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A aviação do futuro<br />

já começou<br />

aero<br />

E D I Ç Ã O E S P E C I A L - C N S / AT M<br />

Comunicação Navegação Vigilância<br />

Gerenciamento de Tráfego Aéreo<br />

AEROESPAÇO<br />

1


CNS ATMComunicação<br />

R E V I S T A A E R O E S P A Ç O E S P E C I A L<br />

Navegação Vigilância<br />

Gerenciamento de Tráfego Aéreo<br />

A aviação do futuro<br />

já começou


4<br />

AEROESPAÇO<br />

Navegação<br />

Aérea 16<br />

6<br />

Gerenciamento<br />

de Tráfego Aéreo 24<br />

O CNS/ATM<br />

Índice<br />

7<br />

Vigilância<br />

Aérea<br />

20<br />

12<br />

Comunicação<br />

Aeronáutica<br />

28<br />

Perguntas básicas,<br />

respostas essenciais<br />

Nossa capa Expediente<br />

A ilustração conceitual de<br />

capa retrata, por meio de<br />

Informativo do Depar tamento de Controle do Espaço Aéreo - <strong>DECEA</strong><br />

produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/<strong>DECEA</strong><br />

licença simbólica, as rotas de<br />

navegação aérea orientadas - e<br />

vigiadas - por satélites, a partir<br />

das estratégias de gerenciamento<br />

de tráfego aéreo e do<br />

apoio da comunicação digital.<br />

Diretor-Geral:<br />

Ten Brig Ar Ramon Borges Cardoso<br />

Assessor de Comunicação Social e Editor:<br />

Paullo Esteves - Cel Av R1<br />

Redação e Projeto Editorial:<br />

Daniel Marinho (MTb 25768/RJ-JP)<br />

Projeto Gráfico e Diagramação:<br />

Aline da Silva Prete<br />

Contatos:<br />

Home page: www.decea.gov.br<br />

Intraer: www.decea.intraer<br />

contato@decea.gov.br<br />

Endereço: Av. General Justo, 160<br />

Centro - CEP 20021-130<br />

Rio de Janeiro/RJ<br />

Telefone: (21) 2101-6637<br />

Fax: (21) 2262-1691<br />

Fotos: Fábio Ribeiro Maciel<br />

Editado <strong>em</strong> Maio/2011<br />

e Luiz Eduardo Perez (RJ 201930-RF)<br />

Fotolitos & Impressão: Ingrafoto


Tenente - Brigadeiro - do - Ar Ramon Borges Cardoso<br />

Diretor - Geral do <strong>DECEA</strong><br />

Editorial<br />

A cada edição da Revista Aeroespaço, acompanhamos o curso de eventos, iniciativas e t<strong>em</strong>áticas<br />

afetas ao cotidiano do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (<strong>DECEA</strong>) e do Sist<strong>em</strong>a de Controle do<br />

Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).<br />

Ultimamente, porém, muitas matérias vêm dispensando uma atenção especial aos processos<br />

de impl<strong>em</strong>entação de novas tecnologias e modernos procedimentos operacionais no SISCEAB,<br />

com o intuito de traduzir o contínuo rumo à modernização ao qual esse sist<strong>em</strong>a t<strong>em</strong> se submetido.<br />

Assim se deu na ocasião do inicio dos testes do Sist<strong>em</strong>a de Aumentação Baseado <strong>em</strong> Solo (GBAS),<br />

no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, e na implantação das ferramentas de Vigilância Dependente<br />

Automática por Contrato (ADS-C) e de Comunicação entre Piloto e Controlador via Enlace<br />

de Dados (CPDLC), no Centro de Controle de Área Atlântico (ACC-AO), por ex<strong>em</strong>plo.<br />

Essas impl<strong>em</strong>entações, no entanto, não ocorreram de modo isolado. São o resultado da<br />

execução estratégica de um plano de ação que t<strong>em</strong> por objetivo a adequação de nosso sist<strong>em</strong>a<br />

a um importante conceito avalizado pela Organização de Aviação Civil Internacional (OACI): o CNS/<br />

ATM. Famoso para alguns, mas, ainda desconhecido de muitos, esse padrão se fundamenta, <strong>em</strong><br />

síntese, na integração de tecnologias, processos e recursos humanos, destinados a suportar a<br />

evolução do transporte aéreo, aplicando <strong>em</strong> larga escala a tecnologia satelital, a comunicação<br />

digital e a gestão estratégica do tráfego aéreo.<br />

Nada mais justo, no momento, do que dedicarmos uma edição especial a respeito desse<br />

assunto, <strong>em</strong> voga <strong>em</strong> toda a comunidade aeronáutica internacional. Desse modo, como parte<br />

da celebração dos dez anos do <strong>DECEA</strong>, apresentamos um material completo acerca do t<strong>em</strong>a com<br />

vistas ao esclarecimento e à elucidação de muitas das complexas informações que perpassam<br />

nosso dia a dia; que, certamente, cada vez mais far-se-ão presentes.<br />

Nas páginas a seguir, serão abordados desde a criação dos comitês que deram orig<strong>em</strong> ao<br />

CNS/ATM até o detalhamento das novas ferramentas e procedimentos adotados <strong>em</strong> cada uma das<br />

esferas englobadas pelo conceito: Comunicação Aeronáutica, Navegação Aérea, Vigilância Aérea e<br />

Gerenciamento de Tráfego Aéreo.<br />

Para os iniciantes, recomendo uma atenção especial ao capítulo referente às dez perguntas<br />

básicas sobre o CNS/ ATM (pág. 28), que de modo objetivo traçam um escopo conciso das<br />

informações mais essenciais concernentes ao t<strong>em</strong>a. É importante ressaltar, do mesmo modo, que<br />

esta <strong>revista</strong> é parte de um projeto amplo denominado “Conhecendo o CNS/ATM”, que compreende<br />

também uma série de quatro vídeos-aula, um glossário on-line e conteúdos diversos relacionados<br />

ao t<strong>em</strong>a disponíveis no site especial do projeto na internet no endereço www.decea.gov.br/cnsatm.<br />

Bom proveito a todos!<br />

AEROESPAÇO<br />

5


6<br />

AEROESPAÇO<br />

O CNS ATM<br />

Para frente é que se voa!<br />

Contratado para evitar colisões entre aeronaves na pista<br />

do pequeno Aeroporto de Saint Louis, no Estado do Missouri,<br />

Estados Unidos, o jov<strong>em</strong> Archie William League saiu-se com<br />

uma regra de orientação básica às aeronaves que por lá evoluíam.<br />

Sua ferramenta de "controle de tráfego aeronáutico" era<br />

simples: quando <strong>em</strong>punhada, a bandeira vermelha mandava<br />

a aeronave parar; já a quadriculada, orientava o piloto a seguir.<br />

Era 1929 e o "hom<strong>em</strong> das bandeiras" – controlador de tráfego<br />

do aeroporto – certamente tinha consciência de que no<br />

primeiro momento <strong>em</strong> que alguns<br />

aviões a mais resolvess<strong>em</strong><br />

taxiar sobre a pista ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />

seu sist<strong>em</strong>a provavelmente entraria <strong>em</strong> colapso.<br />

Mas o que ele não conseguiria sequer supor do alto de sua<br />

torre de controle improvisada – que consistia numa cadeira de<br />

praia sob um guarda-sol, afi xado a um carrinho de mão para<br />

aliviar o calor do verão – é até que ponto chegaria a magnitude<br />

de abrangência da então incipiente prestação dos serviços<br />

de navegação aérea. Atividade, ainda hoje desconhecida de<br />

muitos, mas que esconde <strong>em</strong> sua intangibilidade uma complexa<br />

síntese de especializações, pesquisas, conhecimentos,<br />

tecnologias e estratégias.<br />

Oitenta anos depois, o provimento dos chamados "serviços<br />

de navegação aérea" mudou muito. Tornou-se um imperativo<br />

estratégico de tal amplitude que é hoje absolutamente indispensável<br />

a qualquer Estado nacional, alcançando um grau de<br />

infl uência socioeconômica, de certo modo, incomensurável.<br />

Não havia como ser diferente. De lá para cá, o número de<br />

movimentos aéreos se multiplicou <strong>em</strong> todo o globo. Atualmente,<br />

só no Brasil, mais de 60 milhões de passageiros cruzam<br />

os céus do País por ano <strong>em</strong> voos regulares; quando somados à<br />

aviação de transporte de carga e à aviação militar, esses números<br />

dão orig<strong>em</strong> a registros ainda mais expressivos. Segundo<br />

dados do Anuário de Transporte Aéreo de 2009, editado pela


Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), se somáss<strong>em</strong>os todos<br />

os percursos efetivamente voados no mesmo ano pelas<br />

aeronaves de companhias aéreas brasileiras – tráfego doméstico<br />

e internacional – teríamos pela frente uma rota de nada<br />

mais que 715 milhões de quilômetros. Nada mal se consideramos<br />

que Neil Amstrong precisou de pouco mais de 380 mil<br />

para ir à Lua.<br />

Como se não bastasse, o crescimento do fluxo de tráfego<br />

aéreo observado no mundo inteiro v<strong>em</strong> acentuando-se ainda<br />

mais nos últimos anos e as expectativas para o futuro já se debruçam<br />

sobre gráficos de curvas exponenciais ainda mais surpreendentes.<br />

Para as próximas décadas, algumas estimativas<br />

já falam na triplicação dos movimentos aéreos mundiais.<br />

Um novo paradigma<br />

Archie William League - para muitos o primeiro<br />

controlador da história - posa para a foto<br />

com seus instrumentos de trabalho<br />

(Campo de Voo de St. Louis Lamber, EUA -1929)<br />

O crescimento surpreendente do fluxo de tráfego aéreo<br />

mundial já fora prognosticado <strong>em</strong> 1983, quando a Organização<br />

de Aviação Civil Internacional (OACI) observou que os sist<strong>em</strong>as<br />

de navegação aérea então existentes não atenderiam<br />

às necessidades da comunidade aeronáutica p<strong>revista</strong>s para<br />

o século XXI. Na ocasião, foi instituído um comitê denominado<br />

"Sist<strong>em</strong>as Futuros de Navegação Aérea" (FANS – Future Air<br />

Navigation Syst<strong>em</strong>s), ao qual foi confiada a tarefa de estudar,<br />

identificar, analisar e avaliar novas tecnologia e iniciativas que<br />

pudess<strong>em</strong> gerar soluções e recomendações para atender o desenvolvimento<br />

progressivo da navegação aérea.<br />

A iniciativa, b<strong>em</strong> sucedida, originou outros comitês de estudos<br />

mais específicos na busca por soluções que pudess<strong>em</strong><br />

dar vazão às novas d<strong>em</strong>andas da comunicação aeronáutica,<br />

navegação aérea, vigilância aérea, b<strong>em</strong> como da gestão do<br />

tráfego aéreo como um todo.<br />

Assim nasceu, <strong>em</strong> 1991, um conceito desenvolvido para atender<br />

as necessidades prognosticadas para a aviação do Século XXI.<br />

Batizado de CNS/ATM, o modelo foi oficializado pela OACI na 10ª<br />

Conferência de Navegação Aérea, quando se propôs a impl<strong>em</strong>en-<br />

