefas mais leves, para evitar lesões<br />
e fadiga, aumentando a eficiência.<br />
Ferramentas manuais<br />
Em tarefas repetitivas, empregar<br />
ferramentas específicas para o seu<br />
uso; minimizar o peso delas (exceto<br />
em caso de ferramentas de bater);<br />
escolher as que possam ser manuseadas<br />
com um mínimo de esforço;<br />
fornecer as ferramentas manuais<br />
que tenham formato de cabo, comprimento<br />
e forma apropriados para o<br />
manejo confortável; providenciar ferramentas<br />
manuais com pega em preensão<br />
que tenham a fricção adequada<br />
ou com dispositivos de segurança<br />
ou retenção para evitar que deslizem<br />
ou escapem; minimizar sua vibração<br />
e ruído; inspecioná-las e mantê-las<br />
regularmente; dar treinamento<br />
antes da utilização de ferramentas<br />
mecânicas, pneumáticas ou elétricas;<br />
providenciar espaço suficiente e<br />
apoio estável dos pés para o seu<br />
manuseio.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 39
tema central da edição 2008<br />
da Megasipat (Mega Semana<br />
Interna de Prevenção a Acidentes<br />
do Trabalho), evento promovido<br />
pelo <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>, em parceria com<br />
Senai-<strong>SP</strong>, Sesi-<strong>SP</strong> e Seconci-<strong>SP</strong>, é a<br />
busca por uma nova atitude perante a<br />
família, o trabalho e a sociedade, voltada<br />
à qualidade de vida, segurança, saúde<br />
e cidadania do trabalhador da construção<br />
civil.<br />
Sob o título “Você”, a Megasipat 2008<br />
já está percorrendo a Capital e as 9 cidades-sede<br />
de Regionais do sindicato em<br />
todo o Estado de São Paulo – em Santos,<br />
aconteceu em 11 de junho (confira a<br />
cobertura do evento santista na próxima<br />
edição da revista).<br />
Na Megasipat, trabalhadores de várias<br />
empresas construtoras unem-se em<br />
um dia dedicado essencialmente à saúde<br />
e segurança do trabalho. A proposta<br />
do evento é agrupar em um mesmo<br />
Exame de glicemia é uma das atividades da Megasipat<br />
<br />
<br />
<br />
espaço frentes de trabalho de vários<br />
canteiros de obra diferentes, ajudando<br />
a reciclar o conhecimento do maior número<br />
possível de trabalhadores da<br />
construção civil. Nela, a campanha contra<br />
acidentes não se limita a incentivar<br />
o uso de capacetes e luvas. Há a preocupação<br />
de aprimorar as relações interpessoais,<br />
a nutrição dos trabalhadores<br />
e o conceito de cidadania. Desde<br />
seu lançamento, o Projeto Megasipat<br />
já atendeu mais de 10.000 trabalhadores,<br />
de 1.400 empresas em todo o Estado.<br />
O público beneficiado<br />
ultrapassa esse número, já<br />
que os participantes se tornam<br />
multiplicadores de informação<br />
nos seus locais de<br />
trabalho.<br />
Foto: Divulgação<br />
Talk show<br />
Tradicionalmente seguidas<br />
de esquetes teatrais, as<br />
palestras da Megasipat terão<br />
neste ano um formato diferente.<br />
Desta vez um criativo<br />
talk show pretende provocar,<br />
de maneira positiva,<br />
a reflexão individual e cole-<br />
tiva dos participantes. As idéias serão<br />
expostas em forma de dicas, aconselhamentos,<br />
receitas e manual de instrução<br />
para que cada trabalhador participante<br />
analise como está conduzindo<br />
sua própria vida pessoal (saúde e cidadania)<br />
e profissional, encontrando pontos<br />
que podem ser melhorados. As discussões<br />
deverão ajudar a esclarecer os<br />
procedimentos para evitar acidentes de<br />
trabalho, como prevenir a Aids/DST, o<br />
alcoolismo e doenças contagiosas e<br />
como preservar o meio ambiente e cultivar<br />
a cidadania.<br />
À tarde, o evento será dedicado a<br />
educar os trabalhadores da construção<br />
civil sobre o que é a NR 18 (Norma Regulamentadora<br />
que rege as Condições<br />
e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria<br />
da Construção). Em vigor desde<br />
1995, a norma determina todos os procedimentos<br />
e as providências que devem<br />
ser adotados em relação à Saúde<br />
e Segurança do Trabalho no canteiro de<br />
obra, mas ainda é pouco conhecida pelos<br />
operários.<br />
O evento também oferece a oportunidade<br />
de os trabalhadores realizarem<br />
exames médicos (glicemia, acuidade visual<br />
e pressão arterial) e atividades físicas.<br />
Além disso, são disponibilizadas refeições<br />
