BEZERRAINFORMA - Centro de Tratamento Bezerra de Menezes

BEZERRAINFORMA
Boletim Informativo do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes Jul/Ago/Set 2006 – Ano V – Nº 23
A auto-estima precisa ser esculpida em todos os momentos, ao longo
de toda a vida, porque ela é a sua melhor proteção. Assista à palestra
no CTBM, em 19 de setembro, às 19h30min. Garanta já sua vaga .
O Ambulatório de São Paulo foi ampliado.
A unidade em Paulínia comemora cinco anos
de Tabagismo Zero. O novo restaurante em
São Bernardo do Campo está quase pronto.
São algumas de nossas conquistas que
queremos compartilhar com você.
O CTBM está sempre crescendo e
se auto-avaliando. O tratamento das
comorbidades, aqui chamado de multifatorial,
é resultado de um estudo profundo e
antigo e que agora é divulgado.
Leia matéria nas páginas centrais.
Anote o novo telefone do CTBM: 4344-2222

Editorial
CTBM crescendo e se modernizando
Cada passo, uma conquista. Estamos felizes com
as recentes conquistas: a ampliação do Ambulató-
rio em São Paulo, permitindo aumentar nossa ca-
pacidade de atendimento. A breve inauguração do
novo restaurante, em São Bernardo do Campo, me-
lhorando substancialmente os serviços neste setor.
A inclusão do tratamento multifatorial para comorbi-
dades, cada vez mais presentes. O Tabagismo Zero, na
unidade em Paulínia, há mais de cinco anos.
O assunto da nossa próxima palestra aberta e gratuita
– sugerido pelos participantes dos eventos anteriores
– será “Auto-estima: sua melhor proteção”. A auto-es-
tima fundamenta as nossas escolhas, aumenta a quali-
dade de vida e previne até doenças. Como nos ensina
Convênios
ABET, AGF, Alcan, Amafresp, Amesp,
Amhpla, Ana Costa, Assoc. São Francisco
Xavier, Bardella S/A, Blue Life, Bombril,
Bradesco Saúde, C.N.E.N., Cabesp,
Caixa de Pensões, Caixa Econômica Federal,
Cassi (Banco do Brasil), CESP, CET,
Cetesb, Cia. Siderúrgica de Tubarão, Clinicard,
Cofap, Daimler-Chrysler, Diário do Grande
ABC, Dix-Amico, Embratel, Emdec, Ford
do Brasil, Fundação Pampulha (Banco Itaú),
Furnas Centrais Elétricas, Gama, General Motors,
Golden Cross, Goodyear, IMASF, IMESP,
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo,
Inter Saúde, Intermédica, Intermédice/
Blue Life, Karmann Ghia, Kostal, Link Saúde,
Mahle Metal Leve, Marítima Seguro,
Med Card, Medial Saúde, Mediservice, Metrô,
Metrus, Multicare, Nipomed, Notredame,
Ômega Saúde, P.M./Diadema, P.M./Mauá,
P.M./Paulínia, P.M./SBC, Petrobras, Pilkin-
gton, Pirelli, Plan Assiste do Ministério
Público, Pom Pom, Porto Unidas, Previpão
(Pão de Açúcar), Previscania (Scania), Prodesp,
Rhodia, SA Saúde, Sabesprev, Sachs,
Santa Casa de Mauá, Santamália, Santista
Têxtil, Schuler, Sepaco, Solvay, SPAL,
SP Transportes, Sul América, Tintas Coral,
TRW, Unafisco, Unibanco-AIG, Unihosp,
Unimed, Volkswagen.
a psicóloga Marisa Graziela Moraes, “quando come-
çamos a entendê-la como um processo de desenvol-
vimento interno, uma ampliação da consciência, uma
maturidade espiritual, deixamos de nos sentir vítimas
dos outros e da sociedade”. Agende e compareça: dia
19 de setembro, às 19h30min.
Aproveitamos ainda para parabenizar todos os volun-
tários do país, já que comemoramos em 28 de agosto o
Dia Nacional do Voluntariado. Os nossos voluntários
nos dão uma lição de compaixão e também vaticinam:
“Ser voluntário é um estado de espírito e um exercício
para a nova consciência!”.
