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16. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PROVA DE CARGA ... - Unama

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CENTRO <strong>DE</strong> CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA – CCET<br />

CURSO <strong>DE</strong> ENGENHARIA CIVIL<br />

<strong>ESTUDO</strong> <strong>COMPARATIVO</strong> <strong>ENTRE</strong> <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> DINÂMICA,<br />

<strong>CARGA</strong> ESTÁTICA <strong>DE</strong> PROJETO E MÉTODOS DINÂMICOS EM<br />

ESTACAS <strong>DE</strong> PERFIS METÁLICOS: <strong>ESTUDO</strong> <strong>DE</strong> CASO.<br />

BÁRBARA CALUFF RODRIGUES<br />

JOÃO FRANCO FILHO<br />

Belém - PA<br />

2012


CENTRO <strong>DE</strong> CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA – CCET<br />

CURSO <strong>DE</strong> ENGENHARIA CIVIL<br />

<strong>ESTUDO</strong> <strong>COMPARATIVO</strong> <strong>ENTRE</strong> <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> DINÂMICA,<br />

<strong>CARGA</strong> ESTÁTICA <strong>DE</strong> PROJETO E MÉTODOS DINÂMICOS EM<br />

ESTACAS <strong>DE</strong> PERFIS METÁLICOS: <strong>ESTUDO</strong> <strong>DE</strong> CASO.<br />

BÁRBARA CALUFF RODRIGUES<br />

JOÃO FRANCO FILHO<br />

ORIENTADOR: MSC. WAN<strong>DE</strong>MYR MATA DOS SANTOS FILHO<br />

Trabalho de conclusão de curso<br />

apresentado como exigência parcial para a<br />

obtenção do título de engenheiro civil<br />

submetido à banca examinadora do Centro<br />

de Ciências Exatas e Tecnologia da<br />

Universidade da Amazônia.<br />

Belém - PA<br />

2012<br />

2


Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Congregação do Curso de<br />

Engenharia Civil do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da<br />

Amazônia como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Civil,<br />

sendo considerado satisfatório e A<strong>PROVA</strong>DO em sua forma final pela banca<br />

examinadora existente.<br />

BANCA EXAMINADORA:<br />

WAN<strong>DE</strong>MYR MATA DOS SANTOS FILHO, Mestre (UNAMA)<br />

(ORIENTADOR)<br />

LEONARDO AUGUSTO LOBATO BELLO, Doutor (UNAMA)<br />

(EXAMINADOR INTERNO)<br />

JOÃO LUIZ SAMPAIO JUNIOR, Doutor (FACI)<br />

(EXAMINADOR EXTERNO)<br />

Apresentado em 12 de Dezembro de 2012.<br />

3


“Escolha um trabalho de que gostes e não terás<br />

que trabalhar nenhum dia da tua vida”<br />

Confúcio<br />

4


AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

Agradeço a meus pais João e Paula e meus irmãos Paulo Henrique e Camila,<br />

pelo amor incondicional. Sem eles nada seria possível.<br />

A meus avós Oscar, Jacira, Felipe, Maria José e todos os meus queridos tios e<br />

primos pelo apoio em todos os meus projetos.<br />

Ao meu noivo Eugen, por todo amor, carinho e companheirismo. Meu grande<br />

incentivo e ajuda nas minhas dificuldades.<br />

Minha gratidão à UNAMA e aos professores que possibilitaram minha<br />

formação profissional.<br />

Meu carinho aos amigos de sempre e aos colegas. Em especial, agradeço ao<br />

João Franco, parceiro neste trabalho e amigo sempre presente.<br />

E assim termina e começa mais uma etapa de minha vida. Agradeço a meu<br />

Deus que tornou tudo isso possível e à minha protetora Nossa Senhora de Nazaré,<br />

minha permanente intercessora.<br />

Bárbara Caluff Rodrigues<br />

5


A Deus, pela vida, saúde, esperança e fé.<br />

A minha família, meus pais João Neto Franco e Ana Cecília, minha irmã Júlia,<br />

pelo amor incondicional.<br />

A minha namorada Lillian. Pelo amor, companheirismo e carinho.<br />

Aos Primos Aisiane, Glauber, Gustavo, Cidson e George. Pela amizade,<br />

incentivo e convivência.<br />

necessárias.<br />

A dona Izabel (Bebel) e Maria, pelos cuidados e dedicação.<br />

A UNAMA, pelos professores e servidores, sempre presentes nas horas<br />

A Construtora Bruno Miléo, especialmente aos engenheiros Bruno Miléo e<br />

Sônia Tavares, pela oportunidade de iniciar minha vida profissional em um ambiente<br />

aconchegante e exemplar.<br />

A família CONSENGE ENGENHARIA, na pessoa do engenheiro Amauri Rêgo<br />

pelo apoio e experiência profissional adquiridos durante minha estadia em Curitiba-PR.<br />

A WS GEOTECNIA, meus amigos engenheiros Stoessel Sadalla, Rafael Lobato<br />

e Wandemy Mata, este último como meu professor-orientador neste TCC; agradeço a<br />

oportunidade de aprofundar meus conhecimentos em obras de Geotecnia.<br />

sempre.<br />

A toda equipe de colaboradores da FRANCO ENGENHARIA, meus amigos de<br />

As amizades que conquistei em Belém do Pará, levarei vocês na bagagem como<br />

meus irmãos, amigos e companheiros.<br />

A turma de formandos em Engenharia Civil 2012-2 da UNAMA pela amizade,<br />

companheirismo e todos os momentos vividos durante esta jornada.<br />

Enfim, a todos que contribuíram para minha formação acadêmica e humana,<br />

meu muito obrigado, que Deus os ilumine e guarde.<br />

João Franco Filho<br />

6


RESUMO<br />

ABSTRACT<br />

SUMÁRIO<br />

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO …………………………………………………… 15<br />

CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ………………………………….. 17<br />

2.1 – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA …………………………………… 17<br />

2.1.1 – SPT – Standard Penetration Test ………………..……………. 18<br />

2.2 – TRANSFERÊNCIA <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> EM ESTACAS ................................... 20<br />

2.3 – CAPACIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> ................................................................... 21<br />

2.4- MÉTODOS <strong>DE</strong> PREVISÃO <strong>DE</strong> CAPACIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> ............... 21<br />

2.4.1 – Métodos Semi-Empíricos ..................................................... 22<br />

2.4.1.1 – Método de AOKI-VELOSO ....................................... 22<br />

2.4.1.2 – Método de DÉCOURT-QUARESMA ........................ 25<br />

2.4.1.3 – Método de PEDRO PAULO VELLOSO .................... 27<br />

2.5 – ESTACAS CRAVADAS .......................................................................... 28<br />

2.5.1 – ESTACAS METÁLICAS .......................................................... 29<br />

2.5.1.1. – Processo executivo de Estacas Metálicas .................. 33<br />

2.5.1.1.1 – Método de Cravação ..................................... 34<br />

2.5.1.2. – Controles de Cravação ............................................... 37<br />

2.5.1.2.1 – Controle pela Nega e Repique ...................... 37<br />

2.5.1.2.2 – Controle por formulações dinâmicas ............ 39<br />

2.5.1.2.2.1 - Fórmula dos Dinamarqueses .......... 39<br />

2.5.1.2.2.2 - Fórmula de Janbu ........................... 40<br />

2.6 – <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> ................................................................................ 41<br />

2.6.1 – <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> ESTÁTICA ............................................ 41<br />

2.6.2 – <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> DINÂMICA ........................................... 44<br />

7


2.6.2.1 – Exemplos de sinais obtidos em campo ........................ 51<br />

2.6.2.2 - Equação da Onda ......................................................... 57<br />

2.6.2.3 - Modelo de Smith .......................................................... 59<br />

2.6.2.4 – Método de análise CASE ............................................ 62<br />

2.6.2.5 – Método de análise CAPWAP ...................................... 64<br />

CAPÍTULO 3: CAMPO EXPERIMENTAL ............................................................ 68<br />

3.1 – ÁREA <strong>DE</strong> <strong>ESTUDO</strong> ................................................................................ 68<br />

3.1.1 – Características geológicas e geotécnicas de Belém ................... 71<br />

3.1.2 – Particularidades geotécnicas do solo em Belém ........................ 74<br />

3.1.3 – Investigação geotécnica da área estudada .................................. 77<br />

CAPÍTULO 4: MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................. 83<br />

4.1 – EXECUÇÃO DAS ESTACAS …………………………………………. 83<br />

4.1.1 – Preparação das estacas para a Provas de Carga Dinâmica ......... 85<br />

4.1.2 – Instrumentação das estacas ........................................................ 89<br />

4.2 – REALIZAÇÃO DA <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> DINÂMICA ......................... 93<br />

CAPÍTULO 5: APRESENTAÇÃO <strong>DE</strong> RESULTADOS ......................................... 94<br />

5.1 – DADOS OBTIDOS PELO MÉTODO CAPWAP .................................... 94<br />

5.2 – CURVAS <strong>DE</strong> RESISTÊNCIA X <strong>DE</strong>SLOCAMENTO ............................ 95<br />

5.3 – GRÁFICOS <strong>DE</strong> FORÇA MEDIDA E CALCULADA ............................ 99<br />

5.4 – GRÁFICOS <strong>DE</strong> SINAIS <strong>DE</strong> FORÇA E VELOCIDA<strong>DE</strong> ...................... 101<br />

5.5 – SIMULAÇÃO <strong>DE</strong> <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> ESTÁTICA .......................... 104<br />

5.6 – GRÁFICO <strong>DE</strong> NEGA X <strong>DE</strong>SLOCAMENTO ........................................107<br />

5.7 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS .................................................110<br />

CAPÍTULO 6: SUGESTÕES E CONCLUSÕES ....................................................114<br />

CAPÍTULO 7: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................116<br />

ANEXO A – PERFIL GEOTÉCNICO COMPLETO <strong>DE</strong> SONDAGEM SPT<br />

8


ANEXO B – RELATÓRIOS <strong>DE</strong> CAMPO COM DADOS OBTIDOS E<br />

MEDIÇÕES <strong>DE</strong> NEGA DURANTE O ENSAIO .<br />

ANEXO C – SINAIS <strong>DE</strong> FORÇA E VELOCIDA<strong>DE</strong> INDIVIDUAIS <strong>DE</strong> CADA<br />

GOLPE NAS ESTACAS ENSAIADAS<br />

ANEXO C – DADOS <strong>DE</strong> ANÁLISE CAPWAP<br />

9


LISTA <strong>DE</strong> SÍMBOLOS E ABREVIATURAS<br />

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;<br />

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora;<br />

SPT – Standard Penetration Test ou Teste de Penetração Padrão;<br />

CPT – Cone Penetrarion Test ou Teste de Penetração do Cone;<br />

PDA – Pile Driving Analyzer;<br />

ECD – Ensaio de Carregamento Dinâmico;<br />

CASE – Case Institute of Technology;<br />

CAPWAP – Case Pile Wave Analysis Program;<br />

PILE: Estaca;<br />

BN: Número do golpe;<br />

Wu: Onda Ascendente;<br />

LP: Comprimento da estaca embutido no solo;<br />

LE: Comprimento de estaca abaixo dos sensores;<br />

RMX: Capacidade mobilizada calculada pelo método CASE, para um fator<br />

deamortecimento “Jc” adotado com base nas análises CAPWAP;<br />

EMX: Energia máxima transferida para a estaca durante o golpe, na região dos sensores;<br />

CSX: Tensão máxima de compressão na região dos sensores; valor calculado a partir da<br />

média dos dois sinais de força (CSX=FMX/AR);<br />

CSI: Tensão máxima de compressão na região dos sensores; valor calculado a partir do<br />

maior dos dois sinais de força. Quanto mais próximo CSI for de CSX, menor a flexão<br />

sofrida pela estaca durante o golpe;<br />

TSX: Máxima tensão de tração calculada ao longo do fuste da estaca;<br />

DMX: Deslocamento máximo da estaca durante o golpe;<br />

DFN: Deslocamento permanente ao final do golpe;<br />

CSB: Tensão máxima de compressão na ponta da estaca;<br />

10


FMX: Máxima força de compressão originada pelo impacto do martelo, medido na<br />

região dos sensores;<br />

AR: Área de seção efetiva da estaca;<br />

EM: Módulo de elasticidade dinâmico do material da estaca;<br />

SP: Peso específico do material da estaca;<br />

WS: Velocidade de propagação da onda da estaca na região dos sensores;<br />

JC: Fator de amortecimento dinâmico do solo;<br />

2L/c: Tempo necessário para que a onda retorne ao topo da estaca;<br />

EA/C: Impedância da estaca;<br />

FR: frequência da onda;<br />

Rp – Resistência de ponta;<br />

rp - Capacidade de carga do solo na cota de apoio do elemento estrutural de fundação;<br />

Ap – Área da ponta;<br />

RL – Resistência lateral;<br />

rL - Tensão média de adesão ou de atrito lateral na espessura da camada de solo;<br />

U – Perímetro do fuste;<br />

L – Comprimento da estaca;<br />

qc – Resistência de ponta do cone;<br />

fc – Atrito lateral unitário na luva;<br />

F1 - Fator de carga de ponta em função do tipo de estaca (AOKI & VELLOSO);<br />

F2 - Fator de carga lateral em função do tipo de estaca (AOKI & VELLOSO);<br />

αAV - Relação de atrito (AOKI & VELLOSO);<br />

K – Fator de carga (AOKI & VELLOSO);<br />

N – Número de golpes do SPT;<br />

Np – Índice de resistência à penetração na cota de apoio da ponta da estaca;<br />

NL – Índice de resistência à penetração médio na camada de solo;<br />

11


ΔL – Espessura da camada de solo;<br />

C – coeficiente característico do solo (DÉCOURT & QUARESMA);<br />

αDQ - coeficiente em função do tipo de solo e estaca (DÉCOURT & QUARESMA);<br />

βDQ - coeficiente em função do tipo de solo e estaca (DÉCOURT & QUARESMA);<br />

αPPV - fator da execução da estaca (P.P. VELLOSO);<br />

λ - fator de carregamento (P.P. VELLOSO);<br />

βPPV - fator de dimensão da base (P.P. VELLOSO);<br />

b - diâmetro da ponta do CPT (P.P. VELLOSO);<br />

W - peso do pilão;<br />

h - altura de queda do pilão;<br />

R - resistência do solo à penetração da estaca;<br />

s - nega correspondente ao valor de h;<br />

E – Módulo de elasticidade da estaca;<br />

η – Fator de eficiência do sistema de cravação;<br />

A – Área da secção transversal da estaca;


RESUMO<br />

Através de Prova de Carga Dinâmica, foram analisadas 5 (cinco) estacas pré-<br />

moldadas em perfil metálico de um edifício residencial de 29 pavimentos na cidade de<br />

Belém/PA, executadas em solo bastante heterogêneo, constituído basicamente de argila<br />

silto arenosa e areia silto argilosa, sendo o primeiro material predominante no perfil<br />

geotécnico.<br />

Os resultados obtidos nas Provas de Carga Dinâmica foram confrontados com a<br />

capacidade de carga estática de projeto obtida através de métodos Semi–Empíricos de<br />

previsão capacidade de carga e também com resultados obtidos em formulações<br />

dinâmicas.<br />

Palavras Chave: Perfil metálico, Prova de Carga Dinâmica, Análise de dados.<br />

13


ABSTRACT<br />

Through Dynamic Load Test, were analyzed five (5) pre-cast piles in steel<br />

profile of a residential building of 29 floors in the city of Belém/PA, performed in<br />

heterogeneous soil, consisting primarily of silty clay and sandy silty clayey sand , the<br />

former being predominant material in geotechnical profile.<br />

The results obtained in the Dynamic Load Tests were compared to static load<br />

design obtained by semi-empirical methods forecast load and also results in dynamic<br />

formulations.<br />

Keywords: Metallic Pile, Dynamic Load Test, Data Analysis.<br />

14


CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO<br />

Com o passar dos anos e fomentado pelo avanço da tecnologia, as edificações<br />

estão se tornando cada vez maiores e mais dispendiosas, inclusive sendo feitas em<br />

terrenos de baixa qualidade. Para que tais construções permaneçam estáveis são<br />

necessárias fundações competentes e leves, o que aumentou a procura por fundações<br />

metálicas. Há casos também em que pequenas edificações necessitam de fundações<br />

profundas por situarem-se em área de solos de baixa resistência. As estacas metálicas<br />

são ideias para quase todos os tipos de solo, uma vez que se adequam a viabilidade de<br />

cada terreno. (VÁRIOS AUTORES, 1998).<br />

Embora o custo de estacas metálicas ainda seja relativamente alto comparado<br />

com os outros tipos de estacas, em várias situações o uso se torna economicamente<br />

viável pois é possível atender várias fases da construção além de permitir cravação fácil,<br />

de baixa vibração, trabalhando bem à flexão e não apresentando problemas maiores<br />

quanto à manipulação, transporte, emendas ou cortes. (VÁRIOS AUTORES, 1998).<br />