gratuitas aos participantes. Depois<br />
de Santos, a Megasipat seguirá até<br />
29 de outubro, em São José dos Campos<br />
(veja a programação no quadro).<br />
O evento é apoiado por Sintracon, Feticom,<br />
Força Sindical, DRT-<strong>SP</strong>/MTE, Fundacentro,<br />
Sinpait, Sintesp e ADJ (Associação<br />
de Diabetes Juvenil). (NB)
42<br />
<br />
<br />
ara o Seconci-<strong>SP</strong>, apoiar a realização<br />
do ConstruSer é o caminho<br />
natural para uma entidade<br />
que há mais de 40 anos se dedica a<br />
prestar atendimento médico-ambulatorial<br />
e odontológico aos trabalhadores<br />
da construção e seus dependentes.<br />
Mais do que isso, participar de iniciativas<br />
como essa está no cerne da nossa<br />
missão, “promover ações de saúde,<br />
educação e assistência social”.<br />
Por essa razão, embora não tenhamos<br />
Unidades em todos os dez municípios<br />
onde foram promovidos os eventos,<br />
decidimos estar presentes de forma<br />
global, consolidando nossa parceria<br />
com o <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>, o Sesi, o Senai<br />
e as demais entidades que colaboraram<br />
para concretizar esse projeto.<br />
Se o ConstruSer foi um marco para<br />
o setor da construção, também foi para<br />
o Seconci-<strong>SP</strong>. Primeiro porque exemplificou<br />
bem nosso crescimento institucional,<br />
pois pudemos contar com voluntários<br />
do corpo de Enfermagem, não<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
apenas das Unidades ambulatoriais,<br />
como também dos três hospitais públicos<br />
que gerenciamos.<br />
E também porque foi o primeiro<br />
evento dessa amplitude que contou<br />
com a participação do Instituto de Ensino<br />
e Pesquisa Armênio Crestana (Iepac),<br />
no seu planejamento e organização.<br />
Dessa feita, mobilizamos mais de<br />
250 pessoas, entre profissionais do Seconci-<strong>SP</strong><br />
e alunos de Escolas Técnicas<br />
de Enfermagem.<br />
Norma Araujo *<br />
<br />
<br />
Introduzimos a prática de avaliar a<br />
organização nos seus mais diversos<br />
aspectos, desde o treinamento recebido<br />
e as condições locais para a realização<br />
do trabalho, até a participação<br />
dos alunos e das Escolas, englobando<br />
a infra-estrutura e as acomodações<br />
oferecidas aos<br />
voluntários.<br />
Em um evento caracterizado<br />
por múltiplas atividades,<br />
o Seconci-<strong>SP</strong> ficou responsável<br />
pelas orientações<br />
de saúde, oferecendo testes<br />
de glicemia, colesterol<br />
e acuidade visual, e aferição<br />
de pressão arterial. De<br />
um universo de 17 mil pessoas,<br />
segundo levantamento<br />
do <strong>SindusCon</strong>-<strong>SP</strong>, realizamos<br />
cerca de 4.700 pro-<br />
xxxx<br />
cedimentos, dos quais 33,3% medições<br />
de pressão arterial, 32,2% testes<br />
de glicemia, 23,2% de acuidade visual<br />
e 11,4% de colesterol, representando<br />
em média 2,5 procedimentos por pessoa<br />
(ver gráfico abaixo).<br />
O ConstruSer cumpriu com méritos<br />
o objetivo de valorizar os trabalhadores<br />
da construção e seus familiares e<br />
também foi uma ótima oportunidade<br />
para podermos estudar e conhecer<br />
melhor esse trabalhador. A construção<br />
é reconhecida como o setor que emprega<br />
muita mão-de-obra, mas o número<br />
de estudos sobre o perfil dessa<br />
categoria é inversamente proporcional<br />
a esse contingente. Está na hora de mudarmos<br />
esse placar.<br />
Sob a coordenação do Iepac, a<br />
análise dos dados apurados no ConstruSer<br />
está em fase de processamento<br />
e, na próxima edição, apresentaremos<br />
o diagnóstico por procedimento<br />
e por faixa etária, trazendo subsídios<br />
para uma discussão que deve estar<br />
sempre em pauta.<br />
* MÉDICA PEDIATRA, MESTRE EM SAÚDE PÚBLICA, DOU-<br />
TORA EM CIÊNCIAS PELA U<strong>SP</strong>, É SUPERINTENDENTE DO<br />
INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA ARMÊNIO CRESTANA<br />
(IEPAC) DO SECONCI-<strong>SP</strong>
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 43
44<br />
<br />
<br />
e acordo com a American Marketing<br />
Association, a nova definição<br />
de marketing estabelece que ele<br />
tem responsabilidade pela sociedade:<br />
"Marketing é a atividade, o conjunto de<br />
instituições e processos para criação,<br />
comunicação, entrega e troca de ofertas<br />
que tenham valor para os clientes,<br />