Claudio Lopes, diretor presidente
BEZERRAINFORMA
Boletim Informativo do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes Jul/Ago/Set 2006 – Ano V – Nº 23
Unidades CTBM
Sede: São Bernardo do Campo
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Bairro Assunção — Cep 09861-550
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Ambulatório São Paulo/SP
Rua Tenente Gomes Ribeiro, 57, cj. 54/55/56
Vila Mariana — Cep 04038-040
Tel. (11) 5573-3402 / 5082-4279
Unidade de Assistência e Reintegração
Social - Paulínia/SP
Rua Helio Polezer Junior, 300
Parque Represa — Cep 13140-000
Tel. (19) 3884-1016
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Palestra no CTBM
Auto-estima: sua melhor proteção
A auto-estima pode e deve ser desenvolvida ao longo de toda a vida
PALESTRA DE MARISA GRAZIELA MORAES, PSICÓLOGA ASSISTENTE DO DEPTO. DE PSIQUIATRIA DO CTBM
Vivemos numa sociedade impregnada pelo paradigma
da eficiência e da perfeição, numa fórmula que inclui
produção total, eficácia, corpo escultural, fama, status,
e uma fome insaciável por novas emoções. Nossa sociedade
é estética, do tipo empresarial, e todas as nossas
ações estão em função da qualidade do produto e
não da pessoa. Esta exigência nos leva a dar o máximo
em tudo, correr para se superar sempre, evitar as relações
afetivas (não podemos perder tempo) e ter uma
enorme sensação de vazio interior. Sem nos darmos
conta, cultuamos a hipótese do não-limite, ou seja, não
existem limites, não existem obstáculos, a vida é um
enorme sim...
Sabemos que o homem jamais está terminado, mas,
sim, aberto à possibilidade do erro, em um processo
contínuo de aprendizagem, mudanças e riscos. Em
algum momento nos deparamos com a dimensão do
conflito existente entre o ideal da perfeição e a frágil
realidade de nossa natureza humana.
Impossibilitados de responder a tantas exigências, nos
perguntamos: “Onde estamos? Temos qualidade de
vida? Qual impacto sobre nossa auto-estima?”
De todos os julgamentos que fazemos e aos quais nos
submetemos nenhum é tão vital quanto o que fazemos
sobre nós mesmos.
Nossas reações aos acontecimentos, a maneira como
nos posicionamos no mundo são, em sua essência,
determinados pela imagem e pensamento: “quem eu
sou” – nossas características físicas e psicológicas, os
pontos positivos e negativos e, acima de tudo, nossa
auto-estima. Assim, a auto-estima é fator determinante
para o sucesso ou fracasso, para nos entendermos e
compreendermos o outro e o mundo – requisito básico
para uma vida satisfatória e com qualidade.
Sendo essencial, precisamos entender o que é auto-estima,
como se forma e como se desenvolve.
A auto-estima parte de dois componentes: o sentimento
de competência pessoal e o sentimento de valor pessoal,
ou seja, autoconfiança e auto-respeito. É sentir-se
confiante diante dos desafios e crises da vida, sentir-se
competente e merecedor da felicidade.
Ao contrário do que muitos pensam, a auto-estima
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pode e deve ser desenvolvida ao longo
de toda a vida. Começamos a formá-la
desde pequenos, por meio da informação
que recebemos de pais, irmãos e avós, e
posteriormente de outras pessoas de nosso convívio
social como professores, vizinhos e amigos.
Durante a vida, passamos por vários graus de autoestima.
É ilusão acreditar que alguém seja totalmente
autoconfiante, e em tempo integral. Quando crianças,
nossa autoconfiança e auto-respeito podem ser alimentados
ou destruídos. Já adultos passamos a ser responsáveis
pela própria auto-estima, afinal ninguém pensa
por nós, ninguém pode nos dar autoconfiança e amorpróprio.
Posso ser amada por várias pessoas e mesmo
assim não me amar. A grande armadilha é procurar a
autoconfiança e a auto-estima no aplauso dos outros,
nas conquistas materiais ou em posições sociais.
Nossa capacidade de pensar é fonte básica para desenvolver
a competência e a convicção de que somos
capazes de viver de maneira autônoma, nos responsabilizando
por nossas escolhas, tendo confiança e consciência,
sabendo que somos merecedores da bondade
e da vida plena.