A redução do tempo de construção também é um fator que leva muitos<br />

engenheiros a optarem pelas estacas metálicas, uma vez que é possível a fabricação da<br />

estrutura em paralelo com a execução das obras de fundação, montagem e concretagem<br />

de lajes. O processo de cravação é simples, rápido e extremamente eficiente, além de<br />

que há vantagem no peso das peças, que por serem leves e terem comprimento padrão<br />

facilitam a logística e armazenamento.<br />

A cidade de Belém por ser uma área de formação geológica sedimentar,<br />

encontra-se em sua maior parte sob uma grande camada de material argiloso,<br />

caracterizando solo de baixa resistência (SALAME, 2006). Devido a este fato, existem<br />

muitos casos de construções de pequeno porte, até mesmo casas, que necessitam de<br />

fundações profundas. A estaca metálica pré-moldada é uma alternativa geotécnica que<br />

vem sendo bastante utilizada afim de solucionar esse contratempo no centro de Belém.<br />

Hoje em dia já podemos observar uma grande evolução nas estruturas<br />

metálicas. Máquinas foram aperfeiçoadas através da utilização de controles numéricos e<br />

computadores. Os nossos aços estruturais evoluíram, as opções de composição e<br />

resistência aumentaram. A nossa tecnologia de solda e os parafusos de alta resistência<br />

atingiram os maiores índices de qualidade, comparáveis aos padrões internacionais.<br />

(ANDRA<strong>DE</strong>, 1999). Atualmente muitos engenheiros estão começando a se dedicar às<br />

15


estruturas metálicas, pois já uma consciência técnica disposta a enfrentar a construção<br />

metálica de edifícios de andares múltiplos (para edifícios industriais não existem mais<br />

dúvidas a respeito).<br />

Com o avanço das técnicas de execução de fundações e devido ao grau de<br />

responsabilidade de certas obras, tornou-se essencial uma melhoria nas técnicas de<br />

monitoração, visando a obtenção de informações melhores e mais precisas durante as<br />

cravações, possibilitando um controle mais adequado às novas necessidades<br />

O controle de campo da capacidade de carga pode ser realizado através de<br />

provas de carga estáticas, controle pela “nega”, controle pelo repique e o controle por<br />

instrumentação dinâmica. Nesse contexto, o monitoramento e o controle de fundações<br />

profundas através do uso de um adequado sistema de instrumentação, aquisição e<br />

interpretação de dados, desempenham um papel fundamental na avaliação do<br />

comportamento destas estruturas, notavelmente durante a fase de execução. O Ensaio de<br />

Carregamento Dinâmico (ECD), baseado na análise de cravação de estacas através de<br />

instrumentação e fundamentado na teoria da equação da onda (Smith, 1960), objetiva<br />

determinar a capacidade de carga da interação estaca-solo. Fornece informações a<br />

respeito da integridade da estaca, do deslocamento máximo e das tensões máximas de<br />

compressão e de tração durante o golpe, dentre outros subsídios.<br />

O PDA (Pile Driving Analyser) é baseado na teoria da onda (Smith - 1960).<br />

Posteriormente, Goble desenvolveu pesquisas que levaram aos equipamentos (PDA) e<br />

métodos de ensaio atuais. O princípio de todo esse processo baseia-se no fato de que<br />

quando uma estaca é atingida por um golpe, é gerada uma onda de tensão que trafega na<br />

estaca com velocidade de acordo com as características do material<br />

A evolução dos equipamentos eletrônicos de medição e dos computadores<br />

digitais fez com que as monitorações ganhassem muito em precisão e agilidade,<br />

permitindo que modelos complexos para a representação do comportamento da estaca e<br />

do solo durante a cravação fossem adotados.<br />

16


CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

2.1 – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA<br />

A Engenharia Geotécnica é uma arte que se aprimora pela experiência, pela<br />

observação e análise do comportamento das obras, para o que é imprescindível atentar<br />

para as peculiaridades dos solos com base no entendimento dos mecanismos de<br />

comportamento, que constituem a essência da Mecânica dos Solos (PINTO, 2002).<br />

De acordo com SCHNAID (2000) o reconhecimento das condições do subsolo<br />

constitui pré-requisito para projetos de fundações seguros e econômicos. No Brasil o<br />

custo envolvido na execução de sondagens de reconhecimento varia normalmente entre<br />

0,2 e 0,5% do custo total da obra, sendo as informações geotécnicas obtidas<br />

indispensáveis à previsão dos custos fixos associados ao projeto e sua solução.<br />

A elaboração de projetos geotécnicos em geral e de fundações em particular,<br />

segundo HACHICH (1996), exige um conhecimento adequado dos solos. É necessário<br />

proceder-se à identificação e a classificação das diversas camadas componentes do<br />

substrato a ser analisado, assim como à avaliação das suas propriedades de engenharia.<br />

SCHNAID (2000) frisa que novos e modernos equipamentos de investigação<br />

foram introduzidos nas últimas décadas visando ampliar o uso de diferentes tecnologias<br />

em diferentes condições de subsolo.<br />

Segundo HACHICH (1996), entre os ensaios de campo existentes em todo o<br />

mundo, alguns se destacam e serão a seguir relacionados:<br />

• “Standard Penetration Test” – SPT<br />

• O “Standard Penetration Test”, complementado com medidas de torque SPT – T<br />

• O ensaio de penetração de cone – CPT<br />

• O ensaio de penetração de cone com medida de pressões neutras, ou piezocone –<br />

CPT – U<br />

• O ensaio de palheta – “Vene Test”<br />

• Os pressiômetros ( de Ménard e auto-perfurantes)<br />

• O dilatômetro de Marchetti<br />

• Os ensaios de carregamento de placa – provas de carga<br />

• Os ensaios geofísicos, em particular o ensaio de “Cross-Hole”<br />

17


Através da natureza investigativa da atividade geotécnica, segundo SCHNAID<br />

(2000), existem ensaios que são realizados somente para identificar a estratigrafia do<br />

subsolo e dos materiais que compõem as diferentes camadas. Essas informações são<br />

importantes para os profissionais envolvidos na área do planejamento, seja no<br />

crescimento do tecido urbano, impacto ambiental decorrente da implantação industrial,<br />

entre outras aplicações. Para a análise dos resultados, visando um projeto geotécnico<br />

específico, pode-se utilizar duas abordagens distintas:<br />

• Métodos diretos: Sendo de natureza empírica ou semi-empírica, têm fundamentação<br />

estatística, a partir das quais as medidas de ensaios que são correlacionadas ao<br />

desempenho de obras geotécnicas. O SPT constitui o mais conhecido exemplo<br />

brasileiro de uso de métodos diretos de previsão, aplicado à estimativa de recalques<br />

e a capacidade de carga de fundações;<br />

• Métodos Indiretos: Os resultados dos ensaios são aplicados à previsão de<br />

propriedades construtivas de solos, possibilitando a adoção de conceitos e<br />

formulações clássicas de Mecânica dos Solos como abordagem de projeto.<br />

2.1.1 – SPT – Standard Penetration Test<br />

No final da década de oitenta foi apresentado pela “International Society for<br />

Soil Mechanics and Foundation Engeneering”, ISSMFE, um documento intitulado<br />

“International Reference Test Procedure” Décourt et al (1988), que trata, em linhas<br />

gerais, do procedimento recomendado para execução do ensaio SPT, as iniciais em<br />

inglês de “Standard Penetration Test”. No Brasil, o ensaio está normatizado pela<br />

Associação Brasileira de Normas Técnicas através da Norma Brasileira (NBR 6484).<br />

SCHNAID (2000) afirma que o SPT é reconhecidamente a mais popular,<br />

rotineira e econômica ferramenta de investigação em praticamente todo o mundo,<br />

permitindo uma indicação da densidade de solos granulares, também aplicado à<br />

identificação da consistência de solos coesivos e mesmo de rochas brandas e que os<br />

métodos rotineiros de projeto de fundações direitas e profundas usam sistematicamente<br />

os resultados de SPT, especialmente no Brasil. Esse ensaio SPT constitui-se em uma<br />

medida de resistência dinâmica conjugada a uma sondagem de simples reconhecimento.<br />

HACHICH (1996) explica que a sondagem a percussão é um procedimento<br />

geotécnico de campo, capaz de amostrar o subsolo. Quando associada ao ensaio de<br />

18


penetração dinâmica (SPT), mede a resistência do solo ao longo da profundidade<br />

perfurada. Ao se realizar uma sondagem pretende-se conhecer:<br />

• O tipo solo atravessado através da retirada de uma amostra deformada, a cada metro<br />

perfurado;<br />

• A resistência (N) oferecida pelo solo à cravação do amostrador padrão, a cada metro<br />

perfurado;<br />

• A posição do nível ou dos níveis da água, quando encontrados durante a perfuração.<br />

O procedimento de ensaio consiste na cravação deste amostrador no fundo de<br />

uma escavação (revestida ou não), usando um peso de 65,0 kg, caindo de uma altura de<br />

750 mm. O valor NSPT é o número de golpes necessário para fazer o amostrador<br />

penetrar 300 mm, após uma cravação inicial de 150 mm. As vantagens deste ensaio com<br />

relação aos demais são: simplicidade do equipamento, baixo custo e obtenção de um<br />

valor numérico de ensaio que pode ser relacionado com regras empíricas de projeto,<br />

SCHNAID (2000).<br />

A resistência à penetração é um índice intensamente empregado em projetos de<br />

fundação. A escolha do tipo de fundação para prédios comuns, de 3 a 30 pavimentos, e<br />

as definições de projeto, como tipo e comprimento de estacas, etc, são costumeiramente<br />

baseadas só nos resultados de sondagens (identificação visual e NSPT), analisadas de<br />

acordo com a experiência regional e o conhecimento geológico do local, PINTO (2002).<br />

Por ser feito no campo sem a supervisão permanente de engenheiro e por<br />

depender de diversos detalhes de operação como, por exemplo, a livre queda do<br />

martelo, a folga do tubo de revestimento no fundo ou a limpeza prévia do furo, os<br />

resultados podem apresentar discrepâncias muito acentuadas. O projetista deve ter<br />

sempre uma especial atenção com relação à qualidade das sondagens, PINTO (2002).<br />

19


Figura 01: desenho esquemático do ensaio SPT.<br />

Fonte: Schnaid, 2000.<br />

2.2 – TRANSFERÊNCIA <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> EM ESTACAS<br />

A estaca, ao ser carregada no seu topo, transfere esse carregamento para o solo,<br />

sendo que essa transferência é compreendida em parcela de carga transferida ao solo<br />

pelo fuste e parcela de carga transferida pela ponta.<br />

A transferência de cargas no sistema solo-estaca se dá pelo equilíbrio entre as<br />

forças solicitantes e resistentes ao longo da estrutura, sendo que o sistema possui uma<br />

função de transferência de carga ao longo da profundidade (NOGUEIRA, 2004). Desta<br />

forma, o solo absorve parte da força normal atuante na seção da estaca, a qual vai<br />

diminuindo de intensidade ao longo da profundidade.<br />

A transferência da carga aplicada no topo da estaca para o solo circundante é<br />

um fenômeno complexo que depende de diversos fatores, dentre os quais o tipo de solo,<br />

20


seu estado de tensão e as suas características de resistência e deformação; o método de<br />

instalação da estaca; a geometria, dimensões e características do material que constitui a<br />

estaca; o tempo decorrente entre a instalação da estaca e a sua solicitação e a<br />

intensidade da carga, a velocidade de sua aplicação e o esquema de solicitação da estaca<br />

(FONTOURA, 1982).<br />

2.3. – CAPACIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong><br />

Segundo Reese et al. (2006), as estacas são empregadas com duas finalidades:<br />

aumentar a capacidade de carga do solo e reduzir os recalques da fundação. A<br />

capacidade de carga de uma estaca metálica varia de acordo com a sua seção/perímetro<br />

e comprimento. As cargas admissíveis estruturais, fornecidas geralmente em tabelas,<br />

são valores máximos de cargas resistivas (tensão de escoamento), calculadas em função<br />

do material. Portanto, podemos ter perfis com seção/perímetro iguais e comprimentos<br />

diferentes (ou vice-versa) com capacidades de cargas distintas.<br />

A NBR 6122/2010 exige que seja verificada a flambagem apenas quando as<br />

estacas estiverem sua cota de arrasamento acima do nível do terreno (levada em conta a<br />

eventual corrosão) ou quando atravessarem solos moles. Normalmente não há<br />

flambagem em estacas comprimidas que permanecem totalmente enterradas.<br />

A Capacidade de Carga Geotécnica é a soma da parcela de carga por atrito<br />

lateral ao longo do fuste da estaca com a parcela de carga devido à ponta da estaca. É<br />

variável que influencia neste cálculo a “adesão média solo-estaca, na ruptura” e<br />

“resistência unitária (à ruptura) do solo sob a ponta da estaca”; uma vez que as outras<br />

grandezas influenciadoras são geométricas. Para se aumentar a capacidade de carga de<br />

ponta de estaca, pode-se soldar dois segmentos de perfis, aumentando a área de contato<br />

com o solo. Para este aumento de área, nunca utilizar blocos de concreto, uma vez que<br />

este provocará grandes deslocamentos transversais e consequentemente diminuição da<br />

resistência lateral.<br />

2.4- MÉTODOS <strong>DE</strong> PREVISÃO <strong>DE</strong> CAPACIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong><br />

Existem dois tipos de métodos estáticos disponíveis para cálculo de carga axial<br />

de uma estaca isolada, que podem ser assim agrupados:<br />

21


- Métodos teóricos ou racionais;<br />

- Métodos semi-empíricos.<br />

Eles calculam a capacidade de carga mediante fórmulas que consideram toda a<br />

resistência ao cisalhamento estática que pode ser mobilizada no solo. Para estimar essa<br />

resistência ao cisalhamento, realizam-se ensaios de laboratório ou ensaios “in situ”, em<br />

conformidade com a necessidade do método utilizado. Os métodos semi-empíricos mais<br />

comuns foram utilizados nesta dissertação e serão a seguir apresentados.<br />

2.4.1 – Métodos Semi-Empíricos<br />

São aqueles que se baseiam em ensaios “in situ” de penetração dinâmica (SPT)<br />

ou de penetração estática (CPT). São os mais usados atualmente e, por isso, alguns<br />

deles, de maior importância, serão detalhados a seguir:<br />

2.4.1.1 – Método de AOKI-VELOSO<br />

O método de Aoki e Velloso (1975) foi desenvolvido a partir de um estudo<br />

comparativo entre resultados de provas de cargas em estacas e de SPT. O método pode<br />

ser utilizado tanto com dados do SPT como do ensaio CPT. A expressão da capacidade<br />

de carga da estaca pode ser escrita relacionando a resistência de ponta e o atrito lateral<br />

da estaca com resultados do CPT. Considerando que o fuste da estaca atravessa n<br />

camadas distintas de solo, as parcelas de resistência de ponta (Rp) e de resistência<br />

lateral (Rl) que compõem a capacidade de carga (R) são dadas por:<br />

Rp = rp . Ap<br />

!<br />

Rl =


Os valores de rp e rl podem ser calculados a partir da resistência de ponta (qc)<br />

e do atrito lateral unitário (fc) medido em ensaios de penetração estática CPT:<br />

rp= !"<br />

!!<br />

rl= !"<br />

!!<br />

Em que F1 e F2 são coeficientes de transformação que englobam o tipo de<br />

estaca e o efeito escala entre a estaca (protótipo) e o cone do CPT (modelo) cujos<br />

valores para estacas Franki, metálica, pré-moldada e escavada, são apresentados na<br />

Tabela a seguir.<br />

Tabela 01 - Coeficientes de transformação F1 e F2 ( Aoki-Velloso, 1975).<br />

Tipo de estaca F1 F2<br />

Franki 2,5 5,0<br />

Metálica 1,75 3,5<br />

Pré-moldada 1,75 3,5<br />

Escavada 3 6<br />

Quando não se mede o valor de fc, pode-se correlacioná-lo com a resistência de<br />

ponta qc. Em que α é função do tipo de solo.<br />

Fc = α.qc<br />

Além disso, quando não se dispõem de ensaios CPT, o valor da resistência de<br />

ponta (qc) pode ser estimado por uma correlação com o índice de resistência à<br />

penetração ( N ) dos ensaios de penetração dinâmica SPT:<br />

em que K depende do tipo de solo.<br />

qc = K.N<br />

23


Tabela 02 - Coeficientes K e α (Aoki-Velloso, 1975).<br />

Tipo de Solo K (Mpa) α (%)<br />

Areia 1,00 1,40<br />

Areia siltosa 0,80 2,00<br />

Areia silto-argilosa 0,70 2,40<br />

Areia argilosa 0,60 3,00<br />

Areia argilo-siltosa 0,50 2,80<br />

Silte 0,40 3,00<br />

Silte arenoso 0,55 2,20<br />

Silte areno-argiloso 0,45 2,80<br />

Silte argiloso 0,23 3,40<br />

Silte argilo-arenoso 0,25 3,00<br />

Argila 0,20 6,00<br />

Argila arenosa 0,35 2,40<br />

Argila areno-siltosa 0,30 2,80<br />

Argila siltosa 0,22 4,00<br />

Argila silto-arenosa 0,23 3,00<br />

Em que Np e Nl são, respectivamente, o índice de resistência à penetração na<br />

cota de apoio do elemento estrutural de fundação e o índice de resistência à penetração<br />

médio na camada de solo de espessura Δl, obtidos a partir da sondagem mais próxima.<br />

Portanto, a capacidade de carga (R) de um elemento isolado de fundação pode<br />

ser estimada pela fórmula semi-empírica:<br />

R= !.!"<br />

!!<br />

.