consumidores/usuários, sócios e para<br />
a sociedade em geral." Em outras palavras,<br />
todos se beneficiam do marketing.<br />
Se fizermos a transposição desses<br />
conceitos para o marketing político, ele<br />
deve ter por objetivo levantar as necessidades<br />
e expectativas de cada comunidade<br />
sobre a qual o candidato político terá<br />
influência para que a sua plataforma de<br />
campanha contemple os aspectos prioritários<br />
a serem trabalhados dentro dos limites<br />
do orçamento público da sua área<br />
de abrangência, seja bairro (vereadores),<br />
município (prefeitos), região (deputados)<br />
estado (governadores) o país (presidente<br />
e senadores).<br />
Assim, pesquisas devem ser conduzidas<br />
para orientar as equipes dos candidatos<br />
de forma que elas possam entender<br />
o contexto e o ambiente social para<br />
atender, através de projetos e orientações<br />
às secretarias e ministérios, os anseios<br />
dos cidadãos eleitores, propiciando que<br />
escolham objetivamente seu representante<br />
legal legítimo.<br />
Todo esse esforço terá como resultado<br />
o emprego do dinheiro público em<br />
obras de utilidade indiscutível e em uma<br />
melhora das condições de vida da sociedade<br />
em geral, permitindo que o eleitor<br />
perceba exercício de seu direito de cidadania<br />
e sinta a importância de sua partici-<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
pação no processo eleitoral, única ferramenta<br />
à disposição para influenciar os<br />
rumos do país.<br />
As instituições e os processos para<br />
criação, comunicação e entrega desses<br />
serviços de valor, traduzidos em obras<br />
de infra-estrutura, saúde, educação, lazer<br />
etc., são integrados por profissionais<br />
de marketing, estrategistas que estabeleceram<br />
por objetivo servir à sociedade e<br />
por meta melhorar a qualidade de vida<br />
de seus concidadãos.<br />
Antonio Jesus de Britto Cosenza *<br />
<br />
<br />
É a prática do marketing na sua mais<br />
bela e legítima essência, de acordo com<br />
Raimar Richers –professor fundador da<br />
EAE<strong>SP</strong>-FGV, berço de empresários, empreendedores,<br />
executivos e políticos brasileiros–,<br />
que integra uma análise, uma<br />
adaptação, uma ativação e uma avaliação.<br />
Análise para investigar junto aos cidadãos<br />
seus anseios e seus problemas.<br />
Adaptação para que o projeto político do<br />
candidato não esteja desalinhado com<br />
as necessidades dos eleitores que representará.<br />
Ativação para comunicar e<br />
entregar esses serviços de valor, demonstrando<br />
as reais e legítimas intenções<br />
de representar o eleitorado, ao retribuí-lo<br />
com projetos que melhorem o seu bem<br />
estar. Avaliação para, novamente por<br />
meio de pesquisa, assegurar-se de que<br />
os resultados esperados são alcançados<br />
e, em caso de desvios, sejam efetuadas<br />
as correções necessárias para atingi-los.<br />
No Brasil, não há utilização do marketing<br />
político, mas de ações que maquiam<br />
a realidade e transformam o candidato<br />
em um “pop star”. É um desfile de moda<br />
de mau gosto, más intenções e resultado<br />
deplorável.<br />
Profissional de marketing não é “marketeiro/marqueteiro”.<br />
Isso é sinônimo de<br />
“marreteiro” ou maquiador e mesmo, maquinador.<br />
Em nosso país, os maquinadores<br />
pesquisam a popularidade e o conhe-<br />
cimento do nome do candidato e, se necessário,<br />
até mudam seu nome e sua imagem<br />
de marca. Transformam sua figura<br />
em um modelo estrela e comunicam ao<br />
público como um produto a ser consumido<br />
em uma TRANSAÇÃO, a eleição. Experimentem,<br />
parecem dizer, mas a experiência<br />
é infelizmente de longa duração.<br />
Um dia teremos marketing político no<br />
Brasil. Os eleitores despertarão e se conscientizarão<br />
de sua força. A ética será palavra<br />
de ordem e os verdadeiros profissionais<br />
de marketing poderão mostrar sua<br />
valia e dar sua legítima contribuição.<br />
* CONSULTOR DE EMPRESAS E PROFESSOR DA EAE<strong>SP</strong>-<br />
FGV E DA BBS
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 45
46<br />
<br />
<br />
ivencio uma experiência profissional<br />
bastante interessante.<br />
Após quase 30 anos atuando na<br />
Cidade Universitária, um oásis na floresta<br />
de edifícios da cidade de São Paulo,<br />