AEROESPAÇO<br />

7


8 AEROESPAÇO<br />

tação do padrão e de seus novos meios e procedimentos.<br />

O conceito CNS/ATM traduz-se, num âmbito geral, na apli-<br />

cação <strong>em</strong> grande escala de tecnologia satelital, comunicação<br />

digital e de uma gestão estratégica das operações, a partir da<br />

integração de tecnologias, processos e recursos humanos,<br />

destinados a suportar a evolução do transporte aéreo.<br />

A opção pela sigla constituiu-se de modo natural a partir<br />

da reunião <strong>em</strong> uma espécie de acrônimo das quatro atividades<br />

enfocadas pelo novo padrão: Comunicação Aeronáutica<br />

(letra C), Navegação Aérea (letra N), Vigilância Aérea (letra<br />

S, de Surveilance) e Gerenciamento de Tráfego Aéreo (representada<br />

pela sigla ATM: Air Traffi c Manag<strong>em</strong>ent).<br />

Sua ofi cialização, porém, era apenas um primeiro passo, já<br />

que propunha mudanças sensivelmente signifi cativas na base<br />

das estruturas provedoras dos serviços de navegação aérea<br />

<strong>em</strong> todo o globo. Elas exigiriam planejamentos, formulações<br />

de novas políticas, s<strong>em</strong> falar nas necessidades de pessoal, treinamento,<br />

infraestrutura e, sobretudo, nos custos.<br />

Piloto na cabine da aeronave Airbus A330,<br />

equipada com dispositivos afinados<br />

ao conceito CNS/ATM<br />

Assim, o CNS/ATM ainda passaria por um processo de<br />

maturação até o início do século vigente, quando <strong>em</strong> 2003,<br />

considerando os progressos e as difi culdades encontradas<br />

pelos Estados e pelos grupos regionais de planejamento e<br />

impl<strong>em</strong>entação, a 11ª Conferência de Navegação Aérea da<br />

OACI aprovou o Conceito Operacional ATM Global.<br />

O documento tinha por intuito tornar-se referência básica<br />

de planejamento para melhor direcionar o processo de<br />

impl<strong>em</strong>entação - <strong>em</strong> prol de um sist<strong>em</strong>a ATM Global perfeitamente<br />

integrado. Objetivo que só foi efetivamente alcançado<br />

três anos mais tarde, com a publicação do Plano<br />

Global de Navegação Aérea para os Sist<strong>em</strong>as CNS/ATM de<br />

2006, que atualizou o anterior.<br />

Aprovada, esta nova edição oferecia, fi nalmente, os<br />

el<strong>em</strong>entos que permitiam o desenvolvimento de projetos<br />

afi nados à satisfação das necessidades não só globais, mas<br />

nacionais, regionais e mundiais. Uma nova perspectiva que<br />

também preconizava a metodologia necessária de modo<br />

a alcançar uma adequada harmonização global <strong>em</strong> comunhão<br />

com as particularidades de cada Estado, ao longo do<br />

processo de transição.


Políticas e planejamentos<br />

A partir do Plano Global de Navegação Aérea para<br />

os Sist<strong>em</strong>as CNS/ATM, abriu-se o caminho para a impl<strong>em</strong>entação<br />

do conceito; agora disciplinado a partir de um<br />

direcionamento mais efi caz – e ciente das particularidades<br />

de cada país – para a melhor alocação de recursos e<br />

operação dos sist<strong>em</strong>as <strong>em</strong> curto, médio e longo prazo.<br />

Alguns Estados já vinham trabalhando no desenvolvimento<br />

dos sist<strong>em</strong>as da aviação do futuro avalizados<br />

pela OACI; outros, a partir de então, passaram a atuar de<br />

modo mais efetivo diante da questão.<br />

Na Europa, a iniciativa destinada a alcançar a modernização<br />

dos sist<strong>em</strong>as CNS/ATM é capitaneada pela<br />

União Europeia e pela Eurocontrol, por meio do Single<br />

European Sky ATM Research, ou simplesmente: SESAR. Já<br />

os norte-americanos, cunharam o termo NextGen (Next<br />

Generation Air Transportation Syst<strong>em</strong>) para nomear uma<br />

iniciativa similar, ainda que, obviamente, imbuída das<br />

particularidades inerentes a seus sist<strong>em</strong>as.<br />

No Brasil – onde o próprio termo CNS/ATM terminou<br />

por consagrar-se como o nome do projeto de modernização<br />

nacional – foi elaborada pelo <strong>DECEA</strong> uma concepção<br />

específi ca para o processo brasileiro <strong>em</strong> 2008: a Concepção<br />

Operacional ATM Nacional (DCA-351-2), também<br />

chamada de CONOPS. O Documento é a referência para<br />

o planejamento e a defi nição dos objetivos de implantação<br />

dos sist<strong>em</strong>as CNS/ATM no País e norteia todas as defi<br />

nições básicas e orientações concernentes à iniciativa.<br />

Essa concepção também disciplina um plano modular<br />

composto por três fases de acordo com requisitos técnicos<br />

e operacionais identifi cados no cenário nacional: a<br />

fase 1 - curto prazo - até 2010; a fase 2 - médio prazo - de<br />

2011 até 2015; a fase 3 - longo prazo - de 2016 até 2020.<br />

Desse modo, as atividades de planejamento e execução<br />

iniciaram-se com a aplicação de procedimentos, processos<br />

e capacidades disponíveis, para, <strong>em</strong> médio prazo,<br />

avançar para a aplicação de procedimentos, processos e<br />

capacidades <strong>em</strong>ergentes.<br />

No longo prazo, a migração evolutiva ao sist<strong>em</strong>a<br />

ATM Global se dará <strong>em</strong> função do surgimento e amadurecimento<br />

de novas tecnologias e processos, b<strong>em</strong> como<br />

da necessidade de atendimento a futuros requisitos<br />

operacionais.<br />

As iniciativas constantes da<br />

Concepção Operacional ATM Nacional<br />

(DCA 351-2/2008) estão harmonizadas<br />

com os objetivos nacionais, regionais,<br />

mundiais e, por extensão, ao conceito<br />

operacional ATM Global<br />

A impl<strong>em</strong>entação<br />

Em 2009, o <strong>DECEA</strong> estabeleceu as prioridades, as ações<br />

e os prazos a ser<strong>em</strong> cumpridos para a execução dos objetivos<br />

previsto no CONOPS com a publicação do Programa de<br />

Impl<strong>em</strong>entação ATM Nacional (PCA 351-3). O documento<br />

disciplinava o processo de impl<strong>em</strong>entação do CNS/ATM –<br />

sobretudo as fases iniciais – além de consolidar a Estrutura<br />

Analítica do Programa de Impl<strong>em</strong>entação.<br />

Inúmeras iniciativas, porém, antecederam-se ao cronograma,<br />

algumas antes mesmo da publicação desta PCA, a<br />

partir da identifi cação de necessidades operacionais, disponibilidade<br />

de tecnologia adequada e alocação de recursos.<br />

Dentre elas, destacam-se:<br />

a) A criação do Centro de Gerenciamento da Navegação<br />

Aérea (CGNA).<br />

b) A implantação da tecnologia de Vigilância Aérea<br />

(ADS-C) no Centro de Controle de Área Atlântico (ACC-<br />

AO), incorporando benefícios de segurança e efi cácia<br />

ao fl uxo de tráfego aéreo sobre o oceano.<br />

c) Implantação da Navegação Baseada <strong>em</strong> Performance<br />

(PBN) nas terminais de Recife e Brasília.<br />

d) A instalação dos dispositivos que propiciam a aproximação<br />

de precisão por satélites, o GBAS (Sist<strong>em</strong>a de<br />

Aumentação Baseado <strong>em</strong> Solo), no Aeroporto do Galeão,<br />

para a realização dos primeiros testes operacionais<br />

<strong>em</strong> 2011.<br />

e) O início das pesquisas para a impl<strong>em</strong>entação da ADS-B<br />

(Vigilância Dependente Automática por Radiodifusão),<br />

nas operações off shore da Bacia de Campos.<br />

f ) A implantação – <strong>em</strong> andamento – de ferramenta de sequenciamento<br />

de aeronaves <strong>em</strong> área terminal (rota de<br />

chegada e aproximação).<br />

AEROESPAÇO 9


10<br />

AEROESPAÇO<br />

Nos próximos capítulos, o leitor terá a chance de<br />

adentrar na nova dimensão do conceito CNS/ATM.<br />

Do passado ao futuro, a presente edição irá propor<br />

um voo no t<strong>em</strong>po, <strong>em</strong> que a partir da abordag<strong>em</strong><br />

das necessidades históricas do transporte aéreo<br />

e dos sist<strong>em</strong>as convencionais estabelecidos ao<br />

longo do século XX, serão apresentados os novos<br />

sist<strong>em</strong>as, ferramentas e funções advindas do novo<br />

padrão, que irão viabilizar no País o transporte aéreo<br />

seguro e eficaz do novo século.<br />

Como o leitor observará, cada uma das quatro<br />

áreas abordadas pelo conceito será tratada <strong>em</strong><br />

um capítulo específico - Comunicação Aeronáutica,<br />

Navegação Aérea, Vigilância Aérea e Gerencia-


mento do Tráfego Aéreo. Neles serão descritos e detalhados<br />

suas origens, necessidades, sist<strong>em</strong>áticas<br />

tradicionais, d<strong>em</strong>andas futuras e, sobretudo, seus<br />

novos sist<strong>em</strong>as e ferramentas.<br />

É importante destacar que esta <strong>revista</strong> é a versão<br />

impresa de uma iniciativa ainda mais ampla<br />

que engloba também outras mídias e conteúdos<br />

do chamado “Projeto Conhecendo o CNS/ATM”.<br />

Assim, através do endereço eletrônico<br />

www.decea.gov.br/cnsatm, pod<strong>em</strong> ser acessadas<br />

informações adicionais relevantes tais como<br />

documentações, links e conteúdos relacionados ao<br />

t<strong>em</strong>a, além de um glossário especial, onde são esclarecidas<br />

as siglas e os termos técnicos abordados.<br />

No site também estão disponíveis quatro vídeos<br />

com perfis de vídeo-aula, cujos roteiros são a versão<br />

digital dos textos a seguir. Ambos serão melhor<br />

aproveitados quando utilizados de modo compl<strong>em</strong>entar,<br />

já que abordam assuntos idênticos do<br />

mesmo modo, porém sob as perspectivas de molduras<br />

e linguagens técnicas diversas.<br />

Por fim, com o intuito de elucidar com clareza<br />

algumas informações essenciais a respeito do<br />

t<strong>em</strong>a, foi desenvolvida - nas versões impressa e digital<br />

- uma seção especial, onde estão reunidas as<br />

respostas às dez perguntas básicas sobre o conceito<br />

CNS/ATM.<br />

Boa Leitura!<br />

AEROESPAÇO<br />

11


12<br />

AEROESPAÇO<br />

Introdução<br />

As comunicações por voz entre pilotos e controladores<br />

de tráfego aéreo s<strong>em</strong>pre permearam a imaginação dos passageiros.<br />