Com o valor médio da capacidade de carga dos elementos isolados de fundação<br />

(Rmed) e um coeficiente de segurança de no mínimo 2 (Aoki, 1976), a carga admissível<br />

(Padm) oriunda da análise de ruptura geotécnica, resulta<br />

Padm ≤ !"#$<br />

!<br />

2.4.1.2 – Método de DÉCOURT-QUARESMA<br />

No Método Décourt-Quaresma (1978), as parcelas de resistência (R1 e R p ) da<br />

capacidade de carga (R) de um elemento isolado de fundação são expressas por:<br />

Rl = rl .Sl<br />

Rp = rp.Ap<br />

A estimativa da tensão de adesão ou de atrito lateral (rl) é feita com o valor<br />

médio do índice à penetração do SPT ao longo do fuste (Nl), de acordo com Décourt<br />

(1982) os valores de (rl) são:<br />

rl =10. !"<br />

! + 1 (Kpa)<br />

onde o limite superior de Nl = 50, para estacas de deslocamento e estacas<br />

escavadas com betonita, e Nl ≤ 15 para estacas Strauss e tubulões a céu aberto, o limite<br />

inferior Nl = 3.<br />

Convém lembrar a impossibilidade de cravar estacas pré-moldadas e tubos<br />

Franki em terrenos com SPT da ordem de 50 golpes (para estacas pré-moldadas, o<br />

limite é de 15 a 35 golpes, em solos arenosos e 30 golpes em solos argilosos).<br />

A capacidade de carga do solo à ponta ou base do elemento estrutural de<br />

fundação ( rp ) é estimada pela equação:<br />

rp = C.Np<br />

em que Np = valor médio do índice de resistência à penetração na ponta ou base do<br />

elemento estrutural de fundação, obtido a partir de três valores: o correspondente ao<br />

nível da ponta ou base, o imediatamente anterior e o imediatamente superior.<br />

C = fator característico do solo (Tabela)<br />

25


Tabela 03 - Fator característico do solo C (Décourt-Quaresma, 1978).<br />

Tipo de solo C (KPa)<br />

Argila 120<br />

Silte argiloso (alteração de rochosa) 200<br />

Silte arenoso (alteração de rocha) 250<br />

Areias 400<br />

A norma prevê que a carga admissível de uma estaca seja determinada<br />

aplicando-se um coeficiente de segurança global igual a 2,0 à soma das cargas de ponta<br />

e lateral.<br />

“parciais” onde:<br />

Padm≤ !"#$<br />

!<br />

Décourt (1982) propõem a utilização de quatro coeficientes de segurança<br />

Fp = coeficiente de segurança relativo aos parâmetros do solo (igual a 1,1 para o atrito<br />

lateral e 1,35 para a resistência de ponta).<br />

Ff = coeficiente de segurança relativo à formulação adotada (igual 1,0).<br />

Fd = coeficiente de segurança para evitar recalques excessivos (igual a 1 para o atrito<br />

lateral e 2,5 para resistência de ponta).<br />

Fw = coeficiente de segurança relativo à carga de trabalho da estaca (igual a 1,2). Com<br />

isso ter-se-á:<br />

- para a resistência lateral: Fs = 1,1x1,0x1,0x1,2 = 1,32 ≅ 1,3<br />

- para a resistência de ponta: e a carga admissível na estaca será dada por:<br />

R’ = !" !"<br />

+<br />

!,! !,!<br />

para os elementos isolados de fundação, seu valor médio (R'med) representa a carga<br />

amissível, desde que atenda também ao coeficiente de segurança global de 2.<br />

Décourt (1996) introduziu coeficientes ∝ e


geral (inclusive tubulões a céu aberto), estacas tipo hélice contínua e raiz e estacas<br />

injetadas sob altas pressões. Os valores propostos para ∝ e


β = 0 para estacas tracionadas e Bp = B<br />

β = 1,016 – 0,016 !"<br />

!<br />

em que b = diâmetro da ponta do CPT (= 3,6 cm para o cone padrão)<br />

ql,rup = atrito lateral médio em cada camada de solo atravessada pela estaca<br />

qp,rup = resistência de ponta da estaca.<br />

Dispondo-se apenas de resultados de sondagem com SPT, para o método de<br />

Velloso (1981), pode-se adotar:<br />

qp,rup = aN b e ql,rup = a’N b’<br />

Onde N é a resistência à penetração do SPT e os parâmetros a’, b’, a e b são obtidos de<br />

correlações entre o SPT e o CPT, cujos valores são fornecidos na tabela a seguir.<br />

Tabela 06 – Valores aproximados dos fatores a, b, a´, b´ (Velloso, 1981)<br />

Tipo de Solo<br />

Ponta Atrito lateral<br />

a b A’ b’<br />

(kPa) (kPa) (kPa) (kPa)<br />

Areias sedimentares submersas 600 1 5,0 1<br />

Argilas sedimentares submersas 250 1 6,3 1<br />

Solos residuais de gnaisse areno-siltoso submerso 500 1 8,5 1<br />

Solos residuais de gnaisse silto-arenoso submerso 400 1 8,0 1<br />

2.5 – ESTACAS CRAVADAS<br />

Segundo OLIVEIRA FILHO, as estacas cravadas, também conhecidas como<br />

estacas de deslocamento, são elementos estruturais pré-fabricados, utilizadas para<br />

vencer as diversas camadas do solo mais resistentes por meio de uma energia de<br />

cravação (a percussão) e com o intuito de estabilizar a futura edificação.<br />

Fazem parte do grupo que abrange as fundações profundas, pois só atingem a<br />

resistência desejada em grandes profundidades, sendo maiores que o dobro da dimensão<br />

menor não podendo ser inferior a três metros.<br />

28


Sua principal característica é a transmissão de carga ao solo, de acordo com a<br />

resistência de ponta ou mesmo pela resistência de atrito lateral ou até mesmo com a<br />

junção das duas de acordo com a norma NBR 6122/2010. A carga admissível é<br />

encontrada através de cálculos de capacidade de carga que permite integrar a relação<br />

estaca-solo. Um dos tipos mais comuns de estacas cravadas na região são as estacas<br />

metálicas.<br />

2.5.1 – ESTACAS METÁLICAS<br />

“São fundações profundas cravadas a percussão, constituídas de perfis de aço<br />

laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tipo “H” e “I”, chapas dobradas de<br />

seção quadrada, retangular e circular (tubos) e ainda de trilhos reaproveitados de<br />

ferrovias, quando substituídos ou desativados.” (SALAME, 2006)<br />

As estacas metálicas apresentam vantagens como a transmissão de pouca<br />

vibração aos terrenos vizinhos, oferecem grande capacidade de carga como elemento<br />

estrutural, fácil transporte, boa trabalhabilidade e manuseio e emendas eficientes. São<br />

fundações que podem ser cravadas em quase todos os tipos de terreno e se utilizadas em<br />

serviços provisórios, podem ser reaproveitadas várias vezes. (BARROS, 2003) É<br />

necessário cuidado com a corrosão do material metálico durante o seu uso, porém<br />

quando permanecem inteiro e totalmente enterrado em solo natural, devido a pouca<br />

quantidade de oxigênio no local, a reação química tão logo começa e este componente<br />

já se esgota, fazendo com que a preocupação com a corrosão nesses casos seja mínima.<br />

(VÁRIOS AUTORES, 1998).<br />

As estacas metálicas mais utilizadas e suas respectivas cargas admíssiveis estão<br />

especificadas na Tabela a seguir.<br />

Tabela 07 – Estacas de aço / cargas admissíveis usuais. Fonte: SALAME, 2006.<br />

Tipo de Perfil<br />

σ = 60 a 100<br />

Kgf/cm 2<br />

Tipo<br />

Dimensão<br />

Carga Máxima<br />

(tf)<br />

Área (cm 2 )<br />

Peso/metro<br />

(Kg/m)<br />

Trilhos TR 25 20 31,4 24,6<br />

Trilhos TR 32 25 40,9 32,0<br />

Trilhos TR 37 30 47,3 37,1<br />

29


Trilhos TR 45 35 56,8 44,6<br />

Trilhos TR 50 40 64,2 50,3<br />

Trilhos 2 TR 32 50 81,8 64,0<br />

Trilhos 2 TR 37 60 94,6 74,2<br />

Trilhos 3 TR 32 75 122,7 96,0<br />

Trilhos 3 TR 37 90 141,9 111,3<br />

Perfil H H 6” 40 47,3 37,1<br />

Perfil I I 8” 30 34,8 27,3<br />

Perfil I I 10” 40 48,1 37,7<br />

Perfil I I 12” 60 77,3 60,6<br />

Perfil I 2 I 10” 80 96,2 75,4<br />

Perfil I 2 I 12” 120 154,6 121,2<br />

Existem condições básicas mais frequentes que devem ser observadas para a<br />

utilização das estacas metálicas em fundações. A obra em questão geralmente é de<br />

médio a grande porte e possui camadas de elevada resistência distantes da superfície.<br />

As estacas metálicas mais utilizadas em Belém são principalmente as de tipo<br />

trilho de seção simples ou múltipla, reaproveitados após o uso de linhas férreas, desde<br />

que não venha comprometer seu peso, onde sua redução não poderá ser superior a 20%<br />

do valor teórico que está estipulado entre 20 e 30%. (SALAME, 2006)<br />

Figura 02: Seções transversais de estacas metálicas<br />

Fonte: HACHICH e outros, 2003.<br />

30


Embora o custo das estacas metálicas seja elevado, não apenas pelo custo do<br />

material, mas também pelo comprimento do perfil que será necessário para transferir a<br />

carga ao solo, as mesmas podem se tornar economicamente viáveis. Uma vez que são<br />

fáceis de cravar, podem atender a várias fases de construção da obra, causam baixa<br />

vibração, trabalham bem a flexão e não apresentam dificuldades quanto à manipulação e<br />

transporte. Podem ser associadas a outros tipos de estacas, tornando-se muitas vezes<br />

uma solução econômica e eficiente. (SALAME, 2006)<br />

Outra vantagem é o fato delas poderem atravessar terrenos resistentes sem<br />

romper e sem grande risco de provocar levantamento de estacas vizinhas, devido a sua<br />

pequena seção transversal juntamente com a sua elevada resistência. Além da facilidade<br />

de corte e emenda de modo a reduzir “perdas” decorrentes da variação da cota de apoio<br />

do extrato resistente, principalmente em solos residuais jovens. (SALAME, 2006)<br />

Quando os perfis metálicos atravessam camadas espessas de argila mole e<br />

apóiam-se em solo de alta resistência ou rocha, recomenda-se aumentar a sua área de<br />

ponta mediante solda de segmento dos perfis. (SALAME, 2006) Esta solução não<br />

provoca amolgamento e nem grandes deslocamentos transversais durante a cravação da<br />

estaca, evitando desconfinamento do fuste e minimizando os problemas de desaprumo e<br />

flambagem.<br />

Figura 03: Área da ponta aumentada<br />

Fonte: Vários Autores, 1998.<br />

31


Na grande maioria das situações encontradas, as estacas metálicas dispensam<br />

tratamento anticorrosivo. Segundo PANNONI (2006), um fato é que a velocidade da<br />

corrosão de metais enterrados em solos secos é, de modo geral, desconsiderada. Porém,<br />

o crescimento do nível de umidade do solo faz com que a velocidade da corrosão seja<br />

controlada pela resistividade elétrica, acidez e teor de oxigênio.<br />

HACHICH (1996) compartilha do mesmo pensamento, ao afirmar que hoje em<br />

dia não se questiona o problema de corrosão das estacas metálicas quando as mesmas<br />

permanecem inteira e totalmente enterradas em solo natural, isto porque a quantidade de<br />

oxigênio que ocorre nos solos naturais é tão pequena que a reação química tão logo<br />

começa, já esgota completamente este componente responsável pela corrosão.<br />

Entretanto, a favor da segurança, a NBR 6122/2010 exige que nas estacas<br />

metálicas enterradas se desconte 1,5 mm de toda sua superfície em contato com o solo,<br />

resultando uma área útil menor do que a área real do perfil.<br />

Figura 04: Emenda típica de perfis trabalhando como estacas comprimidas.<br />

Fonte: GERDAU, 2006.<br />

32


As emendas das estacas metálicas são feitas por solda com utilização de talas,<br />

confeccionadas a partir do próprio perfil. Elas podem ser facilmente soldadas ou podem<br />

também fazer uso de talas de junção ou também talas parafusadas, com o intuito de<br />

reforçar as juntas pois é onde apresentam maior fragilidade. A prática normal é se usar<br />

talas tiradas da aba para serem soldadas nas abas, e talas da alma na própria a alma.<br />

2.5.1.1. – Processo executivo de Estacas Metálicas<br />

A primeira etapa da execução é o dimensionamento do comprimento e seções<br />

tranversais das estacas que será determinado pelo engenheiro calculista no projeto de<br />

fundações. Posteriormente, será feita a locação dos pontos de cravação das estacas sobre<br />

o terreno. Com a ajuda de gabarito de madeira os eixos das estacas serão marcados e<br />

nos cruzamentos desses eixos estarão os pontos de locação.<br />

Concluído o processo de cravação do perfil, pode haver necessidade de emenda<br />

em outro perfil para que o serviço prossiga. A emenda deverá ser feita através de uma<br />

solda de topo dos perfis e de duas talas opostas, em relação às suas almas. (CEHOP,<br />

2012) As almas das seções de topo dos pefis a serem soldados deverão ser chanfradas<br />

segundo um dos seguintes quatro tipos de entalhe seguintes:<br />

Figura 05. Tipos de entalhe<br />

Fonte: CEHOP, 2012.<br />

33


2.5.1.1.1 – Método de Cravação<br />

O equipamento de cravação será dimensionado de forma que consiga levar a<br />

estaca a encontrar uma resistência de ponta a sua penetração oferecida pelo solo,<br />

indicando a presença de camada suficientemente resistente para seu apoio mas sem<br />

acarretar danos. Esse equipamento é composto de um bate-estaca e de um martelo.<br />

O martelo poderá ser de queda livre, que é quando for alçado por um cabo e<br />

cair sobre a cabeça da estaca por ação da gravidade, ou a vapor ou ar comprimido, que<br />

caracteriza-se quando é adapatado à cabeça da estaca um dispositivo que utiliza esses<br />

elementos (ar ou vapor) para o levantamento do martelo. A queda do martelo irá<br />

caracterizar o tipo de equipamento. Martelo de ação simples é se cai pela ação da<br />

gravidade e martelo de dupla ação quando o impacto da queda é ajudado pela reinjeção<br />

de vapor ou de ar comprimido. (CEHOP; 2012).<br />

Martelo tipo queda livre são os mais simples, e consequentemente, os mais<br />

utilizados no Brasil. Para facilitar a penetração de estacas (pré-moldadas metálicas, de<br />

concreto e madeira) pelas diversas camadas do solo, existem vários processos que<br />

facilitam essa cravação, contudo o método mais usual que é o por percussão. Com isso,<br />

é usado um tipo de guindaste especial chamado de Bate estaca, dotado de um martelo,<br />

conhecido como pilão, de queda livre ou automático denominado de martelo diesel.<br />

• O martelo possui formas e tamanhos variados, usualmente são encontrados nos<br />

formas circulares e retangulares, seu peso também é variado pois ambos dependem<br />

principalmente do tipo de estaca a ser empregada na obra.<br />

• O cabo de aço é o componente que tem como função a sustentação do martelo para a<br />

futura cravação da estaca, no entanto devendo obedecer a NR11 – Transporte,<br />

Movimentação, Armazenagem e Manuseio de materiais (Segurança, 1996).<br />

• O motor é geralmente o mesmo de um caminhão, onde é acoplado a parte traseira do<br />

bate estaca, aproximadamente ao lado do operador. Por não haver um melhor<br />

tratamento do aparelho, possui um grande desconforto sonoro no canteiro de obras.<br />

• As engrenagens são responsáveis pela sustentação e movimentação do martelo,<br />

auxiliados pelo cabo de aço, para a cravação da estaca.<br />

• O martelo de queda livre é levantado pelo guincho e deixado cair quando o tambor<br />

do guincho é desacoplado do motor por um sistema de embreagem.<br />

34


• O guincho também tem a finalidade de fazer o içamento das estacas e executar o<br />

deslocamento da plataforma sobre os rolos.<br />

Sendo assim, um bate estaca é composto de uma base onde localiza-se o<br />

motor a diesel, a torre onde irão passar os cabos de aço para sustentar o martelo e<br />

cravar a estaca, logo essa base é apoiada sobre madeiras guias com o intuito de dar<br />

uma segurança e movimentações melhores ao aparelho e as engrenagens, e por fim<br />

as luvas ou capacetes que são colocados nas pontas ou cabeças das estacas para a<br />

proteção das mesmas no momento do impacto da cravação, geralmente são de<br />

materiais resistentes como o ferro, mais ainda existem obras em que ainda são<br />

utilizados capacetes de madeira.<br />

Figura 06: Bate-estaca sobre rolos metálicos equipados com martelo de queda livre.<br />