Quando começamos a entendê-la como um processo
de desenvolvimento interno, uma ampliação da consciência,
uma maturidade espiritual, deixamos de nos
sentir vítimas dos outros e da sociedade, vemos que a
vida não é competitiva e nem comparativa.
Aceitando nossos limites e imperfeições, nos tornamos
capazes de estabelecer relações sociais e afetivas
mais sadias com nós mesmos, com os outros e com o
ambiente. Uma auto-estima saudável é essencial para
nos dar condição de reagir ativa e positivamente às
oportunidades da vida, seja no trabalho, nas relações
afetivas e no lazer. É a serenidade de espírito que torna
possível desfrutar a vida.
Palestra Auto-estima: sua melhor proteção
Dia 19 de setembro, terça-feira, às 19h30min
Colabore com um quilo de alimento não perecível
Inscrições tel. (11) 4344-2228

Organizações
Informação, confraternização e diversão pontu
Realizado em 21 de junho para convidados, o evento incluiu café da manhã e visita às instalações
PALESTRAS DA DRA. ANGÉLICA KOBAYASHI E DO PSICÓLOGO ANSELMO PERES
Um grupo de 60 pessoas, formado por profissionais
de recursos humanos, médicos, psicólogos e assistentes
sociais, foi convidado para participar do encontro
sobre Comorbidades e Tratamento Multifatorial, no
Centro de Tratamento Bezerra de Menezes, no final
de junho. Além do café da manhã, foram realizadas
palestras, visita às instalações e apresentação de Vansan
– músico que contagiou a todos com seu carisma e
alegria autêntica de viver.
A comorbidade – definiu a médica Angélica Kobayashi,
do CTBM – é a ocorrência de uma patologia
em alguém que já é portador de outra doença. Os
estudos indicam que a incidência de comorbidades e
de transtornos mentais graves está aumentando. Ela
alertou: o consumo de álcool e drogas pode levar ao
surgimento de uma psicopatologia. “O álcool, por ser
um depressor do sistema nervoso central, pode desencadear
sintomatologia depressiva ou levar à deterioração
do afeto, com sintomas da ansiedade. Esta é uma
das dificuldades para realizar o diagnóstico”.
A maioria dos dependentes de álcool tem sintomas
depressivos. O etanol apresenta efeitos ansiogênicos
e depressivos, provocando irritabilidade, disforia e insônia.
Portanto, afirmou a médica, deve-se aguardar
quatro semanas, após o início do tratamento, para que
se tenha a certeza da presença da síndrome depressiva:
“São duas semanas para desintoxicação química e, se
o quadro persistir, podemos dizer que é uma depressão
a ser tratada, devendo ter uma abordagem específica
também para essa comorbidade”.
O psicólogo Anselmo Peres destacou que o tratamento
multifatorial do CTBM,
para os casos de comorbidades,
é personalizado, evita a transferência
de pacientes e inclui estratégia
de tratamento a curto,
Avaliação do Encontro
Foi maravilhoso, tivemos uma aula elucidativa sobre
comorbidades e recebemos vários presentes: confraternização,
um café da manhã maravilhoso, aula/palestra,
música ao vivo (todo mundo lavou a alma) e o CD.
Estarão em ótimas mãos aqueles que passarem em tratamento
pelo Bezerra de Menezes. Clarice Marcilio
Schunk, gerente de Credenciamento da Ômega Saúde.
Foi construtivo, enriquecedor, e as informações foram
esclarecedoras e intrigantes – face à complexidade do
tema. O café estava delicioso e a apresentação musical
foi descontraída e relaxante, proporcionando uma
agradável integração. Fomos agraciados! Ursula de
Souza Barboza Pereira, Analista de RH da Karmann
Ghia do Brasil.
Apesar de não ser especialista em dependência química,
tinha notado a incidência significativa das comorbidades
e sentia a necessidade de que esses pacientes fossem
conduzidos de forma diferenciada. Fiquei satisfeita
com a metodologia apresentada e isso aumentou minha
segurança sobre o CTBM. Dra. Rosângela Porto, mestre
em gastroenterologista e doutora em Medicina (Unifesp),
coordena o programa da DaimlerChrysler.
Gostei. A palestra foi instrutiva, apesar de técnica.
Estamos implantando um programa na empresa e o
evento nos ajudou a ampliar e reforçar alguns aspectos.