O cin<strong>em</strong>a, por ex<strong>em</strong>plo, explorou à exaustão as<br />

desventuras dessa pitoresca ferramenta que permite a um<br />

interlocutor, no solo, comunicar-se por voz com outro a milhares<br />

de quilômetros de distância - algumas vezes, a mais<br />

de dez mil metros acima do nível do mar.<br />

Mas se a fi cção precisa de um enredo dramático, uma estrutura<br />

real de comunicação aeronáutica não visa outra coisa<br />

senão a perfeição de suas ações. É dela, sobretudo, que depende<br />

a fl uidez e a manutenção de um transporte aéreo<br />

viável e seguro.<br />

Até b<strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po, a comunicação por voz era, <strong>em</strong><br />

muitas localidades, a única forma de contato com uma aeronave.<br />

Muitos não sab<strong>em</strong>, mas o fato é que, até hoje, nas<br />

travessias aéreas ao longo dos nossos extensos oceanos,<br />

seja no h<strong>em</strong>isfério sul ou norte, <strong>em</strong> geral, não há cobertura<br />

radar.<br />

Nestas circunstâncias, o contato e a orientação da aeronave<br />

com o controle de tráfego aéreo, durante anos, apoiaram-se<br />

quase que <strong>em</strong> sua totalidade num velho instrumento<br />

conhecido de todos nós, inventado ainda no século XIX: o<br />

rádio.<br />

Entendendo o Sist<strong>em</strong>a Convencional<br />

No que diz respeito à comunicação entre as aeronaves e<br />

os centros de controle, os sist<strong>em</strong>as convencionais de comunicação<br />

- ainda utilizados <strong>em</strong> larga escala na aviação mundial<br />

- são baseados <strong>em</strong> tecnologias de <strong>em</strong>issão e recepção<br />

de sinais de áudio por ondas eletromagnéticas. Um padrão<br />

de comunicação viabilizado essencialmente por canais de<br />

voz, que utiliza as frequências HF e VHF.<br />

A frequência VHF (acrônimo inglês para "frequência muito


alta") é a mais utilizada. De sinal claro, propicia uma comunicação<br />

limpa, s<strong>em</strong> chiados e de fácil compreensão. É, no entanto,<br />

limitada no que diz respeito à sua difusão e por isso<br />

exige um grande número de antenas <strong>em</strong> todo o País.<br />

As frequências HF alcançam distâncias incomensuravelmente<br />

maiores, chegando a cruzar países e oceanos. O HF, porém,<br />

não possui um canal com a mesma qualidade de recepção<br />

e transmissão do VHF. Nele há chiados e suscetíveis alterações<br />

atmosféricas que costumam prejudicar ainda mais a clareza de<br />

seus sinais.<br />

Em síntese, funciona assim: na frequência VHF, o sinal de<br />

áudio do piloto é <strong>em</strong>itido pelo transmissor instalado na aeronave,<br />

recebido pela antena receptora mais próxima <strong>em</strong> terra,<br />

retransmitido para outras antenas ou mesmo, dependendo da<br />

localidade, diretamente para o Centro de Controle que, uma<br />

vez no ajuste de frequência correto, o captará através de seu<br />

receptor - e vice-versa. Já a frequência HF não precisa de retransmissores<br />

<strong>em</strong> terra. Uma vez <strong>em</strong>itido o sinal vai direto para<br />

a camada ionosférica, que por sua vez o reflete, propagando-o<br />

para distâncias continentais.<br />

A Comunicação Aeronáutica<br />

no conceito CNS/ATM<br />

Desde a década de 80, no entanto, já se prevê a saturação<br />

dos meios convencionais de comunicação aeronáutica, dada<br />

as restrições e limitações naturais de um canal único para <strong>em</strong>issão<br />

e recepção de áudio e das comunicações por voz.<br />

Um sist<strong>em</strong>a que funcionava a contento no passado, mas<br />

que com o intenso crescimento no fluxo de tráfego aéreo, observado<br />

nas últimas décadas e previsto para os próximos anos,<br />

mostra-se insuficiente.<br />

Desse modo, buscou-se um padrão de execução <strong>em</strong> que as<br />

comunicações aéreas passass<strong>em</strong> a ser exercidas essencialmen-<br />

Ao lado, uma Antena VHF tradicional .<br />

Abaixo, no detalhe, a interface do piloto para a<br />

comunicação por dados propiciada pelo CPDLC<br />

AEROESPAÇO 13


14 AEROESPAÇO<br />

te por meio de dados - no caso, palavras-chave. O uso da voz,<br />

por sua vez, não se extinguiria. Permaneceria como um back up<br />

para os casos de urgência ou <strong>em</strong>ergência, sobretudo no que<br />

tange à frequência HF devido à sua relevância para as comunicações<br />

de longa distância. Na transição para os sist<strong>em</strong>as CNS/<br />

ATM, os canais VHF e HF usados na transmissão de voz, dão vez,<br />

progressivamente, à comunicação por dados, através de uma<br />

evolução de suas tecnologias: o VHF Data Link (ou VDL) e o HF<br />

Data Link (ou HFDL).<br />

Os satélites entram também <strong>em</strong> cena para viabilizar a difusão<br />

de dados (<strong>em</strong> áudio, texto, ou mesmo outra mídia) numa<br />

cobertura ainda mais ampla e efi caz.<br />

Da interconexão desses e outros recursos surge a ATN<br />

(Aeronautical Telecommunication Network ou Rede de Telecomunicações<br />

Aeronáuticas). Um recurso, <strong>em</strong> âmbito mundial,<br />

projetado para suprir os diferentes grupos de usuários envolvidos<br />

no transporte aéreo <strong>em</strong> todas as suas d<strong>em</strong>andas.<br />

Janela de verifi cações<br />

e envio de mensagens<br />

Área de composição<br />

de mensagens<br />

Mensagens de<br />

downlink pendentes<br />

Mensagens de<br />

up pendentes<br />

Histórico de<br />

mensagens<br />

Desse modo, o grupo de satélites geoestacionários de cobertura<br />

global, o VHF Data Link, o HF Data Link, e outros recursos<br />

afi nados ao conceito CNS/ATM, como o Mode-S e o CPDLC,<br />

permitirão a comunicação perfeita de dados e voz <strong>em</strong> qualquer<br />

lugar do planeta, mesmo nas áreas mais r<strong>em</strong>otas ou oceânicas.<br />

Tal fato viabilizará ainda a exploração de outros serviços particulares<br />

que passarão a ser providos pelas <strong>em</strong>presas aéreas,<br />

como os de telefonia, internet, TV por assinatura etc.<br />

Uma conexão rápida, precisa e s<strong>em</strong> perdas, que usufrui de<br />

todas as vantagens inerentes ao meio digital, como, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

o registro e o cruzamento de informações a partir da administração<br />

de bancos de dados.<br />

O <strong>em</strong>prego desses meios múltiplos assegurará as ações de<br />

comunicação no transporte aéreo mesmo diante das perspectivas<br />

do grande aumento do fl uxo de tráfego mundial esperado<br />

para as próximas décadas.<br />

Display do controlador para<br />

comunicação por dados do CPDLC<br />

Comandos<br />

pré-formatados<br />

Lista de<br />

aeronaves logadas


Conheça agora algumas das novas ferramentas<br />

de comunicação aeronáutica:<br />

CPDLC (Comunicações entre Piloto e Controlador via<br />

Enlaces de Dados):<br />

O CPDLC é a ferramenta utilizada para a comunicação de dados<br />

entre piloto e controlador.<br />

Por meio de sua interface, pilotos passam a fazer requisições e<br />

informes, por ex<strong>em</strong>plo, através de comandos de texto, correspondentes<br />

a fraseologia convencional, que fi cam já dispostos numa<br />

tela como palavras-chave. O mesmo ocorre com as orientações,<br />

liberações e informações <strong>em</strong>itidas pelo controlador na tela da interface<br />

do CPDLC à sua frente.<br />

Além dos comandos pré-convencionados o equipamento<br />

também viabiliza a inscrição de "texto livre", <strong>em</strong> caso de necessidade<br />

de uma interlocução não conforme aos comandos de texto<br />

pré-defi nidos.<br />

O CPDLC dispensa os canais saturados da comunicação por<br />

voz e diminui consideravelmente os probl<strong>em</strong>as advindos da má<br />

qualidade de áudio, de barreiras linguísticas e de probl<strong>em</strong>as de<br />

propagação de sinal.<br />

VHF Data Link (VDL):<br />

Os rádios VHF convencionais disponíveis hoje <strong>em</strong> dia não são<br />

compatíveis com as necessidades do VHF Data Link (o VDL), que<br />

requer um rádio VHF digital, e, por isso, d<strong>em</strong>anda aprimoramentos<br />

na infraestrutura de rede para ser utilizado.<br />

O VDL é essencial para a consolidação da comunicação por<br />

enlace de dados e, mesmo, da própria rede ATN. Ele especifi ca um<br />

protocolo de entrega de pacote de dados entre os equipamentos<br />

da aeronave e os sist<strong>em</strong>as de solo, de forma similar à realizada pelo<br />

sist<strong>em</strong>a de comunicação digital ACARS (sigla inglesa para Sist<strong>em</strong>a<br />

de Comunicações e Relatórios de Aeronaves). Há, no entanto, uma<br />

diferença: a capacidade de fornecimento de informação do VDL<br />

chega a ser dez vezes maior.<br />

Há diversos tipos de VDL <strong>em</strong> operação e testes no mundo. A<br />

princípio, o adotado pelo Brasil é o VDL Modo 2. Uma versão aprimorada<br />

do primeiro modo, que <strong>em</strong>prega um canal dedicado para<br />

a transmissão de dados com disponibilização limitada para serviços<br />

comerciais.<br />

HF Data Link (HFDL):<br />

O HF Data Link é um excelente substituto <strong>em</strong> caso de falha ou<br />

<strong>em</strong>ergência por parte do Serviço Móvel Aeronáutico por Satélite<br />

(AMSS) nas travessias oceânicas ou de áreas r<strong>em</strong>otas, onde o VHF<br />