Fonte: ABEF, 2004<br />

35


Entre o martelo e a estaca são utilizados os acessórios de cravação, para<br />

amortecer os golpes e uniformizar as tensões aplicadas à estaca:<br />

• Capacete: para guiar a estaca e acomodar os amortecedores;<br />

• O primeiro amortecedor – cepo -, colocado em cima do capacete visando proteger o<br />

martelo de tensões elevadas;<br />

• O segundo amortecedor – almofada ou coxim -, colocado entre o Capacete e a estaca,<br />

visando proteger a estaca.<br />

Figura 07: Durante o processo de Cravação<br />

Fonte: VELLOSO E LOPES, 2002.<br />

As estacas metálicas podem ser cravadas com a utilização de martelos de queda<br />

livre, martelos hidráulicos, martelos a diesel, martelos pneumáticos e martelos<br />

vibratórios. A escolha de um ou outro martelo depende, principalmente, das<br />

características do solo, do comprimento da estaca e do nível de barulho e vibração. Da<br />

boa escolha do martelo resultará um melhor desempenho do processo de cravação, em<br />

particular quanto às vibrações e ao barulho que, hoje em dia em centros urbanos,<br />

acabam sendo a condicionante para a escolha do tipo de estaca e do tipo de martelo.<br />

Qualquer que seja o martelo empregado, o controle da cravação é feito,<br />

tradicionalmente pela nega, pelo repique e, em obras mais importantes, pelo ensaio<br />

de carregamento dinâmico (NBR 13208/1994 da ABNT).<br />

Para garantir que o perfil seja cravado na posição de projeto deve-se<br />

providenciar um gabarito de madeira “enterrado” conforme se mostra a figura a seguir.<br />

36


2.5.1.2. – Controles de Cravação<br />

Figura 08: Gabarito para a cravação de estaca.<br />

Fonte: GERDAU, 2006.<br />

O controle da cravação de uma estaca é, tradicionalmente, efetuado pela<br />

medição do número de golpes necessário para uma dada penetração permanente da<br />

estaca no terreno. Denomina-se nega ao valor do deslocamento permanente médio<br />

obtido nos 10 últimos golpes do processo de cravação. Outra maneira de se obter a nega<br />

é através da técnica da colagem de uma folha de papel na estaca, sobre a qual um lápis é<br />

movimentado horizontalmente, durante o golpe do martelo. Esse procedimento permite<br />

não só a medição da nega, mas também do repique (deslocamento elástico), também<br />

usado na estimativa de capacidade de carga.<br />

2.5.1.2.1 – Controle pela Nega e Repique<br />

A nega é correlacionada à capacidade de carga da estaca através das fórmulas<br />

dinâmicas. Assim, a partir da capacidade de carga desejada (determinada através de<br />

métodos teóricos ou semi-empíricos), pode-se fixar a nega máxima satisfatória para<br />

determinada estaca em uma obra. Por outro lado, poder-se-ia estimar a capacidade de<br />

carga de uma estaca conhecendo-se sua nega. Caso uma estaca não atinja a nega<br />

especificada, a estaca não está aceita, devendo- se proceder a uma recravação ou até<br />

mesmo reforço (em casos mais críticos).<br />

Conforme Guimarães (2008), todas as equações de controle pela nega foram<br />

estabelecidas, comparando-se a energia disponível no topo da estaca com a gasta para<br />

promover a ruptura do solo, em decorrência de sua cravação, somada às perdas, por<br />

impacto e por atrito, necessárias para vencer a inércia da estaca imersa no solo.<br />

37


Onde w = peso do pilão<br />

h = altura de queda do pilão<br />

Figura 09: Registro do repique e nega<br />

Fonte: VELLOSO E LOPES, 2002.<br />

W .h = R.s + perdas<br />

R = resistência do solo à penetração da estaca<br />

s = nega correspondente ao valor de h<br />

As equações de cálculo das negas ajudam a controlar o estaqueamento para<br />

obter-se certa uniformidade ao longo da cravação, ou seja, para estacas com cargas e<br />

comprimentos iguais, negas aproximadamente iguais.<br />

Quando se aplica um golpe de martelo ou pilão na cabeça de uma estaca, ela<br />

sofre um deslocamento. A parcela elástica desse deslocamento é chamada de repique e<br />

pode ser obtido através de um registro gráfico em folha de papel fixada na seção<br />

considerada, movendo-se um lápis, apoiado em régua fixa, lenta e continuamente<br />

durante o golpe. O repique, desde que bem interpretado, permite estimar, no instante da<br />

cravação, a carga mobilizada (GUIMARÃES, 2008).<br />

O repique (K) é composto de duas parcelas: A parcela C2 corresponde à<br />

deformação elástica do fuste da estaca, enquanto a parcela C3, ao deslocamento elástico<br />

do solo sob a ponta da estaca.<br />

38


2.5.1.2.2 – Controle por formulações dinâmicas<br />

As fórmulas dinâmicas buscam justamente correlacionar a energia de queda do<br />

martelo com a resistência à cravação da estaca, através da nega. Estas fórmulas,<br />

basicamente enfocam a conservação de energia e, algumas delas, incorporam as leis de<br />

choque de Newton. A maioria destas fórmulas foi deduzida com base na lei de Newton<br />

referente ao impacto entre dois corpos rígidos, e igualam a energia de queda do martelo<br />

com a nega multiplicada pela resistência dinâmica à cravação. Inicialmente estas<br />

fórmulas não levavam em consideração as perdas de energia durante o choque;<br />

posteriormente, estas perdas foram levadas em consideração e introduzidas nestas<br />

fórmulas. Há de se notar logo adiante que tais perdas variam de acordo com o modelo<br />

proposto por cada autor (VELLOSO e LOPES, 2002).<br />

Existem várias equações, no entanto as mais usada são:<br />

Equação de Dinamarqueses:<br />

Equação de Janbu:<br />

2.5.1.2.2.1 - Fórmula dos Dinamarqueses<br />

A fórmula dos Dinamarqueses, desenvolvida por SORENSEN e HANSEN<br />

(1957), considera a eficiência do martelo, η, e a perda de energia na compressão elástica<br />

da estaca. Utiliza-se um fator de correção igual a 2.<br />

A fórmula se baseia em:<br />

Ƞ .


sendo<br />

onde: Ƞ= eficiência do sistema de cravação.<br />

Combinando as 2 equações, obtêm-se<br />

Recomenda-se usar na fórmula dos dinamarqueses:<br />

• η = 0,7 para martelos de queda livre<br />

• η = 0,9 para martelos diesel<br />

• coeficiente de segurança FS=2.<br />

Sugere-se as relações contidas na tabela como orientação para controle de cravação.<br />

Tabela 08 - Orientações de cravação e aplicação da fórmula dos dinamarqueses.<br />

2.5.1.2.2.2 - Fórmula de Janbu<br />

(VELLOSO E LOPES, 2002)<br />

Proposta em 1953, a fórmula de Janbu adota constantes empíricas e a relação<br />

entre pesos da estaca e do martelo, bem como perdas de energia por compressão elástica<br />

de estaca. Para esta fórmula, recomenda-se um fator de segurança igual a 2.<br />

40


sendo


estrutural de fundação, quanto à ruptura e recalques.<br />

Dentre os tipos de ensaios de carga controlada, os mais comuns são os de carga<br />

incremental, sendo suas variantes aquelas em que os incrementos de carga são mantidos<br />

até a sua estabilização (ensaio lento, conhecido como SML: “slow maintained load”) e<br />

aquele em que os incrementos de carga são mantidos por um tempo preestabelecido,<br />

normalmente 15 minutos (ensaio rápido, conhecido como QML: “quick maintained<br />

load”) (GUIMARÃES, 2008). Os ensaios de carga cíclica, tais como os chamados CLT<br />

(“cyclic load test”) e SCT (“swedish cyclic test”), são ensaios especiais para atender a<br />

certo padrão de carregamento (GUIMARÃES, 2008).<br />

O ensaio de carga incremental mantida lenta é o que melhor se aproxima do<br />

carregamento que a estaca terá sob a estrutura nos casos correntes. Como uma<br />

estabilização completa só seria atingida para tempos muito grandes, a NBR 12131/2005<br />

permite que se considere estabilizado o recalque quando o incremento do recalque, lido<br />

entre dois tempos sucessivos, não ultrapassar 5 % do recalque medido naquele estágio<br />

de carga (as leituras são feitas em tempos duplicados: 1, 2, 4, 8, 15, 30, 60 min, etc.).<br />

Nas provas de carga de compressão, o carregamento é feito mediante um<br />

macaco hidráulico reagindo contra um sistema de reação, geralmente constituído por<br />

uma viga ou estrutura metálica. Os tipos de montagem mais usuais de provas de carga<br />

de compressão estão indicados na Figura a seguir.<br />

Figura 10: Sistemas de reação usuais para provas de carga estáticas em estacas<br />

Fonte: GONÇALVES, 2008.<br />

42


Em qualquer esquema de montagem de prova de carga, devem ser tomados<br />

certos cuidados para evitar influências indesejáveis, tais como: centralização e<br />

alinhamento dos macacos e células de carga utilizadas, distância mínima dos tirantes ou<br />

estacas de reação em relação ao elemento a ensaiar, excesso de capacidade de carga do<br />

sistema de reação em relação à carga máxima prevista no ensaio, tempo de cura de<br />

elementos de concreto moldados “in situ”, para que a resistência atingida seja<br />

compatível com as solicitações da prova de carga, intervalo de tempo mínimo entre a<br />

instalação de estacas pré-moldadas cravadas e o início do ensaio, que deve corresponder<br />

ao tempo necessário para restabelecimento do solo em torno da estaca (que havia sido<br />

alterado pela cravação) (GUIMARÃES, 2008). Outro aspecto que merece cuidados<br />

especiais é a fixação e calibração prévia do sistema de referência, para medidas de<br />

recalques através de deflectômetros ou extensômetros mecânicos. A fim de evitar<br />

dúvidas quanto à calibração do macaco, recomenda-se o emprego de uma célula de<br />

carga, geralmente colocada entre o macaco e o sistema de reação; por outro lado, como<br />

um pequeno desalinhamento na montagem da prova de carga (frequentemente<br />

imperceptível) pode causar um aumento considerável de atrito no macaco, é<br />

aconselhável adotar-se uma rótula entre a célula de carga e o sistema de reação<br />

(GUIMARÃES, 2008).<br />

A Figura a seguir mostra o sistema de carregamento usualmente utilizado em<br />

provas de carga estáticas de compressão.<br />

Figura 11: Esquema de medição em provas de carga de compressão<br />

Fonte: GONÇALVES, 2008.<br />

43


A NBR 12131/2006 – Estacas – Prova de Carga Estática traz todas as<br />

referências quanto aos dispositivos para aplicações de carga e medições, procedimentos<br />

para a execução do ensaio e preparação da prova de carga e ainda, como os resultados<br />

devem ser apresentados.<br />

A NBR 6122/2010 – Projeto e Execução de Fundações indica a importância<br />

dada aos ensaios de prova de carga estática, uma vez que admite uma significativa<br />

redução em coeficientes de segurança a serem adotados em projetos, utilizados no<br />

cálculo de cargas admissíveis, desde que tenham sido realizadas provas de carga em<br />

quantidade adequada.<br />

2.6.2 – <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> DINÂMICA<br />

A monitoração de estacas cravadas iniciou-se na década de 80 e consiste na<br />

instrumentação do fuste da estaca com transdutores e acelerômetros, que permitem<br />

monitorar a propagação das ondas decorrentes do golpe de um martelo do bate-estaca<br />

(Figura). Os sinais ou informações que os sensores fornecem são condicionados e<br />

processados por um equipamento chamado Pile Driving Analyzer (PDA).<br />

Figura 12: Sinal típico<br />

Fonte: ALONSO, 1991.<br />

Para tanto, no caso de estacas pré-fabricadas, é interessante conduzir o ensaio<br />

após um período de repouso, que pode ser de um ou dois dias, em perfis granulares, ou<br />

cinco a sete dias em solos argilosos.<br />

44


Figura 13: Esquema básico da instrumentação de campo.<br />

Fonte: GONÇALVES, BERNAR<strong>DE</strong>S E NEVES, 2007.<br />

Para se estimar a carga mobilizada, costumam-se utilizar os métodos “CASE” e<br />

“CAPWAP”. O primeiro é empregado no campo e permite avaliar, logo após o golpe, a<br />

carga mobilizada. O segundo é realizado no escritório, utilizando-se os registros<br />

gravados, e permite calcular, além da carga mobilizada, sua distribuição ao longo do<br />

fuste e sob a ponta da estaca.<br />

O Ensaio de Carregamento Dinâmico (ECD) trata-se de uma ferramenta para o<br />

controle de qualidade de fundações profundas que objetiva principalmente determinar a<br />

capacidade de ruptura da interação estaca-solo, para carregamentos estáticos axiais. O<br />

ensaio, desenvolvido para o controle da cravação de estacas pré-moldadas, vem sendo<br />

45


mundialmente utilizado em estacas moldadas in loco. Em campo, através de<br />

instrumentação, são registrados os sinais de força e velocidade da onda de tensão<br />

provocada pelo impacto de um martelo. Ele difere das tradicionais provas de carga<br />

estática pelo fato do carregamento ser aplicado dinamicamente, através de golpes de um<br />

sistema de percussão adequado. A medição é feita através da instalação de sensores no<br />

fuste da estaca, em uma seção situada pelo menos duas vezes o diâmetro abaixo do topo<br />

da mesma. Os sinais dos sensores são enviados por cabo ao equipamento PDA, que<br />

armazena e processa os sinais "on line".<br />

O analisador de cravação PDA® (Pile Driving Analyzer) e os métodos CASE®<br />

e CAPWAP® são utilizados para o registro e processamento dos sinais. Os principais<br />

resultados do ensaio constam da verificação da capacidade de carga e da integridade<br />

estrutural. (ANDRAOS, 2009)<br />

Figura 14: PDA – Pile Driving Analyser, modelo PAX.<br />

Fonte: www.geomec.com.br<br />

No caso da aplicação do ensaio em estacas moldadas in loco, o sistema de<br />

impacto e amortecimento deve ser selecionado a fim de causar o deslocamento<br />

necessário para a mobilização da resistência do solo e assegurar que as tensões<br />

dinâmicas não danifiquem a integridade estrutural do elemento. (ANDRAOS, 2009)<br />

No Brasil, sua metodologia é normatizada pela NBR 13.208/94 (Ensaio de<br />

Carregamento Dinâmico). De acordo com os critérios da NBR-6122/96 (Projeto e<br />

46


Execução de Fundações), é recomendável que 5% de um estaqueamento seja submetido<br />

a esse tipo de ensaio.<br />

As medições são analisadas principalmente para se avaliar a capacidade de<br />

carga do elemento da fundação. Para tanto, no caso de estacas pré-fabricadas, é<br />

interessante conduzir o ensaio após um período de repouso (ou seja, posteriormente à<br />

cravação). Em perfis granulares, um ou dois dias podem ser suficientes. Em solos<br />

argilosos, cinco ou sete dias podem se fazer necessários. (FUGRO, 2012)<br />

A realização da prova de carga dinâmica em estacas teste - antes da execução<br />

das fundações - pode trazer economia à obra, devido à redução das incertezas comuns<br />

em projetos geotécnicos. Assim, quando o desempenho das estacas é verificado por<br />

ensaios, a NBR 6122/2010 fixa critérios que permitem otimizar os coeficientes de<br />

segurança.<br />

Para uma melhor avaliação da resistência da estaca, os dados obtidos com a<br />

prova de carga dinâmica devem ser submetidos a análises CAPWAP (FUGRO, 2012).<br />

Empregando-se um software específico, são efetuados ajustes sucessivos de um sinal<br />

calculado numericamente, buscando-se reproduzir da melhor forma possível o sinal<br />

dinâmico medido em campo. A NBR 13.208/07 recomenda a execução de uma análise<br />

CAPWAP para cada grupo de estacas com iguais características.<br />

Estas provas de carga podem prover dados para projeto, avaliar as fundações<br />

executadas em uma determinada obra ou ainda, ajudar no estudo das características de<br />

comportamento do conjunto solo-estaca. Assim sendo, o ensaio deve reproduzir as<br />

condições de funcionamento real a que a estaca estará submetida para uma melhor<br />

previsão de desempenho para projetos. (GUIMARÃES, 2008)<br />

Os ensaios com carga vertical de compressão são os mais comuns. Mas<br />

também existem ensaios de tração, carga transversal ao eixo ou combinações destas.<br />