Victor Silva, gerente Adm. e RH da Rolls-Royce Brasil
A atualização foi excelente. Rute Rodrigues da Rocha,
assistente social da prefeitura de Diadema.
A proposta é bastante interessante. Vir aqui é sempre
muito positivo, a equipe é muito acolhedora. Com certeza,
valeu muito. Iná Gonçalves Martins Piovesana,
coordena o programa que atende os funcionários dependentes
químicos da prefeitura de Diadema.
Foi um dos melhores eventos de que participei, parece
que a gente saiu com a alma lavada. Foi muito boa
a iniciativa do Bezerra porque as coisas mudaram e a
gente tem que estar acompanhando. Ana Maria Feliciana,
assistente social da Ford do Brasil.
Foi um aprendizado muito grande. Foi muito importante
profissionalmente e pessoalmente. Sofia Hatsu
Stefani, procuradora da prefeitura de Diadema.
médio e longo prazos. Abaixo, o diretor presidente Claudio Lopes dá as boas
vindas. Ao lado, Vansan encanta com sua arte.
Foto: Celso Lima/ABC Repórter

aram o encontro na sede do CTBM
Tratamento multifatorial
Atendimento especial e diferenciado para os pacientes com comorbidades
Não é mais novidade que os protocolos terapêuticos distintos
para Dependência Química e Transtornos Mentais
do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes são responsáveis
pelo alto índice de recuperação dos pacientes. A
instituição é conceituada no meio médico e referência nacional
para o tratamento de dependentes químicos, segundo
a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), subordinada
ao gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República. A cada três meses, informações técnicas do
CTBM alimentam estudos no Centro Brasileiro de Informações
sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Unifesp/
Escola Paulista de Medicina.
A novidade é que no Bezerra de Menezes tem-se notado,
nos últimos tempos, uma mudança importante no perfil
dos pacientes. No início da década de 90, 90% dos casos
eram de alcoolismo puro e a grande maioria eram homens,
entre 25 e 45 anos. Hoje, 10% dos leitos são ocupados por
mulheres e o público masculino é formado por rapazes a
partir dos 17 anos. Essa mudança tem um agravante ainda
mais sério e preocupante. Os pacientes utilizam diversas
drogas, são poliusuários. O álcool tem assumido um papel
coadjuvante e a maconha, a cocaína e o crack são as drogas
prevalentes. Mas a complexidade do assunto não termina
aí. Aumenta o número de pacientes com duplo diagnóstico
e com comorbidade.
Para facilitar a compreensão destes conceitos, vamos citar
exemplos. Duplo diagnóstico: o indivíduo nasceu epiléptico
e começou a abusar do álcool na adolescência.
Diagnóstico atual: ele continua epiléptico (doença que se
agrava com a bebida) e agora também é alcoólatra. Comorbidade:
o indivíduo nasce saudável e, de tanto beber,
começa a desenvolver a epilepsia. Parece simples o prognóstico
(juízo médico acerca da duração, evolução e termo
de uma doença), mas não é.
Comorbidades: tratamento multifatorial
Muitas drogas podem produzir sintomas psicóticos, ansiosos
ou depressivos, durante a intoxicação química e até
mesmo nos períodos de abstinência. E a confusão é ainda
maior quando o paciente e a família omitem informações
importantes para o diagnóstico. O diretor clínico, Dr. Irineu
Godinho, explica que é comum tentar esconder que o
paciente usa drogas. Bastante alterado no momento da In-
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ternação, ele é encaminhado
para a Psiquiatria. Em poucos
dias, nota-se que também
abusava de drogas. Assim, o
paciente continua albergado
na Psiquiatria, vive a rotina
do setor, e passa também a
freqüentar atividades do departamento
de Dependência
Química. O tratamento de cada paciente é personalizado e
minuciosamente analisado diariamente.
Nos Ambulatórios de São Bernardo do Campo e de São
Paulo – recentemente ampliado – essa flexibilidade e amplitude
continuam no tratamento, chamado no CTBM, de
multifatorial. Em Paulínia, só há tratamento para os dependentes
químicos.
O papel do consultor
Em todas as unidades, as equipes são multiprofissionais
e interdisciplinares, o que exige uma comunicação muito
intensa e aberta. Na equipe técnica da Dependência Química
também existe a presença do consultor. “São profissionais
atualizados e muito experientes, capacitados para
sensibilizar os pacientes”, define Dr. Irineu. A atuação dos
consultores precisa ser efetiva e assertiva já que o paciente
poliusuário tem uma dinâmica peculiar.