Data Link não alcança. Tal como a transmissão de voz por meio<br />

de HF, o HFDL usa a sua frequência também para a transmissão<br />

de dados. A viabilidade da utilização de links de comunicação<br />

de dados por HF t<strong>em</strong> sido continuamente ratifi cada. Apesar da<br />

conhecida precariedade na qualidade de sinal, a propagação de<br />

anomalias de sinal raramente afetam toda a faixa de frequências<br />

do HF Data Link.<br />

Assim, com estações <strong>em</strong> terra efi cient<strong>em</strong>ente conectadas à<br />

banda disponível, o ajuste da melhor frequência para o intercâmbio<br />

de pacotes de dados propicia a sua transmissão de qualquer<br />

lugar e a qualquer hora.<br />

MODE–S Data Link<br />

De certo modo, pod<strong>em</strong>os dizer que o MODE-S Data Link, o<br />

modo estendido, é uma evolução da troca de informações que já<br />

ocorria entre uma aeronave e um radar secundário. Nele, no entanto,<br />

o pulso é aumentado, ou <strong>em</strong> outras palavras estendido, dando<br />

marg<strong>em</strong> à troca de muito mais informações na mesma frequência,<br />

s<strong>em</strong> a necessidade de arcar com os altos custos de um radar.<br />

Ao contrário, pequenas antenas, de custo b<strong>em</strong> inferior, pod<strong>em</strong><br />

ser instaladas no solo para atender a frequência do MODE-S e receber<br />

os dados <strong>em</strong>itidos - com informações diversas como posição<br />

de voo, localização, estimativas, etc. – provenientes dos respectivos<br />

transponders das aeronaves <strong>em</strong> contato. O MODE-S é particularmente<br />

indicado para áreas de alta densidade de tráfego aéreo.<br />

AMSS (Serviço Móvel Aeronáutico por Satélite)<br />

Apesar da efi cácia, o sist<strong>em</strong>a de vigilância por radar e os<br />

equipamentos de comunicação VDL são recursos de alcance restritos<br />

a um determinado espaço geográfi co. Não alcançam áreas<br />

r<strong>em</strong>otas como as oceânicas, por ex<strong>em</strong>plo, e depend<strong>em</strong> também<br />

de uma grande infraestrutura de apoio.<br />

A comunicação por HF, por outro lado, não é tão clara como<br />

a VHF, dada a sua precariedade e a baixa qualidade de seu sinal.<br />

Independent<strong>em</strong>ente do tipo de espaço aéreo envolvido, os<br />

satélites, a um só t<strong>em</strong>po, provê<strong>em</strong> uma cobertura extr<strong>em</strong>amente<br />

ampla e de alta qualidade. Assim, o AMSS fornece serviços<br />

de comunicação através de satélites geoestacionários para os<br />

usuários do transporte aéreo numa cobertura global, tanto para<br />

voz, como para canais de dados. Operando nas partes móveis<br />

do serviço de satélites, funciona como mais uma sub-rede ATN,<br />

e também dá suporte a mensagens ACARS – utilizadas no sist<strong>em</strong>a<br />

atual.<br />

AEROESPAÇO<br />

15


16<br />

AEROESPAÇO<br />

Imagine viagens mais rápidas, menos gastos de combustível<br />

e trajetórias de voo muito mais precisas. Imagine agora<br />

o impacto no meio ambiente de uma redução considerável<br />

na <strong>em</strong>issão dos gases poluentes e também do barulho dos<br />

aviões nas proximidades dos aeroportos.<br />

Não é ficção. Você acabou de “enxergar” até onde<br />

o novo conceito de navegação aérea, que o <strong>DECEA</strong><br />

está impl<strong>em</strong>entando no País, vai chegar.<br />

Entendido como a grande virada na<br />

transição do voo convencional, baseado<br />

<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as instalados no solo, para uma<br />

navegação baseada <strong>em</strong> performance, a navegação<br />

aérea no conceito CNS/ATM é fator determinante<br />

na guinada por que passará o transporte aéreo nos próximos<br />

anos.<br />

Entendendo o sist<strong>em</strong>a convencional<br />

de Navegação Aérea<br />

O sist<strong>em</strong>a convencional de navegação aérea é baseado<br />

<strong>em</strong> antigas tecnologias, desenvolvidas a partir do meio do<br />

século passado. Na maioria dos casos, elas utilizam o espectro<br />

eletromagnético para gerar posicionamento e direção.<br />

São recursos que auxiliam o voo, provendo orientação espacial<br />

às aeronaves, guiando-as <strong>em</strong> meio a rotas pré-planejadas.<br />

Grosso modo, funciona assim:<br />

1. Equipamentos instalados no solo são dotados de antenas<br />

capazes de intercambiar sinais com as aeronaves por meio<br />

de ondas eletromagnéticas.<br />

2. Ao captar estes sinais, rádios <strong>em</strong>barcados nas aeronaves consegu<strong>em</strong><br />

identificar as antenas no solo - confirmando a rota - e, <strong>em</strong><br />

alguns casos, gerando o posicionamento da própria aeronave.


3. Para seguir o curso da rota, a aeronave precisa sobrevoar a<br />

área de alcance de tais antenas, que d<strong>em</strong>arcam a trajetória de<br />

voo.<br />

Desse modo, contrariando a máxima euclidiana, que consagrara<br />

a reta como a menor distância entre dois pontos, na<br />

navegação convencional a aeronave não voa <strong>em</strong> linha reta<br />

desde sua partida até o seu destino. Mas, sim, perfazendo<br />

uma soma de pequenos trechos, o que termina por alongar<br />

o voo.<br />

As aeronaves depend<strong>em</strong>, portanto, dos circuitos traçados<br />

ao longo dos referidos equipamentos de solo, os chamados<br />

auxílios à navegação aérea, como o NDB, o VOR-DME<br />

e o ILS, por ex<strong>em</strong>plo.<br />

A Navegação Aérea<br />

no conceito CNS/ATM<br />

No CNS/ATM, a rota não é delimitada por auxílios de solo,<br />

mas, sim, orientada por satélites. Isso porque os conceitos aplicados<br />

aos novos sist<strong>em</strong>as de navegação são fundamentados<br />

no GNSS – acrônimo inglês para Sist<strong>em</strong>a Global de Navegação<br />

por Satélites. O GNSS é o padrão estabelecido pela OACI para<br />

os novos sist<strong>em</strong>as de navegação, que agora irão se pautar <strong>em</strong><br />

constelações de satélites dedicados.<br />

A princípio, prevê-se a utilização de todo e qualquer sist<strong>em</strong>a<br />

de navegação por satélites. Porém, atualmente, somente<br />

o sist<strong>em</strong>a GPS, desenvolvido pelos norte-americanos, está<br />

operacional e <strong>em</strong> plena utilização.<br />

Expectativas b<strong>em</strong> fundamentadas asseguram que o<br />

GNSS proverá o suporte à navegação aérea, inclusive para<br />

aproximações de precisão <strong>em</strong> todos os seus três níveis: categoria<br />

I, II e III.<br />

Do mesmo modo, as aerovias passarão, progressivamente,<br />

por uma grande reformulação. Acostumada a voar de forma<br />

angular com radiais de aproximação e afastamento e cursos<br />

magnéticos, a aeronave, enfi m, poderá navegar de forma mais<br />

livre. As rotas considerarão a navegação ponto a ponto e não a<br />

interceptação de radiais e magnéticas.<br />

Ex<strong>em</strong>plo ilustrativo de um duto imaginário no qual a<br />

aeronave idealmente voa no procedimento RNP da Navegação<br />

Baseada <strong>em</strong> Performance<br />

Rotas menores, menos gasto de combustível,<br />

menos <strong>em</strong>issões de poluentes, pousos de precisão<br />

por satélites, aproximações com descida<br />

contínua, maior fl exibilidade de voo, trajetórias<br />

de voo muito mais precisas. São inúmeras as<br />

conquistas viabilizadas pelos novos recursos<br />

e sist<strong>em</strong>as da navegação aérea CNS/ATM<br />

AEROESPAÇO<br />

17


WER<br />

18 AEROESPAÇO<br />

THE<br />

BIF<br />

NIF<br />

A Navegação Baseada <strong>em</strong> Performance<br />

Com os novos conceitos, surg<strong>em</strong> também novos termos<br />

e procedimentos. Um deles, mais do que tecnologia, representa<br />

uma mudança de paradigma para o transporte aéreo,<br />

que passa a basear-se não mais <strong>em</strong> ferramentas de auxílio,<br />

mas na própria performance dos sist<strong>em</strong>as de navegação<br />

<strong>em</strong>barcados.<br />

A chamada Navegação Baseada <strong>em</strong> Performance - ou<br />

PBN, do inglês Performance Based Navigation - redesenha e<br />

otimiza a estrutura dos trajetos de navegação. Proporciona<br />

uma rota menor e muito mais precisa, utilizando sist<strong>em</strong>as<br />

avançados de gestão de voo e de bordo inercial, além de<br />

satélites e sist<strong>em</strong>as terrestres.<br />

Há dois el<strong>em</strong>entos chaves para compreender o PBN. O<br />

primeiro é o chamado RNAV (sigla que <strong>em</strong> português significa<br />

Navegação por Área). Com o RNAV as aeronaves não<br />

precisarão mais ziguezaguear entre os auxílios baseados na<br />

superfície para alcançar seus destinos. As aeronaves <strong>em</strong> voo<br />

RNAV voam diretamente de um ponto para o outro.<br />

Do mesmo modo, se antes as rotas de partida e chegada<br />

dos aeródromos se restringiam aos trajetos sobre os auxílios<br />

instalados nas proximidades, com o procedimento ampliase<br />

o número de alternativas para novas rotas do gênero, agilizando<br />

pousos e decolagens e desobstruindo as terminais<br />

aéreas.<br />

Rotas superiores também ganham flexibilidade com o<br />

RNAV e passam a dispor de trajetórias de voo alternativas e<br />

mais precisas para contornar, por ex<strong>em</strong>plo, situações meteorológicas<br />

adversas.<br />

FRK<br />

MAN<br />

Sist<strong>em</strong>a convencional: rota delimitada por auxílios de solo Sist<strong>em</strong>a de rotas orientadas por satélites: navegação ponto a ponto<br />