É baseado na teoria da equação da onda. Quando uma estaca é atingida por um<br />

golpe de um martelo de cravação, é gerada uma onda de tensão. Essa onda trafega com<br />

uma velocidade fixa e dependente apenas das características do material<br />

(GUIMARÃES, 2008). O início da aplicação destes conhecimentos na prática, porém,<br />

data da década de 1960. O trabalho de Smith (1960) foi a primeira solução da equação<br />

da onda usando computadores. As pesquisas que culminaram com o desenvolvimento<br />

do PDA e do método de ensaio dinâmico iniciaram-se no final dos anos 60, chefiadas<br />

47


pelo Prof. George G. Goble, na Universidade Case Western, EUA.<br />

São usados dois pares de sensores, sendo em transdutor de deformação<br />

específica que gera uma tensão proporcional à deformação sofrida pelo material da<br />

estaca durante o golpe e, um acelerômetro, que gera uma tensão proporcional à<br />

aceleração das partículas da estaca.<br />

O sinal de cada um dos transdutores de deformação é multiplicado pelo módulo<br />

de elasticidade do material da estaca e pela área da seção na região dos sensores, para a<br />

obtenção da evolução da força em relação ao tempo. Por isso, esses transdutores às<br />

vezes são chamados de sensores de força. O método PDA faz a média dos dois sinais de<br />

força obtidos, a fim de detectar e compensar os efeitos da excentricidade do golpe.<br />

O sinal de cada um dos acelerômetros é integrado, para obtenção da evolução<br />

da velocidade de deslocamento da partícula com o tempo. Por isso esses transdutores, às<br />

vezes, são chamados de sensores de velocidade. Da mesma forma que os sinais de força,<br />

o PDA também trabalha com a média dos sinais de velocidade assim obtidos.<br />

O principal objetivo desse ensaio é o de obter a capacidade de ruptura do solo.<br />

Entretanto, muitos outros dados também podem ser obtidos paralelamente. Alguns mais<br />

importantes são:<br />

- tensões máximas de compressão e de tração no material da estaca durante os golpes;<br />

- nível de flexão sofrido pela estaca durante o golpe;<br />

- informações sobre a integridade da estaca, com localização de eventual dano, e<br />

estimativa de sua intensidade;<br />

- energia efetivamente transferida para a estaca, permitindo estimar a eficiência do<br />

sistema de cravação;<br />

- deslocamento máximo da estaca durante o golpe;<br />

- velocidade de aplicação dos golpes;<br />

- através da análise CAPWAP, é possível separar-se a parcela de resistência devida ao<br />

atrito lateral da resistência da ponta, e determinar a distribuição do atrito ao longo do<br />

fuste. Essa análise, normalmente feita posteriormente em escritório a partir dos dados<br />

armazenados pelo PDA, permite também obter outros dados de interesse, como o limite<br />

de deformação elástica do solo.<br />

48


Nas estacas cravadas, é possível instalar os sensores no início da cravação, e ir<br />

registrando os golpes à medida que a estaca penetra no solo. Esse tipo de ensaio visa<br />

obter informações como desempenho do sistema de cravação, risco de quebra, etc.. A<br />

capacidade de carga de uma estaca ao final da cravação geralmente é diferente daquela<br />

após um período de repouso, devido a fenômenos como dissipação de poro-pressão,<br />

relaxação, etc. Portanto, a capacidade medida ao final da cravação não pode ser<br />

comparada diretamente com o resultado de uma prova de carga estática.<br />

Para a correta determinação da capacidade de carga de longo prazo da estaca<br />

cravada, é recomendável fazer-se o ensaio em uma recravação, realizado alguns dias<br />

após o término da cravação.<br />

O ensaio de carregamento dinâmico pode ser usado em praticamente todo o<br />

tipo de estaca. É preciso apenas ter cautela no caso de estacas tipo raiz, onde grandes e<br />

imprevisíveis variações de área de seção são possíveis. No caso de estacas com<br />

variações planejadas de características ao longo do fuste, a única restrição é que o<br />

método simplificado CASE não se aplica, e terá que ser necessariamente feita uma<br />

análise CAPWAP. Essa mesma consideração se aplica para estacas com moderadas<br />

variações imprevistas, como ocorre muitas vezes em estacas moldadas "in loco".<br />

(GUIMARÃES, 2008)<br />

Existem inúmeras correlações entre as provas estáticas e dinâmicas. Desde o<br />

início do desenvolvimento do método têm sido feitas comparações entre seus<br />

resultados. Diversos trabalhos têm sido publicados ao redor do mundo, mostrando boas<br />

coincidências dos resultados dos dois tipos de ensaios, em vários tipos de estacas nos<br />

mais diversos tipos de solo.<br />

A norma NBR6122/2010 diz que o Ensaio de Carregamento Dinâmico pode<br />

ser usado como uma das maneiras para avaliar a capacidade de carga de uma estaca,<br />

assim como uma prova de carga estática não levada à ruptura. A norma exige a prova de<br />

carga estática apenas para determinação da real carga de ruptura de uma estaca. Além<br />

disso, a NBR-6122/2010 prevê a possibilidade de redução do fator de segurança de 2,0<br />

para 1,6, em qualquer estaqueamento onde seja feito um número previamente<br />

estabelecido de ensaios, ficando a critério do projetista a quantidade e o tipo dos<br />

mesmos.<br />

49


Este ensaio não substitui a prova de carga estática, embora seja mais rápido,<br />

tenha custo mais baixo e cause pouco transtorno à obra, não exigindo a parada de<br />

equipamentos ao redor da estaca sob teste. Se desejarmos determinar a real carga de<br />

ruptura de uma estaca, será necessário efetuar uma prova de carga estática,<br />

necessariamente levada à ruptura.<br />

2.6.2.1 – Exemplos de sinais obtidos em campo<br />

Para melhor entendimento e objetivando a visualização de como são<br />

interpretados os sinais coletados em campo com o PDA (Pile Driving Analyzer), a<br />

seguir será apresentada uma série de sinais e suas correspondentes interpretações. Com<br />

o objetivo de descrever sucintamente o que representam, e não de detalhar cada um dos<br />

sinais apresentados.<br />

Sendo assim, serão visualizadas quatro curvas em cada exemplo apresentado, a saber:<br />

• F (Curva de Força) - Corresponde á média da leitura dos sinais obtidos pelos<br />

transdutores de deformação específica.<br />

• V (Curva de velocidade x Impedância) - Corresponde á média da leitura dos sinais<br />

obtidos pelos acelerômetros.<br />

• WU (Curva de Wape Up) - Corresponde à onda ascendente (metade da diferença<br />

entre a força e velocidade vezes impedância). Indica os efeitos da distribuição de<br />

resistências e outros efeitos da resistência do solo.<br />

• WD (Curva de Wave Down) - Corresponde à onda descendente (metade da<br />

diferença entre a força e velocidade vezes impedância). Indica os efeitos do martelo<br />

na propagação da onda para baixo e para cima na estaca.<br />

- Exemplo 1: Estaca com baixo atrito lateral.<br />

Na figura abaixo, observa-se um trecho inicial bastante extenso, a partir do<br />

primeiro cursor de tempo (t₁), onde as curvas de Força e Velocidade x Impedância,<br />

apresentam-se praticamente justapostas. Essa justaposição entre as duas curvas,<br />

caracteriza-se em função da não ocorrência de reflexões das ondas de cada uma das<br />

singularidades localizadas, ou seja, atritos laterais unitários.<br />

50


Em síntese, quanto mais próximas entre si estiverem as curvas de Força e<br />

Velocidade x Impedância, menor será a parcela de carga correspondente ao atrito<br />

lateral.<br />

Figura 15: Estaca com baixa parcela de carga devido ao atrito lateral.<br />

Fonte: GONÇALVES, BERNAR<strong>DE</strong>S E NEVES, 2007.<br />

- Exemplo 2: Estaca com elevado atrito lateral<br />

Na figura abaixo, temos um exemplo de estaca onde a parcela de carga<br />

correspondente ao atrito lateral é bastante elevada. Verifica-se após o primeiro cursor de<br />

tempo (t₁), onde se observa a proporcionalidade entre as curvas de Força e Velocidade x<br />

Impedância, o afastamento gradual dessas duas curvas, fato esse que caracteriza a<br />

51


ocorrência de reflexões de ondas decorrentes dos atritos laterais unitários ao longo do<br />

fuste da estaca.<br />

Neste mesmo exemplo, verifica-se a ocorrência de um trecho extenso de<br />

ocorrência de velocidade negativa antes do segundo cursor de tempo (t₂), ou seja,<br />

velocidade negativa antes do tempo 2L/c. Isso significa que toda a deformação elástica<br />

da estaca em decorrência do carregamento aplicado ocorreu em um comprimento<br />

inferior ao comprimento real da estaca. Nesse caso, a carga assim obtida (RSU),<br />

corresponde à parcela de carga mobilizada, utilizando damping e corrigida para<br />

descarregamento prematuro.<br />

Figura: 16: Estaca com elevada parcela de carga devido ao atrito lateral<br />

Fonte: GONÇALVES, BERNAR<strong>DE</strong>S E NEVES, 2007.<br />

52


- Exemplo 3: Estaca com uma emenda visível<br />

A existência de emendas em uma estaca pode ocasionar picos localizados da<br />

curva de Velocidade x Impedância à de Força. Ao trafegar pela estaca, a onda depara-se<br />

com uma irregularidade no local da emenda, irregularidade essa que pode ser<br />

ocasionada em decorrência de alguma imperfeição no ajuste do contato entre as duas<br />

pontas unidas dos segmentos. Assim sendo, nesse ponto, verifica-se um pequeno vazio,<br />

que é suficiente para que a velocidade nesse ponto seja superior à do restante da estaca.<br />

No exemplo abaixo, pode ser observada com nitidez a presença de uma emenda pela<br />

curva de Velocidade x Impedância e também pela curva de Wave Up, que se encontra<br />

negativa (abaixo do eixo referencial abaixo) próxima ao ponto onde tal emenda ocorre.<br />

Figura: 17: Estaca com emenda<br />

Fonte: GONÇALVES, BERNAR<strong>DE</strong>S E NEVES, 2007.<br />

53


- Exemplo 4: Estaca com mais de uma emenda<br />

No exemplo a seguir, pode-se observar a presença de pelo menos duas<br />

emendas pela curva de Velocidade x Impedância e também pela curva de Wave Up.<br />

Neste caso, a curva de Velocidade x Impedância em nenhum momento apresenta-se<br />

acima da curva de Força, o que dificulta a perfeita visualização dessas emendas. Através<br />

da analise da curva Wave Up pode ser verificado um pequeno pico ascendente na<br />

posição dessas emendas.<br />

Figura: 18: Estaca com mais de uma emenda<br />

Fonte: GONÇALVES, BERNAR<strong>DE</strong>S E NEVES, 2007.<br />

54


- Exemplo 5: Golpe aplicado excentricamente<br />

Na figura a seguir, verifica-se a falta de proporcionalidade no trecho inicial<br />

(antes da primeira reflexão de onda) entre as curvas de Velocidade x Impedância. Como<br />

tais curvas têm por origem a média das leituras dos sinais obtidos pelos transdutores,<br />

haverá interferência no valor médio obtido por esses sinais. Essa desproporcionalidade<br />

pode ocorrer por diversos fatores, dentre os quais, estaca desaprumada (fora do eixo),<br />

martelo excêntrico em relação ao eixo longitudinal da estaca, capacete excêntrico ou<br />

inclinado em relação ao topo da estaca e cepo inclinado em relação ao topo da estaca.<br />

Figura: 19: Golpe desferido excentricamente em relação ao eixo da estaca.<br />

Fonte: GONÇALVES, BERNAR<strong>DE</strong>S E NEVES, 2007.<br />

55


- Exemplo 6: Estaca em deslocamento durante a execução do ensaio<br />

Certas vezes, durante a aplicação dos golpes do martelo (pilão) do bate estacas<br />

para a realização do ensaio de carregamento dinâmico, a estaca encontra-se mal cravada<br />

e passa a deslocar-se. Nesses casos, observa-se a ocorrência de um pico de Velocidade,<br />

superpondo-se à Força na região da ponta da estaca (segundo cursor de tempo (t₂)).<br />

Após o tempo 2L/c, ocorre uma queda na curva de Força e um aumento abrupto de<br />

velocidade, caracterizando que a ponta da estaca não apresenta resistência para a<br />

profundidade onde se encontra apoiada (figura abaixo). Nesses casos, em geral,<br />

procede-se a recravação da estaca até que atinja uma cota de assentamento adequada.<br />

Observe-se que não se apresenta graficamente qualquer indício de dano estrutural<br />

caracterizado pela superposição da curva de Velocidade x Impedância à de Força.<br />

Figura: 20: Estaca em deslocamento durante a execução do ensaio<br />

Fonte: GONÇALVES, BERNAR<strong>DE</strong>S E NEVES, 2007.<br />

56


- Exemplo 7: Deformação elástica excessiva sob a ponta de estaca<br />

Embora não muito frequente, esse tipo de ocorrência caracteriza problema. Em<br />

geral quando isso ocorre, podemos ter certeza que o solo situado imediatamente sob a<br />

ponta da estaca encontra-se resiliente e, portanto, apresentará elevada deformação<br />

elástica, ocasionando quakes elevados e carga mobilizada bastante reduzida. A<br />

visualização desse fenômeno pode ser feita através da observação da superposição<br />

localizada da curva de Velocidade x Impedância sobre a curva de Força, na ponta da<br />

estaca (figura abaixo). Se observarmos essas curvas, nesse local, verificaremos que aí se<br />

forma um pequeno semicírculo, em decorrência da chegada de uma onda de tração<br />

refletida na ponta e atraso na chegada da onda de compressão em decorrência dessas<br />

elevadas deformações elásticas.<br />

Figura: 21: Deformação elástica excessiva sob a ponta da estaca<br />

Fonte: GONÇALVES, BERNAR<strong>DE</strong>S E NEVES, 2007.<br />

57


2.6.2.2 - Equação da Onda<br />

Quando uma estaca é solicitada pelo impacto de um martelo uma zona do<br />

material é comprimida. Essa compressão causa uma tensão que será transmitida para<br />

camadas subseqüentes. O processo contínuo de compressão desenvolve uma onda de<br />

tensão que se propaga ao longo da estaca. (Bernardes, 1989)<br />

A equação da onda foi desenvolvida por Saint-Vénant em meados de1866, para<br />

o estudo de um impacto sobre a extremidade de uma barra. Neste estudo foi encontrada<br />

a equação diferencial que governa a propagação de ondas unidemensionais em uma<br />

barra elástica e tambem sua solução para algumas condições de contorno.<br />

A equação da onda é uma equação diferencial de derivadas parciais de segunda<br />

ordem evolvendo as variáveis independentes: posição da seção (x), onde se quer<br />

determinar o deslocamento u (x,t), ao longo do tempo (t).<br />

A equação da no caso de uma estaca sem resistência ao longo do fuste é:<br />

em que c = velocidade da onda de tensão:


descendente e ascendente em dada seção da estaca podem ser determinadas<br />

conhecendo-se a força F e a velocidade v nesta seção, por meio das expressões:


2.6.2.3 - Modelo de Smith<br />

Quando uma estaca é solicitada pelo impacto de um martelo uma zona do<br />

material é comprimida. Essa compressão causa uma tensão que será transmitida para<br />

camadas subseqüentes. O processo contínuo de compressão desenvolve uma onda de<br />

tensão que se propaga ao longo da estaca (Bernardes, 1989).<br />

A velocidade de onda é função das propriedades do material da estaca. É a<br />

velocidade com que as zonas de compressão ou de tração se movem ao longo da estaca.<br />

A onda descendente inicial gerada pelo impacto do martelo é formada por forças<br />

compressivas. Esta onda se propaga ao longo do fuste e quando encontra a ponta da<br />

estaca é refletida (Gonçalves et al., 2000).<br />

Segundo SMITH (1960), D. V. Isaacs foi o primeiro que advertiu sobre a ação<br />

da onda durante a cravação de estacas. Em 1960, utilizando o conceito da equação da<br />

onda e utilizando integração numérica, Smith propôs um modelo matemático, para<br />

representar o fenômeno de cravação de estacas, tornando-se a base para o seu<br />

desenvolvimento. A solução foi obtida pelo método das diferenças finitas, com o uso de<br />

computadores.<br />

Para AOKI (1997), o modelo de Smith permite avaliar os deslocamentos,<br />

velocidades, acelerações e forças na seção da estaca, ao longo do tempo, substituindo<br />

com vantagens a fórmula dinâmica.<br />

Através da figura, pode-se observar o modelo numérico proposto, em que se<br />

representam os elementos, como o martelo, o cepo, o capacete e a estaca por uma série<br />

de pesos e molas.<br />

Os elementos rígidos e pesados são representados por pesos, sem elasticidade,<br />

como o capacete. A estaca, que é compressível, foi dividida em comprimentos unitários<br />

e molas individuais, que representam seu peso e elasticidade, respectivamente. Já o<br />

martelo, foi considerado como elemento possuidor de peso e elasticidade. As forças de<br />

resistência do solo, são representadas pela combinação de molas elasto-plásticas e<br />

pistons lineares ligados em cada elemento de estaca cravado.<br />

60


Figura 23: Modelo de Smith.<br />

Fonte: ALVES, LOPES E DANZIGER, 2004.<br />

Para o cálculo, cada componente é considerado separadamente no intervalo de<br />

tempo. Para cada intervalo, são calculadas cinco variáveis: o deslocamento do peso, em<br />

relação a posição inicial, a compressão da mola, a força exercida pela mola, a força<br />

resultante atuante no peso e a velocidade do peso (Velloso e Lopes, 2002).<br />

O tempo durante o qual a ação ocorre (impacto do martelo sobre a estaca) é<br />

dividido em intervalos pequenos, como 1/4000 segundos. As ações de cada peso e cada<br />

mola, são calculadas separadamente para cada um e para todos os intervalos de tempo.<br />