Este novo perfil de paciente, lembra o médico, utiliza os
medicamentos facilitadores como, por exemplo, os benzodiazepínicos
(calmantes vendidos legalmente), e os anorexígenos
(para amenizar a fome) que em curto tempo deixam,
principalmente as mulheres, dependentes.
Para reforçar o tratamento aos pacientes, são realizadas diversas
atividades que envolvem os familiares. “Não adianta
recuperarmos o paciente e mandá-lo para a família, que
continua se sentindo culpada e cheia de estigmas e equívocos”,
finaliza Dr. Irineu.
Ambulatórios do CTBM para adultos e crianças
Atendimento Psiquiátrico
Psicoterapias Individual e Grupal
Ludoterapia
Psicoterapia Familiar
O diretor clínico do CTBM,
Dr. Irineu Godinho, destaca
a flexibilidade e inteligência
do tratamento multifatorial.

Comemoração
Paulínia celebra cinco anos de Tabagismo Zero
No Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, CTBM Paulínia reforça conquista e determinação
INFORMAÇÕES DE IRACI CAETANO, ASSISTENTE SOCIAL, PSICOTERAPEUTA E ESPECIALISTA EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Manhã ensolarada em Paulínia: muita expectativa,
ansiedade e curiosidade, muita determinação, alegria
e descontração. Foi com essa disposição que os pacientes
e funcionários da Unidade de Assistência e
Reintegração Social Bezerra de Menezes de Paulínia
comemoraram cinco anos de Tabagismo Zero no Dia
Mundial sem Tabaco, em 31 de maio.
Criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
esse dia é celebrado em 192 países e tem o objetivo
de evidenciar as várias interfaces ou problemáticas
do consumo de tabaco e envolver todos no controle
do tabagismo. As comemorações deste ano chamam
a atenção para o fato: todos os produtos derivados do
tabaco – independente de forma e disfarce – são igualmente
danosos à saúde. Seu consumo aumenta o risco
de doenças neoplásicas (tumores benigno e malignos),
cardiovasculares e respiratórias, entre outras.
Em Paulínia, houve palestra sobre os benefícios do
abandono do tabaco, medição da pulsação, alongamento
e caminhada. Um paciente comentou: “nunca fiquei
nem duas horas sem fumar e estou há quinze dias livre
do cigarro”. Outro confessou: “me preocupei quando
vi a programação. Aí me vi andando por lugares onde
só passei segurando cigarro e lata de cerveja. Hoje sei
que sou capaz de ficar limpo”.
Luta contínua
A assistente social Iraci Genésio
Caetano, comentou: “Nos
lembramos dos dias difíceis da
implantação do fim do tabaco
no tratamento, mas foi unânime
a satisfação pela batalha
vencida e a certeza de que a
luta não terminou”.
Na fotografia acima, participantes conversam com
honestidade sobre as dificuldades e realizações no
Dia Mundial sem Tabaco.
À esquerda, a assistente social Iraci Caetano tem seu pulso
medido minutos antes da caminhada.
6
O Tabaco em resumo
» Todos os derivados do tabaco (cigarro, charuto, cachimbo,
cigarro de palha, rapé e fumo-de-rolo) são
nocivos à saúde.
» O tabagismo é responsável por 30% das mortes por
câncer, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25%
das mortes por doença coronariana, 85% das mortes
por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das
mortes por doença cerebrovascular.
» O tabagismo é considerado pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável
em todo o mundo, envolvendo 1/3 da população
mundial adulta: 1 bilhão e 200 milhões de pessoas.
» Segundo a OMS, o tabagismo passivo é a 3ª maior
causa de morte evitável no mundo (5 milhões de mortes
anuais no planeta), depois do tabagismo ativo e do
consumo excessivo de álcool.
» O tabaco e seus derivados possuem mais de 4.700
substâncias tóxicas: nicotina (que gera dependência),
monóxido de carbono (o gás dos automóveis) e alcatrão
(com cerca de 48 substâncias pré-cancerígenas).
» A nicotina é psicoativa (sensação de prazer) e produz
alterações no Sistema Nervoso Central, modificando
o estado emocional e comportamental (age
igual a cocaína, heroína e álcool).