WER<br />

O segundo el<strong>em</strong>ento chave é o RNP (Required Navigation<br />

Performance), <strong>em</strong> português: Performance de Navegação<br />

Requerida.<br />

Nele, as aeronaves voam "confinadas" dentro de uma<br />

espécie de duto virtual, que varia de tamanho conforme as<br />

capacidades e os recursos da aeronave e da tripulação. Ao<br />

contrário do RNAV, caso a aeronave se desloque para fora do<br />

duto, elas são alertadas imediatamente pelo próprio sist<strong>em</strong>a<br />

de bordo.<br />

Esse recurso proporciona um aproveitamento do espaço<br />

aéreo, cuja eficácia jamais fora alcançada. Ele torna exequível<br />

a utilização de muito mais rotas num mesmo espaço,<br />

com menores separações, ou mesmo aproximações simultâneas,<br />

gerando um aumento significativo na capacidade das<br />

terminais aéreas.<br />

Aumentações<br />

O posicionamento gerado pelos satélites no espaço<br />

aéreo, porém, não é tão simples quanto o realizado pelos<br />

famosos aparelhinhos GPS dos automóveis. Há uma série<br />

de limitações e fenômenos naturais existentes nas grandes<br />

altitudes que pod<strong>em</strong> alterar os sinais, especialmente para<br />

as aproximações de precisão. Essas alterações precisam ser<br />

corrigidas pelos chamados sist<strong>em</strong>as de aumentação.<br />

Atualmente, há duas formas consolidadas de executar essa<br />

correção. Uma baseada <strong>em</strong> satélites e outra no solo. No Brasil,<br />

após uma intensa fase de pesquisas, testes e simulações, o Departamento<br />

de Controle do Espaço Aéreo decidiu adotar a tecnologia<br />

do Sist<strong>em</strong>a de Aumentação Baseado <strong>em</strong> Solo, também<br />

conhecido por GBAS, sigla da expressão <strong>em</strong> inglês.<br />

THE<br />

BIF<br />

NIF<br />

FRK<br />

MAN


O GBAS consegue corrigir os sinais de satélite para<br />

aproximação das aeronaves. É considerado um sist<strong>em</strong>a de<br />

aproximação e pouso de precisão, projetado para atender<br />

as categorias I, II e III tal qual o Sist<strong>em</strong>a de Pouso por Instrumentos<br />

convencional, o ILS.<br />

O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro abriga o<br />

projeto piloto do GBAS brasileiro e será o primeiro adotá-lo<br />

no País. Com o GBAS, <strong>em</strong> breve, o aeroporto carioca estará<br />

pronto para realizar aproximações e pousos de precisão<br />

por satélites.<br />

Em suma: rotas menores, menos gasto de combustível,<br />

menos <strong>em</strong>issões de poluentes, pousos de precisão por satélites,<br />

aproximações com descida contínua, maior flexibilidade<br />

de voo, trajetórias de voo muito mais precisas... São<br />

inúmeras as conquistas viabilizadas pelos novos recursos e<br />

sist<strong>em</strong>as da navegação aérea CNS/ATM.<br />

Satélites<br />

Aeronave equipada/<br />

tripulação treinada para<br />

o uso do GBAS<br />

A<br />

B<br />

C<br />

A<br />

De um modo geral, o Sist<strong>em</strong>a<br />

GBAS consiste de:<br />

Quatro receptores instalados próximo<br />

à pista para receber os dados de<br />

navegação GPS.<br />

Um processador, <strong>em</strong> solo, que executa<br />

as correções do GPS e provê as informações<br />

de apoio aos procedimentos de<br />

navegação.<br />

Uma unidade de transmissão VHF que<br />

transfere essas informações à cabine<br />

das aeronaves, onde são disponibilizadas<br />

<strong>em</strong> um display similar ao utilizado<br />

para o ILS.<br />

Receptor 2<br />

A<br />

A<br />

Receptor 1<br />

Receptor 3<br />

Centro de Controle<br />

C<br />

B<br />

Processador<br />

GBAS<br />

Receptor 4 A<br />

Transmissor<br />

VHF Data Broadcast<br />

AEROESPAÇO<br />

19


20 AEROESPAÇO<br />

Não há como exercer um efetivo controle do espaço aé-<br />

reo s<strong>em</strong> que sist<strong>em</strong>as e profi ssionais <strong>em</strong> terra possam precisar<br />

a posição das aeronaves e estimar seus posicionamentos<br />

futuros. De posse destes dados, o controlador pode garantir<br />

uma separação segura entre as aeronaves. Por isso, ele precisa<br />

conhecer e, idealmente, visualizar todos os movimentos<br />

no espaço sob sua jurisdição.<br />

Certamente, não é tarefa das mais simples, sobretudo<br />

quando a área abrangida é muito ampla ou r<strong>em</strong>ota. No entanto,<br />

a vigilância efetiva do espaço aéreo de um país é uma<br />

necessidade estratégica vital e precisa acompanhar o desenvolvimento<br />

tecnológico, o crescimento e a dinâmica do fl uxo<br />

de voos.<br />

O Sist<strong>em</strong>a convencional<br />

As tecnologias de vigilância aérea pod<strong>em</strong> ser atualmente<br />

classifi cadas <strong>em</strong> três modos:<br />

1) Vigilância Independente Não Cooperativa<br />

Ocorre quando o órgão de controle consegue obter o posicionamento<br />

da aeronave independent<strong>em</strong>ente do consentimento<br />

da mesma. Não se consegue, porém, informações<br />

detalhadas, como a identifi cação ou altitude precisa.<br />

É o caso do radar primário, por ex<strong>em</strong>plo.<br />

2) Vigilância Independente Cooperativa<br />

A posição da aeronave é determinada <strong>em</strong> terra, a partir<br />

das informações transmitidas pela mesma. Informações<br />

adicionais também são repassadas, como a identifi cação<br />

e altitude barométrica, por ex<strong>em</strong>plo. É o caso do radar<br />

secundário.<br />

3) Vigilância Dependente Cooperativa<br />

A posição da aeronave é determinada pelo subsist<strong>em</strong>a a<br />

bordo da própria aeronave e transmitida para o subsist<strong>em</strong>a<br />

<strong>em</strong> terra, via rádio ou satélite, com o consentimento da mesma.<br />

São repassados informações e dados mais completos a


espeito da evolução do voo.<br />

Tradicionalmente, os procedimentos utilizados para a vi-<br />

gilância aérea usam os meios independentes de vigilância,<br />

baseando-se <strong>em</strong> radares primários e secundários e nas informações<br />

reportadas pelos pilotos.<br />

Intensamente utilizados desde o fi m da Segunda Guerra<br />

Mundial, os radares revolucionaram o transporte aéreo e, décadas<br />

depois, ainda são largamente utilizados, tornando-se<br />

indispensáveis, sobretudo, para a defesa aérea.<br />

Para o controle de tráfego aéreo, no entanto, estes equipamentos,<br />

com o crescimento da atividade, perderão espaço<br />

para novas tecnologias ainda mais convenientes.<br />

De grandes dimensões, os radares são equipamentos de<br />

alto custo de aquisição, instalação e manutenção. Do mesmo<br />

modo, eles respond<strong>em</strong> ainda por outra séria restrição: sua inviabilidade<br />

de utilização nos oceanos.<br />

A Vigilância Aérea<br />

no Conceito CNS/ATM<br />

Com a modernização do SISCEAB passar<strong>em</strong>os a ouvir mais<br />

o termo "Vigilância Dependente Automática". Comumente<br />

conhecido como ADS - sigla inglesa para Automatic Dependent<br />

Surveillance -, o recurso, adotado pela Organização da Aviação<br />

Civil Internacional (OACI), permite à aeronave a transmissão<br />

automática de dados inerentes ao voo extr<strong>em</strong>amente relevantes.<br />

A visualização contínua das aeronaves viabiliza à ferramenta<br />

a utilização racional de todo o espaço aéreo considerado,<br />

de modo similar ao serviço provido por um radar. Há, no<br />

entanto, duas diferenças determinantes: uma é o custo muito<br />

inferior; outra é a capacidade de abrangência muito maior.<br />

ADS-B<br />

Vigilância Dependente Automática por Rádiodifusão<br />

A ADS-B é um sist<strong>em</strong>a que viabiliza às aeronaves a transmissão<br />