Desta maneira, pode ser feita uma determinação matemática das tensões e da penetração<br />

61


da estaca ou deslocamento permanente por golpe, para qualquer tipo de solo ou<br />

grandeza de resistência do solo. SMITH (1960). Hoje em dia, dispõe-se de programas<br />

computacionais elaborados, que aliam simplicidade na operação com adaptabilidade às<br />

mais diversas condições de cravação.<br />

2.6.2.4 – Método de análise CASE<br />

Quase paralelamente ao início do uso da proposta de Smith para previsão do<br />

comportamento de estacas cravadas, surgiu no meio técnico a idéia de monitorar a<br />

cravação de estacas, através de acelerômetros (que, por integração, detectam a<br />

velocidade) e transdutores de força, instalados no fuste da estaca.<br />

De acordo com a NBR 13208 (2007), os sinais de carregamento dinâmico, no<br />

momento do ensaio, são processados através do método tipo CASE. À medida que os<br />

golpes do martelo são aplicados à estaca, o método fornece as seguintes informações.<br />

• capacidade de carga na interface solo-estaca (parâmetro principal)<br />

• força máxima do impacto do martelo<br />

• energia máxima do golpe do martelo<br />

• eficiência do sistema de cravação<br />

• integridade estrutural e posição do dano<br />

• valores máximos de tensão, velocidade e deslocamento<br />

• a distribuição das tensões na estaca, tanto de compressão como de tração<br />

O método CASE consiste em uma solução matemática de forma fechada,<br />

baseada em hipóteses simplificadas, tais como comportamento plástico ideal do solo,<br />

estaca idealmente elástica e uniforme e atrito lateral mobilizado igual para ondas<br />

descendentes e ascendentes.<br />

O método tem o nome da instituição na qual foi desenvolvido nas décadas de<br />

60 e 70 (Case Western Research University, Ohio, EUA). É bastante prático e direto. A<br />

estimativa da capacidade de carga do método CASE é dada pela soma do atrito lateral e<br />

resistência de ponta através da fórmula a seguir:


Onde:


A resistência estática, então, é obtida como diferença entre a total e a dinâmica:


incluem a resistência última mobilizada da estaca, a distribuição de resistência, a<br />

deformação elástica máxima (quake) e a constante de amortecimento (damping).<br />

No modelo CAPWAP as forças de reação do solo são passivas e expressadas<br />

como uma função do movimento da estaca. O solo é modelado utilizando-se a teoria da<br />

propagação da onda padrão, aplicando os componentes elasto-plásticos e visco-lineares,<br />

para representarem as forças de reação estática e dinâmica.<br />

Cada reação do solo é descrita pela resistência estática última, o quake e a<br />

constante damping. O programa usa o modelo de estaca contínua, a velocidade<br />

registrada na cabeça da estaca e o modelo do solo assumido, que consta da distribuição<br />

da resistência do solo, quakes e as características de amortecimento (damping) de cada<br />

elemento do solo, ao longo do fuste e sob a ponta.<br />

Com os dados de deslocamento da estaca e as condições de contorno<br />

assumidas, o CAPWAP calcula a curva que representa a força na cabeça da estaca. Essa<br />

força calculada é comparada com a força que foi medida durante o ensaio pelo PDA.<br />

Iterativamente com o computador, a sensibilidade do engenheiro é usada para modificar<br />

o modelo do solo, até que o melhor ajuste ("best match") entre as curvas de força seja<br />

atingido. O processo computacional pode ser resolvido abaixo:<br />

Figura 24: Método CAPWAP – Fluxograma<br />

Fonte: ALVES, 2004.<br />

65


O processo de ajuste das curvas medidas e calculadas é controlado por diversos<br />

fatores como a distribuição da resistência e a resistência última mobilizada.<br />

Durante o processo de iteração, o programa avalia a qualidade do ajuste<br />

(concordância entre as curvas) pelas diferenças relativas às curvas medida e calculada.<br />

As curvas são divididas em quatro regiões e, para cada uma, é atribuído um número,<br />

através da média geométrica, que representa a concordância das curvas. Quanto melhor<br />

for o ajuste, menor o valor do match quality.<br />

A figura a seguir, apresenta um processo de iteração feito em cinco tentativas.<br />

Nas primeiras tentativas foi modificada a distribuição da resistência na estaca ensaiada<br />

(fuste e ponta). Nas últimas tentativas, foram modificados o modelo do solo sob a ponta<br />

e os parâmetros de descarregamento. HANNIGAN (1990).<br />

Figura 24: Ajuste da curva de força através de iteração.<br />

Fonte: HANNIGAN, 1990.<br />

66


Quando atinge o melhor ajuste, o programa imprime o modelo de solo adotado<br />

com os valores de resistência mobilizada, distribuição de resistência ao longo da<br />

profundidade, quake e damping.<br />

O CAPWAP simula também a prova de carga estática, utilizando o modelo da<br />

estaca, a distribuição da resistência e o quake.É simulada a aplicação de incrementos de<br />

carga no topo da estaca e calculada a penetração do elemento associado a valores<br />

estáticos de resistência. Logo, a curva carga-deslocamento do topo da estaca é<br />

determinada.<br />

Obtido o valor da capacidade de carga estática, através da análise CAPWAP,<br />

pode ser feia a aferição de


determinação da capacidade de carga, através das medições dinâmicas. Alguns solos<br />

apresentam o fenômeno da relaxação, ou seja, perda da resistência em função do tempo<br />

decorrido após a cravação, ou o fenômeno da cicatrização, set up, que resulta no ganho<br />

de resistência no decorrer do tempo (Gonçalves et al., 2000).<br />

Outro fator que causa variação nos resultados da avaliação da capacidade de<br />

carga é o fato da análise CAPWAP® ser efetuada sobre um golpe particular, dentre os<br />

inúmeros aplicados sobre a estaca. Assim sendo, escolhe-se um golpe cuja<br />

representatividade envolva as condições de cravação e penetração desejadas.<br />

Em função do fato de a análise envolver um método iterativo, em que o ajuste<br />

das curvas é realizado manualmente, pode-se esperar que haja subjetividade na escolha<br />

dos alguns parâmetros (Gonçalves et al., 2000). Danziger et al. (1996), discutem a<br />

unicidade das análises. Segundo os autores, a solução não é única e diferentes<br />

parâmetros podem produzir curvas de velocidades similares.<br />

Quando se efetua o ensaio de carregamento dinâmico em campo, a estimativa<br />

da capacidade de carga é inicialmente efetuada através do método CASE®. O<br />

desenvolvimento físico-matemático para a avaliação das resistências dinâmicas e<br />

estáticas envolve uma série de parâmetros básicos, tais como a velocidade de<br />

propagação da onda e os coeficientes de amortecimento. A utilização inadequada de tais<br />

parâmetros interfere nos resultados (Gonçalves et al., 2000).<br />

CAPÍTULO 3: CAMPO EXPERIMENTAL<br />

3.1 – ÁREA <strong>DE</strong> <strong>ESTUDO</strong><br />

A área destinada ao estudo está localizada na cidade de Belém - PA, no endereço<br />

Travessa Angustura entre as Avenidas Visconde de Inhauma e Duque de Caxias no<br />

bairro Marco. Trata-se de um local destinado à construção de um edifício residencial. A<br />

imagem a seguir mostra a localização da área.<br />

68


Figura 25: Área de estudo<br />

Fonte: google maps<br />

A construção que será realizada na área de estudo trata-se de uma estrutura de<br />

concreto armado convencional, constituída por pilares, vigas e lajes e um total de 29<br />

pavimentos. A fundação da torre do empreendimento foi executada com estacas pré-<br />

moldadas metálicas.<br />

O projeto possuía um total de 89 (oitenta e nove) estacas, com profundidade<br />

estimada de 42 a 48 metros, sendo elas de três tipos:<br />

• 4 estacas com perfil W 200x35,9 para suportar até 50 tf;<br />

• 7 estacas com perfil HP 310x79,0 para suportar até 140 tf;<br />

• 78 estacas com 1 perfil HP 310x79,0 e 3 perfis HP 310x93,0 para suportar até<br />

190 tf.<br />

A figura a seguir mostra simplificadamente o projeto de fundação da torre.<br />

69


Figura 26: Projeto simplificado de fundação da torre.<br />

Fonte: CBM – Construtora Bruno Mileo<br />

70


3.1.1 – Características geológicas e geotécnicas de de Belém<br />

De acordo com SALAME E ALENCAR JR (2006), a cidade de Belém está<br />

situada no braço sul do delta do grande Rio Amazonas, especificamente no encontro do<br />

Rio Guamá com a Baía do Guajará. Assim sendo, o solo da cidade apresenta condições<br />

geológicas peculiares da bacia amazônica, oriundo da era cenozóica, períodos terciários<br />

e quaternário e de formação aluvionar praticamente até camadas situadas a<br />

profundidades de 130 metros.<br />

Figura 27: Encontro do Rio Guamá com a Baía do Guajará<br />

Fonte: Google Earth<br />

Segundo COSTA (2001), a geologia da Região Metropolitana de Belém, pode<br />

ser dividida em três unidades litológicas, discriminadas do topo para a base em:<br />

Sedimentos Recentes; Sedimentos Barreiras/Pós Barreiras e Formação Pirabas.<br />

SALAME E ALENCAR JR (2006).<br />

Através de resultados de centenas de sondagens SPT, verificou-se que a<br />

estratigrafia da área esquematizada está intimamente ligada a cota do terreno em relação<br />

ao nível do mar, segundo SALAME E ALENCAR JR (2006).<br />

Para SALAME E ALENCAR JR (2006), OLIVEIRA FILHO (1981) E ALENCAR<br />

ET AL (2002), na sua configuração superficial, o subsolo da cidade está dividido em<br />

dois horizontes principais:<br />

71


• Os das regiões de baixadas, próximas ao Rio Guamá, Baía do Guajará e as margens<br />

dos canais que cortam boa parte do município, formadas por pântanos ou várzeas,<br />

situadas na cota até 3,0 m acima do nível do mar e abrangendo aproximadamente<br />

40% da área urbana.<br />

• Compreendem sedimentos mais recentes com perfil errático, composto de argilas<br />

muito moles de coloração cinza, matéria orgânica em decomposição que se<br />

encontram em processo de consolidação, nível d'água logo na superfície. Desta<br />

forma, estas áreas são altamente compressíveis e inadequadas para sustentações de<br />

fundações;<br />

• Os das regiões de maior altitude, estão situadas acima do nível do mar em cotas de 8<br />

a 20 m, têm formação, proveniente do período quaternário, possui perfil simples<br />

com nível do lençol freático em torno de 4 a 6 metros de profundidade e estratigrafia<br />

típica do subsolo por apresentar camadas superficiais compostas de areia siltosa ou<br />

silte arenoso fofo a pouco compacto de coloração amarelada, sobrejacentes a<br />

camadas de areis medianamente compacta a compacta, ou de argilas lateríticas em<br />

veios de seixos e pedras e matacões de arenito ferruginoso, decorrentes de<br />

precpitação de óxido de ferro.<br />

72


FIGURA 28: Perfil da geologia da Região Metropolitana de Belém.<br />

FONTE: COSTA T., GANDOLFI N. e COSTA J., 2002.<br />

73


3.1.2 – Particularidades geotécnicas do solo em Belém<br />

SALAME E ALENCAR JR (2006) frisam que diante da diferença na<br />

composição mineralógica e geoquímica, as características e propriedades geotécnicas de<br />

suas camadas também apresentam peculiaridades distintas.<br />

ALENCAR JR ET AL (2002) mostra a seguir os principais parâmetros<br />

geotécnicos e características das três argilas de maior ocorrência no subsolo da cidade.<br />

FARIAS ET AL (2001) explica sobre o silte arenoso encontrado na faixa superficial das<br />

áreas de cotas altas de Belém. SALAME E ALENCAR JR (2006).<br />

1- Argila Orgânica Muito Mole encontrada na Faixa Superficial das áreas de “Baixada”<br />

(ALENCAR JR ET AL, 2002).<br />

• Ensaios de Caracterização: Material comum nas áreas de baixada da cidade,<br />

composto de ilita, esmectita, caolinita e matéria orgânica decomposta;<br />

• Parâmetros de Resistência: Os ensaios SPT já executados, indicam valores NSPT de<br />

0 a 1 e em ensaios de palheta realizados no material para fundamentação de projetos<br />

de estabilidade de aterros e cortes nas obras da macrodrenagem da bacia do Una e<br />

da alça viária, desenvolvidas na região de Belém, indicaram oscilação de valores, na<br />

faixa de 10 a 30 kPa, sem tendência de variação em função da profundidade;<br />

• Parâmetros de Consolidação: Os ensaios de adensamento realizados com estágios de<br />

carregamento de 15, 30, 60, 120 e 240 kPa, indicaram significativa compressão<br />

secundária, o que leva à não recomendação do cálculo de recalques por métodos<br />

convencionais, independente das condições das amostras que em alguns casos<br />

apresentavam na observação visual, além de pequenos orifícios decorrentes da<br />

movimentação de seres vivos como minhocas, a existência de matéria orgânica não<br />

totalmente decomposta. Os resultados obtidos alcançaram valores médios de:<br />

- Peso Específico: 15 a 16 kN/m³<br />

- Índice de Vazios: 1,7 a 2,4<br />

- Índice de recompressão: 0,09 a 0,15<br />

- Índice de compressão: 0,8 a 1,2<br />

- OCR: 1,00 a 1,05<br />

- Coeficiente de adensamento: 5,5x 10-4 a 8,5 x 10-4 cm²/s<br />

74


2- Argila Variegada Mole a Média, Subjacente à Primeira Camada Resistente<br />

(ALENCAR JR ET AL, 2002).<br />

• Caracterização Geotécnica: Argila silto arenosa inorgânica de alta plasticidade, com<br />

coloração avermelhada e com concreções lateríticas, mineralogicamente constituída<br />

principalmente de caolinita na fração argilosa e de quartzo na fração siltosa. A<br />

caracterização deste material foi realizada em amostras retiradas de camadas<br />

situadas nas profundidades de 11 e 13m, subjacente à camada de areia fina compacta<br />

e apresentaram os valores médios abaixo discriminados:<br />

- Limite de Liquidez (LL) = 67,63 %<br />

- Limite de Plasticidade (LP) = 24,90 %<br />

- Índice de Plasticidade (IP) = 42,73 %<br />

- Teor de Argila = 81 %<br />

- Teor de Silte = 16,5 %<br />

- Teor de Areia = 2,5<br />

• Parâmetros de Resistência: O material apresentou nas amostras selecionadas, NSPT<br />

com valores médios de 4 a 5.<br />

• Parâmetros de Consolidação: Os resultados médios obtidos em sete ensaios<br />

endométricos, sendo três rápidos e quatro convencionais foram:<br />

- Peso Específico: 17,5 a 18,7 kN/m3<br />

- Índice de Vazios: 0,91 a 1,19<br />

- Índice de recompressão: 0,02 a 0,04<br />

- Índice de compressão (indeformado): 0,39 a 0,67<br />

- OCR: 3,1 a 6,1 (provavelmente devido a estruturação laterizada do material, que se<br />

quebra após a pressão de pré-adensamento)<br />

- Coeficiente de adensamento: 4,4 x 10-4 a 1,17 x 10-3 cm²/s<br />

75


3 - Argila Mole a Média, Cinza Escura, Subjacente à Camada Primeira Resistente,<br />

(SARÉ et al 2001 e ALENCAR JR.et al 2002)<br />

• Caracterização Geotécnica: Argila siltosa inorgânica de alta plasticidade, de<br />

consistência mole a média, mineralogicamente constituída de caolinita (maior<br />

ocorrência) e de ilita, na composição do material argilo-mineral, com curva<br />

granulométrica os ensaios de caracterização com os seguintes valores médios:<br />

- Limite de Liquidez (LL) = 59,90 %<br />

- Limite de Plasticidade (LP) = 32,70 %<br />

- Índice de Plasticidade (IP) = 27,30 %<br />

- Teor de Argila = 60,86 %<br />

- Teor de Silte = 39,14%<br />

• Parâmetros de Resistência: Nos ensaios a percussão com circulação d’água<br />

realizados, NSPT apresentou valores médios de 4 a 6. Nos ensaios de palheta foram<br />

os valores de Su variaram de 23 a 51 KPa e conforme o método de SHANSEP apud<br />

ALENCAR Jr. et al. (2002), alcançou valores para a razão de sobre-adensamento<br />