» Com a ingestão contínua da nicotina, o cérebro se
adapta e passa a precisar de doses cada vez maiores.
» Com a dependência, cresce também o risco de se
contrair doenças debilitantes, que podem levar à invalidez
e à morte.
Fontes: Instituto Nacional do Câncer e Organização
Mundial da Saúde

Voluntariado
A compaixão toca os voluntários do CTBM
Dependentes químicos em recuperação encontram no serviço voluntário a força de que necessitam
ELES ABREM O CORAÇÃO PARA OUVIR E ACOLHER E AINDA DOAM TEMPO, TALENTO E TRABALHO
Quem mais poderia ajudar quem chega ao Bezerra
de Menezes debilitado, desesperançado e mortificado
pelo uso abusivo das drogas? Médicos, psicólogos, assistentes
sociais, com certeza. Mas, quem mais entende
exatamente o que se passa lá no íntimo desse ser?
Quem já viveu essa situação na pele, sentiu a angústia,
o medo, conhece o mundo das drogas e acredita – porque
percorreu – o longo caminho de volta para uma
vida normal e de qualidade.
O dependente químico em recuperação João (pseudônimo)
é um deles. Aos 42 anos, trabalha e tem dois filhos.
Há três anos, saiu da internação, foi convidado a ser
voluntário e participou das oito sessões de treinamento.
Ele conta que sempre lhe perguntam como
consegue ficar limpo. “É fundamental freqüentar
os grupos de anônimos. O trabalho
como voluntário tem me ajudado muito,
dou minha mensagem de fé, força e esperança,
assisto às palestras e converso sobre
o Quinto Passo (dos Doze Passos do Alcoólicos
Anônimos/AA). Sempre alerto: o alcoolismo
leva à insanidade e à demência”.
Há pouco mais de dois anos, o dependente
químico em recuperação Fernando (pseudônimo),
de 39 anos, com dois filhos, faz
saídas com pacientes para os grupos de
anônimos. “Procuro mostrar para os que chegam, às
vezes sem chão, que a situação pode melhorar com o
tratamento. Afinal, somos iguais e nos identificamos
de imediato. Nosso trabalho é uma rua de mão dupla:
você ajuda e é ajudado”.
Roberto, taxista, de 58 anos, uma filha, é coordenador
do grupo de Voluntários da Dependência Química do
CTBM. Faz 25 anos que está abstinente e revela que
foi no serviço de Voluntariado que despertou espiritualmente.
Todos os sábados, coordena a reunião: “Os
12 passos são fundamentais, mas participar da recuperação
de um dependente químico é uma experiência
única”. Roberto confirma que freqüentar os grupos de
auto-ajuda é essencial para manter o dependente em
recuperação e comenta que fica impressionado ao ver
tantos jovens com limitações físicas e psicológicas
sérias. “Nos dedicamos de corpo e alma para ajudá-
7
los. Ser voluntário é um estado de espírito!”. Mantendo-se
limpo, atento e centrado, Roberto descobriu e
enfrentou mais duas compulsões: trabalho e cigarro.
Ele chegou a trabalhar 18 horas por dia. Hoje, um dia
da semana e divide seu táxi com um colega. Sobre o
cigarro, opina: “Tínhamos que dar mais atenção a esta
droga que serve de porta de entrada para outras mais
pesadas!”
João Batista Odinique, 58 anos, é administrador de empresas
e voluntário no CTBM desde 2004. Um curso de
massoterapia despertou nele um interesse maior sobre o
ser humano a ponto de fazê-lo procurar locais onde pudesse
conhecer de perto as dores e as forças humanas.
“Eu auxilio os monitores de arte na
Psiquiatria e ouço os pacientes, sinto
que assim os conforto”. Este contato
mais próximo com os pacientes já o
levou a resolver dificuldades pessoais.
Para João Batista, “voluntariado é
um exercício para a nova consciência.
O ser humano vai evoluir e esse tipo de
trabalho será uma prática comum”.