de informações como: posição, altitude, velocidade,<br />

Aeronaves que cruzam o Oceano Atlântico, logadas na ADS-C,<br />

são visualizadas permanent<strong>em</strong>ente pelo posicionamento<br />

gerado via satélite à tela do controlador<br />

A Vigilância Dependente Automática<br />

permite à aeronave a transmissão<br />

automática de dados inerentes ao voo<br />

extr<strong>em</strong>amente relevantes<br />

AEROESPAÇO<br />

21


22 AEROESPAÇO<br />

identificação, radial, destino, orig<strong>em</strong>, razão<br />

de subida ou descida, dentre outros,<br />

por meio da frequência <strong>em</strong>pregada pelo<br />

equipamento transponder da aeronave.<br />

Esses dados são difundidos – de uma a<br />

duas vezes por segundo - automaticamente<br />

para os centros de controle.<br />

A ferramenta propiciará melhorias<br />

determinantes para a vigilância das aeronaves,<br />

permitindo maior número de<br />

amostras e parâmetros dos voo do que era<br />

convencionalmente possível fazer com o<br />

radar secundário.<br />

A ADS-B também poderá exercer vigilância<br />

nas superfícies de aeroportos, para<br />

monitorar o tráfego nas taxiways e nas<br />

pistas de decolag<strong>em</strong>, colaborando para a<br />

segurança das operações ao evitar ocorrências<br />

como a incursão <strong>em</strong> pistas, por<br />

ex<strong>em</strong>plo.<br />

ADS-C<br />

Vigilância Dependente Automática<br />

por Contrato<br />

Se com a ADS-B os dados são recebidos<br />

por antenas receptoras no solo, b<strong>em</strong><br />

como pelas d<strong>em</strong>ais aeronaves equipadas,<br />

com a ADS-C o processo ocorre de forma<br />

diferente. Nesse caso, as informações provenientes<br />

da aeronave são recebidas somente<br />

pelo centro de controle com o qual<br />

a mesma tenha estabelecido uma conexão<br />

correspondente, por meio de um logon.<br />

Daí a letra C de contrato.<br />

Outra diferença é que a transmissão<br />

normalmente ocorre por meio de satélites.<br />

Desse modo, a ADS-C estende a área de<br />

vigilância para regiões não abrangidas anteriormente,<br />

como é o caso dos oceanos,<br />

onde, até então, as posições tinham de ser<br />

reportadas por rádio HF e estimadas nos<br />

cálculos dos controladores.<br />

O <strong>DECEA</strong> já está operando com a ADS-C<br />

desde julho de 2009. O sist<strong>em</strong>a está instalado<br />

<strong>em</strong> uma de suas unidades subordinadas, o<br />

Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e<br />

Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), no<br />

O <strong>DECEA</strong> já está operando com a ADS-C<br />

desde julho de 2009. O sist<strong>em</strong>a está instalado<br />

<strong>em</strong> uma de suas unidades subordinadas,<br />

o CINDACTA III


Vista panorâmica do Centro de Controle<br />

de Área de Brasília (ACC-BS)<br />

Com a ADS-B, a visualização dos posicionamentos<br />

das aeronaves pode ser estendida a<br />

áreas antes não abrangidas, alcançando, <strong>em</strong><br />

determinados casos, níveis de voos mais baixos<br />

do que os visualizados pelos radares<br />

Recife. A organização hospeda o Centro<br />

de Controle de Área Atlântico (ACC-AO),<br />

setor responsável pelo controle das aeronaves<br />

que evolu<strong>em</strong> no espaço aéreo de jurisdição<br />

brasileira sobrejacente ao Oceano<br />

Atlântico.<br />

Com a ADS-C, desde então, aeronaves<br />

que cruzam o Atlântico diariamente, indo<br />

e vindo da Europa e da África - e <strong>em</strong> alguns<br />

casos da América do Norte -, passaram a<br />

ser visualizadas na tela das consoles com<br />

grande precisão a milhares de quilômetros<br />

de distância do continente. Algo impensável<br />

anteriormente com o radar.<br />

A utilização deste recurso por parte<br />

dos controladores do ACC-AO e dos pilotos<br />

das companhias aéreas t<strong>em</strong> representado<br />

uma significativa mudança de paradigma<br />

na atuação destes profissionais.<br />

No que diz respeito à opção por uma<br />

das tecnologias, o <strong>DECEA</strong>, assim como os<br />

d<strong>em</strong>ais provedores de serviços de navegação<br />

aérea da comunidade aeronáutica internacional,<br />

v<strong>em</strong> adotando os dois sist<strong>em</strong>as<br />

conforme suas particularidades e aplicações:<br />

a ADS-B para o espaço aéreo continental<br />

e adjacências; a ADS-C - ferramenta<br />

apta à transmissão de dados por satélites<br />

- para as áreas oceânicas.<br />

Desse modo, a vigilância aérea exercida<br />

pelo <strong>DECEA</strong> passa a dispor de meios<br />

mais eficientes e de menor custo para ser<br />

des<strong>em</strong>penhada. As visualizações dos posicionamentos<br />

das aeronaves, por sua vez,<br />

serão estendidas a áreas antes não abrangidas<br />

e poderão alcançar, <strong>em</strong> determinados<br />

casos, níveis de voos mais baixos do<br />

que os visualizados pelos radares.<br />

Com a impl<strong>em</strong>entação do conceito CNS/<br />

ATM, nasce um novo t<strong>em</strong>po para a atividade<br />

de vigilância aérea no País, exercida nos<br />

mais de vinte e dois milhões de quilômetros<br />

quadrados de espaço aéreo sob a responsabilidade<br />

do Estado brasileiro.<br />

AEROESPAÇO<br />

23


24<br />

AEROESPAÇO<br />

Nas páginas anteriores, vimos o quanto as modifi cações<br />

impl<strong>em</strong>entadas pelo conceito CNS/ATM irão alterar os paradigmas<br />

do transporte aéreo como um todo. Os três capítulos<br />

abordaram assuntos relativos à evolução das seguintes<br />

atividades: Comunicação Aeronáutica; Navegação Aérea e<br />

Vigilância Aérea.<br />

As três, porém, evolu<strong>em</strong> ao lado de outro importante<br />

campo de atuação que - correlacionando de modo inteligente<br />

o exercício das particularidades de cada uma - as reintegra<br />

estratégicamente: o ATM.<br />

ATM é o acrônimo da expressão inglesa Air Traffi c Manag<strong>em</strong>ent<br />

(Gerenciamento de Tráfego Aéreo). Apesar de o<br />

termo já ser utilizado há algum t<strong>em</strong>po, nos últimos anos foram<br />

incorporadas a ele características que deram orig<strong>em</strong> à<br />

acepção que se traduz na capacidade de gerir o tráfego<br />

aéreo com um aproveitamento signifi cativamente expressivo.<br />

Muito além do convencional ofício de controle de tráfego<br />

aéreo, o ATM representa um conceito organizacional b<strong>em</strong><br />

mais abrangente.<br />

Para que esta nova concepção de gerenciamento tornese<br />

realidade, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo<br />

v<strong>em</strong> <strong>em</strong>pregando uma série de medidas visando à harmonização<br />

de padrões e de procedimentos de comunicação, navegação<br />

e vigilância aérea, adequando-os às necessidades<br />

exigidas.<br />

Dentre outros objetivos, o ATM assegurará aos operadores<br />

de aeronaves a realização dos voos <strong>em</strong> seus perfi s mais<br />

ideais, dinamicamente ajustados para a melhor relação custo/<br />

benefício possível, a fi m de que sejam obtidos os resultados<br />

almejados e previstos pelos Sist<strong>em</strong>as CNS/ATM, conforme<br />

claramente expresso pela OACI <strong>em</strong> seu Plano Mundial.<br />

O Sist<strong>em</strong>a convencional<br />

Com o crescimento do volume do tráfego, as d<strong>em</strong>andas<br />

sobre os provedores de serviços de navegação aérea e do<br />

gerenciamento do tráfego aéreo naturalmente se intensifi -


caram. Mantidas as técnicas convencionais e o crescimento<br />

dos movimentos, não haveria como evitar uma série de restrições<br />

que inegavelmente precarizariam o atendimento aos<br />

usuários <strong>em</strong> todo o mundo.<br />

Isto porque o sist<strong>em</strong>a convencional atuava muito mais<br />

como um centro de controle tático, destinado a prover a separação<br />

entre as aeronaves. Dado o menor número de tráfego<br />

do passado, ainda não havia a preocupação, ou mesmo a<br />

necessidade, de um centro gestor estratégico para o planejamento<br />

e a organização dos fluxos de tráfego.<br />

Qualquer intenção mais ousada de gestão esbarraria na<br />

dependência da infraestrutura existente e da limitada capacidade<br />

de processamento de dados para a tarefa, até então<br />

incomum. Assim, prestavam-se os Serviços de Controle de<br />

Tráfego Aéreo <strong>em</strong> aerovias e terminais e os d<strong>em</strong>ais serviços<br />

afetos à atividade de forma descentralizada.<br />

O Gerenciamento de Tráfego Aéreo<br />

no conceito CNS/ATM<br />

Em 2003, a 11ª Conferência de Navegação Aérea, aprovou<br />

o Conceito Operacional ATM Global, elaborado pela<br />

OACI. Dentre outras observações, o documento ressaltou a<br />

necessidade de uma modificação significativa nos fundamentos<br />

do controle do tráfego aéreo, apresentando duas novas d<strong>em</strong>andas:<br />

o gerenciamento da informação e a decisão colaborativa.<br />

O gerenciamento da informação de forma integrada,<br />

utilizando sist<strong>em</strong>as, recursos e procedimentos inteligentes<br />

agilizaria as atividades componentes do ATM Global como<br />

um todo. Já o processo de decisão colaborativa substituiria<br />

o conceito unilateral de decisão, ampliando a participação<br />

dos usuários.<br />

No caso brasileiro, o <strong>DECEA</strong> adiantou-se ao cronograma<br />

mundial, criando <strong>em</strong> 2005 um órgão específico para o gerenciamento<br />

estratégico do tráfego aéreo brasileiro: o CGNA<br />

Vista parcial do Centro de Gerenciamento da<br />

Navegação Aérea (CGNA), no Rio de Janeiro<br />

Muito além do convencional ofício<br />

de controle de tráfego aéreo, o<br />

Gerenciamento de Tráfego Aéreo<br />

representa um conceito<br />

organizacional b<strong>em</strong> mais<br />

abrangente<br />

AEROESPAÇO<br />

25


26 AEROESPAÇO<br />

(Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea).<br />

O trabalho do CGNA visa à harmonização do gerencia-<br />

mento do fluxo de tráfego aéreo, do espaço aéreo e das d<strong>em</strong>ais<br />

atividades relacionadas à navegação aérea, proporcionando<br />

a gestão operacional das ações correntes do SISCEAB<br />

e a efetiva supervisão de todos os serviços prestados.<br />

Atuando estrategicamente, na fase de planejamento dos<br />

voos regulares, e taticamente, durante as operações diárias, o<br />

CGNA busca minimizar impactos decorrentes do desequilíbrio<br />

entre capacidade e d<strong>em</strong>anda, a fim de garantir a segurança<br />

das operações, a regularidade e a pontualidade dos voos.<br />

A impl<strong>em</strong>entação do ATM<br />

A partir de observações, análises e da busca pelas alternativas<br />

adequadas à nova concepção de gerenciamento, o<br />

<strong>DECEA</strong> passou a por <strong>em</strong> prática um planejamento de impl<strong>em</strong>entação.<br />

Nele, há uma série de iniciativas que já estão <strong>em</strong><br />

curso, ou serão adotadas a curto, médio ou longo prazo, de<br />

modo a consolidar efetivamente a estrutura brasileira ATM<br />

até o ano de 2020. Veja algumas delas:<br />

1- Nova estrutura do espaço aéreo brasileiro<br />

Será criada uma nova rede de rotas – primeiramente,<br />

para o espaço aéreo superior; num segundo momento,<br />

para os d<strong>em</strong>ais - adequada aos novos perfis de voo viabilizados<br />

pelo conceito CNS/ATM. O planejamento de<br />

aproximação e saída das terminais brasileiras de maior<br />

movimento também será aprimorado.<br />

2- Tratamento centralizado<br />

para os planejamentos de voo<br />

O gerenciamento de todo o SISCEAB passa a ser exercido<br />

de uma forma homogênea, abarcando as informações<br />

de todos os órgãos regionais. O sist<strong>em</strong>a convencional de<br />

planejamento descentralizado, efetuado pelos CINDAC-<br />

TAs dá vez, portanto, a um órgão que enxerga o espaço<br />

aéreo brasileiro como um todo.<br />

3 - Ferramenta de sequênciamento de aproximação<br />

Com o sequenciamento, um software propõe, a partir da<br />

observação e análise dos movimentos aéreos, a ord<strong>em</strong><br />

ideal de aeronaves para aproximação, de modo a não gerar<br />

desacelerações desnecessárias nas aeronaves, aproveitando<br />

os chamados perfis ótimos.<br />

4 - Catálogos de rotas alternativas<br />

Com este recurso, as aeronaves, diante de alguma condição<br />

adversa <strong>em</strong> suas rotas regulares, terão mais flexibilidade<br />

para reformulação de seus trajetos de voo. Um<br />

catálogo de rotas alternativas, certificadas previamente,<br />

proporcionará aos usuários do sist<strong>em</strong>a mais opções para<br />

os trajetos de voo.<br />

5 - Ferramentas de modelag<strong>em</strong> e simulação ATC<br />

Softwares especificamente desenvolvidos para a atividade<br />

permitirão, após análises automatizadas, definir a<br />

melhor configuração do espaço aéreo para então simular<br />

os cenários, sugerindo as estratégias que melhor se<br />

adaptam a um determinado contexto pesquisado.<br />

Um bom ex<strong>em</strong>plo de ferramenta do gênero é o TAAM<br />

- "Total Airspace and Airport Modeler" (<strong>em</strong> português Modelador<br />