(OCR), variando de 1,0 a 2,0, evidenciando a condição levemente sobre-adensada<br />

da argila. No ensaio SPT-T, realizado similarmente ao Vane Test, encontrou-se<br />

valores de Cu da ordem de 14 kPa e índice de torque próximo de 0,5 kgf.m / NSPT.<br />

• Parâmetros de Consolidação: Foram realizados seis ensaios de adensamento<br />

convencionais com estágios de carregamento de 25, 50, 100, 200 e 400 kPa e<br />

descarregamentos de 200, 100 e 50 kPa, com curvas de adensamento e mostra os<br />

resultados que alcançaram segundo Saré et al (2001), valores médios de:<br />

- Peso Específico: 18,5 a 18,6 kN/m3<br />

- Índice de Vazios: 0,89 a 0,94<br />

- Índice de recompressão: 0,035 a 0,083<br />

- Índice de compressão virgem: 0,140 a 0,285<br />

- Índice de descompressão: 0,007 a 0,048<br />

- OCR: 1,29 a 1,69<br />

- Coeficiente de adensamento: 3,8x 10-4 a 5,0 x 10-4 cm2/s<br />

76


4 - Silte Arenoso Variegado Fofo a Pouco Compacto, Encontrado na Faixa Superficial<br />

das Áreas de Cotas Altas, (FARIAS et al 2001)<br />

• Caracterização Geotécnica: Silte areno argiloso fofo a pouco compacto, com<br />

coloração amarelada, mineralogicamente constituído principalmente de quartzo na<br />

fração areno-siltosa. A caracterização deste material foi realizada em amostras<br />

retiradas de camadas situadas nas profundidades de 0 a 6 m, sobrejacente à camada<br />

de areia fina compacta em área de terreno de cota alta da cidade, mais<br />

especificamente na Av. Gov. José Malcher, na altura da Trav. Almirante<br />

Wandenkolk, e apresentaram os valores médios abaixo discrimindos:<br />

- Limite de Liquidez (LL) = 17,90 %<br />

- Limite de Plasticidade (LP) = 12,20 %<br />

- Índice de Plasticidade (IP) = 5,70 %<br />

- Teor de Argila = 5,26 %<br />

- Teor de Silte = 63,16 %<br />

- Teor de Areia = 31,58 %<br />

• Parâmetros de Resistência: Apresentou NSPT com valores médios de 1 a 6.<br />

• Parâmetros de Colapsibilidade: Foram realizados ensaios de adensamento com<br />

estágios de carregamento de 25; 50; 100; 200; e 400 kPa, divididos em três fases<br />

distintas, na intenção de observar o comportamento do solo quanto a sua<br />

colapsibilidade quando inundado. Na 1ª fase as amostras eram carregadas com 25<br />

kPa até estabilizarem e depois inundadas. Na 2ª fase os ensaios foram realizados<br />

isoladamente em cada um dos estágios de tensão, primeiramente na umidade natural<br />

e depois com a amostra inundada. Na 3ª fase foram realizados com duas prensas<br />

carregando simultaneamente amostras na umidade natural e amostras inundadas. Os<br />

resultados médios obtidos indicam que o solo em questão é do tipo colapsível:<br />

- Peso Específico: 16,9 kN/m3<br />

- Índice de Vazios Natural (en): 0,84<br />

- Índice de Vazios no LL (eL): 0,56<br />

- Teor de Umidade Natural (Wn): 15,04%<br />

77


- Grau de Saturação Natural (Srn): 48,08%<br />

- Coeficiente de Colapso Estrutural (I): >> 2%<br />

3.1.3 – Investigação geotécnica da área estudada<br />

A área de estudo e destinada ao empreendimento é provida de 4 (quatro)<br />

sondagens SPT. As estacas selecionadas pelo projetista e consultor da fundação para a<br />

realização das Provas de Carga Dinâmicas estavam situadas entre as prospecções SP-03<br />

e SP-04. A figura 3 demonstra a localização das sondagens<br />

As sondagens SPT SP-03 e SP-04 atingiram as profundidades de 41,45 metros e<br />

40,45 metros, respectivamente. Ambas as investigações apresentaram um perfil<br />

geotécnico constituído em sua maior parte por argila silto arenosa de cor cinza, com<br />

camadas intervalares de areia siltosa em profundidades variadas. Os estudos geotécnicos<br />

foram concluídos, em uma camada de areia silto argilosa de cor cinza perfil geotécnico<br />

completo de sondagem SPT pode ser consultado no anexo A.<br />

Figura 29: Localização das sondagens spt.<br />

Fonte: WS Geotecnia<br />

78


Figura 30: Sondagem SP-03 – folha 01<br />

Fonte: WS Geotecnia<br />

79


Figura 31: Sondagem SP-03 – folha 02<br />

Fonte: WS Geotecnia<br />

80


Figura 32: Sondagem SP-03 – folha 03<br />

Fonte: WS Geotecnia<br />

81


Figura 33: Sondagem SP-03 – folha 04<br />

Fonte: WS Geotecnia<br />

82


CAPÍTULO 4: MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Foram realizadas 5 (cinco) provas de carga dinâmica, escolhidas pelo projetista e<br />

consultor da fundação, a Figura A mostra a localização das estacas nos seus respectivos<br />

blocos de coroamento. As estacas eram compostas de 4 (quatro) perfis metálicos<br />

(fabricação GERDAU), sendo o primeiro a ser cravado do tipo HP 310 x 79,0 e os<br />

demais HP 310 x 93,0. O objetivo principal da realização dos ensaios foi a verificação da<br />

capacidade de carga e integridade das mesmas. A capacidade de carga de projeto das<br />

estacas era de 1900 kN.<br />

4.1 – EXECUÇÃO DAS ESTACAS<br />

Figura 34: Localização das estacas ensaiadas<br />

Fonte: CBM – Construtora Bruno Mileo<br />

Para a execução das estacas foi utilizado um bate – estaca de queda livre com<br />

plataforma sobre rolos. A cravação era feita através de um martelo de 32 kN e altura de<br />

queda de 2 metros. Como sistema de amortecimento, o capacete metálico do bate – estaca<br />

possuía cepo de madeira com 20 cm de espessura. A foto 1 mostra o equipamento<br />

83


utilizado para execução das estacas e a tabela 1 apresenta dados referentes à cravação dos<br />

perfis metálicos.<br />

ESTACA<br />

Figura 35: Bate–estaca utilizado para cravação das estacas ensaiadas<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

Tabela 10 - Dados referentes à cravação das estacas<br />

DATA DA<br />

CRAVAÇÃO<br />

PESO DO<br />

MARTELO <strong>DE</strong><br />

CRAVAÇÃO<br />

(kN)<br />

ALTURA<br />

<strong>DE</strong><br />

QUEDA<br />

(m)<br />

COMPRIMENTO<br />

CRAVADO (m)<br />

P08-54 11/04/2012 32,00 2,00 47,70<br />

P08-55 09/04/2012 32,00 2,00 45,92<br />

P60-57 20/03/2012 32,00 2,00 45,49<br />

P60-58 16/03/2012 32,00 2,00 45,41<br />

P60-59 03/02/2012 32,00 2,00 45,20<br />

84


4.1.1 – Preparação das estacas para a Provas de Carga Dinâmica<br />

Como os perfis metálicos estavam cravados no terreno em sua totalidade, houve a<br />

necessidade de confeccionar “prolongamentos” nas estacas que seriam ensaiadas.<br />

Primeiramente foi feita uma pequena escavação em torno das cabeças das estacas, para<br />

que as mesmas fossem encontradas (ver figura 36), uma vez que já haviam sido aterradas.<br />

Em seguida foi executado um corte no topo da estaca com maçarico, com o<br />

objetivo de regularizar a superfície da mesma (ver figura 37) consequentemente a<br />

superfície já cortada era limpa com a utilização de uma lixadeira equipada com disco de<br />

desbaste (ver figura 38) melhorando horizontalidade da estaca, concluindo o preparo do<br />

perfil cravado (ver figura 39).<br />

Após a conclusão da fase de preparação da cabeça da estaca, segmentos de 2<br />

(dois) metros de comprimento foram soldados sobre as superfícies já preparadas (ver<br />

figura 40), concluindo a confecção do “prolongamento” (ver figura 41). Estes segmentos<br />

eram constituídos de perfil metálico GERDAU HP 310 x 93,0. Consequentemente, o<br />

bate-estaca posicionava-se à frente da estaca a ser ensaiada (ver figura 42).<br />

Figura 36: Cabeça da estaca escavada<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

85


Figura 37: Corte com o maçarico<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

Figura 38: Limpeza com lixadeira<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

86


Figura 39: Cabeça da estaca pronta<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

Figura 40: Solda do “prolongamento” na cabeça da estaca<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

87


Figura 41: “Prolongamento” concluído<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

Figura 42: Bate-estaca posicionado para realização da prova de carga<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

88


4.1.2 – Instrumentação das estacas<br />

Para dar-se inicio à instrumentação das estacas a serem ensaiadas, foram<br />

executados 4 (quatro) furos, em forma de cruz, de 6 mm diâmetro, com uma furadeira<br />

equipada com broca especifica. As fotos 43 e 44 mostram a execução das perfurações e<br />

as mesmas concluídas, respectivamente.<br />

Figura 43: Execução das perfurações na estaca<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

Figura 44: Perfurações concluídas<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

89


Após a conclusão das perfurações, 1 (um) par de transdutores de deformação<br />

especifica e 1 (um) par de acelerômetros foram fixados com parafusos no<br />

“prolongamento” confeccionado. Os transdutores eram fixados na mesma direção, porém<br />

em faces opostas da estaca, em cada face, 1 (um) acelerômetro era fixado à direita do<br />

transdutor. A foto J mostra a instrumentação instalada na estaca.<br />

As figuras 46 a 50 demonstram o posicionamento da instrumentação nos<br />

“prolongamentos” de cada estaca, tomando como partida o nível do terreno (N.T.).<br />

Em seguida, a instrumentação era conectada por meio de cabos a um analisador de<br />

cravação de estacas (Pile Driving Analyser – PDA) do modelo PAX, fabricado pela Pile<br />

Dynamics Inc. (PDI). A foto K mostra o equipamento utilizado sendo manuseado.<br />

Figura 45: Instrumentação concluída<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

90


Figura 46: Posicionamento da instrumentação na estaca P08-54<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 47: Posicionamento da instrumentação na estaca P08-55<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 48: Posicionamento da instrumentação na estaca P60-57<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

91


Figura 49: Posicionamento da instrumentação na estaca P60-58<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 50: Posicionamento da instrumentação na estaca P60-59<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 51: PDA sendo manuseado<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

92


4.2 – REALIZAÇÃO DA <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> DINÂMICA<br />

Para a realização das Provas de Carga Dinâmica foi utilizado um bate – estaca de<br />

queda livre com plataforma sobre rolos, semelhante ao utilizado para a cravação das<br />

estacas, o mesmo possui martelo de 29 kN. Como sistema de amortecimento, o capacete<br />

metálico do bate – estaca possuía cepo de madeira com 20 cm.<br />

Antes do inicio da aplicação dos golpes na estaca era fixado um papel à mesma<br />

para que fossem tomadas medidas de nega de maneira tradicional (ver figura 52). As<br />

Provas de Carga Dinâmicas foram realizadas com energia crescente, ou seja, a altura de<br />

queda do martelo era aumentada a cada golpe que o mesmo aplicava sobre a estaca. A<br />

tabela 2 apresenta alguns dados referentes à realização dos perfis metálicos.<br />

Figura 52: Papel destinado a medida de Nega<br />

Fonte: Arquivo pessoal<br />

Tabela 11- dados referentes à realização das provas de carga dinâmica<br />

ESTACA<br />

DATA DO<br />

ENSAIO<br />

PESO DO<br />

MARTELO<br />

DO ENSAIO<br />

(kN)<br />

ALTURAS <strong>DE</strong> QUEDA (m)<br />

P08-54 09/07/2012 29,00 2,0 / 4,0 / 5,0 / 6,0 / 7,0<br />

P08-55 09/07/2012 29,00 2,0 / 4,0 / 5,0 / 6,0 / 7,0<br />

P60-57 09/07/2012 29,00 2,0 / 4,0 / 5,0 / 6,0 / 7,0<br />

P60-58 09/07/2012 29,00 2,0 / 4,0 / 5,0 / 6,0 / 7,0<br />

P60-59 09/07/2012 29,00 1,0 / 2,0 / 3,0 / 4,0 / 5,0 / 6,0 / 7,0<br />

93


CAPÍTULO 5: APRESENTAÇÃO <strong>DE</strong> RESULTADOS<br />

5.1 – DADOS OBTIDOS PELO MÉTODO CAPWAP<br />

Durante a realização das Provas de Carga Dinâmica, o PDA processa os dados<br />

obtidos através da instrumentação no fuste da estaca, porém o Jc (fator de amortecimento<br />

dinâmico do solo) utilizado durante o ensaio foi arbitrário.<br />

Os dados obtidos foram analisados pelo método CAPWAP, onde o Jc foi<br />

reajustado, chegando a resistências máximas mobilizadas mais coerentes. As tabelas 12 a<br />

16, mostram os dados obtidos já analisado pelo método CAPWAP. Os dados obtidos em<br />

campo podem ser consultados no anexo B.<br />

Tabela 12 - Dados da estaca P08-54<br />

Nº h queda<br />

GOLPE (m)<br />

RMX<br />

(kN)<br />

EMX<br />

(kNm)<br />

DMX<br />

(mm)<br />

NEGA<br />

(mm)<br />

CSX<br />

(MPa)<br />

TSX<br />

(MPa) Eficiência<br />

1 2,00 1125 31,0 20,0 < 1 151,8 42,0 53%<br />

2 4,00 1984 64,0 31,0 < 1 225,5 61,6 55%<br />

3 5,00 2464 86,0 36,0 < 1 265,2 61,6 59%<br />

4 6,00 2545 92,0 38,0 < 1 278,4 67,2 53%<br />

5 7,00 2722 110,0 41,0 < 1 296,6 64,2 54%<br />

Tabela 13 - Dados da estaca P08-55<br />

Nº h queda RMX EMX DMX NEGA CSX TSX<br />

GOLPE (m) (kN) (kNm) (mm) (mm) (MPa) (MPa) Eficiência<br />

1 2,00 1315 29,0 20,0 < 1 144,5 41,5 50%<br />

2 4,00 2056 61,0 30,0 < 1 209,9 62,9 53%<br />

3 5,00 2392 77,0 34,0 < 1 256,3 69,9 53%<br />

4 6,00 2731 96,0 38,0 < 1 300,6 77,1 55%<br />

5 7,00 2973 122,0 45,0 < 1 340,7 65,3 60%<br />

94


Tabela 14 - Dados da estaca P60-57<br />

Nº h queda RMX EMX DMX NEGA CSX TSX<br />

GOLPE (m) (kN) (kNm) (mm) (mm) (MPa) (MPa) Eficiência<br />

1 2,00 1227 27,0 18,0 < 1 147,3 38,0 47%<br />

2 4,00 2188 59,0 28,0 < 1 222,0 54,1 51%<br />

3 5,00 2515 77,0 34,0 < 1 249,0 62,0 53%<br />

4 6,00 2836 99,0 39,0 < 1 271,3 62,9 57%<br />

5 7,00 3288 137,0 47,0 < 1 316,8 30,5 67%<br />

Tabela 15 - Dados da estaca P60-58<br />

Nº h queda RMX EMX DMX NEGA CSX TSX<br />

GOLPE (m) (kN) (kNm) (mm) (mm) (MPa) (MPa) Eficiência<br />

1 2,00 1192 30,0 19,0 < 1 153,1 37,7 52%<br />

2 4,00 1865 53,0 27,0 < 1 200,2 52,1 46%<br />

3 5,00 2221 70,0 31,0 < 1 234,8 57,7 48%<br />

4 6,00 2682 92,0 36,0 < 1 274,6 63,6 53%<br />

5 7,00 2747 121,0 46,0 < 1 289,1 61,7 60%<br />

Tabela 16 - Dados da estaca P60-59<br />

Nº h queda RMX EMX DMX NEGA CSX TSX<br />

GOLPE (m) (kN) (kNm) (mm) (mm) (MPa) (MPa) Eficiência<br />

1 1,00 649 10,0 10,0 < 1 94,2 24,5 34%<br />

2 2,00 1360 26,0 18,0 < 1 148,5 38,9 45%<br />

3 3,00 1972 44,0 24,0 < 1 184,4 49,9 51%<br />

4 4,00 2323 55,0 28,0 < 1 224,1 59,2 47%<br />

5 5,00 2557 75,0 33,0 < 1 242,9 59,6 52%<br />

6 6,00 2913 91,0 36,0 < 1 281,6 64,1 52%<br />

7 7,00 3516 136,0 47,0 < 1 331,8 40,9 67%<br />

5.2 – CURVAS <strong>DE</strong> RESISTÊNCIA X <strong>DE</strong>SLOCAMENTO<br />