trabalho desde fevereiro perto da av. Paulista.<br />
A mudança foi radical, mas não dramática:<br />
troquei o conforto de convívio com<br />
a natureza pela facilidade de acesso a<br />
todo tipo de serviço. Pude também, constatar,<br />
olhando os edifícios vizinhos, o grande<br />
número de reformas em andamento.<br />
Praticamente todos que compram ou alugam<br />
um apartamento ou escritório o<br />
adaptam a suas necessidades, e assim<br />
realizam reformas e serviços de manutenção<br />
de monta.<br />
Muitas vezes esses serviços são executados<br />
pelos próprios usuários que não<br />
têm experiência nessas atividades e<br />
muito menos conhecimento dos materiais<br />
e componentes empregados. A tendência<br />
de "faça você mesmo" já está incorporada<br />
no Brasil, seguindo a prática internacional<br />
de DIY ("do it yourself") ou<br />
bricolage –fazer por conta própria de<br />
maneira esporádica, não habitual. Não<br />
estou incluindo nessa análise a autoconstrução,<br />
um tema complexo que merece<br />
discussão específica.<br />
O que a indústria da construção civil<br />
tem feito para colaborar com os adeptos<br />
do DIY? Os construtores têm como atuar<br />
nesse setor? Essas reformas/manutenção<br />
são principalmente dos revestimentos,<br />
e um pouco dos sistemas prediais,<br />
notadamente de água e esgoto.<br />
Em um artigo anterior, frisei que o<br />
setor de materiais e componentes da<br />
construção é o mais ativo para introduzir<br />
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO<br />
inovações que influem em toda cadeia<br />
produtiva. Para esse público não é diferente:<br />
o setor tem-se adaptado de forma<br />
exemplar para atendê-lo e tornar suas<br />
atividades mais fáceis e prazerosas. O<br />
parceiro importante da indústria de materiais<br />
tem sido o setor de comércio varejista,<br />
principalmente as grandes redes de<br />
lojas de materiais de construção, que<br />
assimilaram as técnicas internacionais e<br />
conseguem incentivar os clientes a realizar<br />
melhorias nas suas residências e<br />
Vahan Agopyan *<br />
<br />
<br />
locais de trabalho. Confesso: eu também<br />
já comprei ferramentas que utilizei uma<br />
única vez (ou nenhuma, continuam dentro<br />
dos invólucros) e novo produto de<br />
acabamento, sem que o anterior estivesse<br />
deteriorado.<br />
Colegas mais experientes podem<br />
comprovar que nas duas últimas décadas<br />
os materiais e componentes ganharam<br />
variedade, versatilidade e facilidade<br />
de aplicação, de maneira significativa.<br />
Mais: o comércio, além de apresentar<br />
mostruários estimulantes, incorporou a<br />
prestação de pequenos serviços, como<br />
o corte de madeira, vidro etc., incentivando<br />
ainda mais o cliente a realizar as reformas.<br />
Hoje, além de renovar a pintura<br />
ou trocar um carpete, é possível um não<br />
profissional mudar revestimentos, inclusive<br />
cerâmicos, metais sanitários e esquadrias.<br />
Com um pouco mais de esfor-<br />
ço, chega-se aos sistemas prediais e divisórias.<br />
Segundo a Anamaco, os resultados<br />
são bastante entusiasmantes e o<br />
setor vem obtendo bom retorno.<br />
A participação das construtoras para<br />
esse segmento de consumidor é quase<br />
nula. No entanto, algumas micro e pequenas<br />
empresas estão começando a<br />
descobrir o mercado e atuando junto<br />
com o comércio varejista, oferecendo o<br />
produto instalado. No caso de divisórias<br />
leves, a experiência é mais antiga e bem<br />
sucedida. Mesmo no exterior, o mercado<br />
é restrito para as construtoras de porte<br />
maior.<br />
O ponto importante para esse segmento,<br />
em que o consumidor é de fato<br />
leigo e necessita de orientação para sua<br />
compra, é a certificação do produto, que<br />
se torna imprescindível. Alguns setores<br />
da indústria estão atentos ao fato e já<br />
apresentam essa abordagem, apoiando<br />
as iniciativas do PBQP-H. O comércio<br />
varejista também está amadurecido e<br />
incorporou a necessidade de realizar<br />
uma venda mais técnica para esse tipo<br />
de cliente.<br />
* PROFESSOR DA POLI-U<strong>SP</strong> E COORDENADOR DE<br />
CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA SECRETARIA DO DESEN-<br />
VOLVIMENTO DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO<br />
E-MAIL: VAHAN.AGOPYAN@POLI.U<strong>SP</strong>.BR
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