Total de Espaço Aéreo e Aeroportos). O software<br />

é capaz de criar um modelo simulado, para, a partir dele,<br />

propiciar estudos de cenários, antecedendo-se assim às<br />

futuras d<strong>em</strong>andas.<br />

Desse modo, circunstâncias particulares de tráfego aéreo<br />

e movimentação de aeronaves no solo e nas adjacências


Simulador de Torre 3 D do Instituto<br />

de Controle do Espaço Aéreo (ICEA).<br />

O equipamento permite ao operador acompanhar<br />

a evolução das aeronaves por meio de uma reprodução<br />

<strong>em</strong> 3D da visualização de torres de controle<br />

de aeródromos reais, tais como as dos aeroportos<br />

Santos Dummont, de Congonhas e de Guarulhos.<br />

voos <strong>em</strong> seus perfis mais<br />

eficazes, dinamicamente ajustados<br />

para a melhor relação custo/benefício<br />

possível<br />

dos aeroportos pod<strong>em</strong> ser criadas tal qual num contexto<br />

real. Trata-se de uma ferramenta adequada para aplicações<br />

como, por ex<strong>em</strong>plo: planejamento, simulação de<br />

operações, visualização e análise dos resultados de<br />

simulação.<br />

6 - Ferramentas e processos para previsão<br />

da d<strong>em</strong>anda de tráfego aéreo<br />

A partir da observação e do cruzamento de dados dos<br />

movimentos aéreos e outras informações, softwares conseguirão<br />

prever com antecedência a d<strong>em</strong>anda de tráfego<br />

aéreo, auxiliando a organização gestora da atividade<br />

<strong>em</strong> seu planejamento estratégico.<br />

7 - Rotas aleatórias<br />

Com a precisão proporcionada pelos novos conceitos da<br />

Navegação Baseada <strong>em</strong> Performance, as aeronaves poderão<br />

perfazer as chamadas rotas aleatórias nas fases de voo<br />

<strong>em</strong> rota. Desse modo, nos estágios finais da implantação<br />

do conceito CNS/ATM, as aeronaves terão mais flexibilidade<br />

operacional para voar no espaço aéreo superior.<br />

Conclusão<br />

Naturalmente, a evolução dos sist<strong>em</strong>as de Gerenciamento<br />

de Tráfego Aéreo ocorrerá de maneira gradual<br />

e coordenada, s<strong>em</strong>pre capitaneada pelo <strong>DECEA</strong>.<br />

A gestão estratégica do transporte aéreo brasileiro,<br />

somada ao desenvolvimento tecnológico dos equipamentos<br />

de bordo das aeronaves, à utilização de sist<strong>em</strong>as<br />

de navegação e à automação dos sist<strong>em</strong>as permitirão<br />

melhorias significativas para a atividade.<br />

Assim, o Brasil, por meio do Departamento de Controle<br />

do Espaço Aéreo, antecipa-se às futuras d<strong>em</strong>andas,<br />

para atender ao grande crescimento previsto nos<br />

movimentos aéreos das próximas décadas.<br />

Com a modernização do Sist<strong>em</strong>a de Controle do<br />

Espaço Aéreo Brasileiro, o País pode, de fato, planejar e<br />

seguir seu curso rumo ao desenvolvimento, dispondo<br />

do que há de mais eficaz para a atividade <strong>em</strong> toda a<br />

comunidade aérea internacional.<br />

AEROESPAÇO<br />

27


28 AEROESPAÇO<br />

O que signifi ca a sigla CNS/ATM?<br />

A expressão CNS/ATM reúne quatro termos:<br />

Comunicação Aeronáutica (representada pela letra C),<br />

Navegação Aérea (representada pela letra N),<br />

Vigilância (letra S, de Surveillance) e<br />

Gerenciamento de Tráfego Aéreo (ou ATM acrônimo<br />

<strong>em</strong> inglês de Air Traffi c Managment).<br />

O que é o CNS/ATM?<br />

De um modo geral pode ser entendido como a modernização<br />

do Controle do Espaço Aéreo <strong>em</strong> âmbito<br />

mundial para atender o crescente fl uxo de tráfego aéreo<br />

projetado para o futuro.<br />

Especifi camente, trata-se de um conceito que se<br />

fundamenta na integração de tecnologias, processos<br />

e recursos humanos, destinados a suportar a evolução<br />

do transporte aéreo mundial de forma segura e efi ciente,<br />

aplicando <strong>em</strong> grande escala a tecnologia satelital, a<br />

comunicação digital e a gestão estratégica do tráfego<br />

aéreo.<br />

Como e por que o conceito CNS/ATM<br />

foi estabelecido?<br />

O desenvolvimento do conceito iniciou-se na década<br />

de 80, quando a Organização de Aviação Civil<br />

Internacional (OACI) observou que os sist<strong>em</strong>as de navegação<br />

aérea então existentes não atenderiam as necessidades<br />

da comunidade aeronáutica p<strong>revista</strong>s para<br />

o século XXI.<br />

Em 1983, foi instituído um comitê denominado de<br />

"Sist<strong>em</strong>as Futuros de Navegação Aérea" (FANS), ao qual<br />

foi confi ada a tarefa de estudar, identifi car, analisar e<br />

avaliar novas tecnologia e iniciativas que pudess<strong>em</strong><br />

gerar soluções e recomendações para um desenvolvi-


mento progressivo e coordenado da navegação aérea.<br />

Cinco anos depois, o primeiro Comitê FANS apresentou<br />

a concepção dos "Sist<strong>em</strong>as de Comunicações,<br />

Navegação e Vigilância" (CNS).<br />

Dada a grande necessidade de cooperação internacional,<br />

envolvendo prestadores de serviços, indústria,<br />

organizações da aviação civil e usuários <strong>em</strong> geral, a<br />

OACI estabeleceu, anos mais tarde, um novo comitê,<br />

mais amplo, encarregando-o do desenvolvimento de<br />

um plano mundial coordenado que disciplinasse e<br />

orientasse a impl<strong>em</strong>entação de um novo padrão, que<br />

abarcasse os novos meios e procedimentos, batizado<br />

de CNS/ATM.<br />

Em 1991, o conceito CNS/ATM foi ofi cializado ao ser<br />

aprovado pela Organização de Aviação Civil Internacional<br />

na 10ª Conferência de Navegação.<br />

Em termos práticos, o que muda com sua<br />

impl<strong>em</strong>entação?<br />

Para a Comunicação Aeronáutica:<br />

a) A tecnologia digital e os comandos de dados passam<br />

a ser adotados nas comunicações aeronáuticas<br />

<strong>em</strong> substituição ou compl<strong>em</strong>ento às comunicações<br />

por voz.<br />

Para a Navegação Aeronáutica:<br />

a) Uso intensivo da navegação baseada <strong>em</strong> satélites<br />

(GNSS – Global Navigation Satellite Syst<strong>em</strong>s) <strong>em</strong><br />

substituição progressiva de sist<strong>em</strong>as terrestres para<br />

navegação <strong>em</strong> rota e aproximações.<br />

b) Utilização do conceito de Navegação Baseada <strong>em</strong><br />

Performance (PBN – Performance Based Navigation).<br />

Para a Vigilância Aérea:<br />

a) Adoção da tecnologia ADS (Vigilância Dependente<br />

Automática), <strong>em</strong> substituição e/ou compl<strong>em</strong>ento ao<br />

sist<strong>em</strong>a radar.<br />

b) O recurso MLAT (Multilateração) também passa a<br />

ser <strong>em</strong>pregado <strong>em</strong> substituição e/ou compl<strong>em</strong>ento<br />

do sist<strong>em</strong>a Radar e ADS <strong>em</strong> ambiente operacional<br />

específi co.<br />

Para o Controle/Gerenciamento de Tráfego Aéreo:<br />

a) Alteração do conceito convencional de Controle de<br />

Tráfego Aéreo (ATC), essencialmente tático, para<br />

outro mais abrangente que pressupõe uma gestão<br />

estratégica do tráfego aéreo e de todos os recursos,<br />

iniciativas, softwares e tecnologias inteligentes que<br />

dele advém.<br />

Qual o cronograma original de impl<strong>em</strong>entação<br />

do sist<strong>em</strong>a no mundo?<br />

Pela visão estratégica da OACI a impl<strong>em</strong>entação se<br />

dará <strong>em</strong> três fases, conforme descrito no Plano Global.<br />

São elas:<br />

a) Fase 1- Curto prazo (até 2015): uma evolução baseada<br />

nos meios atualmente existentes.<br />

b) Fase 2 - Médio prazo (até 2020): uma evolução<br />

baseada no conhecimento atual.<br />

c) Fase 3 - Longo prazo (até 2025): uma evolução baseada<br />

<strong>em</strong> performance, que envolve a aplicação de<br />

procedimentos, processos e tecnologias ainda <strong>em</strong><br />

desenvolvimento.<br />

Qual é o cronograma de impl<strong>em</strong>entação do<br />

CNS/ATM no Brasil?<br />

A impl<strong>em</strong>entação dos Sist<strong>em</strong>as CNS/ATM no Brasil<br />

obedece a um planejamento modular composto por<br />

três fases de acordo a requisitos técnicos e operacionais<br />

identifi cados no cenário Nacional.<br />

a) Fase 1 – Curto Prazo – até 2010.<br />

b) Fase 2 – Médio Prazo – de 2011 até 2015.<br />

c) Fase 3 – Longo Prazo – de 2016 até 2020.<br />

AEROESPAÇO<br />

29


30<br />

AEROESPAÇO<br />

As atividades de planejamento e execução iniciaram-se<br />

com a aplicação de procedimentos, processos<br />

e capacidades disponíveis. A evolução avançará, <strong>em</strong><br />

médio prazo, para a aplicação de procedimentos, processos<br />

e capacidades <strong>em</strong>ergentes.<br />

No longo prazo, a migração evolutiva ao sist<strong>em</strong>a<br />

ATM Global se dará <strong>em</strong> função do surgimento e amadurecimento<br />

de novas tecnologias e processos, b<strong>em</strong><br />

como da necessidade de atendimento a futuros requisitos<br />

operacionais.<br />

Desse modo, para consolidar o sist<strong>em</strong>a que se pretende,<br />

serão executadas diversas ações, de forma evolutiva,<br />

ao longo de vários anos.<br />

Quais documentos norteiam o conceito<br />

CNS/ATM no Brasil?<br />

O documento que norteia o conceito no país é a Concepção<br />

Operacional ATM Nacional – (DCA 351-2/2008).<br />

As iniciativas constantes desta concepção estão afi nadas<br />

aos objetivos mundiais, regionais e nacionais e, por<br />

extensão, ao conceito operacional ATM Global.<br />

No que tange a impl<strong>em</strong>entação o documento é o<br />

Programa de Impl<strong>em</strong>entação ATM Nacional - (PCA 351-<br />

3/2009).<br />

Em que estágio se encontra a implantação<br />

no Brasil?<br />

Dentro do processo evolutivo do CNS/ATM e considerando<br />

os projetos cont<strong>em</strong>plados no Programa de<br />

Impl<strong>em</strong>entação ATM Nacional, inúmeras iniciativas<br />

tiveram início antes mesmo da aprovação do referido<br />

programa, baseando-se na identifi cação de requisitos<br />

operacionais no Espaço Aéreo Brasileiro, disponibilidade<br />

de tecnologia adequada e alocação de recursos necessários.<br />

Dentre essas iniciativas, destacam-se:<br />

Criação do Centro de Gerenciamento de Navegação<br />

Aérea - CGNA.<br />

Aplicação da tecnologia de Vigilância Aérea ADS-C<br />

no Centro de Controle de Área Atlântico (ACC-AO),<br />

incorporando benefícios de segurança e efi cácia ao<br />

fl uxo de tráfego aéreo sobre o oceano.<br />

Implantação da Navegação Baseada <strong>em</strong> Performance<br />

(PBN) nas terminais de Recife e Brasília.<br />

Instalação dos dispositivos que propiciam a apro-<br />

ximação de precisão por satélites, o GBAS (Sist<strong>em</strong>a<br />

de Aumentação Baseado <strong>em</strong> Solo), no Aeroporto do<br />

Galeão, para a realização dos primeiros testes operacionais<br />

<strong>em</strong> 2011.<br />

Início das pesquisas para a impl<strong>em</strong>entação do Sist<strong>em</strong>a<br />