Através dos dados obtidos pelo PDA e analisados pelo método CAPWAP, é<br />

possível determinar as curvas de resistência mobilizada (RMX) versus o deslocamento<br />

máximo de cada golpe (DMX). As figuras 53 a 57 demonstram as curvas RMX x DMX<br />

de cada estaca ensaiada, e a figura 58 apresenta todas as curvas juntas.<br />

95


Figura 53: Curva Resistência x Deslocamento da Estaca P08-54<br />

Fonte: Autor<br />

Figura 54: Curva Resistência x Deslocamento da Estaca P08-55<br />

Fonte: Autor<br />

96


Figura 55: Curva Resistência x Deslocamento da Estaca P60-57<br />

Fonte: Autor<br />

Figura 56: Curva Resistência x Deslocamento da Estaca P60-58<br />

Fonte: Autor<br />

97


Figura 57: Curva Resistência x Deslocamento da Estaca P60-59<br />

Fonte: Autor<br />

Figura 58: Curva Resistência x Deslocamento de todas as estacas ensaiadas<br />

Fonte: Autor<br />

98


5.3 – GRÁFICOS <strong>DE</strong> FORÇA MEDIDA E CALCULADA<br />

As figuras 59 a 63 apresentam os gráficos de força medida sobreposta à força<br />

calculada pelo método CAPWAP, através da resolução da equação da onda. Utilizando o<br />

modelo da estaca, o solo descrito e a velocidade medida como elementos de contorno. A<br />

força medida é representa pela linha contínua e a força calculada pela linha tracejada,<br />

quanto maior for sobreposição destas, maior será a comprovação da eficácia dos métodos<br />

utilizados.<br />

Figura 59: Gráfico Força medida e Força calculada da estaca P08-54<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 60: Gráfico Força medida e Força calculada da estaca P08-55<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

99


Figura 61: Gráfico Força medida e Força calculada da estaca P60-57<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 62: Gráfico Força medida e Força calculada da estaca P60-58<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

100


Figura 63: Gráfico Força medida e Força calculada da estaca P60-59<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

5.4 – GRÁFICOS <strong>DE</strong> SINAIS <strong>DE</strong> FORÇA E VELOCIDA<strong>DE</strong><br />

Nas figuras 64 a 68, são demonstrados os gráficos com os sinais de força e<br />

velocidade registrados pelo PDA, estes são dados de entrada para o método CAPWAP.<br />

Figura 64: Gráfico com sinais de Força medida e Velocidade da estaca P08-54<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

101


Figura 65: Gráfico com sinais de Força medida e Velocidade da estaca P08-55<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 66: Gráfico com sinais de Força medida e Velocidade da estaca P60-57<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

102


Figura 67: Gráfico com sinais de Força medida e Velocidade da estaca P60-58<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 68: Gráfico com sinais de Força medida e Velocidade da estaca P60-59<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

103


5.5 – SIMULAÇÃO <strong>DE</strong> <strong>PROVA</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGA</strong> ESTÁTICA<br />

O método de análise CAPWAP é capaz de simular prova de carga estática,<br />

consequentemente elaborando uma curva carga x recalque. Nas figuras 69 a 73 são<br />

apresentadas as simulações de cada estaca ensaiada. A linha contínua representa o<br />

comportamento da região onde houve a instrumentação no fuste da estaca, enquanto que<br />

a linha tracejada representa o comportamento da ponta da estaca.<br />

O método de análise CAPWAP calcula a carga e o recalque resultante no topo<br />

para cada carga incremental na ponta. Considerando a elasticidade do solo, da estaca,<br />

velocidade de deslocamento da estaca nula em relação ao solo. Após um período de<br />

repouso após a cravação, o comportamento registrado pode ser diferente, uma vez que a<br />

simulação é feita no momento do ensaio.<br />

Figura 69: Simulação de Prova de Carga Estática da estaca P08-54<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

104


Figura 70: Simulação de Prova de Carga Estática da estaca P08-55<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 71: Simulação de Prova de Carga Estática da estaca P60-57<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

105


Figura 72: Simulação de Prova de Carga Estática da estaca P60-58<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

Figura 73: Simulação de Prova de Carga Estática da estaca P60-59<br />

Fonte: FUGRO IN SITU, 2012<br />

106


5.6 – GRÁFICO <strong>DE</strong> NEGA X <strong>DE</strong>SLOCAMENTO<br />

Durante a execução das Provas de Carga Dinâmica com Energia Crescente, foi<br />

registrado através do PDA (Pile Driving Analyzer) valores de deslocamento máximo a<br />

cada golpe, também foram registrados medições de nega com a utilização de papel e<br />

caneta. As figuras 74 a 78 demonstram os gráficos com os valores de nega obtidos a cada<br />

golpe versus os valores dos deslocamentos máximos. A figura 79 apresenta todos os<br />

gráficos reunidos.<br />

DMX (mm)<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Figura 74: Gráfico de Nega x Deslocamento – estaca P08-54<br />

Fonte: Autor<br />

R² = 0,48024<br />

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5<br />

Nega (mm)<br />

107


DMX (mm)<br />

DMX (mm)<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Figura 75: Gráfico de Nega x Deslocamento – estaca P08-55<br />

Fonte: Autor<br />

Figura 76: Gráfico de Nega x Deslocamento – estaca P60-57<br />

Fonte: Autor<br />

R² = 0,67761<br />

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5<br />

Nega (mm)<br />

R² = 0,94081<br />

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5<br />

Nega (mm)<br />

108


DMX (mm)<br />

DMX (mm)<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Figura 77: Gráfico de Nega x Deslocamento – estaca P60-58<br />

Fonte: Autor<br />

Figura 78: Gráfico de Nega x Deslocamento – estaca P60-59<br />

Fonte: Autor<br />

R² = 0,97438<br />

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5<br />

Nega (mm)<br />

R² = 0,89728<br />

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5<br />

Nega (mm)<br />

109


DMX (mm)<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Figura 79: Gráfico de Nega x Deslocamento de todas as estacas<br />

Fonte: Autor<br />

5.7 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

Nas figuras 80 a 84, são feitas comparações entre a capacidade de carga estática<br />

de projeto obtida através de métodos semi-empiricos, as formulações dinâmica de Janbu e<br />

Dinamarqueses e as resistências máxima mobilizadas obtidas através do método<br />

CAPWAP. Na figura 85 tem-se o mesmo comparativo, porém, com todas as estacas<br />

ensaiadas.<br />

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5<br />

Nega (mm)<br />

110<br />

P08-­‐54<br />

P08-­‐55<br />

P60-­‐57<br />

P60-­‐58<br />

P60-­‐59


ESTACA P08-­‐54<br />

RESISTÊNCIA (kN)<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

1900<br />

ESTACA P08-­‐55<br />

RESISTÊNCIA (kN)<br />

3500<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

2200,0<br />

Figura 80: Comparação entre resultados da estaca P08-54<br />

Fonte: Autor<br />

Figura 81: Comparação entre resultados da estaca P08-55<br />

Fonte: Autor<br />

2721,4 2722,0<br />

PROJETO JANBU DINAMARQUESES PDA -­‐ CAPWAP<br />

1900<br />

2249,4<br />

2773,7<br />

2973,0<br />

PROJETO JANBU DINAMARQUESES PDA -­‐ CAPWAP<br />

111


ESTACA P60-­‐57<br />

RESISTÊNCIA (kN)<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

1900<br />

ESTACA P60-­‐58<br />

RESISTÊNCIA (kN)<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

2343,1<br />

Figura 82: Comparação entre resultados da estaca P60-57<br />

Fonte: Autor<br />

Figura 83: Comparação entre resultados da estaca P60-58<br />

Fonte: Autor<br />

2623,6<br />

2836,0<br />

PROJETO JANBU DINAMARQUESES PDA -­‐ CAPWAP<br />

1900<br />

2345,7<br />

2625,7<br />

2747,0<br />

PROJETO JANBU DINAMARQUESES PDA -­‐ CAPWAP<br />

112


ESTACA P60-­‐59<br />

RESISTÊNCIA (kN)<br />

3500<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

1900<br />

2380,4<br />

Figura 84: Comparação entre resultados da estaca P60-59<br />

Fonte: Autor<br />

2684,0<br />

2913,0<br />

PROJETO JANBU DINAMARQUESES PDA -­‐ CAPWAP<br />

113


RESISTÊNCIA (kN)<br />

3500<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

Figura 85: Comparação entre resultados de todas as estacas<br />

Fonte: Autor<br />

CAPÍTULO 6: SUGESTÕES E CONCLUSÕES<br />

Com o término desta pesquisa, propõem-se as seguintes sugestões para<br />

pesquisas futuras:<br />

• Realizar estudos aprofundados com os dados obtidos pela análise CAPWAP,<br />

detalhando a mecânica das ondas e suas derivações;<br />

• Estudar a influência do pré-furo que foi executado em duas das cinco estacas<br />

ensaiadas;<br />

• Estudar o efeito set-up;<br />

PROJETO JANBU DINAMARQUESES PDA -­‐ CAPWAP<br />

ESTACA P08-­‐54 1900 2200,0 2721,4 2722,0<br />

ESTACA P08-­‐55 1900 2249,4 2773,7 2973,0<br />

ESTACA P60-­‐57 1900 2343,1 2623,6 2836,0<br />

ESTACA P60-­‐58 1900 2345,7 2625,7 2747,0<br />

ESTACA P60-­‐59 1900 2380,4 2684,0 2913,0<br />

• Redimensionar a fundação com coeficiente de segurança reduzido.<br />

114


115<br />

Após análise dos dados obtidos em campo e analisado pelo método CAPWAP,<br />

chegou-se às seguintes conclusões:<br />

• Todos os resultados foram satisfatórios, comprovando a qualidade e confiabilidade<br />

do estaqueamento;<br />

• As cargas mobilizadas pela Prova de Carga Dinâmica foram maiores que a carga<br />

estática de projeto;<br />

• Os gráficos de Força Medida e Força Calculada obtiveram uma sobreposição<br />

satisfatória, comprovando a eficiência dos métodos de análise;<br />

• O martelo de queda-livre utilizado mobilizou cargas satisfatórias, porém as mesmas<br />

poderiam ser mais elevadas caso o equipamento possuísse um martelo maior;<br />

• Os gráficos de Nega x DMX mostraram que as estacas com maior tempo de cravação<br />

possuem melhor correlação que as estacas de cravação mais recentes;<br />

• Controles de cravação por nega e formulações dinâmicas mostraram-se eficientes e<br />

confiáveis neste estudo de caso;<br />

• Através de todos os ensaios com energia crescente analisado pelo método CAPWAP,<br />

conclui-se que a Prova de Carga Dinâmica é uma boa opção para verificar o<br />

comportamento de estacas;<br />

• Devido a possibilidade apresentada pela NBR 6122/2010 da substituição de ensaios<br />

estáticos por dinâmicos em sua maioria e perante os resultados satisfatórios dos<br />

inúmeros estudos e da vasta experiência nacional e internacional acerca da<br />

comparação de Prova de Carga Estática com Prova de Carga Dinâmica, esta última<br />

vem sendo cada vez mais utilizada.<br />

• Relação Custo x Beneficio melhor que da Prova de Carga Estática, devido sua boa<br />

produtividade e resultados conclusivos;<br />

115


CAPÍTULO 7: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. ALBUQUERQUE, Paulo José Rocha De. (1996). Análise do comportamento de<br />

estaca pré-moldada de pequeno diâmetro, instrumentada, em solo residual de<br />

diabásio da região de Campinas. Campinas. Dissertação de Mestrado. Faculdade<br />

Agrícola. Universidade Estadual de Campinas.<br />

2. ANDRA<strong>DE</strong>, Guido Martins de; SÃO MATEUS, Maria do Socorro Costa (...).<br />

Estacas Hélice Contínua – Previsão de Capacidade de Carga utilizando<br />

Métodos Semi-Empíricos e Provas de Carga Dinâmica em uma obra de<br />

Viaduto na Cidade de Feira de Santana – BA.<br />

3. ANDRA<strong>DE</strong>, Paulo. 1 a obra utilizando-se estacas metálicas no Brasil. São Paulo,<br />

1999. Disponível em: Acesso em 27 ago. 2012.<br />

4. 9. ANDRAOS, Neile. Ensaio de carregamento dinâmico em estacas moldadas<br />

in loco: contribuições para a seleção do sistema de impacto e amortecimento a<br />

partir de retro-análise. Dissertação (Mestrado em geotecnia) – Universidade<br />

Federal do Paraná, PR. 2004.<br />

5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA <strong>DE</strong> NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 – Projeto e<br />

execução de Fundações. Rio de Janeiro – RJ. 2010<br />

6. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA <strong>DE</strong> NORMAS TÉCNICAS. NBR 12131 –Estacas –<br />

Prova de Carga Estática – Método de Ensaio. Rio de Janeiro – RJ. 2006.<br />

7. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA <strong>DE</strong> NORMAS TÉCNICAS. NBR 13208 Estacas -<br />

Ensaio de Carregamento Dinâmico. Rio de Janeiro – RJ. 2007<br />

8. AVELINO, Janaina Dias. (2006). Análise de desempenho de estacas de fundação<br />

em um terreno com presença de solos moles. Rio de Janeiro. Dissertação de<br />

Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro.<br />

9. BARROS, Mércia. Apostila de revisão da escola politécnica da Universidade de<br />

São Paulo: Fundações. São Paulo, 2003. Disponível em:<br />

Acesso<br />

em 28 ago. 2012.<br />

116


10. BRANCO, Carlos José Marques da Costa. (2006). Provas de carga dinâmica em<br />

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11. CEHOP (Compania Estudal de Habilitação e Obras Públicas). Documento de<br />

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Acesso em 02 set. 2012<br />

12. CORRÊA, R.S. Previsão da carga de ruptura de estacas-raiz a partir de<br />

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13. CUNHA, Gizella De Cássia Monteiro Da. (2009). Mapeamento de danos<br />

estruturais causados pela cravação de estacas. Belém. Trabalho de Conclusão de<br />

Curso. Curso de Engenharia Civil. Universidade da Amazônia.<br />

14. FONTOURA, S. A. B. Mecanismos de transferência de carga em sistemas solo-<br />

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15. FUGRO (Fugro in situ geotecnia – empresa de fundação). Ensaio de prova de<br />

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Acesso em 24 set. 2012<br />

<strong>16.</strong> GONÇALVES, Claudio; BERNAR<strong>DE</strong>S, George de Paula; NEVES, Luis Fernando<br />

de Seixas (2007). Estacas Pré-Fabricadas de Concreto: Teoria e Prática. 1ª<br />

Edição/2007<br />

17. GONÇALVES, Sérgio Fernandes. Estudo do comportamento à compressão de<br />

estacas metálicas curtas em solo sedimentar. Dissertação (Mestrado em<br />

Engenharia) – Universidade Federal de Santa Maria, RS. 2008.<br />

18. HACHICH, Waldemar ET AL. Fundações: teoria e pratica. 2ª edição. São Paulo:<br />

PINI, 1998.<br />

19. HERRERA, Rodrigo; JONES, Lawrence E.; LAI, Peter (2009). Driven Concrete<br />

Pile Foundation Monitoring with Embedded Data Collector System. Florida.<br />

International Foundation Congress & Equipment EXPO.<br />

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117


20. MORAES, Luciene Santos de. (2005). Prova de Carga Dinâmica em Placa. São<br />

Carlos. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos.<br />

Universidade de São Paulo.<br />

21. NOGUEIRA, Rogério. Comportamento de estacas tipo raiz, instrumentadas,<br />

submetidas à compressão axial, em solo diabásio. Dissertação (Mestrado em<br />

concentração de geotecnia) – Universidade Estadual de Campinas, SP. 2004.<br />

22. PINTO, Carlos de Sousa. Curso básico de mecânica dos solos. São Paulo: Oficina<br />

de Textos, 2002.<br />

23. SALAME, Antônio Massoud; ALENCAR JÚNIOR, Júlio Augusto de. Fundações<br />

em Belém – PA: práticas e mapeamentos. Belém: UNAMA, 2006. Monografia<br />

de Conclusão de Curso.<br />

24. SCHNAID, Fernando. Ensaios de campo e suas aplicações à engenharia de<br />

fundações. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.<br />

25. SOARES, Fábio Lopes. (2002). Análise de provas de carga dinâmica em<br />

tubulões a céu aberto no campo experimental de fundações da EESC/USP. São<br />

Carlos. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos.<br />

Universidade de São Paulo.<br />

26. SOUSA, Cleocildo Aranha. (2010). Contribuição do mapeamento geotécnico de<br />

cidade de Belém-Pará. Belém. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de<br />

Engenharia Civil. Universidade da Amazônia.<br />

27. TRISTÃO, Gustavo Alves; SOUZA CRUZ, Felipe Vianna Amaral de (2012).<br />

Avaliação do Ensaio Dinâmico em Estacas Moldadas “In Loco” no Brasil.<br />

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28. VÁRIOS AUTORES. Fundações – Teoria e Prática. Editora Pini, São Paulo,<br />

1998.<br />

29. VIEIRA, Silvio Heleno de Abreu. (2006). Controle da cravação de estacas pré-<br />

moldadas: avaliação de diagrama de cravação e fórmulas dinâmicas. Rio de<br />

Janeiro. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />

118

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