Doando talento, tempo e trabalho
O Programa de Voluntariado do Bezerra
de Menezes, subordinado à presidência
da entidade, é coordenado
pelo Centro de Educação (Ceduc). Cristiane Mazará,
coordenadora de Marketing do Ceduc, afirma que o
objetivo é ter pessoas engajadas, colaborando com a
instituição. “Não substituímos funções e cargos remunerados
com o trabalho voluntário. Eles vêm para
enriquecer nossa atuação, favorecer a otimização e a
qualidade dos serviços e ajudar na ampliação de nosso
atendimento filantrópico”.
O Programa do CTBM segue a Lei do Voluntariado
e as coordenadas do Centro de Voluntariado de São
Paulo.
CTBM aceita voluntários para todas as áreas.
Informações pelo tel. 4344-2228 ou
ceduc@bezerrademenezes.org.br

Kuka Legal
Aceitar a doença é o primeiro passo
Carlos não queria admitir, mas quando aceitou a doença passou a evitar o primeiro gole
KUKA LEGAL É UM ESPAÇO RESERVADO AOS PACIENTES EM RECUPERAÇÃO. AQUI FALAM SOBRE AS DIFICULDADES E AS CONQUISTAS
Carlos (pseudônimo), 47 anos, auxiliar de enfermagem
Drogas que conhece: álcool e cigarro
Importância do tratamento
Não aceitava que realmente estava doente. Quando me chamavam
de alcoólatra, eu não admitia. Fiz tratamento de 31
dias e relutava nos primeiros dias. Depois aceitei que era alcoólatra
e que essa doença permaneceria comigo até o resto
da vida. Eu teria que evitar o primeiro gole sempre.
Recaída
Após o tratamento, que terminei em dezembro de 2004, não
tive. Eu freqüento as salas dos Alcoólicos Anônimos (AA)
no mínimo três vezes por semana. Já cheguei a ir todos os
dias. Lá partilhamos, conversamos, recebemos orientações
de nossos padrinhos. Quando senti vontade de voltar a beber,
meu padrinho me ajudou a me manter limpo.
Perda de controle
Comecei a beber aos 17, 18 anos. Bebia pouco, era novidade.
Com o tempo, minha sede foi crescendo e passei a tomar
bebida destilada, pinga, conhaque. Não soube enxergar que
tinha propensão para essa doença. Durante o trabalho, só
pensava no fim do expediente para ir beber. Nos últimos
cinco anos, ela começou a me dominar de vez. Se saísse
do trabalho às 19h, só voltava para casa às três da manhã,
e ficava tranqüilo porque era a minha folga no dia seguinte.
Foi quando comecei a dar os famosos trabalhos para minha
família (esposa e três filhos: 18, 22 e 23 anos).
Se pudesse fazer diferente...
Não permitiria que se oferecesse álcool para as crianças,
mesmo por brincadeira. Tem gente com probabilidade para
o alcoolismo, como eu. Eu também mudaria meus hábitos,
minhas atitudes, e escolheria melhor locais e pessoas, como
faço hoje. Ainda fumo, mas estou tentando parar.
Família
Eles sofreram muito porque eu estava me matando, e eu
não percebia. Eles insistiram no meu tratamento a partir de
2003. Eles me viram muito mal e hoje nenhum deles bebe
ou fuma.
Conselho
No A.A. e no Bezerra de Menezes, onde sou voluntário,
transmito a mensagem dos Doze Passos, nosso alicerce, e
aconselho: tome guaraná com limão, minha bebida preferida.
Converso com as pessoas, informo alguns endereços,
alerto, lembro que a doença está apenas adormecida, e continuo
aprendendo todos os dias.
O que é a vida?
Vida hoje é algo que ainda não havia percebido. Hoje posso
saborear cada momento com minha família, posso partilhar,
sem ter a compulsividade, mesmo olhando outras pessoas
beberem. Antigamente, todos os eventos eram programados
em função da bebida. Hoje, escolho os mais importantes
para mim e minha família e visito os parentes e amigos que
me respeitam como sou.
Anote o novo
telefone do CTBM
4344-2222
Registros
O CTBM foi matéria no ABC Repórter e no
Agora São Paulo, onde ganhou destaque por sua
atuação filantrópica.
A Life Idiomas doou agasalhos ao Grupo
Fraternal Adolfo Bezerra de Menezes, mantido
pela Instituição Assistencial Emmanuel.
Na foto, o diretor presidente Claudio Lopes
recebe a doação de Luciana Guerra e Tânia
Maria Bottura, coordenadora e diretora
pedagógicas.