ADS-B (Vigilância Dependente Automática<br />

por Radiodifusão), nas operações off shore da Bacia<br />

de Campos.<br />

Implantação - <strong>em</strong> andamento - de ferramenta de<br />

sequenciamento de aeronaves <strong>em</strong> área terminal<br />

(rota de chegada e aproximação).<br />

Qu<strong>em</strong> são os m<strong>em</strong>bros envolvidos<br />

na implantação global do CNS/ATM<br />

(Comunidade ATM)?<br />

Organização de Aviação Civil Internacional (OACI).<br />

Autoridades normativas da aviação.<br />

Estados Nacionais.<br />

Provedores de serviço ATM.<br />

Empresas de apoio ao ATM.<br />

Comunidades de aeródromo.<br />

Usuários do espaço aéreo.<br />

Em termos gerais, o que vai mudar na aviação<br />

brasileira com o CNS/ATM?<br />

Em síntese, pod<strong>em</strong>os listar os seguintes benefícios:<br />

Uso mais racional do espaço aéreo.<br />

Aumento da efi ciência do gerenciamento do tráfego<br />

aéreo.<br />

Redução da <strong>em</strong>issão de gases nocivos na atmosfera.<br />

Redução de ruído nas comunidades vizinhas aos<br />

aeródromos.<br />

Redução da carga de trabalho dos controladores.<br />

Redução da carga de trabalho dos pilotos.<br />

Redução de custos para os provedores dos serviços<br />

de navegação aérea.<br />

Redução de custos para os operadores de aeronaves.<br />

Melhor atendimento na prestação do transporte<br />

aéreo aos usuários.<br />

Maiores investimentos <strong>em</strong> tecnologia de comunicações,<br />

segurança e vigilância.<br />

Para mais informações, visite www.decea.gov.br/cnsatm


O que seria o futuro senão uma idealização fantástica do que<br />

ainda está por vir? Uma programação até certo ponto absurda, legitimada<br />

pelo inconsciente coletivo, da qual nos impregnamos, no<br />

anseio de anteceder-nos ao próprio t<strong>em</strong>po e adiantar os ponteiros<br />

- qu<strong>em</strong> sabe - a nosso favor.<br />

Como se os segundos pudess<strong>em</strong> ser cabulados, para alguns<br />

essa aspiração é uma necessidade. Não fosse assim, Bartolomeu<br />

de Gusmão não teria “levitado”, <strong>em</strong> céus portugueses, <strong>em</strong> pleno<br />

século XVIII, o que na época fora ridicularizado como uma “bexiga<br />

grande cheia de gás”; Da Vinci não teria rascunhado maquinas voadoras<br />

de hélice, quando ainda não havia sequer automóveis; n<strong>em</strong><br />

Santos-Dumont provocaria Isaac Newton, ao decolar, voar e pousar<br />

com um objeto mais pesado do que o próprio ar.<br />

Até b<strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po, a operação de sist<strong>em</strong>as e ferramentas ‘futuristas’<br />

relativas ao Conceito CNS/ATM, como a navegação por satélites,<br />

a comunicação por dados e os modernos sist<strong>em</strong>as e simuladores de<br />

Gerenciamento de Tráfego Aéreo era, do mesmo modo, uma idealização<br />

que permeava algumas mentes visionárias.<br />

Elas estavam mais aptas a divisar um pacote de soluções, idéias<br />

e funcionalidades a espreita de um <strong>em</strong>preendedor para fazer frente às<br />

futuras d<strong>em</strong>andas do século que inauguraria o terceiro milênio; incorporando<br />

mais precisão, flexibilidade, segurança, serviços e economia à<br />

navegação aérea, s<strong>em</strong> mencionar os benefícios ao meio-ambiente.<br />

Hoje o CNS/ATM, ao menos no Brasil, não é mais um conceito do<br />

futuro. Nada mais presente no dia a dia das organizações do Sist<strong>em</strong>a<br />

de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro do que a implantação - e <strong>em</strong><br />

alguns casos a operação – de seus sist<strong>em</strong>as.<br />

Ainda assim, sua impl<strong>em</strong>entação por completo não se deu - e n<strong>em</strong><br />

se dará - de um dia para o outro. Há um longo processo envolvido. Ocasião<br />

<strong>em</strong> que sist<strong>em</strong>as e procedimentos convencionais são substituídos,<br />

s<strong>em</strong> que haja qualquer interrupção na prestação dos serviços a seus<br />

usuários. Também <strong>em</strong> meio a esse processo, a cada novo procedimento<br />

ou dispositivo adotado, muitas providências hão de ser consideradas.<br />

Elas envolv<strong>em</strong> desde a alocação dos recursos físicos e do treinamento<br />

de pessoal até as adequações por parte dos usuários.<br />

Essa multiplicidade de iniciativas e inovações, somada ao longo<br />

prazo de impl<strong>em</strong>entação – próprio de todos os Estados que vêm<br />

modernizando seus sist<strong>em</strong>as de navegação aérea mundo afora<br />

– termina, muitas vezes, por diluir a compreensão da importância<br />

Agradecimentos<br />

Viabilização<br />

Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso<br />

Coronel-Aviador da Reserva Paullo Sérgio Barbosa Esteves<br />

Coronel-Aviador Walcyr José de Castilho Araújo<br />

Ent<strong>revista</strong>s<br />

Tenente-Coronel-Aviador José Vagner Vital<br />

Tenente-Coronel-Aviador Ary Rodrigues Bertolino<br />

Tenente-Coronel-Aviador Ricardo Elias Cosendey<br />

Tenente-Coronel-CTA Júlio César de Souza Pereira<br />

Tenente QOEA CTA Roberto Márcio dos Santos<br />

Evenilton Guimarães - Consultor(Controle de Tráfego Aéreo)<br />

Nilton Faria - Consultor<br />

Apoio<br />

Coronel-Aviador Fábio de Almeida Esteves<br />

Coronel-Aviador João Batista de Oliveira Xavier<br />

Coronel-Aviador Ricardo Barion<br />

destas mudanças. Resultado: muitos ainda não estão cientes dos<br />

recursos que já estão <strong>em</strong> plena operação, outros ainda n<strong>em</strong> conhec<strong>em</strong><br />

sua existência, muito menos sua importância.<br />

A ideia inicial do desenvolvimento de um material que pudesse esclarecer<br />

didaticamente o conceito CNS/ATM surgiu a partir de uma palestra<br />

do então chefe da Comissão CNS/ATM, Tenente-Coronel Walcyr.<br />

A ocasião propiciara o encontro do oficial com o chefe da Assessoria<br />

de Comunicação Social do <strong>DECEA</strong>, Coronel Paullo Esteves, quando foi<br />

acordada a produção de um roteiro de vídeo para suprir, na medida do<br />

possível, esta lacuna; tarefa que me foi confiada.<br />

Meses foram dedicados às pesquisas de conteúdo, ainda<br />

que diante da escassez de material a respeito do assunto no País,<br />

restrito aos poucos documentos oficiais publicados ou de ord<strong>em</strong><br />

acadêmica.<br />

O desenvolvimento do roteiro, porém, tomou forma e propriedade<br />

com a apuração de esclarecimentos técnicos do então Tenente-Coronel<br />

Walcyr e dos relatos inerentes à longa experiência do Coronel Esteves,<br />

originando um material de maior porte que o anteriormente planejado.<br />

Dele nasceu uma série de quatro programas <strong>em</strong> vídeo que totalizam cerca<br />

de 40 minutos de vídeo-aula - com grafismos <strong>em</strong> 3D -, um site especial<br />

na internet, além desta edição especial da Revista Aeroespaço.<br />

O desenvolvimento deste conteúdo, no entanto, não seria possível<br />

s<strong>em</strong> a colaboração de muitos dos profissionais e especialistas que<br />

atuam dia a dia no Sist<strong>em</strong>a de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro e<br />

que gentilmente reservaram um pequeno espaço de suas agendas<br />

para responder às ent<strong>revista</strong>s e às minúcias da pesquisa jornalística.<br />

Para muitos deles, porém, o assunto já deixou de ser novidade<br />

há t<strong>em</strong>pos, já que são os próprios atores dessa obra, atuando diariamente<br />

no planejamento, na implantação e na operação de muitos<br />

dos sist<strong>em</strong>as descritos ao longo dessa edição.<br />

A produção desta <strong>revista</strong> e de todos os d<strong>em</strong>ais conteúdos relacionados<br />

ao “Projeto Conhecendo o CNS/ATM” é, portanto, uma<br />

homenag<strong>em</strong> aos visionários silenciosos e a todos aqueles que há<br />

mais de uma década vêm abrindo os caminhos para a pesquisa, o<br />

planejamento, a implantação e a operação dos sist<strong>em</strong>as e procedimentos<br />

referentes ao conceito CNS/ATM.<br />

Eles também adiantaram seus ponteiros antes dos outros. Antecederam-se<br />

aos passos do próprio t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> favor não do futuro,<br />

mas do presente; um presente para toda sociedade brasileira.<br />

Daniel Marinho<br />

Jornalista da Assessoria de Comunicação Social do <strong>DECEA</strong><br />

O Autor<br />

Major Aviador Régis Augusto Azevedo Peroba<br />

Capitão Esp. Comunicaçoes Carlos Silva<br />

Sargento Esp. Meteorologia Klinger Machado Bastos<br />

Jornalista Valéria Rossi (Atech)<br />

Organizações<br />

<strong>DECEA</strong>, CGNA, CINDACTA I, CINDACTA III, ICEA, GEIV, BARF,<br />

DTCEA -PCO, DTCEA-GL, INFRAERO, FAA, ATECH, OACI, TAM,<br />

GOL, EUROCONTROL, HONEYWELL<br />

AEROESPAÇO<br />

31


2001 - 2011<br />

www.decea.gov.br/cnsatm

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